Fanfic: Historias de Amor e Fantasma | Tema: Portiñon

Maite recolheu os livros de sobre a mesa enquanto os jovens saiam em desabalada da sala. Não que suas explanações fossem aborrecidas, mas o horário entre as aulas era apertado e os alunos tinham que se agilizar para não chegarem atrasados e serem punidos com falta.

Para os professores a rotina não era tão agitada e sua próxima aula aconteceria em duas horas. E isto lhe dava ampla oportunidade de organizar suas anotações e verificar na agenda os compromissos do dia. Era um momento de relaxamento que em outros tempos seria aproveitado para ligar para Angelique e saber como estava.

Agora este pensamento a enchia de sentimentos dúbios. Uma parte de si ressentia-se enormemente, querendo mais que Angelique fosse para o inferno; mas a outra sentia a mais pura e dolorida saudade de que seu coração era capaz.

Por fim o ódio venceu e em pensamento enviou sua ex para as profundezas do Tártaro. Com gestos bruscos pegou o último volume que lhe pertencia e caminhou com passos firmes para a saída.

--Professora! – uma voz delicada a chamou, fazendo-a voltar-se para a sala novamente.

Era uma de suas alunas, uma jovem de cabelos castanho com luzes e mechas douradas. Não devia ter mais que dezoito, mas seu olhar sedutor contava outra história. Estava escrito em seu rosto que sua idade não a fazia ingênua.

--Algum problema, Letícia?

--Uau! Você se lembra do meu nome? Estou honrada.

--E sabe mais do que me recordo? Que sempre cochila nas minhas aulas.

--E guarda rancor por isto?

Maite franziu a testa com sisudez.

--Eu não guardo rancor, guardo nomes. E o seu está escrito em vermelho no meu caderno com uma observação nada elogiosa ao lado.

A jovem riu da brincadeira. Ou pelo menos desejou que fosse uma simples brincadeira. Precisava de nota naquela matéria por ser pré-requisito para várias outras. Mas tinha que reconhecer que era uma chatice total. O assunto não lhe interessava nem um pouco e era difícil manter a atenção. A única compensação era a professora, que considerava extremamente sexy.

--Estou indo muito mal na sua matéria, não estou? – Letícia jogou seu charme para tentar cair nas boas graças de Maite.

--De fato, não sei ao certo. São dezenas de alunos só nesta turma e não consigo acompanhar o desempenho de todos. Mas se me diz que está patinando, vou considerar como verdade.

--E haveria um jeito de fazer algum trabalho para ajudar nas notas? Estou desesperada.

--Se der uma chance para você, terei que dar para todos e esta não é a solução para notas baixas.

--E qual é a solução?

--Estudar.

Maite deu por encerrada a conversa e saiu para o corredor, que estava tranqüilo naquele horário. Todos já estavam em suas salas.

--Espera Maite! – Letícia a chamou novamente, desta vez pelo nome, tendo que correr para acompanhar os passos da professora.

--Por que não conversamos um pouco na cafeteria? Tenho certeza que poderíamos chegar a um acordo de forma que ficasse bom para nós duas.

Desta vez Maite estacou, pegando a garota de surpresa.

--O que está propondo exatamente? – indagou contrariada.

Letícia recuou ao ver que sua proposta não tinha caído bem.

--Só estava te chamando para um café. Tem algum mal?

--Tem se a sua intenção é me convencer a mudar de idéia me paquerando.

Letícia riu sem graça, pega com a boca na botija.

--Que isso! Longe de mim querer armar um lance desse. Falei na maior inocência.

--Ótimo. Então vá para sua aula e se dedique um pouco mais aos estudos ao invés de tentar cantar os professores.

E prosseguiu andando, sem que a garota ousasse segui-la.

“Sou mesmo uma otária. Deveria trepar com cada aluna que aparecesse pela minha frente. Pelo menos faria jus à minha fama. Que aliás, ultimamente está sendo totalmente sem proveito”

Na entrada da sala de professores, seu colega Isaac a chamou para um canto.

--Cuidado com aquela menina, Mai. Ela já aprontou com uma das professoras e pelo visto quer aprontar com você também.

--Como assim?

--Lembra da Fátima?

Maite arregalou os olhos.

--Foi com ela?

--Foi. E veja no que deu. Demissão sumária.

--Mas que pestinha! E a sonsa veio cheia de papo, me convidando para ir junto com ela na cafeteria.

--Fique esperta, minha amiga. Sua fama já não é das mais estelares e se cair na boca da diretoria que vocês estão envolvidas...

Maite suspirou, realmente incomodada com as histórias que viviam circulando a seu respeito e que na maior parte do tempo não correspondiam à verdade. Na verdade desistira de vez das aventuras depois de ser pega no ato pela namorada.

--Pode deixar, Isaac, quero distância dessa garota. Falta mais um mês para o fim do período e aí me livro em definitivo dela.

--A não ser que ela reprove.

Maite arregalou os olhos.

--Puta merda! O pior é que ela está bem perto disso.