Fanfic: §2 Manual da conquista §2 vondy [finalizada]

CAPÍTULO DEZENOVE

Dulce nunca havia se sentido tão irada e indignada na vida. Aquilo havia sido tão traumático quanto perder o namorado para Maite. Na verdade, havia sido muito pior do que a traição de MAITE

Estava sofrendo muito. Havia melhorado da gripe, mas não tinha energia para nada. Conseguia disfarçar para os demais, no entanto, Anahí sabia da verdade.

Era sexta-feira e foi se arrastando para casa. Só conseguia se lembrar de todas as sextas que passou junto com Christopher desde a queda do livro no corredor. A raiva e o constrangimento a invadiam com as lembranças.

Tinha que sair, fazer alguma coisa, mas não estava com vontade. Conseguia fingir durante o dia, na escola, mas sair à noite já era demais.

Anahí a havia convidado para ir ao cinema com ela e o novo "amigo" Brad. No entanto, não podia imaginar nada mais deprimente do que segurar vela de um casal apaixonado. Brad havia seguido os conselhos de Dulce e proposto ser apenas amigo de Anahí. Agora, Anahí reclamava que não estava conseguindo seduzi-lo.

Dulce estava feliz pelos dois. E se não estivesse sentido autopiedade, até acharia graça da ansiedade de Anahí para voltar a ter a intimidade com o careça campeão olímpico da técnica do amor.

Lembrou-se da recente e divina experiência sexual e se contorceu, de humilhação.

Estava melhor sozinha. Era bom ir se acostumando, pensou desanimada. Provavelmente, acabaria comprando um gato para ter quem acariciar e lhe fazer companhia. Queria distância de homens.

Foi para casa e ouviu a secretária eletrônica. Silêncio. Melhor assim. Pelo menos, Christopher não havia deixado mensagens. Devia ter entendido que ela falava sério. No entanto, o fato de ele não ter implorado perdão, tentado contato em dois dias provava que estava certa e que ele nunca a tinha amado.

Com certeza, já devia ter outra mulher na história. Ensinando-o a ser um bom amante. Cara-de-pau!

Jogou a bolsa no sofá e foi até o freezer. A comida congelada de sempre a deprimia, não sabia bem por quê. Não estava com fome, de qualquer forma.

Pensou em alugar um filme. Mas para quê? Ia acabar alugando uma comédia romântica em que o mocinho e a mocinha terminavam felizes para sempre. Ia acabar ficando com insônia, inventando mil maneiras de matar o herói da história.

Talvez, fosse melhor alugar um filme de guerra... com um monte de homens morrendo no final. Resolveu sair para comer em algum lugar. Voltou para pegar a bolsa e abriu a porta da rua. Bastou pôr os pés no corredor para ver que Christopher estava lá.

Por que doía tanto voltar a vê-lo? E por que sentia vontade de se jogar nos braços dele e ao mesmo tempo chutá-lo no saco?

— Oi — disse ele.

— Estou de saída.

— Trouxe umas correspondências suas.

Ele mostrou um bolo de cartas e Dulce as apanhou rapidamente tentando disfarçar o nervosismo. Christopher parecia cansado e os olhos estavam vermelhos, como se não conseguisse dormir bem. Que bom, pois também não estava dormindo direito por culpa dele.

Ficou olhando para os envelopes, mas, na verdade, não via nada em sua frente. De repente, uma encomenda em particular lhe chamou a atenção.

— O que é isso?

— Mentes aprisionadas. Mudei o final.

Haviam discutido fervorosamente por causa da insistência de Christopher em separar a psiquiatra do policial no último capítulo. Não seria realista, ele argumentou. Dulce se lembrou de que tentava convencê-lo de que o amor era o que poderia salvar Jenkins.

— Por que mudou o final?

Christopher olhou o corredor e perguntou se não poderia falar sobre isso dentro do apartamento. Ela não ia cair naquele velho papo.

— Não, aqui está bem. Estou de saída, já disse. Ele deu um suspiro resignado.

— Porque você tinha razão. O amor pode realmente salvar um cara destruído. Por exemplo, eu. — Ele cocou o nariz. — Muita gente me procurou depois do programa da Ginger.

Ele precisava lembrar aquele evento humilhante.

— Quer dizer, muitas mulheres querendo aulas particulares?

— Às vezes, você consegue ser chatinha, sabia?

— O que está fazendo aqui, então?

— Estou aqui porque — ele fez uma pequena pausa — eu te amo.

Olharam-se por um instante. Estava tentada a deixá-lo falando sozinho e ir atrás daquele filme de guerra que havia planejado alugar. Porém, a curiosidade de descobrir o que Christopher estava tramando desta vez era mais forte. Depois de um minuto de silêncio, ele continuou.

— Estava dizendo que o programa foi um sucesso e o livro se esgotou nas livrarias. Tiveram que fazer uma segunda edição.

Ela quase o cumprimentou pelo sucesso, mas lembrou-se, em seguida, de que ele não merecia nenhuma felicitação.

— Enquanto isso, meu agente ligou para dizer que tinha conseguido uma oferta para publicarem o Mentes aprisionadas. Mas sabia que não podia mandar uma cópia sem antes mudar o final.    .

Aproximou-se e pegou a mão de Dulce.

— Quando me apaixonei por você, foi algo totalmente diferente de tudo que já tinha sentido. Sabe do que mais senti saudade desde que paramos de nos ver?

Ela balançou a cabeça negativamente, mas tinha certeza de que era do capítulo sete que haviam praticado mais de uma vez.

— Senti falta de fazer chá para você, esquentar o seu pé quando você estava doente.

Ela sorriu.

— Não perdeu nada. Estava péssima e horrível.

— Eu sei. — Ela o olhou indignada e ele riu. — Quis dizer que não me importava com seu nariz vermelho escorrendo. Apenas queria tomar conta de você. Nunca tinha sentido isso antes. Imagino você grávida, com um filho meu. Me dá até arrepios. Imagino você mais velha, de cabelos brancos e rugas e vejo uma senhora vibrante com quem terei orgulho de passar o resto da minha vida.

Dulce piscou algumas vezes e torceu para que fosse o restinho da gripe o responsável pelas lágrimas que vertiam.

— Fui tomar uma cerveja com meu pai na noite passada e tivemos uma longa conversa. Que devíamos ter tido há muito tempo. Sabe o que acho? Não acredito que ele já tenha realmente amado uma mulher. E ele nem deve saber disso. Sei que gosta de todas as ex-mulheres e dos filhos do jeito dele, mas acho que ele nunca deixou que a paixão se transformasse em amor, pois logo saía de uma relação para outra.

— E você?

— Pode apostar que sei bem o que sinto e sei que é amor.

Na verdade, aquele era o momento da verdade. Era pegar ou largar. Será que ele valia a aposta?

Ergueu o rosto e o encarou, os olhos verdes, geralmente langorosos, estavam atentos e sérios. E ansiosos pela resposta dela. De repente, já não importava mais a voz da razão, mas apenas a de seu coração. E este já tinha tomado uma decisão e apostado tudo em Christopher Uckermann.

— Entra — disse, abrindo a porta do apartamento.

— Está planejando o que estou pensando?

— Vou deixar que você me prepare uma xícara de chá e esquente meus pés enquanto leio o seu livro.

Ela deu apenas um passo para dentro do apartamento e ele a tomou nos braços com forte emoção. Beijou-a como se fosse a primeira vez. O beijo era quente e doce, faminto, intenso.

— Me diz — pediu. — Preciso escutar as palavras da sua boca.

Ela o olhou bem nos olhos e disse:

— Eu te amo.

— Você sabe que me ensinou a amar, não sabe?

O sorriso de Dulce era terno e contagiante. Era tudo o que ele sempre quis, mas havia demorado a descobrir.

— Sou uma excelente professora.

FIM