Fanfic: Historias de Amor e Fantasma | Tema: Portiñon

Dulce ficou parada em frente à casa que durante muito tempo considerou como seu lar. Após a morte do pai, fora lá onde encontrara refúgio e para onde sempre retornava nas férias da faculdade.

Era recebida com empolgação pelos irmãos e por uma certa garota linda de cachinhos dourados, que se pendurava em seu pescoço, cobrindo-a de beijos. Até que um dia a garota começara a controlar mais seus ímpetos e, ao contrário de antes, passou a corar em sua presença e abraçá-la com menos intimidade.

Dulce pensou tratar-se de uma mudança normal, já que Anahí estava amadurecendo e tornando-se uma moça. Não poderia esperar que pela vida toda ela se jogasse em seu colo com total desprendimento para demonstrar sua satisfação em revê-la.

Contudo, parando para analisar melhor as coisas, a dinâmica no relacionamento das duas havia se transformado lentamente de ambos os lados. Dulce também evitava maior contato físico entre elas e passou a tratá-la com exagerada infantilidade, como se Anahí ainda tivesse doze anos e necessitasse de sua superproteção. Agora no presente, a única coisa que desejava ardentemente era que não tivesse estragado todas as suas chances com ela e causado um dano irreparável à sua família.

Subiu as escadas da varanda e a porta de entrada abriu-se com violência. Era seu irmão Poncho, que cheio de atitude barrou seu caminho, encarando-a com um olhar nada amistoso.

--Agora resolveu dar as caras, né.

--Vim conversar com Anahí. – tentou passar, mas o irmão impediu-a colocando-se em seu caminho.

--Não acha que já fez merda o suficiente?

Dulce devolveu o olhar agressivo com um igualmente implacável, de quem não iria desistir tão fácil de seu intento.

--Pode ir saindo da minha frente que você não tem nada a ver com isso. Não se meta que só está piorando a situação.

--Nunca pensei que pudesse tratar Anahí desta forma. E como fica Angelique nesse rolo todo? Quer ficar com as duas e continuar numa boa?

--Pare com isso,Poncho. Então não me conhece o suficiente para saber que não sou este tipo de pessoa? Por isso mesmo quero falar com Anahi e esclarecer as coisas. Cometi um engano em sumir do mapa, sei disso, mas agora estou de volta e vou fazer o que for preciso para me redimir. Isto é, se você fizer o favor de sair da minha frente. Estou orgulhosa de ver você tomando uma atitude firme como esta, mas não precisa proteger Anahi de mim. Isto eu te prometo.

Poncho relaxou os ombros e deu um passo para o lado para deixá-la passar.

--Se a fizer chorar eu juro que te dou uma surra.

Dulce olhou para o chão ainda mais envergonhada e balançou a cabeça em concordância.

--Ela está no quarto? – por fim indagou ansiosa.

--Acho que sim.

Ela então subiu devagar as escadas, tentando pensar em algo para dizer que fizesse Anahi perdoá-la. As palavras mágicas que sempre tinha para abrir caminho até o coração das mulheres.

Em seguida decidiu que a situação era por demais séria para joguinhos daquele tipo, não havia mais lugar para as tais frases feitas. A partir daquele ponto iria deixar as palavras sob o comando do seu coração.

Bateu à porta do quarto e logo ouviu o som de passos e a porta abrir-se. Anahi arregalou os olhos ao vê-la e imediatamente fechou a porta sem a menor cerimônia. Era muita cara-de-pau de Dulce insistir com suas tentativas toscas de explicar o inexplicável. Suportar sua presença era inevitável por fazerem parte da mesma família, mas isto jamais implicaria na troca de amenidades. Quanto menos se falassem, melhor seria.

--Vamos conversar, por favor. – Dulce implorou do outro lado da porta, com o coração acelerado – Tenho tantas coisas para te dizer!

--E por que acha que quero ouvir? – Anahí gritou de dentro – Vá embora, Dulce. Correr não é sua especialidade? Então se manda e vá em busca da sua próxima aventura e me deixa em paz. Não temos nada a discutir.

--Pois você não tem muitas opções, já que daqui não arredo o pé. Uma hora vai ter que sair desse quarto e falar comigo.

Acácio surgiu no corredor e cobriu-se de desagrado pela presença de Dulce na frente do quarto de sua filha.

--O que está fazendo aqui?

--Papis, vim conversar com a Anahi

--Não me chame de Papis! – esbravejou – Acolhi você nesta casa, tratei-a como uma filha e olhe o que recebo.

--Deixa eu explicar, por favor. – Dulce mais uma vez tentou se defender, mas não recebeu qualquer simpatia. Muito pelo contrário.

--Não vê que a menina não quer falar com você? Respeite a vontade dela.

Janice, ouvindo toda a altercação, subiu as escadas a tempo de ver o marido pronto a entrar em confronto físico com sua filha.

--Parem já com isto. Esta não é a maneira mais civilizada de resolver as coisas.

--Desculpe, Jani, mas a sua filha não passa de uma grande safada. E ainda se acha no direito de vir aqui perturbar Anahi. Se ela não deixar a garota em paz, vou colocá-la daqui para fora. E garanto que o Poncho vai me ajudar.

--Eu não vou embora coisíssima nenhuma! – Dulce bateu o pé – Só saio depois de conversar com ela.

--Então vai ficar aí até apodrecer! – Anahi gritou novamente. A briga dava para ser ouvida de longe e Poncho subiu as escadas também juntando-se à discussão, se bem que para acalmar os ânimos.

--É melhor ir embora, Dulce. Deixa a coisa esfriar.

--Não ficou todo mundo me julgando por eu ter fugido? Pois agora que voltei não vou deixar que ninguém me impeça de colocar para fora tudo o que sinto aqui dentro de mim. Não tem como esperar. Vou explodir se não esclarecer as coisas agora mesmo. Já esperei demais, gente, muito além do que devia.

Bateu na porta novamente, gritando por Anahi.

--Pare com essa bagunça imediatamente. – Acácio pegou em seu braço, fazendo-a se virar para ele.

A violência do gesto doeu em ambos. Uma família linda e harmoniosa estava em guerra.

Janice colocou-se entre os dois para evitar maiores confrontos

--Acácio, não vou tolerar que trate minha filha como uma bandida qualquer. Estamos todos com a cabeça quente e não quero que sejam ditas palavras impensadas que depois não poderão ser retiradas.

--É isso aí, Papis. – Poncho tentou arrefecer os ânimos também – Vamos resolver isto com calma.

Neste instante Anahi abriu a porta, temerosa pelo tumulto que se formara em frente a seu quarto. Seu pai, uma pessoa sempre tão cordial, agora parecia ensandecido. Resolveu que era melhor falar de uma vez com Dulce para evitar maiores desentendimentos.

--O que você quer, afinal? – Anahi continuou com o semblante fechado -- Fale logo e vá embora. Aliás, nem precisa falar que não me interessam suas desculpas esfarrapadas, sua conversa mole cuja única finalidade é fazer as mulheres caírem a seus pés.

Todos ficaram onde estavam, não dando a menor oportunidade de privacidade para Dulce. Se tinha alguma coisa a dizer, teria que ser com o testemunho de uma platéia claramente desfavorável a seu pleito.

--Tenho uma explicação e um pedido. Só essas duas coisas e mais nada. Será que pode me conceder a oportunidade de fazer isto? Não é tanto para conceder, não acha?

--É muito mais do que você merece.

--Está certa. Mesmo assim vou insistir até que me deixe entrar para conversarmos.

Galerinha ta quase acabando a web que peninha hahahaha, mas ja tenho outra para adaptar e postar para voces proximos capitulos sera o penultimo e o ultimo.