Fanfic: Historias de Amor e Fantasma | Tema: Portiñon

Isaac encontrou Maite no corredor da universidade e segurou suas mãos animadamente.

--Tudo pronto para o jantar lá em casa.

Maite sorriu contente.

--Ela confirmou a presença?

--Melhor que isto: vai sozinha. A namorada está viajando.

--Ótimo. Tomara que não volte tão cedo.

--Qual é o seu plano?

--Não sei ainda. Acho que vou improvisar na hora. Não quero dar na vista que implorei por sua ajuda e planejei o encontro cuidadosamente em cada detalhe para que ela se apaixone novamente por mim. Sabe como é?

Isaac riu.

--Nem precisou implorar tanto. Eu e o João estamos torcendo para que voltem a ficar juntas. Mas cuidado, minha amiga, não cometa os mesmos erros de antes. Angelique é um doce de pessoa, tão meiga e atenciosa, sempre tentando ajudar os outros. Ela merece uma namorada amorosa e que a paparique o tempo todo. Alguém que lhe dê carinho e, principalmente, que seja sua companheira e sua cúmplice.

--Impressionante como está me descrevendo!

--Maite, não seja debochada.

--Não estou sendo. Lembra como nós duas éramos no princípio do namoro? Só estou recuperando aquele sentimento que se perdeu nem sei por que razão.

--Que bom! Adorava o modo como viviam dando bandeira por onde iam. Não desgrudavam o olhar.

--Era maravilhoso mesmo. E ainda a amo desta forma, Isaac. Só preciso de uma chance para provar que ainda podemos ser felizes juntas.

--Pois então aproveite a chance de marcar alguns pontos nesse seu esforço de reconquista.

--Então até de noite. Quer que eu leve uma garrafa de vinho?

--Por favor, não. Você tem um péssimo gosto para bebidas. Não posso jamais te perdoar por ter colocado açúcar no meu melhor Merlot para que ele ficasse doce. Aquilo me revoltou de tal forma que até hoje guardo rancor.

--Ele ficou bem melhor assim.

--Sacrilégio! Se fizer isto outra vez juro que vou pedir para que se retire e aí não vai ter a menor chance com a Angel, gracinha.

--Como você é vingativo!

--Beba qualquer coisa, até pinga pura, mas não toque nos meus vinhos.

--Combinado.

E se despediram com um beijo no rosto. A noite prometia e ao contrário do que dissera, tinha lá seus planos para criar a oportunidade propícia a suas ambições românticas. Graças à sua conselheira Letícia, é claro. A garota no final das contas a ajudara bastante a compreender os equívocos que cometera em seu relacionamento com Angelique. Depois de tantas bolas fora, só mesmo um ente sobrenatural para corrigir seu fiasco.

*****

Anahi estava sentada no balanço da varanda de casa, acompanhando o pôr-do-sol. Tivera um dia estafante e para completar acabara discutindo com Carla, que insistia em persegui-la o tempo todo. Se por um momento após sua decepção com Dulce pensara em voltar para ela, a idéia logo foi abandonada por significar um retrocesso em sua vida pessoal. Já tinham tentando ficar juntas e não dera certo. Não havia a menor compatibilidade entre as duas e não queria agir impensadamente apenas para salvaguardar seu orgulho ferido.

Cristian estava certo e mesmo sabendo que jamais amaria alguém como um dia amara Dulce, precisava seguir em frente e deixar aberta a porta do seu coração.

--Muito cansada, meu amor?

Anahi sorriu para o pai, que sentou-se a seu lado, fazendo o balanço mover-se sutilmente.

--Hoje o restaurante estava lotado. Trabalhamos sem parar.

--E o curso na França? Pensou a respeito?

--Ainda estou pensando. É uma excelente oportunidade, mas terei que ficar muitos meses longe de vocês e isto me amedronta. Tolice, não é?

--De modo algum, minha filha, pois eu sinto o mesmo. Mas talvez fosse bom ficar um tempo fora para arejar a cabeça e conseguir ver as coisas sob uma nova perspectiva. Vai conhecer outras pessoas, outros costumes e ter novas experiências de vida.

Demorara um pouco para que Anahi contasse ao pai do ocorrido. Jamais escondera algo dele em toda a sua vida. E não conseguira manter por muito tempo em segredo o seu coração partido.

Como esperado, Acácio reagira com extrema indignação. Por ele teria ido atrás de Dulce para tirar satisfações, contudo Janice o deteve. Não era razoável tomar decisões precipitadas sob o efeito da raiva. E também não se solidarizava com a filha e até sentia vergonha em vê-la agindo com tamanha desconsideração, não só por Anahí, como pela família. Até tinha ânsias de colocar Dulce sobre seus joelhos e dar-lhe as chineladas que lhe faltaram quando criança. Mas mesmo assim era mãe e não podia execrá-la por seus atos. Apenas lamentá-los.

--Acha que assim vou acabar esquecendo a Dulce?

Acácio a abraçou gentilmente, deitando a cabeça de Anahí em seu ombro.

--Não sei, querida, mas existem outras árvores na floresta. Só precisa olhar em volta para percebê-las.

Anahí ficou em silêncio pensando nas palavras do pai.

--Sei que está com a razão. Sou uma estúpida por ter guardado um sentimento tão profundo por alguém que não merece a menor consideração. E, no entanto, não consigo me livrar dessa angústia terrível no meu peito. Por uma noite achei que era a mulher mais feliz do universo, mas quando acordei, descobri que não passei de mais uma aventura entre tantas que Dulce sempre teve.

Acácio guardou dentro de si sua mágoa. Tratara Dulce como uma filha, aceitara todos os filhos de Janice como se fossem seus, e em retorno Dulce cometera uma vileza daquelas, desrespeitando a própria família. Demonstrando total descaso pelos vínculos emocionais que por tantos anos ele pensara serem recíprocos.

Aquele não seria um Natal de celebração. Nem ao menos sabia se seria possível reunir a todos em um mesmo ambiente e desfrutar de alguma harmonia. Na verdade aquela era uma realidade difícil de ser enfrentada, pois se de um lado não poderia encarar Dulce da mesma forma de antes e gostaria de evitar sua presença a todo custo, tinha consciência de que Janice tinha o direito de querer a filha perto dela numa data tão simbólica.

Ainda não haviam discutido aquele tema sensível, mas cedo ou tarde teriam que tocar no assunto para entrarem em acordo. Contudo podia prever como seria dramático para ambos ter que fazer algum tipo de escolha para evitar uma situação de conflito.

Como se captasse o pensamento do pai, Anahí ergueu-se do balanço, encarando Acácio com tristeza, mas determinação.

--Pai, não vou conseguir comemorar o Natal com ela presente. Pensei muito e decidi ficar na casa da tia Vanda durante os feriados. Vai ser melhor assim para todos.

--Melhor para quem? Ainda não conversei com Janice, mas para mim também não será fácil sentar na mesma mesa com Dulce e fingir que tudo está maravilhoso e que nada mudou entre nós.

--Não quero que nossa família se parta ao meio.

--Farei o que for possível para evitar algo assim, contudo não vou esconder o sol com a peneira. Algo muito grave aconteceu e a dinâmica entre nós fatalmente vai mudar. Será impossível que as coisas voltem a ser como antes.

Anahí fechou os olhos em autocomiseração.

--Eu deveria ter resistido.

--Não se atreva a assumir a culpa do que aconteceu. – Acácio a interrompeu bruscamente. Agüentaria qualquer coisa, menos que sua filha invertesse a situação e assumisse uma falta que não era sua.

Dulce tinha todo o direito de não querer iniciar algum tipo de relacionamento mais sério com Anahi por conta de uma única noite de sexo casual, porém fugir do modo como fizera tinha sido imperdoável.  Era uma demonstração muito grande de desprezo pelos sentimentos da menina. Não dava para simplesmente fingir que nada ocorrera e ainda sorrir alegremente durante a ceia.

--Por enquanto não planeje nada. Deixa eu conversar com Janice e então decidiremos o que fazer, está bem?

Ela balançou a cabeça e entrou em casa, dirigindo-se direto para o quarto, onde passou mais uma noite insone.

Galerinha, quero avisar que falta pouco para esta web acabar ela é curta, mas jaja irei começar adaptar outra para vcs um pouco maior