Fanfic: Historias de Amor e Fantasma | Tema: Portiñon
Acompanhando seus passos estava Letícia, pega de surpresa com todas aquelas palavras atiradas violentamente sobre ela. Pela primeira vez depois de sua perseguição implacável a Maite, percebeu a seriedade do que estava fazendo. Se para ela era uma brincadeira inconseqüente, para a professora era uma pressão que não estava pronta a encarar naquele momento de vulnerabilidade.
O jogo de gato e rato perdera subitamente a graça.
--Então? Algum progresso com a professora?
Letícia voltou-se e lá estava uma de suas amigas, Liandra, que participava do bolão que estava correndo em relação a Maite.
--Não. Acho que perdi minha pegada.
--Ih, tô achando que essa mulher é uma tremenda bola murcha. Com a fama que ela tem, achei que era barbada. Podia jurar que fosse pular em cima de você na mesma hora.
--Às vezes a fama não reflete a verdade sobre as pessoas. Pelo visto ela não é do tipo que está atrás de uma aventura.
--Nem pense em desistir! Apostei a maior grana em você.
Letícia riu do desespero da amiga. Como se ela não fosse filha de um grande empresário e jogasse dinheiro pela janela o tempo todo.
--Deixa de escândalo e vamos pra aula.
--E a transferência? Vai cancelar, né?
--Claro. Era só pra fazer onda com ela. Vou passar na secretaria e dizer que desisti de ir para outra faculdade.
--Ótimo. Agora é só pensar em outra estratégia.
Letícia ficou pensativa. Será que teria coragem de prosseguir com o jogo?
No fundo sabia que não. Que se fodesse a aposta! Não era tão fútil a esse ponto.
Em algum momento daquela perseguição implacável, acabara desenvolvendo sentimentos pela professora. Admirava seu conhecimento, seu jeito decidido de ser, o senso de humor inteligente, coroado com um sorriso sacana, provocativo.
Era fácil de enxergar a razão pela qual ela era idolatrada por seus alunos.
E, no entanto, em meio a tanta veneração,Maite estava amargando uma grande decepção na vida e talvez estivesse precisando de uma amiga, não de uma garota convencida a persegui-la pelos corredores.
*****
Dulce chegou ao canteiro de obras e de pronto colocou o capacete as botas e demais itens de segurança necessários no local. O mestre-de-obras era um velho conhecido da família, que começara jovem a trabalhar para seu pai e que estava junto com ele quando o pior acontecera.
Quando Dulce começara a nova firma, Jeca surgiu como um dos primeiros nomes em sua lista de empregados. O apelido surgira por ele ser do interior e ter um sotaque acaipirado. E o que começara como uma forma de ridicularizá-lo acabara ficando como uma maneira amistosa de tratá-lo. Se alguém ousasse chamá-lo de Dalberto, fingia que nem ouvira e virava as costas.
--Dona Dulce Maria! – ele a cumprimentou festivamente, provocando-a por saber que ela também não gostava de ser tratada pelo nome completo.
Dulce apenas fez uma careta. Como ele a conhecia desde pequena tinha permissão total para cobri-la de deboche.
--Veio ver o piso superior? Já está bem adiantada a coisa e acho que vai dar para terminar tudinho até o final do mês. Aí vem os acabamento, é claro. Mas tudo dentro dos clonogama.
A engenheira se controlou para não rir. Jeca nunca conseguia falar “cronograma” da maneira correta. Ele tinha a língua presa e sempre saia alguma coisa confusa. Uma vez, só para vê-lo suar, ela tinha perguntado o que ele achava de colocar paralelepípedos na entrada do prédio. Depois ficara uma hora inteira rindo das tentativas dele de repetir a palavra. Chegara a quase rolar no chão.
Foi um desfile de “parapepepido”, “palaperepípeo”, “papapepepídio”, e outras dezenas de variantes, cada uma mais divertida que outra.
--Fico aliviada em saber. Depois daquela quantidade de chuva do mês passado, pensei que não ia dar tempo.
--Não, tá tudo encaminhado.
--Ótimo.
Então olhou para os lados e fez sinal para que Jeca a acompanhasse até a sombra de uma árvore, num local mais distante dos demais.
--Queria te perguntar uma coisa.
--O que foi?
--Notou alguma movimentação diferente por aí?
--Diferente como?
--Entra e sai de caminhões...
--Tá brincando? Ninguém entra aqui sem autorização. E todo o material que chega é conferido na planilha e repassado para o escritório. Você sabe disso.
--Eu sei, mas é que andou acontecendo uma coisa estranha naquele condomínio que está sendo erguido na zona sul da cidade.
--Sumindo coisa?
--Por enquanto tudo o que sabemos é que foi solicitado mais material do que o necessário. Mas quando cheguei lá, estava tudo normal, as planilhas preenchidas e tudo conferido. Então eu te pergunto: se você fosse aprontar algo assim, como faria?
--Está me perguntando se eu sei o que fazer para te passar a perna?
--É isso aí. Você é o cara em quem eu mais confio e por isso vim pedir sua ajuda.
O mestre coçou a cabeça pensando.
--Olha, se eu fosse desviar material, iria tirando aos poucos nos caminhões de detrito, mas como você disse que foi pedido a mais... Teria que ter um esquema com a empresa de entrega e eles nem iam aparecer por aqui. Já descarregavam noutro lugar, sabe como é? Tem que ter um sujeito que vende e passa pra frente as coisa. Aí eu fazia a planilha bonitinha e dizia que tudo foi usado como devia. Você podia até desconfiar de mim, mas como provar que eu não tinha usado tudo aquilo mesmo? Ainda mais se eu fosse discreto, roubando um pouquinho de cada vez.
--Tem como fazer isso sem o mestre saber?
--Não mesmo. Eu sei de tudo por aqui, não tem essa história. Pode até ter mais gente envolvida, mas o mestre está junto na safadeza.
Dulce balançou a cabeça. Sua empresa crescera tão rapidamente que só naquele momento percebera o quanto era frágil em termos de controle dos empregados. Até então tratara a todos com respeito e confiança, mas alguém resolvera lucrar pelo modo mais fácil e isto ela não perdoaria.
Seu telefone tocou e atendeu imediatamente ao ver que era o irmão.
--Dulce localizamos o pedido e realmente é uma falsificação grosseira da sua assinatura. Demos uma prensa no pessoal e um dos rapazes abriu o bico e confessou fazer parte do esquema.
--E quem mais?
Cristian deu-lhe os nomes e Dulce desligou furiosa.
--Você tem razão, Jeca, o mestre está envolvido e o desgraçado me olhou na cara e mentiu com a maior cara-de-pau.
--Ih, safado é o que mais tem nesse mundo, Dulce. O negócio é chegar lá com a polícia e levar o sujeito direto para a delegacia.
--É o que pretendo. – estendeu a mão para o amigo, despedindo-se – Obrigada pela consulta.
--Obrigado nada, pode pagar na saída.
Dulce riu.
--Velho sovina!
Entrou no carro e o celular tocou.
--Oi Cris, o que foi?
--Saiu mais um carregamento e a polícia seguiu até um receptador, que já foi preso. Agora estão indo para a obra pegar o mestre.
--Então vou pra lá também.
--Deixa a polícia cuidar disso, sua louca.
--Só quero acompanhar a prisão. Depois a gente se fala.
E antes que o irmão pudesse dizer algo, desligou.
Quando chegou no pátio de obras o carro da polícia já estava parado na entrada do barracão de ferramentas. Dava para ouvir uma grande discussão e Dulce não hesitou por um só momento em entrar para ver o que acontecia. Jamais poderia imaginar do que seria capaz uma pessoa acuada em desespero.
Assim que pôs os pés para dentro, alguém gritou para ela alguns palavrões. E antes que pudesse entender o que acontecia, sentiu como se tivessem lhe dado um violento encontrão no lado direito do corpo, fazendo-a girar e cair sem equilíbrio ao chão.
Ficou zonza com a queda e ouviu estampidos vindos de todos os lados. Só então se deu conta que estava no meio de um tiroteio entre o mestre-de-obras e os policiais. Levou a mão ao ombro e havia um buraco por onde jorrava sangue. Não era tanto a dor, mas a sensação de tontura e fraqueza o que a deixou preocupada.
Com esforço arrastou-se pelo chão para proteger-se atrás de algumas caixas de madeira logo na entrada do barracão e pelo caminho foi deixando uma trilha de sangue.
Não demorou muito para que os tiros parassem e ambulâncias fossem chamadas para atender à emergência. O mestre-de-obras também tinha sido ferido em vários lugares, mas ainda estava vivo.
--Tudo bem com a senhora? – Um dos policiais indagou preocupado, agachando-se a seu lado.
--T-tudo. – Dulce conseguiu gaguejar uma resposta – Mas poderia estar melhor.
Um suor frio começava a brotar em sua testa.
--A ajuda vai chegar num instantinho. – o policial tentou passar-lhe confiança -- Acho que o tiro não atingiu nada realmente importante.
--D-depende... – Dulce falou com a respiração ainda mais entrecortada. Estava perdendo as forças -- S-sou muito apegada... ao meu ombro. T-tenho ele... desde pequena.
O homem riu da brincadeira e continuou apertando o ferimento para retardar o sangramento até a chegada da ambulância. Dulce fez uma careta quando sentiu uma pontada mais forte, perdendo em seguida os sentidos.
Autor(a): angelr
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 98
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annecristine Postado em 11/03/2014 - 00:22:09
Amei o final.. Muito lindo... Entao vamos com mais uma fic.. Rs
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angelr Postado em 10/03/2014 - 23:22:37
delmyra - Espero que goste da proxima *__*
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angelr Postado em 10/03/2014 - 23:22:13
claricenevanna - Ufa convenceu hahaha
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delmyra Postado em 10/03/2014 - 22:20:08
pronta pra ler a proxima fic. As suas são de mais. Cada uma q me faz chorar. Foi otima.
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claricenevanna Postado em 10/03/2014 - 19:56:49
Pensei que a Dulce não ia convencer a Anahí! Hahaha. Que pena que acabou. :( E eu vou ler a outra.
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annecristine Postado em 10/03/2014 - 17:11:18
Aiiiin elas são lindas demais! Ansiosa para o final! Pena q já vai acabar! Dulce até q enfim né! kkkkkkk
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angelr Postado em 10/03/2014 - 00:23:45
lunaticas - breve hahaha
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angelr Postado em 10/03/2014 - 00:23:25
vverg - Sim muito linda essa web
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angelr Postado em 10/03/2014 - 00:22:56
claricenevanna - hahahaha
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lunaticas Postado em 08/03/2014 - 21:41:21
Ansiosa para o final *-*