Fanfic: Historias de Amor e Fantasma | Tema: Portiñon
Maite abriu os olhos lentamente e olhou em volta cuidadosamente: nenhum sinal de almas do outro mundo.
Aliviada jogou as cobertas para o lado e levantou-se, crédula de que a terrível experiência pela qual passara tratara-se apenas de um delírio de sua imaginação.
Onde já se viu ter um espírito seguindo-a por todas as partes!
Era ridículo e chegou a envergonhar-se por ter chegado a acreditar que fosse real aquela perseguição do fantasma de Letícia. A menina nem ao menos morrera e podia muito bem se recuperar, por que sairia do próprio corpo para atormentá-la?
Mesmo assim tomou o café em estado de alerta, de vez em quando passeando com o olhar pela cozinha, embaixo da mesa, dentro dos armários... Estava totalmente paranoica.
Desceu até a garagem subterrânea e acomodou-se tranquilamente ao volante. Estava quinze minutos adiantada em relação ao horário em que sempre saia e isto permitiria que dirigisse mais devagar, aproveitando o ar deliciosamente fresco da manhã.
--Por que acordou tão cedo? – a voz jocosa de Letícia veio do banco do carona.
Maite se desesperou. Lá estava novamente sua alucinação, sentada confortavelmente a seu lado, bocejando como se tivesse acabado de acordar.
--Sai do meu carro, por favor. – Maite pediu educadamente, porém com firmeza.
--Qualé, teacher! Vai continuar com esse papo de “estou ficando louca”?
--Como quer que eu aceite o fato de que tem um fantasma dentro do meu carro falando comigo? É demais para qualquer um.
Um senhor entrou no carro ao lado e a olhou espantado. Com quem aquela mulher estava falando?
Maite percebeu seu ar de confusão e sorriu sem graça, tentando disfarçar o próprio desconforto.
--Viu só? Assim ainda vou conseguir ser internada num hospício.
Letícia deu uma gostosa gargalhada.
--A cara do homem! Arrancou a mil quando te viu falando sozinha.
--Letícia, larga do meu pé. Tenho um monte de aulas para dar e não posso perder tempo com você. Vai assombrar outra pessoa.
--Tá bom, tá bom. Vou dar um tempo longe. Preciso mesmo dar uma assistência para o meu corpo, senão ele pifa antes da hora.
--Ótimo. E se não quiser voltar, tudo bem, ok? Não vou chorar por isso.
--Não pense que vai se livrar de mim assim. Ainda tenho que terminar de te ensinar as lições.
E antes que Maite pudesse perguntar que diabos eram aquelas lições e por que cargas d’água tinha que aprendê-las, Letícia já havia evaporado no ar.
--O silêncio também é uma palavra! – Maite exclamou contente por conseguir ficar sozinha com seus pensamentos.
*****
Quando chegou à universidade, a primeira pessoa que buscou foi sua colega Marcela, que era catedrática da pasta de biologia. A esposa dela certa vez tinha contado uma estranha experiência que tivera numa ilha da Polinésia. E se no momento da narrativa achara tudo extremamente absurdo, agora que tinha uma semi-fantasma na sua cola, começava a mudar seus conceitos.
A professora era uma mulher gentil, sempre simpática e apaziguadora, pronta a intermediar conflitos, contribuindo para a boa relação entre todos os membros do corpo docente. Usava os cabelos loiros sempre presos num rabo-de-cavalo, e para completar seu estereótipo de intelectual, tinha sempre no rosto um par de óculos tamanho gigante, que ajeitava timidamente quando tinha que falar com alguém.
Era uma excelente professora e seus alunos a adoravam por sua capacidade de transformar os temas mais intragáveis em assuntos interessantes. Coisa que somente os verdadeiros mestres são capazes.
--Marcela! – Maite chamou-a para deter seus passos.
--Mai, que bom te ver.
Cumprimentaram-se com beijinhos no rosto. Era até engraçado como davam aulas no mesmo campus, mas raramente se viam.
--A Carla vem te buscar?
--Já deveria estar aqui. – olhou no relógio de pulso -- No mínimo parou para fotografar alguma coisa pelo caminho. Ela está preparando outra mostra de fotos e anda um pouco tensa.
--Como se tivesse algum motivo. Ela é uma fotógrafa sensacional e todos amam seu trabalho.
--Digo a mesma coisa, mas ela sempre fica insegura antes de abrir uma exposição.
Neste instante Carla surgiu no corredor, acompanhada de um garoto de oito anos, que correu para Marcela chamando-a de mãe.
--Tudo bem, Mai?
Carla era uma mulher alta, esguia e indubitavelmente atraente. Seus olhos verdes eram intensos, felinos, e onde aparecia, uma leva de mulheres a seguia de longe.
E ali na universidade não era diferente. Dava para perceber os olhares nada discretos dos alunos que passavam pelo corredor. Seu fã-clube só fazia aumentar em cada visita que fazia ao campus. Mas Carla simplesmente ignorava os olhares de sedução que recebia, concentrada que sempre estava na própria esposa. Via-se que amava muito Marcela e isto a fazia cega às outras mulheres que transitavam ao seu redor.
As duas formavam um casal bem incomum: de um lado a professora tímida, de modos discretos e pouca vaidade; do outro, uma requisitada fotógrafa de presença marcante, acostumada a circular com desenvoltura pelo mundo da moda. Eram duas mulheres aparentemente opostas, mas que pelas mãos do destino, acabaram formando uma forte e indissolúvel união de amor.
--Marcela, será que posso roubar sua esposa por alguns minutos? Tenho um assunto importante para conversarmos.
--Claro Mai.
Carla deu um beijo rápido em Marcela e acompanhou Maite até sua sala.
Sentaram-se no sofá e Maite ficou inquieta, sem saber como começar o que queria falar.
--Você está meio nervosa.—Carla percebeu de imediato -- Aconteceu alguma coisa com a Angelique?
--Fora nos separarmos...
--Nossa, não sabia. Sinto muito.
--Tudo bem. Quer dizer, tudo mal. Mas está tudo bem porque não tem nada que você possa fazer para me ajudar nesse quesito.
--E o que você quer de mim?
--Lembra daquela vez que nós conversamos sobre sua visita à Ilha?
--Lembro.
--E você contou que teve uma experiência estranha. Algo com uma deusa que surgiu para você do nada e te entregou uma flor?
--Como esquecer esse dia se você se engasgou de tanto rir e tivemos que bater nas suas costas até recuperar a respiração?
--Você está me vendo rindo agora?
--Na verdade, não.
--E sabe por quê?
--Não faço idéia.
--Eu estou tendo uma experiência um pouco semelhante à sua.
--Sério? Está vendo uma deusa também?
--Não, algo bem pior. Estou vendo uma adolescente de calças justas e um top decotado e curto que deixa à mostra o umbiguinho. E ela fica dando em cima de mim o tempo todo.
Carla balançou a cabeça em entendimento, mas na verdade não estava compreendendo patavinas do que Maite lhe dizia.
--Ela é um fantasma, entende? Uma aluna minha sofreu um acidente e está em coma no hospital. Então quando ela se cansa de ficar rondando o próprio corpo, vem aqui me atentar.
--Veja bem,Maite. Você me disse que se separou da Angelique.
--E o que tem uma coisa a ver com a outra?
--Deve estar em choque e se sentindo sozinha. Quem sabe criou essa garota para suprir sua necessidade de companhia.
--Essa garota é um pé no saco e eu jamais criaria uma criatura assim para me azucrinar. Seria muita autoflagelação.
--E ela fala alguma coisa?
--Só que eu deveria aprender a lidar com as mulheres para então reconquistar Angelique. Ela quer me ensinar a ser mais sensível.
--Viu? Você a criou por sentir-se culpada pela separação. Inconscientemente quer Angelique de volta e luta para ser uma pessoa melhor.
--Você não entende. Essa garota está me deixando louca se intrometendo na minha vida o dia inteiro. Preciso me livrar dela. Tem que me ajudar.
--Como eu posso fazer isto? Só porque tive uma visão religiosa não me transforma em uma expert em almas do outro mundo. Aliás, ela está aqui agora?
E virou-se para todos os lados tentando enxergar a tal garota fantasma.
--Não. Ela disse que ia dar um tempo para o corpo dela antes que acabasse desencarnando de vez.
--E se você fosse num centro espírita?
Autor(a): angelr
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 98
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annecristine Postado em 11/03/2014 - 00:22:09
Amei o final.. Muito lindo... Entao vamos com mais uma fic.. Rs
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angelr Postado em 10/03/2014 - 23:22:37
delmyra - Espero que goste da proxima *__*
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angelr Postado em 10/03/2014 - 23:22:13
claricenevanna - Ufa convenceu hahaha
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delmyra Postado em 10/03/2014 - 22:20:08
pronta pra ler a proxima fic. As suas são de mais. Cada uma q me faz chorar. Foi otima.
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claricenevanna Postado em 10/03/2014 - 19:56:49
Pensei que a Dulce não ia convencer a Anahí! Hahaha. Que pena que acabou. :( E eu vou ler a outra.
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annecristine Postado em 10/03/2014 - 17:11:18
Aiiiin elas são lindas demais! Ansiosa para o final! Pena q já vai acabar! Dulce até q enfim né! kkkkkkk
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angelr Postado em 10/03/2014 - 00:23:45
lunaticas - breve hahaha
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angelr Postado em 10/03/2014 - 00:23:25
vverg - Sim muito linda essa web
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angelr Postado em 10/03/2014 - 00:22:56
claricenevanna - hahahaha
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lunaticas Postado em 08/03/2014 - 21:41:21
Ansiosa para o final *-*