Fanfics Brasil - Cap. 3 - Rock in Roll Elemental - Diários de Melisandra

Fanfic: Elemental - Diários de Melisandra | Tema: mistério, magia, romance.


Capítulo: Cap. 3 - Rock in Roll

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Miau... Ruunnn... Runnnn... Miau...


Olha só quem acabou de me acordar, Vampy. Esta gata peluda e interesseira não sabe o significado de fim de semana não? Venha aqui sua diabinha (sento-me na cama de casal, afasto o cobertor, pego a felina e coloco sobre meu colo), deixe-me explicar para você que fim de semana, sábado, significa dormir até tarde. Fitando os olhinhos verdes da minha gatinha preta começo a explicar para ela que não deveria acordar a mamãe tão cedo, mas Vampy parece não querer entender. Então, deito-me novamente, abraçada com ela ao meu lado, puxo o cobertor e ao som do ronronar da bichana volto a cochilar, até que o silêncio da casa é interrompido pelo som estridente da campainha... Ding, Dong, Donn... Mas quem será essa hora da manhã? Penso.


Ding, Dong, Donnn... alguém continua a insistir na campainha... Pego o celular abaixo do travesseiro e olho as horas: 7:45hs. Mas quem em sã consciência, poderia estar tocando a campainha uma hora daquelas? Levanto-me, visto um roupão preto de cetim e desço a escadaria da casa... Ding, Dong, Donnn... Já vou, já vou... - grito para quem está na porta ouvir.


- Bom dia senhora. Somos da igreja da verdade revelada. E viemos aqui para falar do nosso senhor... – Uma senhora ríspida inicia um discurso. Ela está acompanhada de outras duas mulheres e ambas trajam vestidos longos, abaixo dos joelhos. Junto a elas está também um rapazinho gordinho e uma mocinha loira, ambos aparentam ter 17 anos.


O rapazinho não para de olhar para mim, mas eu nem reparo nisto. Estou a reparar mesmo é o tom sarcástico e grosso daquelas senhoras, nem um pouco amigáveis. Sua “visita” à casa do tio Wagner deixava a entender de forma implícita, que minha forma de ser e meus gostos eram totalmente, digamos, demoníacos e contrários aos “bons costumes” do vilarejo.


As senhoras não esperaram nem sequer eu cumprimentar-lhes com um bom dia, elas já vieram metralhando com vários assuntos embolados dos quais eu não estou entendendo nada. Como estou tentando começar uma vida na cidade, chamo os cinco para entrarem e sentarem-se. Os dois adolescentes acham o convite interessante, pelo menos foi o que pareceu quando o rapazinho seguido da jovenzinha estavam próximos a entrar pela porta quando a senhora “porta-voz” puxa ambos dizendo que ficaria para uma próxima vez, porque eles precisavam visitar outras residências naquela manhã e várias outras coisas que não entendi.


O grupo virasse, desce as escadarias e sobe a rua, as mulheres vão fazendo fofocas baixinho, embora eu não possa ouvir, sei que elas fazendo críticas sobre mim. O rapazinho e a garota – acho que são irmãos – aproveitam a “fuxicação” das “velhotas”, olham para trás e me dão um aceno de mãos.


Uffa... esse dia começou super estranho, mas, enfim. Coloco a ração da Vampy na latinha e enquanto ouço os barulhinhos dos dentinhos dela quebrando os biscoitinhos crocantes, preparo algo para mim. Enquanto a sanduicheira faz seu trabalho, subo até o quarto e abro a janela, permitindo a entrada do ar fresco da manhã. Uma ótima manhã para um passeio de reconhecimento do vilarejo, penso.


Enquanto observo o céu, percebo que na janela da frente tem um jovem dentro do quarto me observando, eu simpaticamente dou um aceno de mãos para ele, e o mesmo esboça um sorriso maravilhoso e devolve o aceno de mão. Neste momento posso perceber os braços musculosos do moçoilo.


Desci as escadas, a sanduicheira automática já havia desligado. Vampy continuava a comer sua ração. Então fui até o som e encaixei o pendrive com minha coletânea de músicas. Selecionei o álbum e play, começou a tocar Shut up, a primeira música do cd do Simple Plan.


Peguei meu sanduíche e um copo de suco de caixinha e subi as escadas voltando para a janela do quarto. A visão de lá era realmente linda, tinha uma vista privilegiada da praça arborizada onde várias crianças brincavam e adolescentes passeavam. Só que aquela imagem não estava tão perfeita assim, havia algo de estranho. Por mais que os adolescentes se divertissem conversando em grupinhos, faltava algo neles. Faltava expressão própria. Todos se vestiam da mesma forma, o penteado era uma coisa totalmente dos anos mil novecentos e sei lá, estilo a vaca lambeu.


O som estava razoavelmente alto. Tá certo. Tava super alto (risos). Mas fazer o que? Estava me sentindo sozinha em uma cidade onde não conhecia ninguém e ainda era discretamente (ou não tanto assim) vista com maus olhos pelos mais velhos, e ainda por cima acabara de levar um bolo de um cara super estranho, ou tipo isso.


Continuo meu lanche e aproveito para trocar de roupas. Visto um short curto e uma blusa estampada com uma rosa, volto à janela e lá está o garoto novamente. Ele faz um sinal com as mãos apontando para os ouvidos. Em seguida faz o sinal de positivo com uma das mãos. O rapaz estava curtindo o som de simple plan, a música era thank you.


Logo após o rapaz fez um sinal com dois dos dedos como se fosse um bonequinho caminhando e em seguida apontou para minha janela com o dedo indicador. Que legal, o carinha tava querendo vir me visitar, um ponto positivo naquela manhã. Fiz amizade com o vizinho. Oba, bola dentro, pensei.


Acenei para ele com um sinal de positivo e minutos depois a campainha toca. Desci as escadas, abaixei o som e abri a porta. Oi, ele me cumprimentou. Percebi que ficou sem graça ao ver que eu estava de short curto, ficou vermelhinho, mas acabou entrando.


Neste instante começa a tocar Crazy, e ele fica vidrado na música. Parecia uma criança vendo um bolo de chocolate, a reação dele foi muito engraçada.


- Caramba, que banda legal. Que estilo é esse? – Ele perguntou.


- Nossa, você não conhece Simple Plan? Rock? – Respondi surpresa.


- Ele sorriu. Existem muitas coisas que não conhecemos nesta cidade de loucos. – Ele foi falando e se sentando. – O pessoal daqui, ou melhor, os mais velhos da cidade acham que muitas coisas devem ser proibidas a fim de manter a “moral e os bons costumes”. Disse ele fazendo o sinal de aspas com as mãos.


Logo vi que o garoto era como eu, não se encaixava com os padrões tradicionais da sociedade. Sentei-me no outro sofá e fui concordando com ele: - Nem me diga isso, estou sentindo na pele o preconceito de ser diferente. Cheguei a menos de uma semana e todos me olham torto como se fosse uma alienígena. Nossa.


O garoto dá uma gargalhada sobre a comparação e prossegue:


- Eu morei aqui a vida toda, imagina só. Vou fazer dezoito anos no meio do ano. Ops! E meu nome é Roberto.


- Legal Roberto. Sou Melisandra. Não vale rir do meu nome grotesco, minha mãe estava bêbada (ambos sorriem).


- E então, o que vocês fazem para se divertir nesta cidade? – Pergunto.


- Na realidade não existem muitas coisas para se divertir aqui. Tipo, o pessoal anda de bicicleta e às vezes os garotos se reúnem para jogar baralho na casa de alguém, escondido claro. Porque se o reverendo pegar, vamos ouvir um longo sermão sobre jogos e tal.


- Nossa que extremismo. Mas me referi a locais. Tem algum cinema, teatro?


- Esta cidade só tem paisagem, mas diversão mesmo só pros pirralhos que se divertem em qualquer lugar. Basta ter um escorrega ou balanço. A galera maior precisa se contentar com conversar na praça, ou então pescar no lago. Os nerds se divertem na biblioteca, o paraíso deles (ele sorri).


- Eiii, eu digo ironicamente, não fale assim. Eu sou a bibliotecária nova e amo livros. (Nos dois começamos a sorrir).


- Ops. Foi mal ai. – Ele diz – Bom Mel, posso te chamar de Mel né? (pode sim, respondo), foi legal te conhecer. Se precisar você já sabe o caminho da minha janela.


Quando ele dá de ombros para sair eu o chamo novamente e jogo o pendrive em suas mãos:


 - Ei, copia as músicas pro seu computador, depois você me devolve.


Ele joga o pendrive de volta e diz:


- não vai dar, meu computador queimou e ainda não mandei pro conserto.



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- Vamos Vampy. Temos uma longa tarde pela frente. Após amarrar os cabelos fazendo um rabo de cavalo, pego minha gata e coloco na cesta da bicicleta. Ambas vamos partir para reconhecimento da cidade. Depois de uma longa semana de rotina casa/trabalho e trabalho/casa finalmente era a hora de conhecer o novo vilarejo. A tarde está fresca e a paisagem linda como ...


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