Fanfic: Fator Atração (adaptada aya) | Tema: Anahi y Alfonso/ Ponny

CAPÍTULO QUATRO

Resignada e sim, com fome, Anahi colocou as chaves de volta em seu bolso, tirou o casaco e foi para a pequena área da cozinha fora da sala de estar.

— Por que você não experimenta o vinho enquanto eu pego os frutos do mar? Podemos comer diante da lareira, é mais quente lá.

— Aqui está.

O som rouco da voz dele a fez pular. Ela não ouviu quando Poncho se aproximou por trás dela com uma taça de vinho na mão.

Ele cheirava a sabonete e a tecido novo, e ela fechou os olhos e tentou se concentrar, antes de se virar para aceitar a taça. Deu um gole e murmurou:

— Obrigada, Poncho. Vou levar os camarões para a sala em seguida.

— Dê-me sua taça, então.

Quando ela entrou na sala, viu Poncho abaixado, alimentando o fogo. Aproveitou a oportunidade para colocar os coquetéis de camarão sobre a mesa de centro e afundar na segurança de uma poltrona.

Então, as luzes piscaram uma vez e se apagaram. Escuridão e tensão repentinamente encheram o cômodo, aliviadas somente pelas flamas. Ela segurou o fôlego quando Poncho se levantou e se virou para ela, os olhos brilhando por conta das chamas.

— Bem, acho que isso elimina a possibilidade de trabalho em qualquer papelada da qual eu planejasse cuidar.

— Pergunto-me quanto tempo ficaremos sem energia elétrica. — Any estremeceu.

— Talvez não por muito tempo. — Ele alcançou uma das tigelas lindamente decoradas e a entregou para Any. Depois, pegou a outra e se acomodou no sofá de couro em frente a ela.

Quando Any olhou para ele, maravilhada com sua atitude casual, ele deu de ombros.

— Bom apetite, querida.

Querida. Ah, meu Deus. Ela poderia começar a chorar bem ali.

Quarenta minutos depois, Poncho tinha devorado boa parte da comida que Anahi fizera e começou a comer o pudim de caramelo. Além de breves comentários sobre a refeição e sobre a chuva, quase não conversaram.

Ainda assim, Anahi podia sentir a tensão. Ela cantarolava no ar, mais alto que o ritmo da chuva no telhado, o silvo do fogo, mais poderoso que o vento batendo nas janelas.

— Então, o que era esse trabalho urgente que você tinha para fazer hoje? — perguntou ela, ansiosa para preencher aquele silêncio tão incômodo.

— Documentos dos restaurantes do meu pai. Prometi que daria uma olhada. Pensei que pudesse começar esta noite.

— Você ficará por um tempo, então? Em Sydney?

— Não sei ainda — disse ele olhando para ela. — Mas é uma cidade grande, Any.

— Não tão grande. Você é amigo de Christian.

— Nossos caminhos não se cruzarão. A menos que você queira assim

Ele colocou a tigela na mesa de centro e a observou enquanto tensos segundos se passavam.

Esperando por uma resposta? O coração dela parou e então explodiu de uma vez.

— Somos adultos — disse ele quando ela não respondeu. — Podemos enterrar o passado e tentar prosseguir.

— Nós enterramos mesmo o passado?

Ele coçou o queixo.

— Não todo, acho. Por exemplo...

Ele se levantou em um movimento ágil e rápido que fez com que Anahi se levantasse também, o coração disparado, as mãos segurando firmemente a poltrona. Mas ele não veio até ela. Pegou sua maleta próxima à porta, voltou para perto do fogo e a abriu, puxando um pacote de marshmallows que descansava sobre seus papéis.

— Eu ia tostá-los esta noite. Vê-la de novo no outro dia lembrou-me de que eu comia isso há muito tempo. Preciso ver se eles ainda têm o mesmo gosto. Fazíamos marshmallows no fogo o tempo todo, lembra?

Por um momento, Any quase pôde sentir o gosto em sua língua, quase pôde sentir o gosto dele... quente e deliciosamente tentador.

Mas resolveu encarar aquilo com humor.

— Sim, acho que lembro. Bem, vamos lá. O que fazer? Precisamos de alguns galhos finos, não vai levar um instante...

Antes que ele pudesse esboçar uma reação, ela pegou seu casaco no cabideiro e escapuliu pela porta. Ótimo. Alguns momentos, sozinha para pensar naquilo. Que diabos. Ele queria ser amigo dela, conversar e tostar marshmallows.

Poncho Herrera não está mais interessado em mim, disse ela para si mesma, tentando sorrir no escuro.

Ah, aquela era uma dor conhecida.