Fanfic: Historias de Amor e Fantasma | Tema: Portiñon

Cristal foi chamada por um dos funcionários da loja, dizendo que uma amiga sua pedia para vê-la com urgência. Assustada desceu as escadas agilmente e lá estava Angelique, com a aparência atormentada, como se algo gravíssimo houvesse ocorrido.

--O que foi, Angel? – Não era normal a amiga ter aquele tipo de ataque de ansiedade.

--Desculpe vir até aqui atrapalhar seu trabalho, mas preciso tanto desabafar com alguém!

--Suba comigo. – empurrou-a escada acima.

As duas subiram até a sala da gerência e Cristal fechou a porta, apontando uma das cadeiras para que a amiga se sentasse, acomodando-se ela mesma em sua usual cadeira atrás de uma grande mesa de vidro.

--Agora relaxe e me conta o que está havendo.

Angelique puxou fundo o ar para dentro de seus pulmões, sentindo-se um pouco mais relaxada na presença de Cristal, sua amiga e confidente.

--Eu almocei com a Mai.

Cristal girou os olhos, entediada com aquele retrocesso.

--Angel, não me diga que ficou balançada com esse encontro? Será que tenho que te lembrar todas as vezes que a Maite te tratou como lixo, não dando a menor atenção às suas necessidades? Viajava quando bem entendia sem nunca te consultar, se recusava a levar o relacionamento para frente, sempre inventando uma desculpa para morarem em apartamentos separados. Esquecia seu aniversário, mulher! A única coisa que ela nunca falhou foi em achar o caminho até sua cama.

--Ela era um pouco sem noção, eu sei.

--Sem noção?! Por favor, amiga, não é que eu deteste a Maite, mas sempre odiei como você sofria com as ditas distrações dela. Será que custava prestar um pouco de atenção em você? Ouvir um pouco suas preocupações, seus desabafos? Poderia planejar as coisas junto com você e não apenas decidir a própria vida e sair por aí como se fosse solteira, livre e desimpedida. Aliás, compromisso nunca foi o forte dela, diga-se de passagem.

Angelique baixou a cabeça, abalada com as palavras verdadeiras de Cristal. Ela expunham tudo o que Angelique já sabia, mas que desejava ignorar. Buscou no carpete gasto da loja a resposta para seu drama pessoal, para seu coração traiçoeiro que a fazia rogar pelo milagre de Maite tornar a ser o que um dia fora quando se conheceram anos antes. Seria demais ter esperanças de que ela voltasse a agir da forma como agira durante o almoço?

Cristal percebendo sua dor, esticou a mão e apertou a de Angelique carinhosamente.

--Sei que ainda ama Maite, Angel, isto salta aos olhos. Mas tome cuidado para não cair numa armadilha. Ela a quer de volta e bem pode estar fazendo um jogo de cena para reconquistá-la. Pense bem antes de mergulhar numa possível ilusão.

--Você tem razão, Cris. Não posso correr para os braços da Maite sem ter certeza absoluta de que ela pelo menos está tentando mudar. A razão tem que prevalecer.

--Então respire fundo, tome um copo d’água e deixe as coisas rolarem como tiverem que ser. Sem precipitações, quero dizer. Caso decida voltar para Maite, vou estar do seu lado do mesmo jeito, mas só peço que tenha cuidado antes de se entregar novamente a um amor que até agora só te fez sofrer.

Angelique concordou com a amiga. Cristal sempre tinha as palavras certas para trazê-la de volta ao chão e recobrar a sensatez. Precisava resistir aos impulsos de seu coração, que ainda batia pela ex, e procurar agir de forma mais equilibrada.

Enquanto isto Cristal tentava compreender o que se passava.

--Eu só queria saber o que motivou Maite a te procurar assim de uma hora para outra? Até então ela estava totalmente indignada com a traição. Por que a mudança de atitude de forma tão repentina?

--Não sei. – Angelique também estava confusa -- Talvez esteja querendo mesmo ser apenas minha amiga.

--E se for? Você vai conseguir encará-la desta forma? Tem condições emocionais para olhá-la com outros olhos que não sejam o do amor?

A psicóloga ficou pensativa.

--É uma tremenda incógnita, Cris. Talvez fosse melhor lidar com sua revolta do que com sua oferta de amizade. Na verdade não sei o que é mais doloroso.

E seus olhos ficaram marejados.

As mãos que enxugaram as lágrimas antes mesmo que caíssem, estavam trêmulas.

--Não se abale tanto, minha amiga. Deixe as coisas acontecerem antes de arrancar os cabelos com suposições.

Angelique balançou a cabeça concordando. Contudo seu coração estava angustiado por não saber o que Maite pretendia dela, afinal. E onde ficava sua atual namorada naquilo tudo? Sua cabeça dava voltas sem obter uma resposta definitiva que pusesse fim aos seus dilemas.