Fanfic: olhoร ๔є gєlo

Dulce olhou o céu, para constatar que estava quase anoitecendo. Mais um vez, seus pés trotaram sem rumo. Agora parara de frente a uma casa de aparência mofada. Quando entrou nela, não era tão bonita como as que estava acostumada, embora incrivelmente aconchegante. Visualizou, desde o teto com mofo até o rodapé. Porém, apenas uma coisa a chamara atenção- a lareira, que servia como estante para fotos. Na maioria delas, havia um garoto moreno fazendo poses ao lado de um casal. Como uma linha do tempo, a medida que ia vendo as fotos, o garoto ia crescendo. Embora não houvesse nenhuma foto do casal envelhecendo.
A última imagem mostrava-o crescido, com um sorriso largo. Diego apontava para as botas sujas de neve e sua expressão era cômica. O sorriso não chegava a tocar os olhos.
Um barulho de porta rangendo soou do fim de um corredor. A curiosidade bateu como nunca no peito de Dulce, e mais uma vez seus pés andavam por si sós.
Não parou para reparar nos restante da casa, por que seu foco era luz no fim do túnel; no caso, o quarto de Diego. Como ela sabia? Não se sabe... Ela apenas sabia.
Ouviu passos. Mas esses vinham na sua direção, pelas suas costas.
A sensação foi inexplicável. Ainda não caíra na real quando viu que o homem virava o corredor. Nunca, em toda sua existência, imaginou que sentiria estar no corpo de outra pessoa. Ela não o conhecia, mas um fúria extraordinária saía de seu corpo.
O seguiu, mesmo não sabendo se realmente queria. Seu corpo translúcido andava rápido demais para sua coordenação, e logo estava atrás do homem. Reconheceu o pai de Diego. Bem mais acabado do que nas fotos que vira à pouco, e a expressão carrancuda.
Diego estava no banheiro. Soube por conta do barulho de chuveiro; mas o pai dele não parecia ligar muito para isso.
A cena a seguir aconteceu tão rápido que mal Dulce teve tempo de entrar na frente.
Diego saía com a toalha enrolada no corpo,  os olhos fechados. A pancada que recebera na coluna fora tão forte que rodopiara e caíra no chão. O pai de Diego ainda mantinha a mão no ar, como um escudo. Mas Diego não tinha cara que iria revidar.
-Já lhe disse para não se meter mais com os malditos Lovegood, e você vai até o hospital para ver a filhinha morta deles.- O cheiro de bebida que exalava quando falava deixava-a tonta.
O coração morto de Dulce pareceu explodir, quando viu que Diego levantava pronto para lutar com o pai. Com uma força que parecia não existir, seus braços rodearam o corpo do garoto, o segurando.
O velho saiu dramaticamente pela porta. Diego caiu de joelhos, e suas mãos cobriram o rosto.
Por algum motivo, Dulce não conseguia se soltar do garoto choroso que mal se movia de dor.