Fanfics Brasil - Cap. 6 - Pessoas confusas Elemental - Diários de Melisandra

Fanfic: Elemental - Diários de Melisandra | Tema: mistério, magia, romance.


Capítulo: Cap. 6 - Pessoas confusas

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Não consigo esquecer as palavras que li. Confesso que estou temerosa. Será que isto tem ligação com o texto em latim? Pesquisei o significado no Google, não foi algo satisfatório, apenas o que eu já sabia: “para que o céu toque a terra”, e pelo visto foi o que literalmente aconteceu.


 A rua continua cheia de pedaços de nuvem. Provavelmente caíra a menos de 15 minutos, tempo total que leva até se desfazer em neblina por completo. Já cronometrei.


E com esses pensamentos retornava para casa na noite fria. Não se ouvia os sons da natureza, o que tornava o acontecimento mais estranho ainda. Nem grilos, nem corujas. Tudo no mais absoluto silêncio, rompido apenas por conversas ao longe vindas de poucos vizinhos reunidos na varanda e pelo barulho da bicicleta ao passar pelas pedrinhas soltas no pavimento. A neblina continuava forte, dificultando a visão.


- Cuidaaaaado – Um grito agudo seguido de uma batida feia (pooff...) tudo vai pelo ar. Livros, canetas, bicicletas, Melisandra.


- Aaaiiiiiieeee, será que a lua também resolveu cair e saiu rolando pra cima de mim? – Uma garota geme na escuridão.


Eu permaneço caída, ainda tonta pelo atrito das duas bicicletas no escuro.


- Você está bem? Pergunto, observando apenas um vulto esticado no chão.


- Ficaria melhor se encontra-se meus óculos. Responde o “vulto” ajoelhando-se para apalpar o pavimento.


- Nossa, foi uma batida feia. Começamos a sorrir da situação.


- Deixe-me ajudá-la. Levanto-me, pego o óculos vermelho que estava caído perto dos meus livros e entrego para a garota, ela o coloca e estende a mão para que eu a ajude a levantar.


- Uma batida. Era o que faltava para este dia terminar totalmente maluco. Diz ela ainda sorrindo.


Enquanto dialogamos, recolhemos a bagunça do chão, e levantamos as bicicletas.


- Ahh cara, a corrente caiu. – Diz a menina lamentando.


- Que chato! (exclamo). Moro logo ali, você quer vir e conferir se está inteira e aproveitar para arrumar a corrente? - Convido a garota.


- Boa idéia. Ela responde.


E assim descemos a avenida rumo à casa do tio Wagner. Ao chegar abro a porta, as luzes da casa já estão ligadas. A garota entra e consigo trás a bicicleta.


- Fique a vontade. Vou buscar um copo de água para você.


- Ei, eu conheço você (a garota diz surpresa). Você é a garota da biblioteca! Que loucura.


Olho para a garota meio sem saber como reagir e ela prossegue.


- Nossa, sempre achei que essa casa fosse cheia de teias de aranha, velas e caveiras penduradas na parede. (Ela fala enquanto dá uma volta de 360 graus observando a sala).


- Como assim? Falo ainda atônita com a situação.


- Oh, não, não. Não que eu não curta estas coisas, pelo contrário. Sou amarradona nessa parada de góticos. Você é gótica né? – Ela fala sem parar enquanto ajeita os grandes óculos vermelhos.


- Digamos que curto o estilo. – Respondo sem graça. Nunca conheci uma “criatura” daquele jeito, ela falava sem parar parecendo que tinha um parafuso quebrado.


- Quando fui passar as férias na casa de uma prima que mora em São Paulo ouvi uma música da... da... qual o nome mesmo? (a garota fica estralando os dedos enquanto me segue rumo à cozinha)... da...da... (ela prossegue) Evanescencia. Você conhece? É uma que ela cai do prédio e tem uns caras cantando no andar de cima...


Eu começo a rir da situação. Entrego o copo com água para a garota.


- Conheço sim. É a bring me to life. E a banda chama-se EVANESCENCE e não Evanescencia. Ambas sorrimos.


- Pode ser. Ela responde devolvendo o copo.


- Tenho ela no mp3, se quiser pode trazer um pendrive que copio para você.


- Uhhh. Tá certo então. Mas minha tia não pode ficar sabendo. Ela é paranóica. (A garota responde enquanto seguimos para a porta da sala, ela pega a bicicleta e empurra para fora).


- Olha! Parece que parou. Ambas seguimos até a calçada observando que a neblina já havia passado e que as nuvens já não estavam caindo. Aliás, o céu estava limpinho e a noite iluminada pela luz da lua cheia. Os grilos e corujas também haviam começado a fazer barulho.


- Bom, foi um prazer conhecer você. Despeço-me da garota magrela.


- O prazer foi meu... (Ela diz enquanto senta-se na bicicleta) ahh... e antes que me esqueça, meu nome é Penny.


- E o meu é Melisandra. Aparece ai depois. (Prossigo)


- Uhhh. Com certeza, e vou trazer companhia. Você precisa conhecer a turma (ela diz piscando um dos olhos e sai pedalando a bicicleta).


Volto para dentro, tranco a porta e subo para tomar um banho. Enquanto a água quente molha meu corpo, estou pensativa no chuveiro. Três contatos, finalmente posso dizer que tenho três pessoas que conheço, ou quase isso.


Enfio a cabeça debaixo da ducha e vou enxaguando meu cabelo, enquanto isso, analiso o horário de início e fim do fenômeno. Parece estranho, mas o horário que terminou é mais ou menos o mesmo quando na noite anterior, pronunciei as palavras no clarão da lua.


Um barulho forte estronda na frente da casa. Eu me assusto. O que será que foi isso?


Desligo o chuveiro. Enrolo-me em uma toalha e ainda molhada desço as escadarias. Vampy está lá embaixo encarando a porta, como se houvesse algo ou alguém do lado de fora.


Aproximo-me de uma das janelas, puxo a cortina e olho para ver se enxergo algo. Nada. Troco de janela e ainda assim não vejo nada. Deve ter sido algum cachorro, penso.


Retorno para o quarto a fim de me trocar. Quando estou no meio da escadaria Vampy da um miado estranho. Viro-me rapidamente e vejo um papel ainda escorregando pelo chão de madeira. Acabara de ser empurrado por debaixo da porta.


Desço lentamente as escadas, temerosa, afinal, estou sozinha em casa. Torno a olhar por um espaço entre a cortina e a janela, mas não vejo ninguém. Certifico-me de que a porta está trancada, recolho a folha que estava dobrada e leio a mensagem escrita com recortes de revistas: Você não é bem vinda, vá embora.


***


- Como assim? Você não é bem vinda??? Como podem deixar isto para alguém sem nem antes a conhecer? – Roberto está inclinado no balcão da biblioteca lendo o bilhete que deixaram para mim. Contava-lhe sobre o acontecido, claro, ignorando a parte do livro e da minha possível culpa sobre a “queda das nuvens”.


- Pois é, Alguém aqui não foi com minha cara. Ou melhor, com minha cara, minhas roupas, minha gata, meu trabalho e sei lá com mais o que. Exclamo indignada.


- A questão é, quem poderia ter deixado esse bilhete? Por quê? Você sabe de alguém que poderia querer você fora da cidade? – Roberto pergunta.


- Pior que não. Faz pouco tempo que estou morando aqui, mal sai na rua e não fui mal educada com ninguém, eu acho! Talvez seja como dizem, “o santo não bateu”. Respondo.


Roberto continua a analisar o papel com as colagens.


- Quer saber (falo puxando o bilhete), deixa isso prá lá. (rasgo o papel em vários pedaços e jogo na lixeira abaixo do balcão).


- Quer saber, é melhor mesmo. Se essa pessoa tivesse caráter iria procurá-la para conversar ao invés de mandar bilhetinhos anônimos idiotas.


Neste instante Rick aproxima-se do balcão e Roberto levanta-se.


- Oi senhor Rick, tudo certo? – O rapaz exclama.


- E ai Roberto, agora se interessa por leitura? – Pergunta Rick de forma irônica.


- Vocês já se conhecem? – Pergunto.


- Ah, sim... de longa data, não é senhor Rubinsk? (esse é o sobrenome do Roberto)


Rick abre a mochila e devolve o livro que pegara há alguns dias.


Bom, hoje não posso conversar, estou na correria porque as aulas começaram e preciso organizar algumas coisas.


- Tudo bem. Fique a vontade (respondo).


Rick fecha a mochila e segue rumo à escadaria. Sobe em busca de algum livro.


- Biologia fica na sessão à direita – falo observando enquanto ele sobe a escadaria.


- Fiquei de recuperação na matéria dele umas três vezes. Não gosto muito de história. –Roberto sussurra.


- História? Mas ele não é professor de Biologia? – Pergunto sugerindo que Roberto errou quanto à matéria.


- Não, Não. História mesmo. Ele foi meu professor de história nos últimos dois anos de ensino médio.


Fiquei sem entender, afinal, tenho certeza que Rick falou ser professor de Biologia. Ele até me ensinou sobre borboletas. Mas preferi deixar quieto.


- E ai Roberto (Penny aproxima-se do balcão acompanhada de uma colega).


- Fala Penny. Belezinha? (Roberto responde meio tímido)


- Pissiuuu... Falem mais baixo meninos. Estamos em uma biblioteca; pior, estamos na biblioteca onde eu trabalho. Querem que eu seja demitida? – Falo para os colegas.


- Foi mal (Penny sussurra baixinho). Tenho um convite para você e não vou aceitar uma não. (Penny me intimida).


- Fala rapidinho, porque não podemos ficar nessa reunião aqui no balcão. – Respondo.


- Hoje à noite vamos a um lugar que você vai gostar muito. E não venha dizer que não pode, amanhã é sábado e ninguém trabalha ou estuda (Penny diz enquanto folheia o livro que Rick deixou sobre o balcão).


- E onde será este “passeio”? (pergunto sussurrando, enquanto puxo o livro das mãos de Penny e coloco junto a outros na parte baixa do balcão).


- Não conta pra ela. É uma surpresa (Diz a acompanhante da Penny).


- Vai diz que sim logo. (Penny está impaciente)


- Mas para onde vamos? (insisto em saber). Neste momento alguns adolescentes aproximam-se do balcão de atendimento.


- Passamos na sua casa lá pelas onze da noite, esteja pronta, com lanterna e roupa quente. (Penny se retira da biblioteca, seguida da amiga).


- Vou nessa também. Vejo você depois. (Roberto se despede e também sai da biblioteca).


Ai, Ai. Onde será esse passeio misterioso? E falando em misterioso lá vem Rick, o professor de “biologia” descendo as escadas.


- Encontrou o que você queria? – Pergunto


- Não. Ele responde apressado em direção a porta.


Achei super estranho a resposta ríspida do professor. Será que falei algo que não deveria?


***


Abri a última gaveta do balcão de atendimento. Retirei alguns livros e abaixo deles estava o Elemental que guardei junto aos outros trancados a chave. Certifiquei-me de que não havia ninguém por perto e assim abri o livro e continuei a folheá-lo em busca de entender o que acontecera esta semana. O livro não tinha respostas para minhas dúvidas, poderia até ter, mas, eu não entendo latim e o Google não faz uma ótima tradução.


Bom, com respostas ou não, melhor não continuar mexendo com este livro, então coloquei a plaquinha “já volto” no balcão e fui procurar a sessão de livros esotéricos. Não achei no térreo então subi para o primeiro piso, mas não encontrei. Então entendi, naquela biblioteca não havia livros sobre o assunto, talvez por isso o colocaram junto aos livros de literatura estrangeira, porém ainda assim estava na sessão errada.


Permanecia cheia de dúvidas sobre os acontecimentos, então escolhi uma das sessões menos visitadas, a sessão de livros Matemáticos. Coloquei o Elemental na prateleira mais alta, junto aos livros menos procurados, onde não despertaria o interesse de ninguém.


Retornei ao balcão e já havia alguém me esperando. Um senhor baixo, gordinho e de bigodes. Ele trajava terno e a gola de sua camiseta era diferenciada.


- Boa tarde. – Cumprimentou-me de forma seca.


- Bom tarde (respondi educadamente, enquanto sentava-me e retirava a plaquinha de sobre o balcão).


- Minha jovem, procuro alguns livros. Você poderia me acompanhar? Esqueci meus óculos e estou tendo dificuldades com as estantes devido a idade. (ele disse)


- E sobre que assunto mais especificamente o senhor está procurando? (falo enquanto me levanto e novamente coloco a plaquinha de “já volto” sobre o balcão).


- Minha pesquisa é sobre salvação e condenação ao INFERNO. (Ele falou me encarando e colocando bastante ênfase na expressão inferno).


- Por aqui, acho que sei onde estão (acompanhei o senhor até a pequena estante onde localizavam-se livros sobre cristianismo). Este aqui, (disse ele apontando para um livro com a capa preta), você pega para mim?


Retirei o livro da estante. Era uma bíblia cristã. Pareceu impressão minha, mas, era como se ele quisesse ver se eu tocaria na bíblia.


- Hum, muito obrigado. (ele falou coçando o bigode, com ar de quem não esperava que eu o fizesse).


Ele escolheu alguns outros livros e seguimos para o balcão, onde duas adolescentes aguardavam atendimento.


- No nome de quem devo registrar? Perguntei.


- Ah, sim, no meu mesmo. Reverendo Peter. Respondeu.


Procurei nos registros do computador e anotei a saída das obras. Ele saiu e prossegui no atendimento às duas jovens.



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- Peeny, suas amigas chegaram. (a tia chama a garota que está no andar de cima). - Boa noite senhora Mille. (as meninas cumprimentam a senhora. Ela estava lavando as louças do jantar quando a campainha tocou). - Meninas, vocês podem subir. Penny está lá no quarto. (a senhora desamarra o avental). Três adolescentes sobem as escadaria ...


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