Fanfics Brasil - Capitulo 43 Historias de Amor e Fantasma

Fanfic: Historias de Amor e Fantasma | Tema: Portiñon


Capítulo: Capitulo 43

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Angelique tentou pelo que parecia a centésima vez contatar Dulce sem conseguir. O celular estava sempre desligado e na empresa ninguém sabia dela, apenas que viajara repentinamente.


O irmão Cristian estava igualmente inacessível, ou se recusava a atendê-la por algum motivo.


Sentou-se em sua confortável poltrona no consultório enquanto aguardava a chegada de mais um paciente. Sentia dentro de si uma estranha angústia como se algo grave houvesse ocorrido e estivesse sendo mantida distante, alheia a tudo.


A porta do consultório abriu após três batidinhas leves e a secretária colocou a cabeça para dentro. Sua expressão era constrita, como se não soubesse exatamente como dizer alguma coisa.


--O que foi, Carminha?


A secretária entrou e fechou a porta atrás de si.


--Você tem uma visita. – falou em voz baixa -- Só não sei se vai gostar.


--Quem?


--É a Maite. E trouxe flores.


--Tem certeza que é a Maite? Ela não sabe nem o caminho para se chegar numa floricultura, quanto mais escolher um buquê de alguma coisa. Provavelmente comprou um maço de urtigas achando que fossem rosas.


--Orquídeas.


Angelique chegou mesmo a se assustar. O que poderia suscitar aquele tipo de comportamento? Ainda mais depois do rompimento nada amistoso que tiveram. Será que alguém morrera e ela não sabia?


Correu para a porta e a escancarou, encontrando uma Maite absolutamente tranqüila e sorridente.


--Tudo bem, Angel? Essas flores são para você, mas não se comparam à sua beleza.


Não exagere.”, Maite ouviu a voz de Letícia atrás de si, “Simpática e atenciosa, mas sem cantadas baratas. Seja sincera, esqueceu?”


Maite respirou fundo e tentou novamente.


--Na verdade eu passei aqui perto e pensei em convidá-la para almoçar comigo.


Angelique recebeu as flores sem entender quem era aquela pessoa que se apresentava à sua frente. Maite com certeza não era. A não ser que estivesse com malária ou outra doença tropical qualquer.


Mesmo assim seu coração involuntariamente disparou, como sempre fazia na presença de sua ex.


--Ainda tenho um paciente para atender antes do almoço.


--Não tem problema. Vou terminar o que tenho que fazer e passo aqui para te pegar em uma hora. Pode ser?


Angelique balançou a cabeça e voltou para o consultório ainda em choque, o arranjo de orquídeas nas mãos.


--O que acha que ela quer? – indagou pasma à secretária, que estava igualmente surpresa com aquela atitude da professora, que sempre se mostrara uma completa egocêntrica.


--Almoce com ela e descubra. – palpitou com neutralidade.


--O que está acontecendo afinal? Não consigo localizar minha namorada atual e a antiga me aparece aqui trazendo flores. Não parece uma inversão da realidade? Sempre foi Maite a desaparecer sem deixar vestígios e Dulce a me paparicar.


Carminha deu uma risadinha de entendimento. Era no mínimo curioso que as duas mulheres da vida de Angelique resolvessem trocar de perfil de uma hora para a outra. Parecia até coisa combinada. Ou um evento cósmico inexplicável.


O som de alguém entrando denunciou a chegada do próximo paciente e as duas retornaram ao profissionalismo, deixando para mais tarde as dúvidas e desconfianças.


*****


Ao meio-dia em ponto lá estava Maite aguardando Angelique para o almoço. Pela primeira vez observou as pinturas penduradas na parede da antessala do consultório e percebeu o bom gosto da decoração, o cuidado com o conforto dos pacientes, as luzes indiretas para criar um clima mais aconchegante, a música suave de fundo, as cores calmas que dominavam o ambiente. Tudo incitava ao relaxamento e ao bem-estar pessoal.


Como jamais se dera ao trabalho de apreciar as qualidades profissionais de sua companheira de tantos anos? Sua delicadeza e sensibilidade?


“Onde estava minha cabeça por todo este tempo?”, pensou atônita com o que descobria sobre Angelique simplesmente analisando o lugar onde trabalhava.


“No seu próprio umbigo.”, Letícia sussurrou em sua consciência.


A porta se abriu e um rapaz ainda na adolescência saiu do consultório e evitou seu olhar, como se tivesse medo dos demais seres humanos. Angelique deu-lhe um beijo carinhoso no rosto e ajeitou seus cabelos como se faz com um filho.


--Nos vemos quinta, está bem?


Ele balançou a cabeça e saiu com os olhos baixos.


--Caso difícil? – Maite comentou.


--Não posso discutir meus pacientes, e você sabe disto.


--Desculpe, não pretendia me intrometer no seu trabalho. Podemos ir?


--Claro.


--Acho melhor nos apressarmos porque subornei o porteiro para me deixar parar na frente do prédio.


--Sempre dando um jeitinho, não é?


Aquele assunto era um dos mais delicados no relacionamento delas e Maite não achou muito promissor começar o encontro discutindo ética. Mas ao mesmo tempo não estava disposta a se anular totalmente para agradar Angelique. Ela também tinha que gostar dela do jeito que era e não fantasiar que repentinamente ela se tornara alguém perfeita.


--Sei que não concorda muito com algumas atitudes que tomo.


--Não me cabe mais opinar sobre estas coisas.


Maite ficou quieta e desceram pelo elevador em silêncio.


--Por que não escolhe o restaurante?


--Ótima maneira de disfarçar o fato de que não sabe o tipo de comida que eu gosto.


E adiantou-se para entrar no carro.


Maite assumiu o volante e ligou a ignição.


--Chinesa.


--O que? – Angelique a olhou sem compreender.


--Sua comida preferida é chinesa. E no nosso primeiro aniversário de namoro fomos num restaurante em São Paulo que não dava nem para pronunciar o nome, então o batizamos de Fu Manchu, em referência àquele personagem chinês bem sinistro dos romances de Sax Rohmer, lembra? Você usava um vestido vermelho absolutamente irresistível e passei o jantar inteiro imaginando você fora dele.


Angelique ficou surpresa com o que Maite lhe dizia.


--Mas você quis dançar e eu fiz sua vontade. Naquela noite eu teria feito qualquer coisa que me pedisse. Tudo o que fosse necessário para mantê-la sorrindo. Depois voltamos para o hotel e nos amamos até o amanhecer. Os primeiros raios do sol entraram pela janela iluminando seus cabelos revoltos, espalhados sobre o travesseiro, e fiquei sem palavras. Naquele momento tive certeza absoluta do quanto eu te amava e que a queria para sempre em minha vida.


A psicóloga retraiu-se com as lembranças. Não queria rememorar fatos passados e que jamais iriam repetir-se. O relacionamento delas estava morto e enterrado. Para que remoer sentimentos que nunca mais poderiam ser recuperados?


--Não acho que seja uma boa idéia este almoço. – resolveu pôr um fim ao clima de flashback.


Maite apenas sorriu com leveza.


--Claro que é. Eu estou faminta e garanto que você também. Qual o problema em dividirmos uma mesa em algum restaurante? Não se trata de um encontro romântico. Apenas duas amigas almoçando juntas.


Angelique estranhou, pois Maite tinha sido a primeira a dizer que não conseguiria ser apenas uma amiga. Entretanto concordou com os argumentos dela e se acomodou melhor no banco do carro. Era uma sensação estranha estarem juntas sem se tocarem de alguma forma. Normalmente Maite estaria com a mão em seu joelho ou pelo menos os dedos das duas estariam entrelaçados. Era um gesto automático vindo de anos de uma convivência, que apesar de extremamente apaixonada, jamais encontrara um rumo definido.


De alguma forma, só pelo fato de compartilhar uma refeição com Maite era como se traísse Dulce. A consciência de Angelique a torturava. Porém, ao mesmo tempo, ansiava insanamente por um instante que fosse na companhia de seu antigo amor.


Nervosamente cruzou as próprias mãos sobre o colo para evitar qualquer ato imprevidente de sua parte.


--Me conte do seu congresso. – Maite incentivou-a a falar.


--Como sabe que estive num congresso?


--Liguei para o seu consultório e Carminha me informou da sua viagem. Foi interessante?


--Tem certeza que deseja mesmo saber?


--Claro que sim. Acho legal que você continue sempre se reciclando. Vejo muitos profissionais se acomodando com o que sabem e nunca buscando novos conhecimentos. É realmente admirável de sua parte continuar sempre aprendendo coisas novas, ousando em suas abordagens.


--Nunca pareceu dar a mínima para minha carreira antes. Por que a mudança?


Maite aproveitou a parada no semáforo para olhar Angelique nos olhos.


--Sempre achei que persistir seguidas vezes no mesmo erro, revela um comportamento imperdoavelmente estúpido. E eu não quero denegrir minha inteligência agindo desta forma. Não mais do que já fiz.


A psicóloga a olhou desconfiada.


--Angelique, estou tentando avançar na escala evolutiva. Que mal há nisso?


--Um pouco repentino de sua parte, não acha?


--Talvez eu esteja finalmente ouvindo a voz de minha consciência. – deu um sorriso misterioso de quem sabe mais do que diz.


--Ok, vou aceitar sua explicação. Por enquanto.


Maite ficou satisfeita e continuou dirigindo tranquilamente. Concentrou-se no que Angelique contava sobre suas experiências durante o congresso. As pessoas que estavam lá, o conhecimento que compartilharam nas conferências. E naquele preciso instante deu-se conta do quanto apreciava de verdade ouvir o que Angelique dizia, tanto por revelar um ser humano brilhante e sensível, como pelo som doce, calmo e pausado de sua voz enquanto expressava seus pensamentos.


O pontapé inicial fora dado e sentia-se muito esperançosa de conseguir recuperar o amor de sua vida. Faria até o impossível para isto.



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Autor(a): angelr

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 98



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  • annecristine Postado em 11/03/2014 - 00:22:09

    Amei o final.. Muito lindo... Entao vamos com mais uma fic.. Rs

  • angelr Postado em 10/03/2014 - 23:22:37

    delmyra - Espero que goste da proxima *__*

  • angelr Postado em 10/03/2014 - 23:22:13

    claricenevanna - Ufa convenceu hahaha

  • delmyra Postado em 10/03/2014 - 22:20:08

    pronta pra ler a proxima fic. As suas são de mais. Cada uma q me faz chorar. Foi otima.

  • claricenevanna Postado em 10/03/2014 - 19:56:49

    Pensei que a Dulce não ia convencer a Anahí! Hahaha. Que pena que acabou. :( E eu vou ler a outra.

  • annecristine Postado em 10/03/2014 - 17:11:18

    Aiiiin elas são lindas demais! Ansiosa para o final! Pena q já vai acabar! Dulce até q enfim né! kkkkkkk

  • angelr Postado em 10/03/2014 - 00:23:45

    lunaticas - breve hahaha

  • angelr Postado em 10/03/2014 - 00:23:25

    vverg - Sim muito linda essa web

  • angelr Postado em 10/03/2014 - 00:22:56

    claricenevanna - hahahaha

  • lunaticas Postado em 08/03/2014 - 21:41:21

    Ansiosa para o final *-*


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