Fanfic: Historias de Amor e Fantasma | Tema: Portiñon
Acácio ouviu o som do carro da filha estacionando na garagem e foi recebê-la na porta. Cumprimentou-a com um beijo no rosto, deixando transparecer pelo olhar uma certa empolgação.
Anahi, percebendo, franziu os olhos, cobrindo-se de curiosidade.
--Este olhar não me engana, pai. Qual a novidade?
Acácio riu do fato de que nunca conseguia esconder nada da filha. Nem por uma fração de segundos que fosse.
--Ligaram para você daquele restaurante novo de comida francesa. – falou animadamente – Marcaram uma entrevista para segunda de manhã.
Anahi sorriu esperançosa. Desde que se formara tinha feito pequenos trabalhos, cobrindo a falta de algum auxiliar em pequenos restaurantes, mas nunca sendo efetivada na posição. Aquela era sua oportunidade de ser contratada em definitivo para a posição, o que seria uma evolução em sua carreira. Uma ótima chance de aprender mais um pouco e exercitar seus conhecimentos e, quem sabe, chegar a Souschef.
--Que bom! – abraçou o pai.
O irmão Poncho veio descendo as escadas correndo esbaforido.
--Oi Any. – deu um abraço tão apertado na irmã, que a deixou sem fôlego -- Tchau Any.
--Onde vai com tanta pressa? – a garota indagou, rindo do jeito afoito do irmão.
--A Lúcia ligou e os pais dela foram viajar. A casa tá liberada.
Anahí e o pai acompanharam a saída desabalada de Poncho com divertimento.
--Quem vê pensa que ele é um adolescente de dezessete e não um marmanjo de vinte e três. – Acácio comentou.
--De certa forma ele e Dulce não evoluíram muito neste quesito. – Anahí comentou, cheia de ressentimento.
--Pelo menos no trabalho eles são responsáveis, pois na vida pessoal continuam os mesmo aventureiros de sempre.
A jovem fez uma careta de aborrecimento. Ainda estava desolada com o que presenciara ao chegar à casa de Dulce. Era muita tortura quando algo assim acontecia.
--Hoje mesmo dei um flagra nela com uma loira tingida com peitos de melancia. Aquilo só pode ser implante.
Acácio riu do ar de indignação da filha.
--Ainda não se acostumou com os modos da sua irmã?
--Ela não é minha irmã! – afirmou com raiva, só depois dando-se conta de como aquilo soara para seu pai.
Acácio franziu a testa surpreso com aquele arroubo inesperado. Sabia da inclinação da filha por Dulce, mas não imaginava nem de perto a profundidade do que ela sentia. Sempre tomara por uma paixãozinha inconseqüente de menina e que logo seria substituída por outros interesses. Porém as coisas pareciam mais sérias do que imaginara. E muito além do que gostaria.
--Desde quando está renegando a Dulce? Pensei que gostasse dela.
Anahi tentou acalmar seus nervos. Era a segunda vez que perdia as estribeiras naquele dia e não sabia ao certo como explicar-se a si mesma, quanto mais para os outros. Devia mesmo estar estressada, pois esta seria a única explicação plausível para tamanho descontrole. Talvez a visão de Anahi agarrada naquela mulher tivesse finalmente tocado o ponto mais sensível de seu coração. Uma coisa era saber de seus casos, outra presenciar sua intimidade.
--Estou um pouco fora de mim hoje, pai. Não leve a sério o que eu disse. É claro que gosto da Dulce. Somos grandes amigas, sabe muito bem.
--E a Carla? Ela ligou outra vez atrás de você. Não deveria dar-lhe uma chance?
Mas Anahi apenas fez uma careta de aborrecimento.
--Será que ela não desiste nunca!
Carla era sua eterna sombra, sempre esperando por uma oportunidade, que se dependesse de Anahi, jamais viria. Haviam se conhecido em uma balada e desde então o cerco era intenso. As amigas não se cansavam de zombar quando a garota se aproximava do grupo com cara de cãozinho travesso, balançando o rabinho em busca de atenção.
Era constrangedor ter que dar o corte o tempo todo, mas pior seria ceder a seus avanços quando estava apaixonada por outra mulher. Não seria justo com ela. Por isso tentava evitar os encontros, o que era difícil por terem muitos amigos em comum.
--Fazer o que se minha filhinha é irresistível. – o pai a abraçou com carinho – Tal qual sua mãe.
--Quem dera. – Anahí murmurou mais para si do que para Acácio.
*****
Dulce atendeu ao telefone distraidamente em meio à papelada e alegrou-se ao ouvir a voz de uma de suas novas clientes. Era uma mulata linda de corpo escultural e lábios cheios, feitos para serem beijados. Os cabelos macios e cacheados iam até a altura dos ombros e pelos olhares que lhe dera, estava interessada em muito mais do que projetos arquitetônicos.
O único problema era seu excesso de ativismo ecológico que a fazia um tanto quanto enfadonha.
--Posso ajudá-la? – Dulce indagou toda solícita.
--Estou em dúvida sobre alguns detalhes da fachada. – a cliente falou em tom sedutor -- Podemos discutir a respeito?
--Claro. – a esperta engenheira de imediato pescou as intenções da mulher, contudo fez-se de boba -- Pode vir aqui a qualquer hora que quiser.
--Preferia que conversássemos durante o almoço. O que acha? É o único horário vago que me restou na agenda.
Dulce riu por dentro. Que desculpa mais esfarrapada!
Então soltou um pigarro para retornar à seriedade.
--Seria um imenso prazer almoçar com você. – e caprichou na palavra “prazer” -- Nos encontramos lá ou quer que eu passe para buscá-la?
--Acho que seria mais interessante que viesse me pegar aqui em casa, assim estaremos contribuindo para a diminuição das emissões de CO2 e protegendo a camada de ozônio.
--Excelente ideia! – Dulce de pronto concordou -- Até mais então.
--Até.
Mal desligou o telefone e já caía na gargalhada.
“Emissões de CO2 uma ova! Ela quer é que eu a leve para um motel e a faça emitir muito suor.”
Cristian entrou na sala e pegou a irmã rindo a valer.
--Qual a piada?
--Sabe aquela mulata gostosa que nos contratou para fazer o Centro de Desenvolvimento Florestal?
--E como iria esquecer? – Cristian teve que concordar com a irmã: a mulher era muito boa mesmo -- O nome dela é Márcia, não é?
--Exatamente. Ela acaba de me ligar dizendo que precisa de maiores esclarecimentos sobre o projeto.
--E qual a graça?
--Ela quer conversar durante o almoço. Sacou só?
O irmão não acreditou muito na indireta que Dulce estava dando.
--Muita gente discute negócios durante o almoço. Acho melhor baixar sua bolinha pra não se tornar inconveniente.
--Cris, meu irmão, ela está careca de saber que o projeto é seu. Então para que ligou para mim? Por que não pediu sua presença?
--Sei lá, mas vai devagar, ok? Não vá perder uma cliente por dar em cima dela descaradamente.
--Deixa comigo, não vou sair agarrando a mulher. Não faz meu estilo. Sou bem mais sutil, se quer saber.
Ajeitou a jaqueta e desarrumou um pouco mais os cabelos curtos. Era aquele seu estilo rebelde que parecia atrair tanto as mulheres.
--Se eu me atrasar, já sabe. – piscou para o irmão e foi ao encontro de sua cliente.
E logo na largada já deu para ver que a coisa ia pegar fogo. Mal arrancou com o carro em direção ao restaurante e a mão dela já estava em sua perna. Márcia falava com tranqüilidade sobre o desequilíbrio da natureza e os animais em perigo de extinção enquanto alisava sua cocha, deixando-a acesa.
--Entendeu minha preocupação com materiais utilizados na obra?
Dulce arriscou uma olhada para ela e sorriu com cortesia.
“Estou entendendo tudo.”, riu-se por dentro.
A mão subiu mais um pouco, chegando próxima à sua virilha e Dulce resolveu que já recebera sinais suficientes para concluir que estava certa em relação às intenções de sua cliente.
--Nossa, como está quente aqui, não é? Que tal adiarmos um pouco o almoço e relaxarmos antes numa bela banheira de hidromassagem? Podemos compartilhá-la para poupar água, que sem sombra de dúvida é nosso bem mais precioso. – e deu um sorriso de falsa inocência -- Estaremos contribuindo com os esforços mundiais para evitar uma escassez futura no planeta. É uma boa idéia, não acha?
Márcia sorriu com malícia.
--Que proposta maravilhosa, Dulce. Não sabia o quanto era comprometida com a preservação de nossos mananciais.
--Pode-se dizer que estou a caminho de me engajar completamente nas causas ecológicas.
--Pois ficarei encantada em dividir esta experiência com você.
Dulce trocou de pista repentinamente e pegou um desvio em direção ao motel mais próximo.
“Ah, os benefícios da militância ambiental!”
Autor(a): angelr
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Anahi passou pela recepção da construtora da irmã e não viu a secretária, que provavelmente estava na hora do almoço. Então foi até à sala de Dulce, que estava vazia. Tentou a de Cristian e encontrou-o distraído, trabalhando em um novo projeto. --Oi. – foi até ele e deu-lhe um beijo no rosto. ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 98
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annecristine Postado em 11/03/2014 - 00:22:09
Amei o final.. Muito lindo... Entao vamos com mais uma fic.. Rs
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angelr Postado em 10/03/2014 - 23:22:37
delmyra - Espero que goste da proxima *__*
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angelr Postado em 10/03/2014 - 23:22:13
claricenevanna - Ufa convenceu hahaha
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delmyra Postado em 10/03/2014 - 22:20:08
pronta pra ler a proxima fic. As suas são de mais. Cada uma q me faz chorar. Foi otima.
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claricenevanna Postado em 10/03/2014 - 19:56:49
Pensei que a Dulce não ia convencer a Anahí! Hahaha. Que pena que acabou. :( E eu vou ler a outra.
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annecristine Postado em 10/03/2014 - 17:11:18
Aiiiin elas são lindas demais! Ansiosa para o final! Pena q já vai acabar! Dulce até q enfim né! kkkkkkk
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angelr Postado em 10/03/2014 - 00:23:45
lunaticas - breve hahaha
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angelr Postado em 10/03/2014 - 00:23:25
vverg - Sim muito linda essa web
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angelr Postado em 10/03/2014 - 00:22:56
claricenevanna - hahahaha
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lunaticas Postado em 08/03/2014 - 21:41:21
Ansiosa para o final *-*