Fanfics Brasil - Cap. 8 - Sinistro Elemental - Diários de Melisandra

Fanfic: Elemental - Diários de Melisandra | Tema: mistério, magia, romance.


Capítulo: Cap. 8 - Sinistro

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Ruuhhh... Ruuhhhh... O vento balançava a copa das árvores e as cinco, trajando roupas quentes, descíamos a avenida sem fazer barulho. Um cachorro faminto derrubou uma lata de lixo e causou um barulhão, corremos e nos escondemos em um beco escuro.


- Ai, ai, ai... – Digo meio impaciente com a demora para chegar ao local misterioso.


- Calma que você não vai se arrepender. – Penny diz enquanto ajeita os óculos e observa a rua para ver se estava tudo ok. – Vamos.


Continuamos a andar e a nos afastarmos cada vez mais das residências, entrando agora em uma região mais escura, iluminada por poucos e afastados postes. Sinto que o solo está diferente, já não é pedras e sim grama.


- Aqui, chegamos. Abaixem-se e cuidado com a cabeça – A amiga da Penny diz, fazendo menção a um buraco no portão enferrujado por onde deveríamos entrar.


- Que lugar é este meninas? – Pergunto, vendo apenas vultos no escuro iluminado apenas pela fraca claridade das lanternas – Ai, acabei de esbarrar em alguma coisa (começo a apalpar a superfície sólida e quadrada).


- Lápides. Elas estão por todas as partes, você se acostuma. – Diz Penny.


- Lápides? – Pego a lanterna de uma das garotas e ilumino a superfície de pedra. Uma longa pedra envelhecida com números pouco visíveis. Estávamos em um cemitério. Era meia noite e estávamos em um (pausa) cemitério. Um arrepio tomou conta do meu corpo, e não era o frio.


As meninas caíram na gargalhada.


- A não. Você está com medo? – Penny diz ainda sorrindo.


- Não... Não é medo é apenas surpresa. – Digo gaguejando. No fundo eu estava realmente com medo.


- Ela tá com medo sim. – as garotas começam a rir.


- Calma, Mel. Já estamos chegando. Os mortos não fazem mal a ninguém. – Penny diz.


Continuamos a andar indo mais para o centro do cemitério antigo. As árvores continuam balançando por causa do vento e é possível ver que lá na frente tem uma fogueira e um grupo de rapazes e moças ao redor dela. Som de violão, gargalhadas e barracas montadas. Um acampamento.


- Como assim? Um acampamento dentro do cemitério? E depois eu que sou a sinistra. – Falo me aproximando do grupo de jovens.


- Caraca velho. Você trouxe ela, não acredito. – Um garoto surpreso ao me ver – Oi, sou o Wesley.  Muito doido você ter vindo. Você é uma lenda desde que chegou na cidade.


- Lenda? Como assim? – Pergunto enquanto observo uma das colegas que vieram conosco beijando um garoto. Fiquei surpresa porque as pessoas daquela cidade sempre passaram uma idéia de puritanismo.


- Lenda é forma de dizer. – Wesley continuou – Não sei se sabe, mas a cidade comenta coisas sobre você, por causa da sua forma de se vestir, músicas...


- Ahhhh, é tudo inveja destes velhos “mofados” – Penny interrompe Wesley. – Não liga pra isso, nesta cidade a coisa mais incrível que já aconteceu foi alguém como você conseguir ficar mais de duas semanas.


- Eiii, Você é a garota que mora no casarão? – Um rapaz se aproxima abraçado da namorada – Tudo bem? Sou o Mateus, mas os íntimos me chamam de “fera”. Aqui, bebe um pouco. – Ele me oferece Vodka.


Sentados a beira da fogueira estou conhecendo melhor a galera da cidade, sinto-me mais acolhida e bem vinda. Eles precisam fazer papel bons moços na frente dos pais, mas pelas costas encontram formas de divertir-se como qualquer outro jovem. Para se encontrarem nestes acampamentos, precisam inventar várias desculpas e pelo visto não são descobertos com facilidade. Olho para o meu relógio de pulso e vejo que já é madrugada, está tarde.


 


***


Fagulhas da fogueira são sopradas pelo vento enquanto sentados cantamos canções do legião urbana. A noite esta cada vez mais fria. De repente um barulho no escuro chama a atenção. As garotas que estavam afastadas da fogueira voltam correndo para perto assustadas.


- Vocês ouviram? – Uma garota de gorro pergunta.


- Deve ser o Wesley tentando nos assustar. – O “Fera” responde beijando o pescoço da namorada.


No mesmo instante Wesley volta correndo do meio do mato tentando fechar o zíper da calça.


- Eii, vocês também ouviram? – Wesley diz encabulado, mas os garotos estão achando que ele está de zuação.


- Ah, deixa disso manezão. Você está assuntando as meninas. – Mateus, o “fera”, responde dando um tapinha na cabeça careca do Wesley.


- Gente, na boa, isso não tem graça. Já é muito sinistro acampar dentro de um cemitério e... [Neste momento sou interrompida por um forte balançar da copa de uma das árvores].


As garotas soltam um grito e saem correndo para longe da árvore seguidas de alguns dos garotos. Todos estão com as lanternas viradas para as copas tentando ver algo. As folhas balançam novamente e um vulto passa em direção à outra árvore. O grupo mais que depressa correr na direção contrária não se afastando da claridade da fogueira.


- Tem alguma coisa lá, eu vi. É uma coisa preta. – Diz uma das meninas amedrontada.


- Eu também vi. – Outra garota responde.


Alguns minutos de silêncio. O vento continua a soprar e fagulhas da fogueira ainda voam cemitério adentro. Todos estão reunidos com o coração palpitando.


- Vamos chegar mais perto. – Mateus e outros dois rapazes aproximam-se da árvore com lanternas e um pedaço de madeira que estava jogado ali perto. Eles iluminam a copa da árvore mais não conseguem ver nada porque a folhagem é muito densa. De repente algo pequeno cai no meio dos garotos. Assustados eles se afastam e iluminam o local da queda. Uma pequena ave com o pescoço estraçalhado caíra no chão.


Um rosnado muito alto seguido de um vulto completa a situação de suspense, Todos saem correndo e gritando em direção a saída do velho cemitério, Os meninos vão na frente iluminando o caminho com as já fracas lanternas. Não deu tempo para pegar nada, muito menos pilhas. Meu coração está disparado quase saindo pela boca, saio tropeçando nas lápides, me arranhando nas plantas espinhosas, o que quero é sair daquele lugar assustador.


De repente o rosnado novamente, todos apressam os passos, algumas garotas já estão chorando. Olho para trás e vejo que um vulto preto está vindo atrás de nós, pulando de copa em copa. Corram, está vindo atrás de nós, eu grito. E finalmente chegamos ao portão envelhecido. Passei tão rápido que acabei rasgando a calça e machucando a perna.


Todos sobem a rua as pressas. Não conseguimos fazer silêncio tamanho o pavor. As luzes das residências começam a serem ligadas, os mais velhos se aproximam das janelas para curiar o que acontece na rua.


Som de portas se abrindo.  O grupo é surpreendido por moradores, pais e até a polícia chega na hora da confusão. As adolescentes não querem conversa, tentam explicar que tem um bicho vindo atrás, mas ninguém dá atenção. A atenção está toda voltada exclusivamente para uma pessoa, Melisandra. Eu mesma.


- Esta vendo o que eu falei. Sabia que essa... essa... criatura, logo iria influenciar nossos jovens a fazerem coisas erradas. – Uma senhora baixinha de bobs no cabelo e camisola diz grosseiramente me encarando.


- Concordo com a Beth. Você foge totalmente os padrões do bom comportamento da nossa cidade. Olha só essas pernas de fora. Santa Maria.  – Uma outra senhora magrela apóia a vizinha.


Uma confusão está armada altas horas da madrugada. Eu estou totalmente sem graça, não tenho ninguém para me defender e não me deixam falar. Estão colocando a culpa pela “fugida” dos adolescentes toda em mim.


- Eu não acredito que alem de sair de madrugada você também estava bebendo. – Uma senhora sai puxando a namorada do Mateus pelos cabelos.


- Senhoras, senhoras. Acalmem-se. – O reverendo trajando pijamas interrompe a discussão - já está muito tarde, vamos voltar todos para dentro e amanhã entenderemos essa confusão (ele olha para mim com uma cara ameaçadora e volta para dentro de sua casa).


Aos poucos todos os jovens estão indo para suas casas, muitos sendo puxados pela orelha, outros ouvindo sermões e ameaças de castigo do pai ou da mãe. Penny olha para mim e se despede: Foi mal por hoje, não foi como esperado. Ela fala sem graça e sobe a rua sozinha sumindo na escuridão do caminho para sua casa.


Estou em frente à casa do tio Wagner. A rua está iluminada, vou me aproximando da porta da sala, coloco a chave na fechadura e neste momento sou surpreendida por trás, alguém tapa minha boca com a mão e me arrasta para a lateral da residência. O medo me faz ficar tonta e o coração quase sai pela boca.



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