Fanfic: Intenso amor (lesbica) | Tema: Amor entre mulheres
Pensou inúmeras vezes como os abordaria e tentaria, com palavras, mostrar tudo o que sentia por Camila. Chamou-os na sala e pediu para que se sentassem. Estava nervosa, suando frio, buscando a melhor maneira de falar. Falaria rapidamente, ou enrolaria um pouco para falar? Não sabia. Tomou fôlego e começou.
Eduarda: Pai, mãe, eu os amo muito e sempre fiz de tudo para agradá-los. Há alguns dias atrás descobri algo, um sentimento que estava dentro de mim, escondido entre minhas preocupações e medos.
Fez uma pausa, tomou fôlego novamente e voltou a falar.
Eduarda: E agora estou aqui, pedindo para que me entendam e que demonstrem seu amor por mim. Eu nunca vou deixar de amar vocês, mas chegou o momento de pensar um pouco em mim, em dar importância aos meus sentimentos.
Adélia: Filha, onde quer chegar com essa conversa?
Eduarda: Eu sou lésbica, estou apaixonada por uma garota.
Sua mãe levantou num pulo e seu pai a olhou, incrédulo.
Adélia: O que?
Eduarda: O que você ouviu, mãe.
Adélia: Mas você... Sempre namorou... Garotos!
Jorge: Se isso for uma brincadeira de mau gosto sua...
Eduarda: Não é brincadeira, falo sério.
Adélia: Deve acreditar nisso porque está chateada com o que Gabriel fez, não é?
Eduarda sorriu nervosa.
Eduarda: Claro que não! Nunca amei Gabriel ou qualquer outro garoto com quem namorei. Entendam, não há motivos para minha condição, simplesmente sou e pronto! Não procurem um motivo porque não existe. Não me tornei uma pessoa ruim, sou a mesma Eduarda de sempre.
Jorge: Vá para seu quarto.
Eduarda: Mas pai...
Jorge: Vai para seu quarto agora mesmo. Depois a gente conversa.
Eduarda obedeceu o pai. Ouviu os dois conversando alto, quase gritando na sala. Começou a pedir a Deus que seus pais a aceitassem. Mais tarde, quando já haviam parado a conversa, saiu do quarto. Seus pais estavam no quarto, sabia que não os veria mais naquele dia. Tomou um banho bastante preocupada, comeu alguma besteirinha e foi dormir, tinha prova no dia seguinte. Saiu cedo, fez a prova e no intervalo se afastou com Camila para conversarem.
Camila: O que houve?
Eduarda: Meus pais... Falei com eles ontem.
Camila: E o que disseram?
Eduarda: Esse é o problema, não falaram nada. Estou com muito medo.
Camila a abraçou.
Camila: Vai dar tudo certo.
Eduarda: Você acha?
Camila: Sim.
Beijou a cabeça dela e a apertou um pouco mais. Foi para casa naquele dia, receosa. Sua mãe estava diferente, como se nada tivesse acontecido, e estranhou.
Adélia: Filha, vem comer!
Seu humor fora do comum estava perturbando Eduarda.
Eduarda: Mãe, tudo bem?
Adélia: Não está vendo? Estou ótima.
Eduarda: Então me aceita?
Adélia: Aceitar?
Eduarda: Mãe, olha pra mim! O que há de errado?
Adélia limpava, mexia nos objetos da cozinha, não olhava para a filha, parecia querer esconder o rosto.
Eduarda: Mãe, me diz alguma coisa!
Adélia: Filha, eu entendo você.
Eduarda: Entende?
Perguntou, abrindo um largo sorriso.
Adélia: Sim, eu sei que é só uma fase, logo passa.
A alegria foi embora, dando lugar a frustração.
Eduarda: Não é uma fase. É o que sou, o que sinto, o que quero.
A mãe finalmente parou. Eduarda pode ouvi-la chorar.
Eduarda: Sinto que pela primeira vez estou sendo eu de verdade, quero que você e o papai não deixem de me amar por isso. Por favor mãe, por mim.
Falou enquanto seus olhos marejavam. Foi até a mãe e tocou-lhe o ombro. Adélia desabou em prantos e abraçou a filha. Lembrou-se de quando ela era criança, de quando, com medo de trovões ou de “monstros” dormia com eles, e de quantas noites teve que cantarolar para ver sua menininha dormir, de como tinha confiança nela quando começou a andar, de tudo. Era o porto seguro de sua filha, sabia disso. Quando viu aquele rostinho pela primeira vez após um parto complicado, jurou que iria protegê-la contra todos os males, iria amá-la acima de qualquer coisa.
Adélia: Eu te amo filha.
Eduarda: Eu te amo mãe.
Ficaram abraçadas por um longo tempo, depois Eduarda foi tomar um banho. Voltou para a cozinha para almoçar e seu pai estava lá, sério, com uma expressão desafiadora sentado em uma cadeira.
Jorge: Quero conversar com você.
Eduarda se sentou.
Jorge: Eu criei você para que se tornasse alguém na vida, que pudesse mostrar para os outros e dizer orgulhoso “essa é minha garotinha”.
Eduarda: Pai, olha só...
Jorge: Cala a boca que ainda não terminei.
Eduarda obedeceu. Adélia estava na cozinha, ouvindo aquela conversa.
Jorge: Eu poderia lhe dar uma surra, expulsá-la de casa ou trancá-la aqui para que não visse nem a luz do dia...
Eduarda estremeceu de medo.
Jorge: Mas conversando com seu professor descobri que de nada adiantaria essas atitudes. Eduarda, já entendi que nem tudo é como queremos, como planejamos. Meu sonho era vê-la casada com um bom homem, vê-la com uma carreira brilhante e principalmente ter minha casa cheia de netos.
Falou com tranquilidade.
Eduarda: Pai...
Jorge: Mas eu entendo suas escolhas. Você é uma pessoa de quem me orgulho por sua determinação, por sempre ter obedecido e pelos seus esforços. Sei que muitos pais não teriam a atitude que estou tendo agora, não é nada fácil para mim...
Eduarda: Então...?
Jorge: Siga seu coração, filha, faça o que achar certo desde que não faça besteira. Vou te amar sempre, sei o quanto é responsável e madura apesar do fato de que vou vê-la sempre como a garotinha que tem medo do escuro. Estou aqui para te proteger, mas não posso prendê-la, nem privá-la de ser feliz.
Eduarda levantou-se, abraçou e beijou o rosto de seu pai.
Eduarda: Obrigada pai, eu te amo muito.
Autor(a): lindaflor
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Jorge tocou o braço da filha. Amava aquela garota mais que a si mesmo, e o sorriso da filha naquele momento o fez ganhar o dia. Não conseguiu dormir depois do que Eduarda havia falado, ficou pensando em inúmeros castigos, no que havia feito de errado para ela querer puni-lo assim. Não tinha motivos. “Sua filha é como um pássaro ...
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