Fanfic: Procura-se um marido -Aya- Adaptada | Tema: Ponny

Sacudi a cabeça, piscando. Deparei-me com Ucker me olhando de ima, muito irritado. Dul estava um pouco atrás, mordendo o lábio inferior. Meu avô não estava em parte alguma.
- Não vai dormir na loja, não é? - ele acusou.
- Christopher! - saltei do sofá. Eu dormi? Oh, merda! - Não sei o que aconteceu. Eu juro que estava acordada. - Eu estava acordada! Tinha certeza disso. Até meu avô aparecer. - eu... Hã... Dormi mal essa noite, acordei toda torta e acho que... Me desculpa! Não vai se repetir. De verdade. Vou trazer café pra me manter desperta. Uma jarra bem grande!
Dul veio em meu auxílio.
- Ucker, a Any anda passando por muitos problemas. A pobrezinha não tem dormido direito. Ela está tentando se adaptar à nova vida, mas é difícil. Tenta se colocar no lugar dela. Ter tudo e, de uma hora pra outra, não ter mais nada. Estranhos morarem na sua casa, se metendo na sua vida. Depender da carona dos amigos. - Seus olhos se tornaram muito grandes, expressivos e brilhantes. - Já pensou perder todo mundo que você ama, Christopher? Já pensou como seria solitário? Não seria bacana se um amigo lhe estendesse a mão numa hora dessas?
Ele a observava atentamente, e ficou claro como a atuação da minha amiga o balançou. Por um segundo, cheguei a pensar que ele cairia no choro. Dul era muito persuasiva!
- Posso ficar com a vaga? - perguntei, ansiosa.
- Tudo bem - ele suspirou, sacudindo a cabeça. - A vaga é sua. Comece no próximo sábado. Mas eu te juro que, se você pisar na bola outra vez, te demito na mesma hora - ele disse, tentando usar seu tom mais ameaçador e não obtendo sucesso. - Não faça eu me arrepender.
- Prometo - lhe dei um abraço. Ele retribui, meio sem jeito.
- Tem alguma flor natural aqui? - Dul quis saber, fungando o nariz, procurando em volta. - Não que eu saiba - Ucker respondeu e me encarou. - Tem?
Sacudi a cabeça. Mas Dul tinha razão. Havia algo meio doce no ar. O mesmo cheiro que permeava meus sonhos na noite anterior. O que me fez pensar na conversa que estivera com meu avô ainda há pouco. Não importava que fosse um sonho, um delírio, aquele seria exatamente o tipo de conselho que meu avô me daria.
- Que estranho. - Ela deu de ombros. - Acho que foi só impressão.
- Então, como foi o café?- perguntei. - Se acertaram?
Christopher corou.
- A gente só conversou, Anahi - murmurou na defensiva.
- Ah Ucker- Dul disse com um sorriso. - A Any é minha melhor amiga. Não tem a menor chance de eu não contar tudo pra ela. - E se voltou pra mim. - Na verdade, foi ótimo. A gente conversou bastante e não estava funcionando. Daí, quando eu achei que tudo ia ficar como estava, que ele não ia ceder, o Christopher me beijou, e foi um daqueles beijos que...
- Olha só, isso é constrangedor demais - ele a cortou, completamente sem jeito. - Será que vocês podem falar disso quando eu estiver longe?
Tipo, bem longe?
Dul riu.
- Tudo bem. Posso esperar um pouquinho mais - avisou, sedutora. - Se você me der um bom motivo pra isso.
Entendendo a deixa, eu disse:
- Bom, vou indo. Preciso ir ao supermercado. Te espero lá fora, Dul. Tchau Ucker. E obrigada de novo. - Mas ele já perdera o foco e não conseguia parar de olhar para Dul.
Eu ri e fui esperar na calçada. Não resisti a dar uma espiada lá dentro através da grande vidraça. Eles estavam abraçados, os braços de Dul ao redor do pescoço dele, as mãos de Ucker na cintura dela, as testas coladas. Ele dizia alguma coisa, ou talvez cantasse, já que eles meio que dançavam, meio que giravam no lugar. Ela sorria de olhos fechados.
Sorri também, desviando o olhar.
Alguns minutos depois ela estava ao meu lado, o rosto brilhante, com um sorriso indescritivelmente feliz. Fiquei olhando pra ela, sorrindo feito uma besta.
- O quê? - ela perguntou.
- Cheio de manias, metódico, criança de vinte e cinco anos. Humm... - comentei, enquanto andávamos em direção ao carro. - Acho que ouvi isso em algum lugar...