Fanfics Brasil - Capitulo 23 Historias de Amor e Fantasma

Fanfic: Historias de Amor e Fantasma | Tema: Portiñon


Capítulo: Capitulo 23

697 visualizações Denunciar


O barzinho estava lotado e no palco Maite reconheceu dois ou três alunos seus tocando um repertório que ia do rock ao mpb, demonstrando uma interessante versatilidade, se bem que não exatamente de forma brilhante.


Bastou alguns passos em direção ao balcão do bar e viu-se cercada por jovens eufóricos com a sua presença.


--Você veio!


Sem saber ao certo de onde brotara, um copo de chope aterrissou em sua mão.


--Senta com a gente. – um dos rapazes convidou-a.


Não precisou muita adaptação para integrar-se àquela turba de jovens animados, que riam e implicavam um com os outros despreocupadamente. Era uma mudança de ambiente que lhe caiu muito bem. Sua alma aos poucos foi ficando leve contagiada com a alegria e festejos ao seu redor. Em minutos contava anedotas, casos divertidos e dominava a atenção dos demais.


Era de sua natureza exercer um tipo de fascinação nas pessoas, que bebiam de seu cérebro rápido e arguto, alimentavam-se de seu espírito rebelde e revolucionário. Tinha quase sempre uma posição contrária ao da maioria e defendia seu ponto de vista com tamanha sensatez e lógica, que acabava por abalar a crença dos demais. Gostaria de abrir a mente dos jovens e fazê-los reavaliar as idéias pré-concebidas.


--Tudo tem duas faces, duas versões, dois pontos de vista. Veja no caso de um acidente de trânsito, por exemplo. Se perguntarem para uma das testemunhas o que aconteceu, ela contará uma história diferente das outras testemunhas. Sua atenção prende-se a detalhes baseados nas suas experiências pessoais, seus temores, seus interesses... Quem gosta de carros, dirá a marca, o modelo, a cor e que tipo de rodas o veículo tinha; mas não conseguirá descrever os passageiros. Outros vão lembrar que dentro estava um casal e que a mulher era loira e muito gostosa.


Os rapazes a interromperam com assovios.


--Do cara no volante não lembrarão de nada. – completou.


--Eu também não lembraria!


-- O que  eu quero com marmanjo?


--Ele que se exploda!


Maite teve que rir dos comentários.


--Fato é, que se o sujeito usava uma peruca laranja e nariz de palhaço, ninguém percebeu. Todo mundo estava muito vidrado na loura para perder tempo em focar a atenção no homem que dirigia.


Mais risadas.


--Então os pontinhos em branco, sua imaginação irá completar sem que perceba conscientemente. E neste ponto começam os conflitos de versão. Um vai dizer que o homem usava um terno cinza, outro vai jurar que era marrom, ou que o homem nem estava de terno. E não é por malícia que isto ocorre, é a maneira como nosso cérebro funciona, sempre tentando preencher as lacunas. Um exemplo bem conhecido é a ilusão de ótica. O cérebro não consegue processar direito o que vê e projeta sua versão para compor o cenário.


--Então de verdade não podemos acreditar no que vemos. – um deles comentou em dúvida – Pode ser apenas um truque da nossa própria mente.


--Vai depender muito da velocidade dos fatos e também de outros fatores importantes.


--E o que seriam esses fatores? – a ruiva à sua direita indagou, coberta de curiosidade --Agora que começou a falar vai ter que ir até o fim.


Os outros pareceram igualmente atentos, mesmo a cerveja rolando solta pela mesa.


Mais um gole e Maite deu uma relaxada, sentindo-se menos aflita com seus problemas pessoais.


--Vamos lá, profe. – a galera incentivou.


--Um deles é o ângulo de visão. Você viu com a visão frontal, que é bastante nítida, ou com a periférica, notadamente imprecisa? Se olharmos fixo para um ponto qualquer, é fácil de perceber que tudo o que está à esquerda ou à direita aparece fora de foco.


--Daí surgem aquelas histórias de fantasma, não é? O sujeito vê um vulto com o canto do olho e fica apavorado. Mas não passa da sombra de algum objeto ou mesmo a sua própria.


--Exatamente. O medo está tão incutido na nossa mente, que a resposta primitiva é sentir arrepios pelo corpo, o que só faz aumentar ainda mais a ilusão do sobrenatural.


--E o que mais interfere na nossa percepção das coisas?


--Se o que aconteceu deu tempo para raciocinar a respeito, ou foi rápido, talvez tão sutil que seu inconsciente assumiu o controle?


--Sutil?! Como assim?


--Algo difícil de ser captado sem que estejamos realmente prestando atenção. Um gesto nervoso, a ameaça de um sorriso, um brilho de olhar que some antes que possamos ter certeza de que o vimos. Sabe como? Aquela garota parece interessada em você, mas também pode ser que não. Será que eu vi seus olhos em busca dos meus, ou foi minha imaginação pregando peças? Vi ou não vi? Acredito ou não acredito?


--Ah, eu não teria saco pra esperar ter certeza. Ia lá e tirava a prova. – o rapaz afirmou provocando risadas e vaias.


--Fica quieto aí, babacão, que você não é de nada.


Um burburinho se formou até que alguém gritou para calarem a boca.


Maite olhou para o lado e lá estava Letícia, encarando o grupo com ar de repreensão.


--Será que dava para serem menos idiotas e deixar a Maite terminar?


Os jovens fizeram muxoxos, mas obedeceram. Parecia que a professora não era a única a seduzir as multidões.


--Na verdade nós estamos apenas conversando.  – Maite comentou com um tom que soava como uma reprimenda diante daquela atitude autoritária da garota – Ninguém precisa agir diferente por conta da minha presença. Aqui somos todos amigos. Ninguém é melhor do que ninguém. -- e deu uma pausa para efeito -- É claro que quem não concordar comigo vai levar um zero bem redondo na minha avaliação.


As risadas retornaram.


--Então posso sentar junto com vocês?


Na mesma hora todos se apertaram para abrir espaço para mais uma cadeira, que coincidentemente ficou ao lado de Maite. Mas durante o resto da noite, Letícia agiu de forma totalmente semelhante a qualquer outro estudante, sem qualquer tentativa de insinuação. Riu das piadas, participou das conversas e simplesmente divertiu-se como todos, para alívio da professora, que pode terminar a noite em bom tom.


--Bom gente, acho que para mim chegou por hoje. – Maite comunicou, deixando sobre a mesa sua parte das despesas – Graças a vocês me empolguei na bebida e vou ter que achar um táxi.


--Quer carona? – Letícia ofereceu-se -- Também estou indo e não bebi nada alcoólico.


Maite  pensou em declinar do oferecimento, mas o olhar de Letícia era tão inocente que aceitou.


“Pelo visto estou mais bêbada do que pensava para aceitar o oferecimento dessa menina”, pensou ao entrar no carro de quem fugia por semanas.


Letícia pareceu ler seus pensamentos.


--Não se preocupe, não vou tentar tirar proveito da sua vulnerabilidade.


--Então hoje estamos em trégua?


--Digamos que percebi que a sua amizade vale mais do que um rolo qualquer para ganhar uma aposta ridícula.


--Ah, então havia uma aposta afinal!


Letícia a olhou fundo nos olhos.


--Havia sim. E peço desculpas por participar. Na verdade eu perdi cinqüenta pratas nessa brincadeira.


Maite riu.


--E eu devo acreditar que a aposta morreu? Esta técnica de dizer uma parte da verdade tentando angariar a confiança da vítima é bem antiga. Sugiro que não perca seu tempo com estratégias mirabolantes para me fazer cair na sua lábia. Vá viver sua vida, Letícia, e me deixe em paz. – colocou o cinto de segurança – Mas antes, por favor, me deixe em casa.


Letícia soltou um longo suspiro, ligou o carro e arrancou. Quem mandou dar uma de grande conquistadora? Agora Maite jamais acreditaria em suas boas intenções.


--Eu posso ser sua amiga, sabia?


--Sem segundas intenções?


--Hum hum.


--Meio difícil de acreditar. Vai sempre querer testar as águas de vez em quando. É de sua índole exercitar constantemente seu poder de sedução. Não que o faça deliberadamente. Até espero mesmo que não, ou você seria uma pessoa muito mesquinha e superficial. Mas de qualquer forma, estarei muito mais segura longe de sua influência.


--Então pelo menos me acha atraente.


Maite deu um sorriso irônico.


--Por favor, Letícia, não sou cega, apenas madura o suficiente para não me deixar cair em tentação.


--Então descarta minha amizade.


--Descarto. Infelizmente sou obrigada a deixar passar a oferta. Mas isto não nos faz inimigas, espero que compreenda. Apenas a coloca de volta onde é o seu devido lugar: junto a seus amigos e na minha classe, na qualidade de aluna.


 


Letícia sentiu que aquele era o fim da conversa e limitou-se a aceitar as argumentações da professora, arrancando com o carro naquele princípio de madrugada. Ainda havia muito o que curtir naquela noite e não deixaria que a decepção estragasse sua diversão


 


 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): angelr

Este autor(a) escreve mais 8 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

Angelique chegou cedo ao hospital para visitar Dulce. Havia cancelado todas as consultas da parte da manhã para dedicar-se à namorada. No entanto a cena que presenciou ao abrir a porta do quarto do hospital deixou-a ainda mais desconfiada de que algo ocorria entre as pseudo-irmãs. Anahi estava sentada na beirada da cama, debruçada sobre Dulc ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 98



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • annecristine Postado em 11/03/2014 - 00:22:09

    Amei o final.. Muito lindo... Entao vamos com mais uma fic.. Rs

  • angelr Postado em 10/03/2014 - 23:22:37

    delmyra - Espero que goste da proxima *__*

  • angelr Postado em 10/03/2014 - 23:22:13

    claricenevanna - Ufa convenceu hahaha

  • delmyra Postado em 10/03/2014 - 22:20:08

    pronta pra ler a proxima fic. As suas são de mais. Cada uma q me faz chorar. Foi otima.

  • claricenevanna Postado em 10/03/2014 - 19:56:49

    Pensei que a Dulce não ia convencer a Anahí! Hahaha. Que pena que acabou. :( E eu vou ler a outra.

  • annecristine Postado em 10/03/2014 - 17:11:18

    Aiiiin elas são lindas demais! Ansiosa para o final! Pena q já vai acabar! Dulce até q enfim né! kkkkkkk

  • angelr Postado em 10/03/2014 - 00:23:45

    lunaticas - breve hahaha

  • angelr Postado em 10/03/2014 - 00:23:25

    vverg - Sim muito linda essa web

  • angelr Postado em 10/03/2014 - 00:22:56

    claricenevanna - hahahaha

  • lunaticas Postado em 08/03/2014 - 21:41:21

    Ansiosa para o final *-*


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais