Fanfic: Elemental - Diários de Melisandra | Tema: mistério, magia, romance.
Hoje a biblioteca não teve muito movimento. Acho que é devido ao período de férias. Está quase anoitecendo, quase na hora de pegar minha mochila, sentar em minha bicicleta ao som de Within temptation e pedalar de volta à casa do tio Wagner. Encontrar minha gata, comer uma saborosa macarronada degustando suave vinho tinto e deitar no enorme sofá de couro da sala para assistir mais uma vez “As brumas de Avalon”. Adoro filmes épicos, você conhece este? Não? Então eu conto, tudo começa ao som perfeito da música the mystic`s dream da Loreena... [Com licença...]
Interrompida por um homem, alto, magro, jovem, barba por fazer. Fecho rapidamente o diário, assuntada, afinal, não percebi a chegada dele, estava tudo muito calado.
- Ops! Perdão. Assustei você? – Ele diz esboçando um encantador sorriso.
Eu ajeito meus óculos de leitura e balanço a cabeça para ver se a tontura do susto misturado com o cansaço de horas debruçadas a ler e a escrever passa. A visão embaçada vai tomando foco, até que posso finalmente ver perfeitamente o homem que acabei de descrever.
- Perdão... eu estava meio desatenta, estava tudo tão quieto que acabei me concentrando demais em minhas tarefas – falo com um sorrisinho simpático no rosto, afinal, não vejo a hora de falar com alguém que não seja meu diário ou minha gata Vampy que na maior parte das vezes só “fala” comigo quando está com fome.
O rapaz sorri e prossegue:
- Sem problemas (uma rápida pausa) E então eu prossigo:
- E então... em que posso ajudar?
- Ah sim, perdão... – ele sorri – estou procurando um livro, algo que tenha um texto envolvente, para passar o tempo, uma boa companhia, entende?
O que será que aquele gato queria dizer com um livro que fosse uma boa companhia? Será que ele estava flertando comigo? Será que ele apenas usou a palavra para definir um livro que fosse um BOM livro? Aff... Preciso me concentrar, ficar sem amizades por uma semana já estava me fazendo ficar paranóica.
- Humm, vejamos, um livro envolvente! Você já leu o clássico “fantasma da ópera”? – Perguntei enquanto levantava-me para procurar o tal livro.
- O fantasma da ópera? Já ouvi a música do Nightwish, mas o livro nunca li. Respondeu enquanto me acompanhava na subida da escadaria mogno em direção às altas prateleiras onde guardavam este tipo de livro. No caminho, interiormente animada, mas exteriormente tímida, comecei a puxar conversa, afinal, Nightwish? Aquilo realmente estava acontecendo? O carinha perfeito ouvia Nightwish? Depois de remexer alguns livros:
- Aqui está, senhor...?????
- Você pode me chamar de Rick, e sem essa de senhor, por favor. – Ele sorri.
- Como desejar... Rick... – digo sorridente – Descemos a escadaria rumo ao balcão de atendimento, onde registraria a saída do livro. Enquanto estamos no balcão, o carinha continua a puxar assunto e eu... adivinha? Estou adorando a iniciativa dele.
- E então, você é nova aqui na biblioteca certo?
- Sou a nova bibliotecária, comecei há uma semana. E pelo visto você é um dos principais freqüentadores – Eu falo com um sorrisinho no rosto enquanto olho para a ficha do rapaz onde está o registro de vários livros pegos anteriormente.
Rick sorri, e timidamente, leva a mão aos cabelos pretos com um penteado da moda. Coçando a nuca ele olha para o balcão e pergunta se eu não estava a fim de sair para dar uma volta, a noite estava linda e ele estava sem companhias e tal. Enquanto Rick fazia o convite um barulho alto ecoa na biblioteca, alguns livros acabaram de despencar no andar de cima.
- Rick, só um instante, já volto. Neste momento, subo as escadas rapidamente e lá encima está a fileira de livros que caíra debruçados um sobre o outro na horizontal, com isso os três últimos livros da estante, a mesma de onde tirara o livro de William Shakespeare, caíram no chão.
Ao pegar os grossos livros para colocá-los no local percebo algo, um dos livros, com capa envelhecida não pertencia àquela estante, ou melhor, não pertencia aquela sessão de literatura estrangeira. Peguei o livro e na pressa para continuar a conversa, trouxe ele para baixo.
Quando chego novamente no balcão, Rick já não estava lá. Ele tinha ido embora. Eu até estranharia a atitude do carinha, mas já estava aprendendo que aquela cidade não ia muito com minha cara, provavelmente ele pensou melhor e resolveu deixar o convite de lado, afinal, porque ele, o cara perfeito, sairia com a garota estranha, motivo dos cochichos entre as senhoras da cidade?
Desliguei o computador, peguei minha mochila, coloquei minha bagunça que estava sobre o balcão dentro dela, dirigi-me até a porta e click... apaguei as luzes principais. A noite está escura, ao virar para descer a pequena escadaria de acesso, um vento sopra por sobre as árvores da praça e traz consigo o frio e muitas pequenas folhinhas de árvore para cima de mim.
A noite estava linda, mas aquele vento foi estranho. Por um instante fiquei com medo de alguma coisa que não sabia ao certo o que. Apenas caminhei rapidamente até o local que tranquei a bicicleta, abri o cadeado e comecei a pedalar de volta para casa, pela rua de pedra não movimentada, com suas altas árvores que faziam um contraste sombrio com a fraca luz alaranjada dos postes varrendo a avenida com as sombras do balançar das árvores pelo vento.
Prévia do próximo capítulo
Miau... Ruunnn... Runnnn... Miau... Olha só quem acabou de me acordar, Vampy. Esta gata peluda e interesseira não sabe o significado de fim de semana não? Venha aqui sua diabinha (sento-me na cama de casal, afasto o cobertor, pego a felina e coloco sobre meu colo), deixe-me explicar para você que fim de semana, sábado, significa dormir at&e ...
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