Fanfic: Historias de Amor e Fantasma | Tema: Portiñon

No dia seguinte Angelique acordou cedo como de costume. As lembranças da noite a encheram de prazer e incertezas. Ao mesmo tempo que redescobrira seu amor por Maite, tinha consciência de que não fora justa com Dulce. Mal a namorada se afastara e já estava com outra na cama. E mesmo sendo uma situação especial por envolver um relacionamento antigo, sua consciência pesava por estar sendo infiel ao relacionamento que tinha.

Contudo olhar para o lado na cama e ver Maite nua e adormecida a seu lado era algo tão natural, tão reconfortante, que não conseguiu arrepender-se do que fizera. Era como retornar ao lar depois de uma longa viagem. E por mais que tenha sido agradável o tempo em que estivera fora, tendo novas e maravilhosas experiências, era bom demais estar mais uma vez em casa.

Na cozinha começou a preparar o café-da-manhã que pretendia levar para Maite, ainda profundamente adormecida. Por mais que trocasse de namorada, uma realidade pitoresca mantinha-se igual: ela era sempre a primeira a despertar.

Alguém bateu à porta e Angelique atou melhor a faixa do robe para ir atender o visitante matutino que pelo visto também madrugara.

Na soleira estava Dulce e o coração de Angelique disparou. Não de excitação, mas de desespero. Não queria um encontro entre sua ex que voltara ao cenário, e a atual namorada, com quem estava em vias de romper. Seria uma cena desagradável e embaraçante que preferia evitar a todo custo.

E, no entanto, por mais que seu emocional estivesse abalado, não pode deixar de perceber o abatimento no rosto de Dulce. Seus lindos olhos estavam cansados e sem brilho. Isto acrescido do fato de que ela ficara do lado de fora da porta sem fazer menção de entrar.

--Precisamos conversar. – murmurou a meia-voz.

E aquela era a frase crucial do momento. Ambas tinham coisas a dizer e não sabiam como fazê-lo.

--Entre, Dulce. Seja o que for, será bem melhor que seja na sala e não no corredor.

Dulce concordou e deu alguns passos inseguros para dentro do apartamento.

--Sente-se e vamos ter esta conversa que penso ser muito importante.

As duas se acomodaram no sofá e após um momento de silêncio inquietante Dulce tomou coragem para falar.

--Angel, aconteceu algo que preciso lhe dizer e sei que não vai gostar nem um pouco. Talvez até fique com raiva de mim, mas não posso simplesmente fingir que nada ocorreu.

Mesmo que não fosse psicóloga Angelique teria deduzido o que viria a seguir. Mas ao invés de se indignar, sentiu um tremendo alívio. Pelo menos não fora a única a errar e isto tornava as coisas menos dolorosas.

--Foi no dia da festa da empresa. Você não pode ir e eu estava lá sozinha e pensando no meu pai. Veio um sentimento tão grande de desalento que resolvi beber um pouco para ver se relaxava. É claro que acabei exagerando e minha família achou por bem que eu fosse para casa mais cedo. E como não podia dirigir, Anahi me acompanhou até o apartamento.

Angelique aproveitou a pausa na narrativa para se admirar com o rumo dos fatos. O que Anahi tinha a ver com aquilo? Estariam suas prévias suspeitas prestes a serem confirmadas? Desde que conhecera a irmã postiça de Dulce ela lhe parecera estranhamente reticente à sua presença, como se estivesse incomodada em vê-la no seio da família. E aquele comportamento lembrava muito o de uma mulher apaixonada, transtornada pelo ciúme.

--Ela me ajudou a entrar em casa. Eu nem abrir a porta conseguia e foi ela quem me levou para o quarto.

Mais uma hesitação.

--As coisas aconteceram de repente e sem que eu soubesse direito o que fazia, estávamos... – parou sem coragem de finalizar a frase -- Você sabe.

Angelique balançou a cabeça assentindo e Dulce aguardou sua reação, pronta para receber o desabafo da namorada. Mas os gritos e recriminações não vieram. Muito pelo contrário. Suas mãos foram seguras ternamente e recebeu um olhar constrito de quem também tinha algo a confessar.

--Não se sinta mal por me trair, Dulce. Acho que desde o princípio já sabíamos que nosso relacionamento não era destinado a durar para sempre. Foi maravilhoso, divertido, excitante...mas temporário. O fato de ter dormido com Anahi não chega a ser um choque, pois eu desconfiava dos sentimentos dela por você e também de seu esforço para não retribuí-los. Era algo fadado a acontecer, acredite no que digo. Só você não enxergava o óbvio.

Dulce deu um sorriso tímido, como se estivesse embaraçada com sua própria ingenuidade.

--Também preciso confessar um pecado. – Angelique aproveitou para igualmente esclarecer sua situação.

--Qual?

--Descobri que ainda amo a Maite e que não posso mais ficar longe dela. Estava há pouco na cozinha remoendo em minha cabeça uma forma de terminar nosso namoro sem magoá-la.

Dulce a olhou a princípio surpresa, para depois balançar a cabeça em divertimento.

--Quer dizer que deu graças a Deus por eu ter dado um escorregão?

--Não exatamente. – Angelique defendeu-se, porém o sorriso denunciava seu alívio. -- Pelo menos não sairemos deste relacionamento com o orgulho ferido. E apesar da nossa relação de namoro estar chegando ao fim, gostaria muito de continuar sua amiga. Gosto demais de você.

--Eu também te adoro e quero ter você sempre por perto. Acha que a Maite vai aceitar nossa amizade?

--Tenho certeza que sim. O problema na verdade virá de Anahi Não sei se ela vai superar sua antipatia por mim.

Dulce suspirou fundo ao lembrar-se da batalha que ainda teria que enfrentar para consertar as coisas com a loira.

--Vamos deixar o tempo dizer, não é?

--Com certeza.

Dulce levantou-se, deu um último abraço em Angelique, e despediu-se. Sentia-se bem melhor do que quando ali chegara, muito mais leve e confiante no futuro pelo qual estava prestes a lutar.

Angelique fechou a porta e recostou-se nela: bem no final as coisas tinham sido mais fáceis de serem resolvidas do que a princípio imaginara.

Maite surgiu na sala enrolada em um lençol e cheia de deboche no olhar.

--Então você deu o fora nela para ficar comigo, né?

Angelique sorriu contente.

--Se me quiser.

Maite correu até ela e a beijou apaixonadamente.

--E como quero!

Acariciou os cabelos de seu amor.

--Mas tenho uma condição.

--E o que seria?

--Não quero ser somente sua namorada. Está na hora de darmos o passo definitivo e juntarmos nossas escovas de dente. O que acha? Aceita casar comigo?

--Tem certeza disto? É um comprometimento muito grande. Um que você nunca esteve disposta a fazer antes.

--Você é a mulher que eu amo e gostaria muito de poder tê-la a meu lado o tempo todo para fazermos planos juntas, construirmos uma vida em conjunto, como um casal. Nada de viagens malucas aos confins do mundo atrás de coisas insignificantes que não se comparam a ter você assim nos meus braços.

Angelique aconchegou-se em Maite, sorvendo a beleza daquele momento.

--Adoraria casar com você, amor. A hora que quiser. Hoje, agora, neste minuto.

--Então vamos nos sentar e começar a tomar algumas decisões.

--De que tipo?

--Onde vamos morar, por exemplo. Podemos ficar aqui na sua casa ou na minha.

--Ou ainda vender os dois apartamentos e comprar algo nosso, que seja maior para caber uma família.

--Uma família é? Tipo meia dúzia de crianças barulhentas?

Angelique a olhou firme. Precisava de uma prova final da vontade de Maite de se comprometer.

--Meia dúzia não digo, mas talvez dois, o que acha? – respondeu séria.

--Humm... – Maite pôs-se a pensar – Dois né? Então é melhor comprar uma casa maior mesmo.

Angelique explodiu de alegria e felizes começaram a discutir o futuro.

Recomendo esta fic, estou amando espero que tambem gostem uma amiga minha que esta adaptando. segue link abaixo

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