Fanfic: Até que enfim a gravidez | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner

 William acordou de madrugada se sentindo molhado. Abriu os olhos, acariciou a cabeça de Fátima e olhou para baixo levemente envergonhado. De fato, estava completamente molhado. Ambos estavam nus e havia uma poça de sangue abaixo dos dois.
 - Coisas de mulher! - ele exclamou baixo para si mesmo e beijou a cabeça de Fátima, levantando em seguida, tentando não fazer barulho. - Amor, vou tomar um banho e já volto pra buscar você e levar pra cama... Me espera só um pouquinho! - William falava como se Fátima tivesse acordada.
 Subiu as escadas apressado e foi até o quarto; pegou uma coberta e levou até Fátima, para não deixá-la sozinha e nua no chão do escritório. Correu até o banheiro e foi para baixo do chuveiro.
 Assim que enxarcou seu cabelo com shampoo, sentiu seus olhos incharem e arderem, também. Retirou a espuma das mãos e esfregou-as no rosto. De fato, estava chorando.
 - Não, William... A Fata precisa de um homem para guiá-la, não de um menino para deixá-la ainda pior! Segura esse coração, foi só a terceira tentativa... - ele exclamou pra si mesmo. - Segura, William!
 Ele voltou suas atenções ao seu cabelo novamente e não se conteve, desabou em grossas lágrimas. Ele realmente estava completamente transtornado, sem sentir-se o homem que realmente era. Já haviam se esquecido de usar preservativo algumas vezes e nada de engravidar, mas mesmo depois de fazerem de propósito e todos os dias, nada de filhos também.
 Prestes a encarar um tratamento de fertilização, William evitava a ideia ao máximo, por preferir fazer do jeito natural, como foi com os seus pais. Apesar disso, no fundo, no fundo sabia que não iria dar certo, porque três tentativas e nada era sinal de alguma coisa.
 Respirou fundo, encolheu os ombros e desligou o chuveiro. Enxugou as últimas lágrimas e se enrolou na toalha.
 Assim que terminou de colocar seu pijama e pentear os cabelos, William desceu com uma toalha de banho na mão e um sorriso tímido nos lábios. A julgar pelos olhos vermelhos e inchados, além da boca roxa, a pele suada e o cabelo alinhado, qualquer um diria que ele havia chorado.
 Chegou até o escritório, aproximou-se de Fátima e lhe deu um beijo modesto. Enquanto acariciava sua cabeça, chamava por seu nome.
 - Já tá na hora, amor? - perguntou Fátima, visivelmente sonolenta.
 - Acorda, meu amor... Está de madrugada e estamos sujos! Lembra que sua menstruação desceu?
 - É verdade... Estou muito suja?
 - Completamente. Eu já subi, já tomei meu banho e estou só esperando você!
 Fátima abriu os olhos e encarou os de William. Sabia que ele havia chorado, mas preferiu não comentar nada. Ajeitou-se no chão, puxou as cobertas mais para si e pôs os braços ao redor do pescoço de William. E antes que pudesse falar qualquer coisa, começou a chover.
 - Mas tá chovendo, amor!
 - E daí, dona porquinha? Mais você me ajuda! Toma seu banho e depois vem deitar comigo! Não demora!
 - Tá bem! -  Fátima deu um beijo em William e levantou, com a ajuda dele, do chão. Conforme ficou de pé, sentiu suas pernas ficarem cobertas de sangue. De fato, o atraso da menstruação traria grandes consequências. Segurou o choro e foi até o banheiro, levemente apressada. William continou no escritório, lamentando a não-gravidez. "Por quê?", pensava ele. "Por que conosco?".

 Fátima já havia terminado seu banho e já estava com sua camisola de seda, com rendas na parte acima dos seios e com alças finas. Era em tons de bordô e rosa claro, o que realçava sua pele e a cor de seu cabelo. Foi até onde o marido se encontrava e o abraçou por trás. Ele estava com seu pijama branco de listras pretas, porém sabia que ele sentiria suas lágrimas a molhá-lo. Ele ainda estava no escritório, desta vez debruçado na janela. Fitava o nada e pensava em tudo.
 - Podemos subir? Ou você ainda quer se martirizar por não termos conseguido ficar grávidos? - brincou Fátima. - Prometo a você que tudo vai ficar bem! - e então beijou-lhe as costas.
 - Eu quem devia estar lhe dando forças, e não o contrário. Mas como não sou homem suficiente - porém foi interrompido.
 - Pode parar, William! - ela o soltou e os dois ficaram frente a frente, se encarando. - Não é porque não consegui engravidar que você não é homem suficiente! Tanto é, que me faz feliz todos os dias. E nada como uma dificuldade de vez em quando pra nos mostrar quão fortes somos!
 - O que você mais queria era um filho e eu não fui capaz... Meu amor, pensamos tanto que agora não conseguimos fazer! Que merda de homem sou eu?
 E antes que William pudesse chorar na frente de Fátima e ela acabasse chorando também, tentou o conter.
 - Esquece isso, Wil! Já existem tratamentos e agora nós vamos conseguir! Não se culpe por tudo, fica calmo. Mas agora vamos dormir porque está chovendo forte e já está muito tarde!
 De fato, a chuva apertara lá fora. Altas horas da madrugada e William insistia em querer se martirizar.
 Fátima estendeu a mão para que William pudesse segurar e ambos foram até o quarto de mãos dadas. Assim que chegaram, deitaram na cama e ficaram abraçados, tentando olhar para alguma coisa através do escuro. Quase fechando os olhos, ambos conseguiram, ao mesmo tempo, enxergar as muitas gotas de água que molhavam a janela. Como a vida seria muito mais bonita se estivessem uma criança para proteger e para colocar no meio deles naquela noite!
 - Boa noite? - perguntou William, tímido. Na realidade, apenas queria saber se a mulher já havia dormido ou se estava chorando.
 - Boa noite! - Fátima respondeu sorrindo e se virou para William.
 Se beijaram timidamente e Fátima se deitou no ombro do marido, mais uma vez. Puxaram as cobertas mais para si e acabaram adormecendo, ao ouvir o barulho da chuva.