Fanfic: Historias de Amor e Fantasma | Tema: Portiñon
Anahi sentara-se no velho balanço de varanda herdado de sua avó e que fazia um barulho saudoso e contínuo de vai-e-vem. Nheco... nheco...nheco... nheco. Aquele som a acompanhara desde a mais tenra idade e sempre lhe dera uma sensação de conforto familiar. Era seu refúgio, seu lugar preferido para observar o pôr-do-sol descendo atrás dos pinheiros, puxando lentamente o manto da noite sobre a vegetação magnífica.
Mas agora o som que lhe era tão íntimo, tão amigo, provocava-lhe apenas a melancolia de lembranças perdidas no tempo e que sabia não poder jamais recuperar. Ao longe acompanhava a chegada dos novos membros de sua família. Recusava-se a ser cordial com aquela gente que vinha tomar seu espaço. Em especial com a mulher que queria substituir o lugar de sua falecida mãe.
A megera trazia seus três filhos: dois rapazes e uma moça. Provavelmente um bando de idiotas que tentariam mandar na casa e impor outros costumes. Mas ela não deixaria barato. Faria da vida deles um inferno se fosse necessário. Não permitiria que nada fosse mudado, inclusive as fotos de sua mãe sobre o piano na sala de música.
O grupo aproximou-se cheio de sorrisos, querendo angariar simpatia, mas todos foram recebidos por ela com frieza.
Bem que tentaram puxar assunto e fazê-la sorrir, mas foi tudo em vão.
--Anahi, não seja mal educada! – o pai a censurou diante de seu silêncio constrangedor.
Em resposta a garota correu para longe daquela gente, subindo afoitamente as escadas que levavam ao seu quarto agora transformado em seu único refúgio. Logo foi ouvido o som de uma porta batendo violentamente e todos ficaram quietos, sem saber como responder àquela demonstração clara de rejeição.
--Desculpe por isto. – Acácio tentou justificar o comportamento arredio da filha -- Ela está um pouco tensa com todas essas mudanças.
Janice, que já tivera a oportunidade de conhecer Anahi, bem sabia que a recepção não seria das mais amistosas. A jovem de doze anos era dona de uma personalidade forte e rebelde, provavelmente pelo trauma de perder a mãe tão cedo em sua vida. Tinha dificuldades em aceitar que o pai agora trazia outra mulher para casa. Ainda mais com filhos crescidos, mais velhos que ela.
Dulce Maria, a primogênita, com dezessete; Cristian, com quinze; e Poncho, com treze.
Ela tinha todos os motivos para sentir-se invadida em seu território. Janice sabia disto e tinha esperanças de que o tempo aparasse as arestas, fazendo com que todos pudessem formar uma grande e feliz família.
--Eu conversei com meus filhos a respeito, não foi crianças? Estão todos sabendo que devem ter paciência com Anahi. Não se preocupe.
Dulce não gostou de ser incluída no rol das crianças, mas balançou a cabeça obedientemente, concordando com a mãe. Tinha achado um pouco cômica a saída intempestiva da garota, porém depois ficou com pena por saber que para ela tudo era novo e assustador. Repentinamente havia mais quatro pessoas compartilhando sua casa. Quatro estranhos que se sentariam todos os dias à mesa para dividirem as refeições, que esbarrariam com ela diariamente pelos corredores.
A casa era de paredes sólidas, com pé direito alto como não se via mais nas construções modernas. Fora erguida há anos pelos avós de Acácio e possuía dois pavimentos amplos e arejados. O térreo era ladeado por varandas panorâmicas e o piso superior acomodava quatro suítes espaçosas. Uma pertenceria ao casal, uma para Anahi outra para os dois rapazes e a última reservou-se à jovem Dulce.
A família Savinon ficou absolutamente deslumbrada com tanto espaço disponível depois de viverem por anos embrulhados uns sobre os outros num pequeno apartamento de dois quartos no incessante movimento da cidade grande. Era como se tivessem chegado ao céu e estavam entusiasmados com a mudança de vida.
Infelizmente, era óbvio que a filha de Acácio não compartilhava do mesmo sentimento de alegria e empolgação. Ao contrário, parecia sentir-se invadida em sua privacidade, oprimida pela presença daquela turba barulhenta que se acomodava no território que antes era só seu.
Dulce foi a que mais se incomodou com a revolta da menina de cachinhos dourados e depois de ajudar a descarregar as malas, deu uma escapada do grupo e foi em busca de Anahi. Queria muito tranqüilizá-la sobre o tipo de relacionamento que todos teriam. Não eram más pessoas e sua mãe estava longe do estereótipo de madrasta malvada. Muito pelo contrário: era uma mulher extremamente compreensiva e carinhosa.
Abriu silenciosamente a porta do quarto da garota e encontrou-a em pé, debruçada na janela, observando a paisagem bucólica dos jardins da casa, o olhar perdido e choroso.
--Oi. – cumprimentou de onde estava, no limiar da porta.
A garota virou-se assustada e Dulce apressou-se em explicar sua presença.
--Desculpe vir aqui no seu quarto, mas queria me apresentar. Afinal, vamos ser irmãs.
Anahi a olhou com indiferença, sem dizer uma só palavra. Nunca seria irmã daquela pessoa detestável que impunha sua presença não só na casa, como agora também em seu quarto.
--Meu nome é Dulce Maria, mas todo mundo me chama de Dulce. Pelo menos os que querem sobreviver.
E seu sorriso, apesar de irônico, demonstrava humorismo e não deboche.
Anahi manteve-se distante, sem dar bola para aquela tentativa de conquistar suas boas graças.
Dulce percebeu que fazer amizade com a filha de Acácio ia ser uma tarefa árdua, mas sua determinação era ferrenha.
--Sua casa é muito bonita. Deve ter sido legal viver todos esses anos aqui, com todo esse espaço. Nós tínhamos um apartamento. Era bem pequeno e não chegava perto disto aqui.
Não houve qualquer esboço de reação às suas palavras. Parecia que estava falando com as paredes. Então resolveu brincar voltando-se para uma das paredes como se quisesse conversar com ela.
--Entende o que eu digo, parede?
Anahi achou bizarro aquele comportamento, mas recusou-se a contribuir com a conversação.
Diante da insistência da garota em permanecer calada, Dulce desistiu da mofa e cobriu-se de seriedade. Sabia muito bem o que estava se passando com Anahi, pois igualmente vivenciara aquilo quando seu pai falecera. Era uma sensação terrível de desesperança que parecia não ter fim.
Só que aquela menina não tinha irmãos para dividir sua dor. Seu olhar era frágil, pois não tinha ninguém.
--Ano que vem espero ir embora estudar no Rio de Janeiro. – Dulce entrou mais um pouco no quarto e fechou a porta atrás de si -- Quero ser engenheira como meu pai. Ele morreu atingido por um vergalhão enquanto inspecionava uma de suas obras.
A garota arredia deu mostras de curiosidade ao ouvir aquelas palavras tristes. Não pode deixar de comparar sua desgraça com a dela.
--O engenheiro que estava junto com ele sobreviveu. Não é engraçado? – Dulce sorriu com amargura -- Os dois estavam lado a lado e tinha que ser o meu pai a morrer. Quantas vezes fiquei me perguntando: por que não foi o outro cara? Será que tínhamos feito algo errado para merecer essa punição?
E Dulce soltou um longo suspiro de resignação.
--Sabe a que conclusão cheguei? Que coisas ruins também acontecem com pessoas boas. Ninguém tem culpa, na verdade. É o jeito que as coisas são e não vale a pena procurar uma razão qualquer. A vida não tem explicação. Por que a morte teria? A gente apenas segue por aí, tentando ao máximo ser feliz enquanto pode.
Anahi deu a primeira mostra de vida. Emocionou-se com o que a Dulce narrara. Estava tão voltada para sua própria dor que não imaginara que para aquela família também ocorrera uma tragédia. Todos estavam daquela forma unidos pelo sofrimento.
Baixou a cabeça, pensativa. Não queria gostar de Dulce ou de qualquer um deles.
--O que acha de nos dar uma chance? – a garota mais velha propôs como se lesse os pensamentos da mais jovem – Se não gostar da gente, tudo bem. Que tal um mês?
Anahi ergueu o rosto e a encarou em dúvida.
--Na verdade um mês é muito tempo. – Dulce afirmou com calculada arrogância -- Garanto que em uma semana vai estar apaixonada por nós. Somos um bocado irresistíveis, se ainda não percebeu.
A jovem reparou melhor na menina recostada folgadamente na porta fechada atrás dela. Os olhos lindos, O sorriso mostrava-se zombeteiro e a pose despojada. Para completar o quadro, os cabelos mesclado, eram curtos e penteados displicentemente. Não parecia ligar muito para a aparência e tinha um jeito até mesmo masculino. Contudo, de certa forma, era adorável à sua própria maneira, com seu jeans surrado e a camiseta folgada. Desafiava o comportamento apropriado para uma moça de sua idade.
--Eu sou Anahi. E não gosto de vocês. – finalmente falou, com uma surpreendente sinceridade.
--Não tem problema. Para falar a verdade, às vezes detesto meus irmãos também. Eles são um bem chatos de vez em quando. Mesmo assim não deixo ninguém mexer com eles. Só eu posso bater.
--Você bate neles? – a garota se assustou, dando um passo para trás.
--Não é bem surrar. – Dulce correu a explicar melhor suas palavras -- Às vezes puxo a cadeira na hora deles sentarem ou dou um nó no cadarço do tênis, só para que se esborrachem no chão. Os bobos sempre caem nessa.
Anahi não pode deixar de rir e Dulce aproveitou o momento.
--Venha. Vou te apresentar direito aos moleques mais otários que você já viu na vida, mas que sempre vão estar do teu lado e te proteger. Não está perdendo nada, apenas ganhando três amigos que jamais a deixarão se sentir sozinha novamente.
Esticou a mão para a garota, que a pegou, deixando-se ser guiada até os demais.
Inicio de mais uma web que li e adorei e resolvi adaptar para poder compartilhar com todas voces, sejam bem vindas e espero que gostem assim como eu.
Autor(a): angelr
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 98
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annecristine Postado em 11/03/2014 - 00:22:09
Amei o final.. Muito lindo... Entao vamos com mais uma fic.. Rs
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angelr Postado em 10/03/2014 - 23:22:37
delmyra - Espero que goste da proxima *__*
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angelr Postado em 10/03/2014 - 23:22:13
claricenevanna - Ufa convenceu hahaha
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delmyra Postado em 10/03/2014 - 22:20:08
pronta pra ler a proxima fic. As suas são de mais. Cada uma q me faz chorar. Foi otima.
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claricenevanna Postado em 10/03/2014 - 19:56:49
Pensei que a Dulce não ia convencer a Anahí! Hahaha. Que pena que acabou. :( E eu vou ler a outra.
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annecristine Postado em 10/03/2014 - 17:11:18
Aiiiin elas são lindas demais! Ansiosa para o final! Pena q já vai acabar! Dulce até q enfim né! kkkkkkk
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angelr Postado em 10/03/2014 - 00:23:45
lunaticas - breve hahaha
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angelr Postado em 10/03/2014 - 00:23:25
vverg - Sim muito linda essa web
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angelr Postado em 10/03/2014 - 00:22:56
claricenevanna - hahahaha
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lunaticas Postado em 08/03/2014 - 21:41:21
Ansiosa para o final *-*