No dia seguinte, um sábado um pouco nublado, mas ainda sim com sol, era o padrão naquela bela cidade. Silvana e Augusto deixaram Maite quieta um pouco, sobre o tal assunto das drogas. Mas ainda sim, observando o comportamento da filha, que mostrava naturalidade sobre o assunto.
Como Christopher estava no trabalho, Maite quis chamar a amiga Dulce para passar a tarde em sua casa. Sem dúvidas, a amiga aceitou e foi para a casa de Maite. O quarto dela se transformou numa pequena balada-cinema-restaurante.
Fizeram brigadeiro, bolo, dançaram e viram um filme durante boa parte do tempo.
- Eu adoraria conhecer essa atriz! - Maite dizia, segurando uma colher cheinha de brigadeiro.
- E eu adoraria assistir outro filme quando vir pra cá. - implicou Dulce, já que era a terceira vez que viam o mesmo filme.
- Você também adora esse filme que eu sei, principalmente o galã. Ui!
- Não, meu galã está no trabalho, lembra? - Dulce ria.
- Haha, boba! - Maite suspirou e levou a mão até a barriga. Largando de mão a colher onde comia o brigadeiro. - Ain... De novo... Ela via tudo girando.
- O que houve, amiga? Tá passando mal?
- Uhum! - fez que sim com a cabeça, de olhos fechados.
- Outra vez? Isso está ficando estranho já.
- Deve ser essa nova dieta que estou fazendo. Sem gorduras, e meu corpo tá sentindo falta. - sua voz era lenta e baixa.
- Você tem certeza que não é nada à mais? - Dulce mordeu os lábios.
- O que quer dizer com isso?
- Mai, posso te fazer uma pergunta meio desconfortável?
- Claro, faça...
- Não me leva a mal, não quero me intrometer na sua vida, nem nada mas... Sou sua melhor amiga. - Maite não entendia o rumo da conversa. - Você e... William, transaram sem camisinha?
Maite fechou os olhos tentando se lembrar. A resposta, era sim.
- Aham, fizemos, umas duas vezes, na primeira vez e... Na última, eu acho. Por quê?
- Tomou remédio, ou algo do tipo
- Sim, uns anticoncepcionais, sabe... - ela disse, pegando a caixa do remédio na gaveta do criado mudo.
Dulce pegou a pequena bula que tinha dentro da caixa. Começou a ler com atenção toda. Maite, meio lenta com os enjôos, ficou apenas olhando a amiga. Seu raciocínio não sacava ainda.
- Aqui tá dizendo - começou Dulce. - Que você deve tomar um, alguns minutos antes da relação sexual.
- Alguns minutos antes? Mas tem anticoncepcionais que tem um efeito pra quase uma semana.
Dulce novamente releu a bula, procurando com atenção alguma observação.
- A paciente deverá tomar um comprimido antes da relação. - Dulce lia. - O remédio tem um efeito duradouro - uma semana -, se tomado corretamente. Você tomou corretamente?
- Sim, amiga! - Maite explicava. - Como todo remédio, um copo de água mais o remédio e puff, livre de gravidez.
Dulce riu do comentário e novamente olhou pro papel. Seu sorriso desapareceu quando seus olhos acharam a ala "Observação" . engoliu seco.
- Ma-Maite. Você disse que tomou com água?
- Sim, com água.
- Observação, o medicamento só funcionará se for... Ingerido com um copo de leite. - Dulce leu e olhou para Maite.
- O que... O que isso quer dizer? - ela não queria acreditar.
- Quer dizer que... Você tomou os remédios a toa, há uma grande possibilidade de... estar grávida.
O coração de Maite começou a bombear mais forte. Ela não podia estar grávida, seria uma bomba para ela. Queria ter filhos, claro, mas não naquele momento.
- Dulce não diga tantas bobagens. - a vez de Maite estava aflita.
- Não estou dizendo bobagens, você bebeu o remédio a toa. Por não ler a bula, cortou o efeito do remédio. E agora?
- Não me assusta, amiga.
- Não estou tentando te assustar. Vamos fazer o seguinte? Acabaremos logo com essa dúvida. Ligamos para a farmácia e pedimos 5 testes. Ele é carinho, porém muito bom.
- Ai meu Deus! - Maite mordeu os lábios. - tá, tá tudo bem. Liga para farmácia por favor.
Dulce pegou o telefone da amiga e discou o número da farmácia. Enquanto fazia o pedido, Maite olhava para sua barriga. Pensou nas possibilidades de realmente estar grávida. Sentia enjoos, sua menstruação estava atrasada, seus seios estavam aumentando um pouco e eles doíam. "William vai me odiar se isso for verdade." - ela pensava.
- E então? - Mai perguntou.
- Eles vão trazer daqui a pouco.
Maite deitou a cabeça sobre o travesseiro, não contendo suas lágrimas de desespero diante daquela situação. Se sentia sozinha, apesar de saber que podia contar com Dulce. O porém era que ela era nova, um bebê naquele momento iria atrasar seus planos, seus futuros cursos. Dulce fazia a amiga se acalmar, ao menos tentava, tentava mostrar o lado bom da coisa, que ela e William talvez iam ter um laço forte de união por conta daquele ser que talvez estava vindo.
Em 10 minutos, Dulce foi atender a porta. Por sorte, Mateus estava no quarto. Pagou o entregador e voltou para o quarto.
- Pronto amiga, aqui está. Você já sabe o que fazer.
Maite fez que sim com a cabeça. Pegou três testes iniciais e deixou dois para mais tarde. Foi devagar para o banheiro. Queria que o tempo parasse ou algo do tipo.
Uns 8 minutos depois, ela ainda estava dentro do banheiro. Dulce já estava aflita.
- Maite, amiga... Você tá bem? - Dulce bateu na porta do banheiro.
- Já estou saindo.
Mais alguns segundos e Maite tinha saído segurando os 3 testes na mão. Seu rosto estava perdido em mil pensamentos naquele momento.
- E então? - Dulce perguntou.
- Positivo! - chorou. - Os três.
- Amiga... - Dulce a abraçou forte. - Eu até diria "sinto muito" mas... Na verdade eu não sinto. Você foi escolhida por Deus, não percebe? Ele quer que você seja mãe... Escolheu você.
- O que eu faço? Não sei cuidar de um bebê. Mal cuido de mim...
- Ninguém nasce sabendo como cuidar de um bebê amiga, é tudo questão de tempo pra você se acostumar.
- Eu nem vou mais fazer os outros dois testes. Esses três e todos esses sintomas já me convenceram.
- Você precisa contar ao William.
- Não! - Maite exclamou. - Não posso falar uma bomba dessas.
- Não é uma bomba, amiga. É o filho de vocês.
- E se ele não quiser?
- Apesar de tudo, não acho que ele seria capaz disso. - Não sei...
Maite suspirou.
- Nunca se sabe.
Dulce não queria ver a amiga daquele jeito. Ficou reanimado ela a tarde toda, mostrando a vantagem de ter um filho e coisas assim. Maite até sorriu algumas vezes, mas seu medo nera mais alto e mais forte. Tornava a chorar novamente.
Eita, que tensão! O que estão achando? O que será que vai acontecer? Comentem!