Fanfic: Obscure Land

    Sentada na varanda, observava seu filho ajoelhado no gramado, esticando suas mãos para pegar uma flor. – Não deixarei que o levem. - pensou Marie Prince. Dale tinha apenas sete anos, seus cabelos eram loiros iguais aos do pai, seus olhos cinza como nuvens carregadas e sua pele macia como um pêssego e branca como leite. Além da pele de pêssego, Dale não lembrava em nada a mãe, que tinha cabelos negros até o meio das costas e olhos verdes.

    Ela sabia que se descobrissem seu segredo, tomariam seu filho. Porém, estava ficando cada vez mais difícil esconder.

    Marie nasceu e cresceu em Naggar, uma cidade dominada por Tenebrae Palance, um sobre-humano que dominou a cidade e exterminou quase todos os sobre-humanos de lá. Os poucos que sobraram não eram capazes de derrotar Tenebrae, e se juntaram a ele. Ninguém saia ou entrava em Naggar. Os poucos que conseguiram escapar foram encontrados mortos nos desertos do norte ou nos pântanos do sul.

    Naggar havia se tornado um lugar sombrio com pássaros gigantescos e negros sobrevoando a cidade durante todo o tempo. Diziam que eles observavam a cidade e que Tenebrae podia enxergar tudo o que os pássaros observavam.

    - Venha comer Dale- disse Marie com um pedaço de pão com mel e um copo de leite de cabra nas mãos. Dale sorrindo pegou o pão e o leite e sentou-se a mesa e começou a comer.

    Estava cada vez mais difícil para Marie sobreviver daquela maneira. Seu marido havia deixado de herança um pequeno lugar para morar com um quintal onde plantava trigo e alguns outros alimentos. Tinha sorte de aquele solo ser fértil, pois quase toda Naggar se tornou infértil depois que Tenebrae tomou a cidade. Mas grande parte do que Marie conseguia produzir naquele solo era dado a Tenebrae e seus capangas. Outra parte era vendida para os comerciantes da região, para poder comprar os outros suprimentos, porém eles não pagavam muito por seus alimentos e leite. E o que sobrava era de alimento para Marie, Dale e John Cabot, um anão de barba grande e branca, grande amigo de seu falecido marido.

    - Tome mamãe. - disse Dale entregando o copo e limpando a boca com as costas da mão.

    - Não quer mais Dale?

    - Não, obrigado.

    Dale subiu a escada de madeira de sua pequena casa, entrou no quarto correndo para pegar seu carrinho de brinquedo, e ouviu o som de seu pássaro que ficava em uma grande casa pendurada na parede. Dale o chamava de Ubi.

    - O que foi Ubi?- Ele olhou para o pássaro que estava com algumas penas faltando, sua cor estava morta, era um amarelo fraco ofuscado por um marrom feio. A ave era enorme, tinha mais de um metro de altura, e com as asas abertas parecia um monstro gigante, mas parecia sempre estar triste de uns anos pra cá. Antes ele tinha cores vivas. Sua mãe disse que seu pai dizia que ele tinha 500 anos ou mais, porém Dale nunca soube se era verdade.

    Ubi simplesmente olhou para Dale e deu um grito.

    - Ahh ahh.

    - Pássaro louco.

    Dale desceu a escada com seu carrinho nas mãos e viu John Cabot, o anão, colhendo algumas frutas do chão para dar aos animais. – Onde está minha mãe? – Perguntou.

    - Foi comprar pão. – Disse o anão.

    - Posso ir brincar com o Petter, Sr. John?

    - Sua mãe me pediu para que não o deixasse sair. – Respondeu John com um tom seco sem ao menos dar chances para Dale reclamar.

    - Velho chato. – Resmungou.

    - O que disse?

    - Nada Sr. John. – Além de velho e chato, escutava muito bem, pensou Dale. – Vou para meu quarto procurar algo para fazer. - John nem se deu o trabalho de responder.

    Caminhando pela cidade, Marie atravessou pelo antigo Central Park da cidade, agora sem cor nem vida. Entrou em um beco escuro, onde havia uma porta discreta quase imperceptível.   Antes que Marie pudesse bater na porta, ouviu alguém falar.

     - O que deseja Sra. Prince? – A porta se abriu. Sentado em uma cadeira estava Victor Greek um homem alto, pele escura, com uma cicatriz que ia da sobrancelha direita e atravessava o rosto até o pescoço. Era o chefe dos capangas de Tenebrae Palance, e foi um grande amigo de Exortus Prince, falecido marido de Marie.

    - É o meu filho, estou com medo que o descubram Sr. Greek. - Disse Marie

    - Com quantos anos está o pequeno Dale?

    - Sete, fará oito daqui alguns dias.

    - Não há com o que se preocupar, seus poderes começarão a surgir com 15 anos, até lá, já terei exterminado Tenebrae. – Disse Victor num tom seco.

    - Não sei se vai demorar tanto, às vezes sinto que seus poderes estão prestes a sair.

    - Sra. Prince. – Victor se ajeitou na cadeira. – Meus poderes surgiram com 16 anos, os de seu falecido marido com 17, o caso, mais precoce que ocorreu foi com 15, não há o que temer, acredite em mim, quando Tenebrae invadiu a cidade e matou quase todos os sobre-humanos, seu marido já havia falecido a três anos, ele nem faz ideia de quem foi sem marido e que seu filho é filho de um sobre-humano, fique tranquila.

    - Vou tentar. – Disse Marie virando-se. – Obrigado mesmo assim Sr. Greek.