Fanfic: Três Metros Acima do Céu. | Tema: Família, mortes, problemas

Era fim de ano, família reunida, todos sorrindo. Todos alegres, menos eu. Faltava o meu mano, o Eric. A falta dele me preocupava a medida em que o tempo arrastava. Ele já deveria ter chegado.

“E só temos a sensação de estar três metros acima do céu uma vez…

(Eric)

O vento levava os meus cabelos para todos os lados em quanto eu pegava pesado na velocidade. O som do motor e o barulho das rodas no chão eram músicas pros meus ouvidos. O coração batia forte, pedindo a vitória. Gasolina, gasolina, gasolina. Preciso dessa velocidade pra viver.

 … e essa sensação por mais que nos esforcemos ela não se repete… 

Faltava pouco pra contagem pra um próximo ano. Dez minutos, pra ser mais exata. Não queria passar essa virada sem ele. Ele era meu irmão, porr!, era mais família pra mim do que todos presentes aqui! Um pensamento ruim não saía da minha cabeça, um mau pressentimento. Talvez fosse só a falta dele.

… pois de algum jeito e de alguma forma isso acontece apenas uma vez e depois disso cada um segue de um modo…

(Eric)

Eu dominava a frente, todos os outros tinham caído lá atrás, restando apenas eu e o Drew. Sempre restavam apenas eu e ele. Quem não sabe dominar a moto no dia-a-dia não deveria pensar em entrar em racha — isso aqui é jogo pra gente grande. Avistei a curva, o Drew foi pro meu lado direito, conseguindo me alcançar. Eu apertava na velocidade, o sorriso não queria sair do meu rosto. Eu ia ganhar essa. Sim, eu ia e logo iria contar da vitória pra minha irmã que estaria me esperando em casa. Espera, o que houve pra ter essas duas luzes assim no meu rosto? Ei, assim não vale! Tá me cegando, cara, para! Desliga isso, eu tô ganhando isso aqui.. O meu corpo foi arremessado pra fora da moto brutalmente e não vi mais nada, apenas o escuro..

… Sem mesmo saber que muito antes de tudo isso , algo já havia ocorrido.”

Eu não acredito que ele me deixou sozinha nessa. Onde o babaca do Eric se meteu, cara? “Já era, ele decidiu passar com os amigos”, dizia meu pai. Mas ele não sabia da história, ninguém sabia e nem eu podia contar. A agonia tomava conta de mim a cada ligação que eu fazia e não obtinha resposta, até o meu celular tocar. Era um número diferente, talvez ele tivesse perdido o celular dele, mas dane-se. Atendi.

— Boa noite. Este é o número da família do Eric Santiago? — A voz de uma mulher velha e aparentemente cansada falou do outro lado da linha. Meu peito apertou. Respondi que sim bem baixinho, quase não saindo. — Meu nome é Suzana, estou falando do Hospital Aliança. Houve um acidente num racha ilegal, poderia vir até aqui e checar se o corpo é do rapaz da sua família?

O celular caiu da minha mão junto com o meu corpo, o mundo desapareceu sob os pés logo em seguida.