Fanfic: A Culpa É Das Estrelas / Adaptada / Herroni | Tema: Herroni
A hora passou rápido. Lutas foram recontadas, batalhas ganhas
em guerras que com certeza seriam perdidas; a esperança virou tábua de salvação; famílias foram celebradas e recriminadas; foi consenso que os amigos não entendiam nada; lágrimas foram compartilhadas, e consolo, oferecido. Nem eu nem o Alfonso Herrera tínhamos soltado uma palavra, até que o Patrick disse:
— Alfonso, talvez você queira falar de seus medos para o grupo.
— Meus medos?
— É.
— Eu tenho medo de ser esquecido — disse ele de bate-pronto. — Tenho medo disso como um cego tem medo de escuro.
— Calma aí… — disse Christian, abrindo um sorriso.
— Estou sendo insensível? — perguntou o Alfonso. — Eu posso ser bem cego quando o assunto são os sentimentos das outras pessoas.
O Christian estava rindo, mas o Patrick levantou um dedo, repreendendo-o.
— Por favor, Alfonso. Voltemos a você e às suas questões. Disse que tem medo de ser esquecido?
— É — respondeu o Alfonso.
O Patrick pareceu meio perdido.
— Alguém, ahn, alguém gostaria de fazer algum comentário?
Eu não frequentava uma escola de verdade havia três anos.
Meus melhores amigos eram meus pais. Meu terceiro melhor
amigo era o Christopher. Eu era relativamente tímida — de jeito nenhum o tipo que levanta a mão para falar.
E, mesmo assim, só dessa vez, resolvi abrir o verbo. Levantei
a mão, e o Patrick, a satisfação estampada na cara, disse:
— Maite!
Eu estava, tenho certeza de que foi isso o que ele pensou,
me abrindo. “Me tornando parte do grupo.”
Olhei na direção do Alfonso Herrera, que me encarava. Dava quase para ver através dos olhos dele, de tão verdes.
— Vai chegar um dia — eu disse — em que todos vamos estar
mortos. Todos nós. Vai chegar um dia em que não vai sobrar
nenhum ser humano sequer para lembrar que alguém já
existiu ou que nossa espécie fez qualquer coisa nesse mundo.
Não vai sobrar ninguém para se lembrar de Aristóteles ou de
Cleópatra, quanto mais de você. Tudo o que fizemos, construímos, escrevemos, pensamos e descobrimos vai ser esquecido e tudo isso aqui — fi z um gesto abrangente — vai ter sido inútil. Pode ser que esse dia chegue logo e pode ser que demore milhões de anos, mas, mesmo que o mundo sobreviva a uma explosão do Sol, não vamos viver para sempre. Houve um tempo antes do surgimento da consciência nos organismos vivos, e vai haver outro depois. E se a inevitabilidade do esquecimento
humano preocupa você, sugiro que deixe esse assunto para lá.
Deus sabe que é isso o que todo mundo faz.
Assim que terminei fez-se um longo silêncio, e eu pude ver
um sorriso se abrindo de um canto ao outro no rosto do Alfonso
— não o tipo de sorriso cafajeste do garoto tentando parecer sexy ao me encarar, mas um sorriso sincero, quase maior que a cara dele.
— Caramba! — disse ele baixinho. — Não é que você é mesmo
demais?
Nós dois não falamos mais nada até o fi m da reunião, quando
todos se deram as mãos e o Patrick nos guiou em uma prece.
Quando o Patrick acabou, entoamos juntos aquele mantra idiota — VIVENDO O MELHOR DA NOSSA VIDA HOJE — e foi o fim da reunião. O Alfonso Herrera empurrou o corpo para fora da cadeira e caminhou na minha direção. O andar dele era tão cafajeste quanto o sorriso. Ele parou na minha frente, mas manteve uma certa distância para eu poder olhá-lo nos olhos sem ter de esticar o pescoço.
— Qual é o seu nome? — ele perguntou.
— Maite.
— Não, o nome completo.
— Ahn, Maite Perroni Portilla.
Ele ia dizendo alguma coisa quando o Christian se aproximou.
— Só um instante — falou, levantando um dedo, e virou-se
para o Christian. — Isso foi pior do que você tinha dito, na verdade.
— Eu disse que era um tédio.
— Por que você se dá o trabalho de vir aqui?
— Sei lá. Meio que ajuda…?
O Alfonso inclinou o corpo achando que assim eu não conseguiria ouvi-lo.
— Ela vem sempre? — Não deu para escutar o comentário do Christian, mas o Alfonso respondeu: — Quer saber? — Ele pegou
o Christian pelos ombros e deu meio passo para trás. — Conte a Maite da ida ao médico.
O Christian apoiou uma das mãos na mesa de biscoitos e virou o olho enorme para mim.
— Tá, é que eu fui ao médico hoje de manhã e estava falando
para o meu cirurgião que preferiria ser surdo a ser cego. E ele disse: “Não é assim que as coisas funcionam.” Aí eu falei, tipo: “É, eu sei que não é assim; só estou dizendo que preferia ser surdo a ser cego se pudesse escolher, mas sei que não posso.”
E ele: “Bem, a boa notícia é que você não vai ficar surdo.” Eu disse: “Obrigado por esclarecer que meu câncer no olho não vai me deixar surdo. É muita sorte minha ter um gênio como você me operando.”
— Ele é mesmo um gênio — falei. — Vou tentar arrumar um câncer qualquer no olho para poder conhecer esse cara.
— Boa sorte. Então, tá. Já vou indo. A
Angelique está me esperando. Preciso olhar bastante para ela enquanto posso.
— God of War amanhã? — o Alfonso perguntou.
— Com certeza. — O
Christian deu meia-volta e subiu as escadas
correndo, pulando os degraus de dois em dois.
Alfonso Herrera se virou para mim:
— Literalmente.
— Literalmente? — perguntei.
— Estamos literalmente no coração de Jesus… Achei que
estivéssemos no porão de uma igreja, mas estamos literalmente
no coração de Jesus.
— Alguém deveria contar isso para Jesus — falei. — Quer dizer,
deve ser perigoso ficar guardando crianças com câncer no coração.
— Eu mesmo poderia contar — o Alfonso falou —, mas, para minha infelicidade, estou literalmente enterrado no coração Dele, então Ele não vai conseguir me ouvir.
Eu ri. O Alfonso balançou a cabeça, me olhando.
— O que foi? — perguntei.
— Nada — ele respondeu.
— Por que você está olhando para mim desse jeito?
Ele deu um sorrisinho.
— Porque você é bonita. Eu gosto de olhar para pessoas bonitas, e faz algum tempo que resolvi não me negar os prazeres mais simples da existência humana. — Um silêncio constrangedor se seguiu. Mas o Alfonso quebrou o gelo. — Quer dizer, principalmente porque, como você deliciosamente observou, tudo isso vai acabar em total esquecimento, e tal…
Eu meio que engasguei, ou suspirei, ou soltei o ar de um
jeito que pareceu quase uma tosse, e disse:
— Eu não sou boni…
— Você é tipo uma Natalie Portman milenar. Tipo a Natalie
Portman em V de Vingança.
— Não vi esse filme — falei.
— Sério? — ele perguntou. — Garota linda, cabelo curto, rejeita a autoridade e não consegue resistir a um cara que ela sabe que vai ser um problema. É sua autobiografia, pelo menos até aqui, pelo que posso ver.
Cada sílaba que saía da boca dele flertava comigo. O.k., ele meio que me deixava excitada. Eu nem sabia que garotos podiam me deixar excitada — pelo menos não, tipo, na vida real.
Uma menina mais nova passou por nós.
— E aí, Alisson. Tudo bem? — ele perguntou.
Ela sorriu e balbuciou:
— Oi, Alfonso.
— Gente do Memorial — ele explicou.
Memorial era o grande hospital de pesquisas.
— Qual você frequenta?
— O Hospital Pediátrico — respondi, meu tom de voz mais baixo do que eu pretendia. Ele fez que sim com a cabeça. A conversa
parecia ter chegado ao fim. — Bem — falei, mexendo a cabeça
vagamente na direção dos degraus que levavam para fora do Coração Literal de Jesus. Inclinei o carrinho do oxigênio para apoiá-lo nas rodinhas e comecei a andar. O Alfonso foi mancando ao meu lado. — Então, a gente se vê na próxima, talvez? — perguntei.
— Você deveria assistir — ele falou. — Ao V de Vingança, quero dizer.
— Tá. Vou ver se acho para assistir.
— Não. Comigo. Na minha casa — ele disse. — Agora.
Parei de andar.
— Eu mal conheço você, Alfonso Herrera. Você pode muito bem ser o assassino do machado.
Ele concordou.
— Tem toda razão, Maite Perroni.
E passou por mim, os ombros dando forma à camisa polo
verde, as costas retas, os passos da direita um pouco mais marcantes enquanto andava firme e confiante apoiado no que eu determinei ser uma prótese. Às vezes o osteossarcoma leva um dos membros só para dar uma sondada em você. Depois, se
gostar, leva o restante.
Eu o segui escada acima, devagar, ficando para trás. Degraus
não são o forte dos meus pulmões.
Aí fomos do coração de Jesus até o estacionamento, o frescor da brisa da primavera na medida certa, a luz do fi m de tarde
divina em sua nocividade.
Mamãe não tinha chegado ainda, o que era estranho, porque
ela quase sempre estava lá esperando por mim. Olhei em volta e vi que uma garota alta, loira e boazuda imprensava o Christian na parede de pedra da igreja, beijando o menino de um jeito quase agressivo. Estávamos tão perto que eu podia escutar os ruídos estranhos das duas bocas grudadas, e ouvi o Christian dizendo “sempre”, e ela respondendo com “sempre” também.
O Alfonso apareceu de repente ao meu lado e sussurrou:
— Eles são grandes adeptos de demonstrar afeto em público.
— Qual é a do “sempre”?
O ruído da troca de saliva aumentou de intensidade.
— “Sempre” é o lema deles. Sempre vão se amar, e tal. Pelos meus cálculos, e sendo bastante conservador, eles devem ter
trocado quatro milhões de mensagens de texto com a palavra
sempre no ano passado.
Mais dois carros chegaram, levando embora o Michael e a
Alisson. Aí sobramos só o Alfonso e eu, observando o Christian e a Angelique, que continuavam frenéticos, como se não estivessem encostados na parede de um local de oração. Ele pôs a mão no peito dela, por cima da blusa, e apalpou o mamilo, a mão imóvel enquanto os dedos se mexiam. Fiquei me perguntando se aquilo seria gostoso. Não parecia, mas resolvi perdoar o Christian levando em conta o fato de que ele estava para ficar cego. Os sentidos devem aproveitar enquanto ainda há apetite, e tal.
— Imagine a última ida de carro até o hospital — falei, baixinho. — A última vez que você vai dirigir um carro.
Sem me olhar, o Alfonso disse:
— Você está atrapalhando a minha vibe aqui, Maite Perroni.
Estou tentando observar o amor adolescente em sua esplendorosa estranheza.
— Acho que ele está machucando o peito dela — comentei.
— É. É difícil saber ao certo se ele está tentando excitar a menina ou fazer um exame de mama.
Aí o Alfonso colocou a mão no bolso e tirou de lá, por incrível que pareça, um maço de cigarros. Levantou a tampa da caixinha e colocou um cigarro na boca.
— Isso é sério? — perguntei. — Você acha isso legal? Ai, meu
Deus, você acabou de estragar a coisa toda.
— Que coisa toda? — ele perguntou, virando para mim.
O cigarro pendia apagado da boca, do canto que não sorria.
— A coisa toda em que um garoto que não é pouco atraente ou pouco inteligente ou, aparentemente, de forma alguma pouco tolerável me encara e chama minha atenção para utilizações
incorretas da literalidade e me compara a atrizes e me convida para ver um filme na casa dele. Mas é claro que sempre tem uma hamartia e a sua é que, ai, meu Deus, mesmo você TENDO TIDO UM RAIO DE UM CÂNCER ainda dá dinheiro para uma empresa em troca da chance de ter MAIS CÂNCER. Ai, meu Deus. Deixe eu só dizer para você como é não conseguir respirar? É UM INFERNO. Totalmente decepcionante. Totalmente.
— Uma hamartia? — ele perguntou, o cigarro ainda na boca.
Aquilo deixava sua mandíbula contraída. E a linha da mandíbula dele, infelizmente, era tudo…
— Uma falta trágica — expliquei, dando as costas para ele.
Dei um passo na direção do meio-fio, deixando o Alfonso Herrera para trás, e foi então que ouvi um carro dando a partida mais adiante na rua. Era a mamãe. Ela tinha ficado ali, esperando que eu, tipo, fizesse amigos ou coisa assim.
Senti um misto de decepção e raiva crescendo em mim.
Nem sei direito que sentimento era aquele, sério, só que havia
muito dele, e eu queria dar um soco na cara do Alfonso Herrera
e ao mesmo tempo trocar meus pulmões por outros que não fossem péssimos. Eu estava de pé bem na pontinha do meio-
-fio, o cilindro de oxigênio no carrinho ao meu lado parecendo aquela bola de ferro que fica presa com uma corrente no tornozelo de um prisioneiro, e na hora que minha mãe ia encostando o carro senti a mão dele pegar a minha.
Puxei a mão mas me virei para ele.
— Eles não matam se você não acender — disse ele quando
mamãe parou junto ao meio-fio. — E eu nunca acendi nenhum.
É uma metáfora. Tipo: você coloca a coisa que mata entre os
dentes, mas não dá a ela o poder de completar o serviço.
— É uma metáfora — falei, hesitante.
Mamãe esperava, quieta.
— É uma metáfora — ele repetiu.
— Você determina seu comportamento com base nas ressonâncias metafóricas…
— Ah, é. — Ele sorriu. O sorriso largo, meio bobo e sincero.
— Sou um grande adepto da metáfora, Maite Perroni.
Eu me virei para o carro. Dei uma batidinha na janela. Que se abriu.
— Vou ver um filme com o Alfonso Herrera — falei. — Grave,
por favor, os próximos episódios da maratona do PLL para mim.
Prévia do próximo capítulo
camila_ e portinonherroni sempre me acompanhando suas lindas *--* obrigada e Feliz Ano Novo pra vocês! victoriagby seja bem-vinda linda e Feliz Ano Novo! Meninas, fiquem tranquilas porque aqui ninguém vai morrer! rs`.. Não ia ter graça se meus bebês morressem ://..tô tendo umas ideias aqui e como eu acredito muito em milagres porque e ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 15
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flavianaperroni Postado em 18/04/2015 - 04:41:15
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pryhsavirroni Postado em 27/02/2014 - 13:06:45
#Aviso: eu era a autora dessa adaptação, mas acontece que excluíram a minha conta e eu tive que fazer outra. Eu vou repostá-la e passo o link pra vocês. Beijos
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katiis Postado em 24/02/2014 - 15:37:47
posta mais !!!! porfavor eu não quero ler o livro estou ficando curiosa !!!! posta mais.
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thaynalima Postado em 20/01/2014 - 21:43:51
Leitora nova, sou Levyrroni, mas já li esse livro e sou apaixonada por essa história. Posta mais.
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camila_ Postado em 12/01/2014 - 19:50:58
Forças pra você Diva, é ruim perder alguém que amamos, fica bem, tá? Besos DIVA ... <3 *-*
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pryhrbdmaniacas2 Postado em 08/01/2014 - 00:46:20
camila_: ainnn tudo bem..te entendo..tô pensando em desistir da minha Uckerroni tbm e dar mais atenção as Herronis e a Savirroni pq sou realmente traumada nesses..mas tudo bem..vc tbm é a minha leitora favorita..vc e a Ingrid..adoro vcs..e eu vou postar mais..prometo..bjs
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camila_ Postado em 05/01/2014 - 20:56:52
Olha Linda... Nao me mate, nem fique magoada comigo.. Nao sei se estava gostando daquela web, acho que ela foi muito corrida e nao esta sendo bem escrita, entao, passei aqui pra te avisar que vou deleta-la e dar preferencia as minhas outras que vou criar e acho que ira ser bem melhor, enfim..E isso, so to avisando a voce pois voce e a minha Leitora Favorita(JURO) e nao te trocaria por mais nenhuuma... Besoos e compreende, viu? Beijoss e posta maiis mulher... Aaaaah , prometo que valera a pena essa minha decisao.. Pois estou amando escrever as fics HERRONI... Acho que nao estou tao traumada assim em Uckerroni, umdos motivos de parar, sabe? E isso.. Besos...
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camila_ Postado em 05/01/2014 - 00:44:07
Amaaando TUDO .... Postaaaa Maaaaiis , Linda .. Beijos ... *-*
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camila_ Postado em 03/01/2014 - 22:42:40
Linda e voce, amor.. Voce e doce *-* ... Muito obrigado por postar, voce mora no meu coracao, viu? Besos e amanha posta mais por favor, ja que hoje esta cansada... *-*
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camila_ Postado em 03/01/2014 - 20:51:01
Cadeee Voceeeeeeeeee? EU to muito ansiosa para capitulos... Vocenao pode fazer isso comigo mulher, nao some assim... Necessito dessa web, e muito lindaaaa ... Postaaaaaaaaaa por favorr... Nao me deixa na mao...