Fanfic: Historias de Amor e Fantasma | Tema: Portiñon
Era tradição da Savinon Engenharia adiantar as comemorações do Natal com uma grande festa para os funcionários e seus familiares. Era uma maneira de reafirmar para os trabalhadores que havia um vínculo humano entre todos e não apenas profissional. Formavam uma grande equipe, apesar do atentado contra a vida de Dulce meses antes ter abalado um pouco aquela confiança. O que era uma boa razão para colocar uma pá de cal em todo o acontecido.
O jantar fora planejado cuidadosamente, com música, dança e distribuição de presentes.
--Angelique não vem? – Cristian estranhou a chegada de Dulce sozinha.
--Está numa convenção de psicologia em São Paulo.
--Que pena. Mas você arruma outra companhia fácil-fácil por aqui. Não é sua especialidade?
Dulce olhou para ele surpreso com o tom seco daquelas palavras. Só então percebeu que o irmão estava um pouco passado do ponto.
--Até parece que ando por aí caçando mulher o tempo todo. Posso muito bem me divertir com as pessoas sem terminar a noite na cama de alguém. E acho melhor o senhor dar uma freada na bebida ou vai acabar abraçado com um peão atrás do muro.
Cristian não riu da piada.
--Acha que não posso conseguir uma mulher? Pensa mesmo que sou incapaz de fazer uma garota se interessar por mim?
--Calma lá, campeão, não disse nada disso. O que sei é que a sua mulher já está olhando torto pra cá.
--Por certo ela ainda não conseguiu se decidir com qual de nós quer ficar.
Dulce franziu os olhos surpresa. Da onde tinha vindo aquilo? Tentou pegar o copo de cerveja das mãos de Cristian, mas ele se esquivou, impedindo que este fosse interceptado.
--Qual o seu problema hoje? – Dulce indagou confusa – Brigou com a Alice? Ela parece bem chateada.
--Quem sabe descobriu que casou com o Savinon errado.
--Essa é boa. Não acredito que vai fazer a maior cena por conta de uma coisa que aconteceu há anos atrás. Qual o seu problema,Cristian? Não tem nada melhor para fazer do que revirar baús antigos? Se for assim é bom lembrar que fui eu quem levou o proverbial pé na bunda. Ela me largou por você. Isso deve significar alguma coisa, não acha? Se alguém teria razão para encher a cara e ficar resmungando pelos cantos, essa pessoa sou eu. E está me vendo fazer isto? Não né? O passado já era, meu irmão. Você ganhou a disputa e é melhor parar de inventar besteira nessa sua cabeça retardada para servir de desculpa para o fato de que se sente culpado com o que aconteceu.
Cristian baixou a cabeça quase a ponto de chorar.
--Você merecia mais do que ser traída pelo próprio irmão.
--E não fui. Você nunca me traiu. O amor é assim mesmo e às vezes dá um tremendo balão na gente. O que adiantava a Alice continuar comigo se ela amava você?
--Acha mesmo que ela me ama?
Dulce riu da insegurança do irmão.
--Não, seu idiota, ela só está de zoação com você todos esses anos. Tenha dó, Cris! Para de beber e vai dar uma assistência pra ela antes que alguém resolva consolar a esposa desamparada. Olha que tem corvo na área.
Apontou para o Jeca, o velho capataz que havia se separado da mulher recentemente e estava ansioso por uma companheira de dança.
--Tem razão. – ele entregou o copo para a irmã e foi até Alice fazer as pazes e pôr um final em suas desconfianças.
Dulce ficou feliz em vê-los juntos e foi em busca de mais bebida para comemorar. Pelo caminho ia sendo abordada por todos os empregados e cumprimentava com simpatia as pessoas a quem era apresentada. Encheu o copo e ficou junto ao bar observando o movimento animado, feliz em proporcionar alegria a tantas famílias.
Pensou no pai e no quanto ele teria gostado de participar de um evento daquele. Era um homem popular entre os companheiros e gostava de reunir-se numa roda para contar piadas.
“Deus leva os melhores primeiro.”, um senhor bem idoso que se apoiava em muletas lhe dissera no enterro como forma de consolo.
Depois disso ela saíra correndo do cemitério e só voltara para casa no dia seguinte, embaixo de chuva. Foram muitos meses até conseguir colocar a cabeça no lugar e aceitar que nem sempre a vida é justa, mas sempre é digna de se lutar por ela.
--Pensando longe?
Dulce virou-se e a seu lado encontrava-se Anahi. A jovem estava com um vestido justo e sensual, sandálias de salto alto, e os cabelos presos num penteado elegante, apenas alguns cachos escapando de sua prisão para adornar seu belo pescoço. A maquiagem estava mais forte do que o normal, pronta para a balada.
--Pensava no meu pai. – respondeu com sinceridade – Está faltando ele aqui.
Anahi pendurou-se em seu braço em sinal de apoio e aquele toque serviu para trazer Dulce de volta de sua viagem dolorosa ao passado.
--Venha dançar. – a jovem pediu, puxando-a para onde os outros casais estavam embalados por uma música alegre.
--Acredito que tenha planos melhores do que ficar pajeando sua velha irmã.
--O pessoal vem me pegar aqui e enquanto não chegam, vou fazer uma idosa feliz.
--Engraçadinha. – deixou-se levar.
--Acha mesmo? – o olhar que Anahí lhe deu foi intenso, provocante.
--O que? – Dulce fez que não entendera a pergunta capciosa.
--Que sou engraçadinha? – Anahí não desistiu da pergunta.
“Mais do que simplesmente engraçadinha. É absurdamente linda”. – Dulce pensou antes que pudesse censurar-se. Então fugiu daquela resposta que surgira em sua mente, considerando-a totalmente inconveniente.
Ao lado das duas na pista, Poncho se divertia com a namorada, numa dança vigorosa que o deixava suado. Então alguém avisou ao microfone que em breve os presentes seriam distribuídos e por isso a música foi trocada por uma de ritmo mais lento e romântico.
Dulce ia se afastar, mas Anahi não permitiu, trazendo-a para perto do seu corpo.
Trocaram olhares fortes de desejo e Dulce sentiu-se incomodada com aquela proximidade. Sentia que a qualquer momento as mãos que tocavam a cintura de Anahí iriam entrar em combustão por um castigo celeste em razão de seus pensamentos.
--Preciso ir ajudar na distribuição dos presentes. – arrumou rapidamente uma desculpa e correu para longe.
Depois disso seu coração confuso buscou na bebida uma forma de esquecer o que se passara minutos antes. Por um momento pensara em Anahi como uma mulher desejável e isto abalou suas estruturas morais. Não conseguia conceber que estivesse sentindo tesão por uma garota que conhecera ainda menina e que jurara proteger de todos os males. Lá estava ela se deliciando com o contato de seu corpo bem feito, com a inocência de seu gesto de pura solidariedade.
Virou mais alguns copos até que os sons começaram a ficar longe e as pessoas perderem seus rostos.
--O que aconteceu com ela? – Poncho indagou enquanto a segurava para que não despencasse ao chão.
--Exagerou na cerveja. Acontece. – Acácio minimizou o fato – Vamos levá-la para casa e amanhã ela vai ter uma bela surpresa: a cabeça batendo como um gongo.
--Estou bem, gente. Só preciso sentar um pouco. – Dulce se livrou das mãos do irmão e acomodou-se numa banqueta.
Encarou cada olhar preocupado à sua volta e soltou uma risada.
--Qualé gente, quantas vezes já me viram pior? Pode deixar que vou fechar pra balanço e ir para casa. Assim está bem?
--Não pode dirigir desse jeito. – Acácio foi taxativo.
--Eu levo ela embora. – Poncho se ofereceu.
--Não precisa. – Dulce protestou --Não quero estragar a noite de ninguém.
--Eu a levo.
Mais uma vez Anahí surgia para decidir as coisas pela família, tomando para si a responsabilidade de cuidar da irmã.
Autor(a): angelr
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Ninguém se arriscou a ir contra ela e com cuidado depositaram Dulce no banco do carona, passando o cinto de segurança por seu corpo. --Tem certeza que não vai precisar de ajuda na chegada? – Acácio preocupou-se. --Não estou tão mal assim, gente. – Dulce defendeu-se. Mas sua voz mole não convenceu ninguém. ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 98
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annecristine Postado em 11/03/2014 - 00:22:09
Amei o final.. Muito lindo... Entao vamos com mais uma fic.. Rs
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angelr Postado em 10/03/2014 - 23:22:37
delmyra - Espero que goste da proxima *__*
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angelr Postado em 10/03/2014 - 23:22:13
claricenevanna - Ufa convenceu hahaha
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delmyra Postado em 10/03/2014 - 22:20:08
pronta pra ler a proxima fic. As suas são de mais. Cada uma q me faz chorar. Foi otima.
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claricenevanna Postado em 10/03/2014 - 19:56:49
Pensei que a Dulce não ia convencer a Anahí! Hahaha. Que pena que acabou. :( E eu vou ler a outra.
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annecristine Postado em 10/03/2014 - 17:11:18
Aiiiin elas são lindas demais! Ansiosa para o final! Pena q já vai acabar! Dulce até q enfim né! kkkkkkk
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angelr Postado em 10/03/2014 - 00:23:45
lunaticas - breve hahaha
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angelr Postado em 10/03/2014 - 00:23:25
vverg - Sim muito linda essa web
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angelr Postado em 10/03/2014 - 00:22:56
claricenevanna - hahahaha
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lunaticas Postado em 08/03/2014 - 21:41:21
Ansiosa para o final *-*