Fanfic: Historias de Amor e Fantasma | Tema: Portiñon
Maite ouviu a campainha e correu para abrir a porta do flat de Isaac e João. Tinha um sorriso de orelha a orelha, pois tinha certeza de que era Angelique, afinal, todos os demais convidados já haviam chegado. E não se decepcionou. Ela estava encantadora com um vestidinho leve tomara-que-caia, um pouco acima dos joelhos, que a fazia parecer uma menininha.
--Uau!– Maite balbuciou tolamente para si mesma. Ou pelo menos rezou para que não tivesse se expressado daquela forma em voz alta.
Tentou recuperar o controle.
– Oi, Angel, Isaac está no terraço com os outros convidados e eu fui a mais votada para o posto de porteira.
--Espero que não estejam apenas me esperando para começar o jantar. Acabei me atrasando um pouco no consultório e perdi o horário.
“E eu senti cada momento sem você.”, pensou sonhadoramente, dessa vez cuidando para manter seus pensamentos na intimidade de seu cérebro.
--Não se preocupe, João ainda está na senzala terminando os últimos detalhes.
Esticou os olhos para trás de Angelique como se procurasse alguém.
– Sua namorada não veio? – fingiu cinicamente não saber que Dulce não viria ao jantar.
--Ela está viajando.
--Que pena!
Então uma voz conhecida soprou em seus ouvidos:
“Não demonstre tanta satisfação.”, Letícia orientou-a, “E deixe de uma vez a mulher entrar!”.
Maite recuou, abrindo caminho para que Angelique pudesse enfim entrar no flat.
--Que tipo de porteira sou eu que fico empatando a entrada dos convidados, não é?
Angelique sorriu da falta de jeito da ex-namorada e deixou-se guiar até o terraço onde os demais conversavam animadamente, degustando um bom vinho. Foi recebida calorosamente por seus velhos conhecidos de muitos anos, desde que Angelique começara a freqüentar a casa de João e Isaac.
--Quer uma bebida? Eu sirvo. – Maite ofereceu-se com certa afoiteza que provocou risadinhas disfarçadas. Era visível seu nervosismo.
Angelique ficou um pouco sem graça com a situação, mas aceitou o oferecimento com cordialidade.
“Você quando fica nervosa age como uma perfeita idiota.”, Letícia tirou sarro.
--Quem me deixa nervosa é você falando nos meus ouvidos o tempo todo. – Maite respondeu rispidamente, chamando a atenção de todos, inclusive de Angelique que estava mais próxima.
--Mai, você está bem?
--Claro que estou. Totalmente bem.
--Tem certeza?
--Por favor, Angel. Do jeito que você fala até parece que estou conversando com uma garota fantasma obsessiva que me segue constantemente dizendo todo tipo de asneiras no meu ouvido. Isto sim seria muita loucura, né?
--É, seria.
--Pois então. – encheu uma taça de vinho e entregou-lhe, pegando outra para si.
“Você não suporta vinho.”, Letícia objetou.
Maite virou-se para onde suponha que estivesse a garota.
--Bebo o que quiser na hora que bem entender. – resmungou entredentes, mal abrindo a boca, achando ter sido discreta.
Angelique mais uma vez franziu o cenho, preocupada com o comportamento instável de Maite.
--Com quem está falando?
A professora sorriu despreocupadamente.
--Com a garota fantasma que me atormenta diariamente.
O tom era de piada, mas expressava a absoluta verdade. Às vezes Letícia ultrapassava a linha do aceitável e se intrometia na vida dela, acabando por confundi-la ao invés de ajudá-la.
Angelique aceitou a brincadeira, apesar de não estar completamente certa da lucidez de Maite. Ela parecia anormalmente inquieta.
Mas no decorrer do jantar as coisas pareceram se normalizar e as duas puderam trocar idéias sem qualquer tipo de tensão. A conversa fluía agradavelmente entre os convidados, tornando a reunião extremamente divertida. Aos poucos as garrafas de vinho vazias foram se acumulando e as línguas afrouxando. Logo riam sem parar das coisas mais banais e dividiam experiências vexaminosas que haviam vivido e que naquele momento soavam hilariantes.
--Vou contar como eu e a Angel nos conhecemos. – Maite começou a falar enquanto o grupo se encaminhava para a imensa área da piscina, onde a temperatura estava mais agradável.
Angelique colocou a mão sobre sua boca para impedi-la de prosseguir com a narrativa.
--Não vai contar isso, vai?
Maite deu um jeito de livrar-se do gesto de censura, enquanto todos riam do rubor que cobriu o rosto da psicóloga.
--Essa deve ter sido das boas pelo vermelhão das bochechas. – um dos amigos comentou jocosamente, puxando mais risadas.
--Mai, não ouse! – Angelique tentou empurrar Maite, acabando em seus braços, ambas um pouco desequilibradas.
Sem perceber as duas se tratavam pelos apelidos e tocavam-se mais do que seria esperado entre pessoas recém-separadas.
--Eu estava hospedada em uma pousada paradisíaca na beira do mar e de noite todos os hóspedes se encontravam em um gazebo enorme de madeira que abrigava o bar e o restaurante. O clima era extremamente íntimo, com música suave, luzes indiretas... E no meio daquelas pessoas percebi uma mulher linda de olhos sedutores sentada na banqueta no final do balcão. E bem do lado dela estava Angelique.
A psicóloga deu-lhe um tapinha no braço pela gracinha e todos riram novamente.
--Está bem, vou confessar: a mulher linda era você.
--Ah bom! – os amigos exclamaram divertidamente.
--Deixa eu continuar. – Maite pediu silêncio aos demais.
Imediatamente todos se calaram para ouvir o resto da narrativa.
--Ficamos ali, trocando olhares. Sabe como é? Ela me dando a maior bola e eu tentando manter as aparências e pensando “Que garota mais assanhada!”.
Desta vez as gargalhadas explodiram. Isaac chegou a cuspir o gole de vinho que estava bebendo.
--Que mentira! Você é que não parava de me encarar. – Angelique defendeu-se – Não conseguia tirar os olhos de mim.
--Diga o que quiser, mas a verdade é que foi você quem veio conversar comigo.
Angelique não podia negar. Ficara vidrada em Maite assim que a vira sentada no bar tomando cerveja e tagarelando intelectualidades que poucos davam mostras de compreender.
A narrativa continuou.
--Ela usava um vestido florido de seda, todo transpassado em volta do corpo, parecido com um lenço enorme daqueles de usar na praia. Tipo um sarongue, sei lá. Então depois da gente meio que estabelecer que estávamos a fim uma da outra, ela romanticamente me chamou para caminharmos na beira do lago, em plena noite enluarada. Topei na hora, é claro.
--Quem não toparia? – houve completa concordância.
--O clima era todo de sedução e para mim era inevitável que terminássemos na cama, transando horrores.
--Mai! – desta vez Angelique se indignou com o termo chulo utilizado por ela.
--Desculpe. – Maite reviu suas palavras – Deveria ter dito que era certo que iríamos para o quarto de hotel copular entusiasticamente.
E mais risadas soaram, para total consternação de Angelique, que colocou a língua para fora comicamente.
--Deixa eu continuar. Posso falar? O melhor ainda não contei.
--Eu te odeio. – a psicóloga disse em tom de falsa indignação. No fundo também achara engraçado o que acontecera.
Maite se limitou a piscar para ela em deboche.
--Havia alguns galhos secos no caminho e eu galantemente os segurei para que ela passasse. Estava toda boba por ter a oportunidade de mostrar o quanto eu era educada. Só que um deles se soltou das minhas mãos e a atingiu em cheio, deixando-a presa no meio do emaranhado.
Então quase não conteve a risada antecipada ao lembrar-se da cena burlesca.
--Foi aí, gente, que ela se desesperou e tentou se soltar sozinha de qualquer jeito. Começou a se debater como louca, agitando os braços feito uma mariposa descontrolada. Mas o tecido era muito fino e se rasgou todo, deixando-a apenas de calcinha na minha frente. Agora pensem na visão! Eu não sabia se gargalhava ou pulava em cima.
Angelique ficou totalmente passada, com as mãos cobrindo o rosto.
--Não posso acreditar que você está contando isto para todo mundo. – protestou mais uma vez.
--Não preciso nem dizer que me apaixonei na hora. – Maite finalizou o conto, abraçando Angelique para consolá-la diante de tantas risadas. E Angelique mais que depressa escondeu o rosto em seu peito.
Mais histórias estapafúrdias foram sendo contadas e quando chegou a hora de ir embora, o grupo custou a se dispersar.
Já na rua, Angelique pediu ao porteiro que lhe chamasse um táxi e Maite mais que depressa ofereceu-se para levá-la para casa.
--Está em condições de dirigir? – a psicóloga quis saber, pois ela mesma estava levemente grogue.
--Só bebi uma taça de vinho. Aliás, nem isso, pois sabe bem o quanto detesto vinho. – Maite garantiu.
--Então aceito.
Caminharam até o carro e depois disto tomaram o rumo do apartamento de Angelique, que não era muito longe dali.
Não conversaram muito enquanto atravessavam as ruas semidesertas. A música que tocava era suave e envolvente, escolhida propositalmente por Maite para criar um clima propício ao romance. Desde o princípio era parte do seu plano conseguir dar carona para a ex-namorada e assim aproveitar uma oportunidade de maior intimidade. Não que esperasse que Angelique permitisse que ela lhe pulasse em cima para dar-lhe um beijo quente e apaixonado. Era muito se alugar com isto. Estava além das possibilidades presentes.
Por isso surpreendeu-se quando Angelique tomou a iniciativa, iniciando o beijo.
Mal parou o carro em frente ao edifício e a psicóloga já estava sobre ela devorando sua boca loucamente. Era tão impensável que uma coisa semelhante ocorresse que Maite num primeiro momento ficou apática diante do massacre erótico que sofria. Mas o branco durou pouco e logo devolveu as carícias com total igualdade.
--Sobe comigo? – Angelique pediu entre um beijo e outro.
Sem conseguirem se separar entraram na portaria se agarrando e subiram pelo elevador quase fazendo sexo ali mesmo. Em segundos estavam na cama e dali para frente foi um tumulto de braços, pernas e bocas se trançando avidamente.
A noite que começara com promessas tímidas terminou em paixão incontida, provando que cinco anos era tempo demais de relacionamento para ser esquecido de uma hora para a outra. Ainda havia o calor vulcânico por baixo da fina camada de rocha resfriada. Lava escaldante borbulhava, pronta a transbordar ao menor estímulo dos corações saudosos.
Autor(a): angelr
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No dia seguinte Angelique acordou cedo como de costume. As lembranças da noite a encheram de prazer e incertezas. Ao mesmo tempo que redescobrira seu amor por Maite, tinha consciência de que não fora justa com Dulce. Mal a namorada se afastara e já estava com outra na cama. E mesmo sendo uma situação especial por envolver um relaciona ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 98
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annecristine Postado em 11/03/2014 - 00:22:09
Amei o final.. Muito lindo... Entao vamos com mais uma fic.. Rs
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angelr Postado em 10/03/2014 - 23:22:37
delmyra - Espero que goste da proxima *__*
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angelr Postado em 10/03/2014 - 23:22:13
claricenevanna - Ufa convenceu hahaha
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delmyra Postado em 10/03/2014 - 22:20:08
pronta pra ler a proxima fic. As suas são de mais. Cada uma q me faz chorar. Foi otima.
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claricenevanna Postado em 10/03/2014 - 19:56:49
Pensei que a Dulce não ia convencer a Anahí! Hahaha. Que pena que acabou. :( E eu vou ler a outra.
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annecristine Postado em 10/03/2014 - 17:11:18
Aiiiin elas são lindas demais! Ansiosa para o final! Pena q já vai acabar! Dulce até q enfim né! kkkkkkk
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angelr Postado em 10/03/2014 - 00:23:45
lunaticas - breve hahaha
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angelr Postado em 10/03/2014 - 00:23:25
vverg - Sim muito linda essa web
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angelr Postado em 10/03/2014 - 00:22:56
claricenevanna - hahahaha
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lunaticas Postado em 08/03/2014 - 21:41:21
Ansiosa para o final *-*