Fanfics Brasil - Cap. 5 - Elemental Elemental - Diários de Melisandra

Fanfic: Elemental - Diários de Melisandra | Tema: mistério, magia, romance.


Capítulo: Cap. 5 - Elemental

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Uma coisa muito sinistra aconteceu hoje. Como ainda não fiz uma Best friend não tenho com quem compartilhar a não ser com você. Bom, vamos lá. Ahhh, e não se espante com o que vou dizer. Bom, a cidade amanheceu co-ber-ta por uma neblina sinistra. E não é uma neblina comum. Afff. É melhor eu explicar como tudo começou.


No domingo resolvi não sair de casa, o passeio do sábado foi muito legal, mas percebi que o pessoal da cidade continuava me olhando torto por onde eu passava. Você acredita que tinham mães que puxavam os filhos para saírem da rua só porque eu estava passando? E olha que nem estava vestida de forma sinistra. Eu até troquei o short curto por uma calça legue antes de sair para não “chocar” os velhinhos.


Muito bem, o Rick foi um amor me deixando na porta da casa do tio Wagner. No caminho de volta ele me falou muitas coisas sobre biologia, aliás, você sabia que quando chove as borboletas se escondem debaixo das folhas ou dentro de fendas pequenas como cascas de árvores e buraco das rochas? Bom, fiquei sabendo disso no sábado. Entretanto o que eu realmente queria era que ele – Rick – me puxasse para debaixo de uma árvore e me tascasse um belo de um beijo. Uhhh, mas adiantando a história.


O domingo foi muito tranqüilo, tinha a casa só pra mim, alias, a casa é totalmente minha todos os dias (carinha de tristeza). Bom, como domingo é véspera de voltar para o trabalho, resolvi organizar minha bolsa, e quando a abro o que encontro lá dentro? O livro envelhecido que caíra da estante da biblioteca.


A pressa para voltar a falar com o Rick naquela noite foi tão grande, que as únicas coisas que deram para ver na..., digamos, “relíquia”, foi que não tinha o índice de catalogação, ou seja, não estava definido em qual sessão deveria ser guardado, se na de livros de literatura estrangeira, nacional, acadêmicos, poéticos... e ainda o título bastante apagado na capa: “Elemental”.  Na pressa para ir embora acabei misturando ele com meus objetos e livros pessoais e enfiando tudo junto na mochila.


Então remexendo minhas tralhas, acabei encontrando o livro e dei uma folheada com muito cuidado, porque as páginas pareciam querer soltar ou rasgar de tão fragilizadas pelo tempo. Bom, analisei o livro, mas não conseguia entender nada porque estava escrito em latim. E eu só aprendi um pouco de latim na universidade, mas uma coisa eu já sabia, literatura estrangeira aquele livro não era. Podia ser, sei lá... Esotérico, religioso.


O livro possui alguns símbolos e desenhos estranhos na capa e também nas páginas internas, Mas enfim, como eu não entendia nada do que estava escrito e o livro estava me dando coceiras por ser tão velho, deixei-o por sobre a cômoda do quarto, abaixo da janela para não me esquecer de trazê-lo novamente à biblioteca.


Continuei meu dia como o previsto e resolvi no início da noite assistir ao filme que acabei não assistindo na sexta por causa do cansaço, “as brumas de Avalon”. O filme é ótimo, dura aproximadamente três horas. Conta a história do rei Arthur e de como bruxas pagãs e o mago Merlin tramaram o destino do trono.


As bruma são uma forte neblina ou nevoeiro que escondia a cidade mística de Avalon... e então pra encurtar a história, após o filme fui deitar e fiquei imaginando como seria se eu fosse a “senhora do lago” e domina-se a entrada para Avalon, ficaria na beira do rio e ordenaria para que as brumas se abaixassem, sou apaixonada por história místicas.


Enquanto estou deitada no quarto escuro pensando nisto, Vampy da um pulo na cômoda e acaba derrubando o livro. No momento eu nem me esquentei, mas em um relance lembrei-me da “idade avançada” que tinha o livro. Corri, acendi a luz e lá está o “velhinho” caído no chão.


Briguei com a Vampy que acabou subindo na janela e pulando na árvore que tinha em frente. Peguei o livro para ver se havia rasgado algo e me surpreendi, a capa agora estava legível e os desenhos visíveis. Lia-se Elemental perfeitamente.


Dentro do livro aconteceu a mesma coisa sinistra, todas as páginas pareciam novas, ou pelo menos legíveis e menos frágeis. E foi assim que consegui entender um pouco do latim escrito ali. Em uma das páginas estava escrito algo como: Tangit terram, et caelum [para que o céu toque a terra].


Para mim, esse negócio de misticismo era apenas fantasia, filmes e música. Enfim, sempre gostei do assunto mais nunca levei a sério como algo real. Me aproximei da janela para chamar a sem vergonha da Vampy para dentro e pude ver a lua brilhando intensamente, a claridade permitia ver perfeitamente como o céu estava cheio de nuvens brancas e espessas.


Fiquei parada ali olhando as nuvens quando ouço um assovio vindo do escuro. Era o Roberto que também estava na janela talvez admirando o céu. Só foi possível percebê-lo lá no escuro do quarto porque assoviou para mim, e quanto a Vampy ela havia descido da árvore e não sei para onde foi.


Apenas nos cumprimentamos com um aceno de mãos (não queríamos acordar os pais dele). Ele fechou a janela e foi dormir e eu desliguei a luz e permaneci ali admirando o céu com o livro aberto enquanto esperava Vampy retornar. A claridade da lua permitia ver perfeitamente o texto escrito naquela página, e sussurrei enquanto lia:


Caelum tangebat terram


Hoc autem, quod prædicatum est in caelo et in terra


Dominus cæli sylphs


Não conseguia entender quase nada do que estava escrito, então fechei o livro e logo Vampy apareceu subindo a árvore, talvez a danada tivesse ido fazer suas necessidades por ai, não sei. Fechei a janela, deitei e fiquei observando a sombra das nuvens projetadas no quarto pelo vidro da janela.


Levantei cedo para trabalhar. Tomei um banho quente e vesti um sobretudo preto porque o dia está muito frio. Foi quando abria a porta que percebi o quão neblinado estava o vilarejo. Até ai nada de anormal, porque em regiões de vale é assim mesmo, porém a neblina era estranha.


As nuvens espessas que estavam no céu simplesmente despencavam como um maço de algodão, caia em queda livre até o chão parecendo uma pedra branca gigante. A queda não fazia barulho, pareciam pedaços de espuma de colchão. Quando batiam no pavimento, as nuvens se despedaçavam em vários outros pedaços menores e só ai começavam a virar fumaça, neblina.


Muitas pessoas estavam nas varandas das casas. As crianças faziam birra para que os pais as deixassem brincar com os pedaços de nuvem caídos na calçada. Os jovens as chutavam numa espécie de futebol. Porém ao chutar, os pedaços não chegavam a cair novamente, mas viravam fumaça, vapor.


Os mais velhos diziam que aquilo era coisa do mal, do diabo. As mulheres religiosas faziam fofocas entre si, diziam aos cochichos sobre bruxaria, e olhavam para mim como se eu fosse responsável. Fiquei até constrangida de ter saído esta manhã usando meu sobretudo preto.


É muito estranho o que está acontecendo, nunca vi nada semelhante. Não posso negar que é bonito e interessante, mas, que é estranho isto é. Já está quase escurecendo. A biblioteca não teve movimento hoje e lá fora as nuvens continuam caindo. Com intervalos mais longos entre as quedas, entretanto, continuam caindo.


Agora preciso ir.



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Não consigo esquecer as palavras que li. Confesso que estou temerosa. Será que isto tem ligação com o texto em latim? Pesquisei o significado no Google, não foi algo satisfatório, apenas o que eu já sabia: “para que o céu toque a terra”, e pelo visto foi o que literalmente aconteceu.  A rua continua ch ...


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