Fanfic: Até que enfim a gravidez | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner

 Fátima acordou e já estava em março de 1997. Sozinha na cama, lembrou
que William teria que ir um pouco mais cedo para a redação.
 Levantou da cama e foi até o banheiro. Se olhou no espelho e notou
alguma coisa diferente em seu corpo, mas como não tinha ideia do que
era, não deu muita bola.
 Fátima e William estavam tentando engravidar fazia muito tempo. Já
haviam tentado da maneira natural, como qualquer casal normal tem
filhos, porém não havia dado certo. Foram para um outro lado e
tentaram engravidar com tratamento, porém da primeira vez também não
havia dado certo. No meio de um segundo, os dois já estavam bem mais
preparados para tudo, inclusive uma gravidez.
 Já arrumada e pronta para mais um dia como jornalista - agora já
apresentadora do Jornal Nacional -, Fátima foi tomar seu café da manhã
sozinha. E antes que pudesse tomar  um primeiro gole de um boa dose de
cafeína, ouviu seu telefone tocar.
 - Amor?
 - Oi William! Como andam as coisas na redação?
 - Tudo esperando por você! - brincou William, certamente muito
animado. - Você já tá a caminho?
 - Vou tomar meu café agora. Daqui a pouco estou aí.
 - Tudo bem, esperaremos... Como você tá?
 - Bem... e você?
 - Com saudades! - brincou William.
 - Você e suas brincadeiras matinais! - e ambos riram. - Agora deixa
eu tomar meu café antes que caia dura no chão...
 - Tá bem, meu amor... Até mais!
 - Até! Beijos!
 - Beijos.
 Fátima desligou o telefone, ligou a televisão e então tomou seu
primeiro gole de uma boa dose de cafeína. De fato, precisava daquilo.
 Estava passando um documentário sobre mães e filhos na televisão, o
que deixou Fátima levemente chateada. Se perguntava todo dia porquê
não havia conseguido engravidar, qual havia sido a razão. E antes que
pudesse chorar, desligou a TV e concentrou-se no pão com mortadela que
iria comer.

 - William, como está a Fátima? - perguntou Márcia, se aproximando da
sala do chefe.
 - Um pouco chateada, eu diria. Mas vai ficar bem...
 - O médico de vocês não deu mais notícias?
 - Apenas disse para "manter esperançosos os nossos corações". - ele
fez aspas com os dedos, indicando que havia sido uma citação do
próprio médico. - E você?
 - Estou bem... Eu e o Felipe estamos extasiados com o nosso menino!
 Pelos exames, Márcia estava esperando uma menina. Um quarto todo rosa
foi montado, com ursinhos de pelúcia por toda a parte. Porém, no
sétimo mês, descobriram que o que a menina tinha no meio das pernas
não eram testículos, e sim a mãozinha que insistia em não sair dali.
Correndo contra o tempo, Márcia e Felipe conseguiram trocar os móveis
e fazer um quarto completamente azul para o menino, porém seus
corações permaneciam feridos.
 - Sinto saudade de passear com ele, mas depois que a Fátima começou a
achar que só poderia cuidar de crianças de terceiros - porém Márcia o
interrompeu.
 - Ainda que esses terceiros fossem os melhores amigos dela...
 - Exatamente. Depois que ela começou a ter esse tipo de pensamento,
eu decidi não deixar mais ela com crianças, ou, pelo menos, evitar ao
máximo.
 Márcia sorriu e William entendeu que aquilo havia sido um consolo de
amiga, como se ela tivesse dito "conta comigo".
 Sorrindo, Márcia voltou para a redação e William foi junto com ela.
 Porém antes de poder chegar até a sala do café, foi chamado por duas
lindas jornalistas, amigas dele e da Fátima.
 - William, vem aqui, por favor!? - pediu uma delas.
 Sorrindo, ele sentou ao lado das duas e as ajudou no que foi preciso.
 Fátima chegou a redação e imediatamente foi procurar William, mas
assim que virou o rosto o viu com duas mulheres do lado e, sem saber
explicar, sentiu seus olhos ferverem. Era como se o que sentisse se
resumisse em "ciúmes", mas ela não era uma mulher ciumenta.
 Parada exatamente na porta da redação, com os punhos cerrados e a
cara sem expressão alguma, Fátima causou uma certa estranhesa com o
pessoal.
 - Fa? - Felipe havia se aproximado. - Está tudo bem?
 - Comigo sim. Mas parece que com o seu amigo ali está bem melhor! - e
ela acenou com a cabeça para William, que permanecia com os olhos
vidrados na tela do computador.
 - O William? Mas Fátima, pelo amor de Deus! Aquelas são a Veridiana e
a Carmen. Tão amigas suas quanto do William! E outra que você nunca
foi ciumenta, ainda mais em relação ao pessoal aqui da redação!
 - Eu sei Felipe, mas - porém foi interrompida.
 - Pare de bobagens e vá falar com ele, se for o caso. Mas, por favor,
saia da porta porque está causando um alvoroço no pessoal!
 Fátima consentiu com a cabeça e foi até onde William estava,
permanecendo de punhos cerrados. Assim que chegou, colocou a mão
direita no ombro de William e a outra mão na sua coxa, enquanto
abaixou um pouco para poder beijá-lo.
 As amigas do casal, completamente alegres com a felicidade dos dois,
não deixaram de exclamar:
 - Aí sim, Fa! Quanto tempo não víamos os dois juntos assim!
 William soltou Fátima e ela pulou  para sentar nas pernas do marido.
 - É que nunca vejo ele assim, fora da sala. - retrucou ela.
 - Precisávamos da ajuda dele! As matérias estão vindo cada vez piores
pra nós... Os nossos repórteres estagiários parecem que não sabem o
que fazem.
 Porém Fátima não estava a vontade com a conversa sobre "os repórteres
estagiários e tontos", então pediu licença às amigas e foi com William
até a sala dele.
 - Por que estava com elas? - ela disse assim que entrou.
 - Como é?
 - Por que estava com elas? Você, quando vai pra redação, vai pra
ajudar. E não pra bater papo. Eu bem vi vocês três super a vontade,
como se nem estivessem trabalhando. E essa histórias dos estagiários,
então...
 - Fátima! Olhe o que você está falando! Sabe quem são elas? - ele deu
ênfase maior quando se referiu às mulheres. - São nossas amigas. A
Carmen trabalha com você desde 1994 e a Veridiana desde 96. Por
favor...
 - Eu sei, mas as pessoas mudam, William.
 - Você, por exemplo. - e ele revirou os olhos.
 - Como é?
 - Desde quando você tem ciúme da própria sombra, Fátima Bernardes?
Desculpe, mas não foi com essa mulher que eu casei. - disse William,
que já estava chateado com os ciúmes malucos de Fátima, que haviam
começado há quase uma semana.
 - Desculpe... - ela baixou a cabeça e esperou até que ele a
reerguesse, como sempre fazia quando ela ameaçava chorar. - Eu não sei
o que está havendo comigo.
 - Tudo bem, eu desculpo. Mas por favor, pelo menos escolha suas armas
e suas miras. Ciúmes de desconhecidas ou colegas atiradas, tudo bem.
Agora de amiga há anos? Daqui a pouco será a vez da Marcinha....
 - Não, não será. Desculpe de verdade, meu amor!
 William abraçou a mulher e os dois sorriram. Quando os olhares se
cruzaram, ambos se beijaram.

- Felipe, o que foi a entrada da Fátima? - brincou Márcia com o marido.
 - Ciúmes.
 - Como?
 - É, ciúmes. - Márcia, de tão embasbacada sentou na mesa de Felipe e
começou a balançar as pernas rapidamente, como se estivesse ansiosa. -
Dá pra parar? Estamos trabalhando.
 - Ciúmes do William com a Veridiana e a Carmen? E desde quando ela é
ciumenta? E outra que é a Veridiana e a Carmen.
 - Desde a semana passada, pelo que parece. Ela tava com os punhos
cerrados! Morta de ciúme.
 - Hum...
 - Hum o quê?
 - Eu comecei assim.
 - Hã? - Felipe, de fato, não entendera.
 - Quando fiquei grávida do Thiago, eu comecei assim. Ciúme, tontura,
desmaio, enjoo, desejo, loucuras de amor, saudade, tristeza... E por
aí vai. O primeiro sintoma está aí, meu amor!
 Márcia deu um beijo no marido e voltou ao trabalho.
 - Talvez ela esteja certa... - pensou Felipe.