Fanfic: Procura-se um marido -Aya- Adaptada | Tema: Ponny
Ele me analisou por um momento.
- Como você está?
Suspirei.
- Bem irritada, pra falar a verdade. Todo mundo aqui é meio grosseiro comigo, e a Joyce fica me dando ordens sem parar. Aquela mulher tá me tirando do sério.
Ele quase sorriu. Quase. Hector não era dado a coisas tão mundanas.
- Eu me referia à ausência do seu avô.
- Ah. Bom... não me sinto muito diferente em relação a isso. Estou bem irritada com meu avô também.
- Sinto muito – ele assentiu, sério, o maxilar pontudo trincado. – Sei que você está passando por um momento delicado e, acredite, não quero te trazer mais aborrecimentos, então espero não ter que fazer isso. Estou sendo claro? – Não havia muita hospitalidade em seu rosto.
- Bastante – resmunguei irritada, mas nada surpresa.
- Bom. Muito bom – Ele me deu as costas.
Almocei no grande refeitório, absolutamente sozinha. A comida era quase sofrível, e os rostos curiosos que me analisavam de maneira pouco educada não me surpreenderam. Ninguém se aproximou, me disse um oi nem nada. Era como se eu fosse uma piada ou algo do tipo. Sussurros ecoavam nas paredes. Eu podia deduzir o teor das conversas: a neta desajuizada de Narciso havia sido excluída da herança por inaptidão. Era como estar de volta ao colégio. Liguei para Dul.
- Como assim, é pior que a oitava serie? Nada pode ser pior do que passamos na oitava serie – ela declarou.
Podia. E era! Aos catorze anos, eu ainda era uma menina – menina mesmo, corpo reto como uma tábua, nada de curvas ou peitos, e menstruação era uma palavra inexistente em meu mundo. Após um terrível acidente envolvendo meu skate, um rolo de massa, duas latas de tomate seco e goma de mascar, tive que dar adeus aos meus cabelos que iam até a cintura. O chiclete grudou bem rente a raiz, no alto da cabeça, de modo que não dava para cortar apenas aquela parte e deixar o restante intacto. Foi necessário aderir ao corte estilo Joãozinho. Meu avô adorou o novo visual. Disse que fiquei parecendo uma boneca de porcelana. Mas a turma do colégio não compartilhava da mesma opinião. As garotas passaram a me evitar, porque achavam que eu tinha desenvolvido tendências homossexuais. E os meninos fugiam de mim
porque eu era menina, mas naquele momento, não me parecia com uma. Uma pena que essa coisa andrógina não estivesse na moda na época.
- Você está linda. Parece um menino. Um menino meio gay, mas continua linda – Dul resmungava enquanto eu chorava desolada.
O problema era que, apesar de minha falta de curvas, cabelos e bom-senso, os hormônios já fervilhavam em meu corpo, e eu queria ficar bonita para um garoto do colegial que nem sabia da minha existência – a não ser ele tivesse se juntado aos espectadores, quando eu revidava os insultos e acabava rolando no chão com alguma garota peituda.
Dul, já escultural naquela época, com um corpo de mulher adulta, se manteve firme ao meu lado, e aguentou comigo todo tipo de provocação – os que resultou em mais fofocas ainda. Era comum perguntarem se estávamos namorando.
Foi um ano terrível, mas eu tinha minha melhor amiga ao meu lado para suportar a rejeição, que na época parecia o fim do mundo. Agora, ali no refeitório da empresa, eu estava completamente só.
- Pode acreditar, Dul – falei ao celular. – A oitava série ficou no chinelo.
- Meu Jesus! – Aguenta firme. Passa lá em casa mais tarde. Vou levar uma sacola de chocolates para você.
Desliguei, desanimada, e vi sentado a pouca distância, a uma mesa mais no centro, ao rapaz que havia trombado comigo. Ele me encarou brevemente antes de se virar para falar com Joyce. Eles pareciam estar se divertindo muito, a julgar pelos sorrisos trocados. Deixei o refeitório e circulei um pouco pelos corredores, desejando escapar dos olhares inquisitivos.
Os escritórios da P&P Cosméticos eram parcialmente decorados. A maior parte das salas era composta de muita madeira clara, toneladas de papéis e computadores. As paredes brancas imaculadas davam o tom sério e respeitoso que uma empresa daquele porte exigia.
- Garota, esse documento é do Comex, setor nove. Como veio parar aqui? –Joyce, aquele doce de pessoa, questionou quando finalmente voltei para o sétimo andar.
- Não faço ideia – dei de ombros.
- Claro que não. – Ela me esticou o papel daquele seu jeito imperioso. – Leve imediatamente para o quinto andar.
- Por que o setor nove fica no quinto andar? O que fica no nono?
Autor(a): Nana
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- A sala da presidência – ela responde sem me olhar. – Anda, garota! Eu tenho muito que fazer.Eu até que estava gostando das andanças. Cada incursão, aproveitava para dar uma olhadinha nos cartazes motivacionais da empresa, só para enrolar.“Se eu quisesse tapinhas nas costas, seria massagista. A gerência.”&ldquo ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 225
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maryangel Postado em 19/03/2015 - 11:45:36
Simplesmente lindo!! Amei a história, essa transformação da Any como pessoa, ela se tornou melhor e mais responsável, eu tinha estranho aquele testamento que graças a Deus foi invalidado. O Alfonso *-* , lindo o fato de ele ter xonado desde o começo por ela *-* e o pedido de casamento?! kkkkk.Agora a Any tem uma família completa , amei as cartas do avo narciso , fiquei curiosa com as futuras cartas que ele deixou ...e a borboleta?! Eu tinha sacado, ele sempre esteve ao lado dela... simplesmente lindo!!!
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beatrisponny Postado em 08/08/2014 - 08:44:32
Quero a sinopse!! Posta
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lara_rbd Postado em 18/04/2014 - 00:00:32
oi lia fic maraaaaaaaaaaa amei! amei! amei! o inicio o meio e o fim tudo maravilhoso uma das melhores fics que ja li! amei...
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camile_ponny Postado em 02/04/2014 - 16:54:39
Nossa cara to sem palavras pra esse final. faço das palavras de isajule as minhas porque foi lindo! sério muito bom mesmo parabéns! ameiii. haha :)
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isajuje Postado em 02/04/2014 - 10:52:52
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH acabou ): e agora, como lidar com esse vazio? Esse foi o melhor Poncho que eu já vi, já li muitas histórias que o Poncho vacilava como esse também deu umas vaciladas... Mas abafa. Mas esse sempre estava pensando no melhor para ela, desde o início, e ele pediu perdão, se mostrou arrependido por estar longe dela, que coisa mais fofa né? Como não amá-lo? <3 Esse fim foi mais do que perfeito, embora eu não acredite que isso acontecesse na vida real, mas no livro, na história é lindo e eu amei u_u KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK obrigada por compartilhar a história. Acompanharei outras adaptações se for postar (:
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brendacocatti Postado em 01/04/2014 - 22:26:39
aaaaaaaaaaaaaaaaaa não creio que acabou :/ Mais mesmo assim foi perfeito, to emocionada aqui :'))) e que venham mais e mais historias como essa, serio, foi uma das melhores que ja li *-*
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franmarmentini Postado em 01/04/2014 - 19:38:27
miga linda...seguinte eu tava lendo essa fic* que vc vai postar nova...e eu já leio ela..essa história é maravilhosa mas se vc for postar leio aki também sem problemas... da uma olhada no link... http://fanfics.com.br/fanfic/31340/fallen-too-far-adaptada-aa-anahialfonso-aya-h ot-e-romance bjusssssssssss
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franmarmentini Postado em 01/04/2014 - 19:36:47
MIGAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA AMEI ESSA SUA WEB CHORREI RIOS E RIOS DE LÁGRIMAS...VOU SENTIR MUITA FALTA...
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franmarmentini Postado em 01/04/2014 - 18:27:57
ai meu deus essa dul preocupada com a calça dela kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
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eduardah Postado em 01/04/2014 - 18:19:33
Gente isso pode ser até feio mais eu INDICO A FANFIC ''O AMOR SIMPLESMENTE ACONTECE''vou indicar essa por que eu amei ..e sim eu vou comprar o livro hauhsauhs Parabéns e vou continuar lendo suas fanfics