Fanfic: Historias de Amor e Fantasma | Tema: Portiñon
Uma chuva torrencial caia numa tarde cinza e depressiva, que era uma repetição indesejada do que vinha ocorrendo por toda a semana. As obras da construtora estavam todas praticamente paradas, ocasionando um aumento sensível na planilha de custos. Para Dulce, sobrava o aborrecimento sem fim de conseguir justificar-se perante os clientes, que não davam a mínima para explicações baseadas no tempo ruim.
E para completar, só poderia pegar seu carro na oficina no final do dia, deixando-a sem transporte próprio até lá. Mais um desagradável transtorno para alguém com diversos compromissos profissionais a cumprir.
Dentro de si os palavrões circulavam livremente em sua mente, alternando-se dos mais simples aos cabeludos.
Ficou um bom tempo embaixo de uma marquise, sem coragem de aventurar-se pelo descoberto para disputar um táxi com a multidão a seu redor. Todos em torno de si tinham o mesmo objetivo que ela e se acotovelavam para conseguirem ser mais rápido que o outro, molhando-se o menos possível.
Quando um táxi parou logo à sua frente para descarregar um passageiro, aproveitou-se da oportunidade que esperava para sair de seu abrigo relativamente seco e correr para entrar no veículo antes que alguém se adiantasse a ela.
Abriu a porta traseira e deu de cara com uma mulher de cabelos longos e cacheados, trajando um elegante tailleur, olhando-a espantada. Alguém tinha descido do veículo, mas ela ficara.
--Desculpe. – disse Dulce encabulada, enquanto a água escorria em profusão pelo seu rosto.
A mulher viu-a se ensopando na chuva e teve dó.
--Entre. – convidou-a com um sorriso simpático -- Podemos dividir o táxi se quiser.
Dulce retribuiu o sorriso em agradecimento e acomodou-se ao lado da atraente estranha, fechando a porta e deixando do lado de fora o vento gelado.
--Obrigada por não me jogar porta afora. – brincou, deixando exibindo um toque de seu charme habitual, que lhe vinha naturalmente. Seus olhos pareciam sempre sorrir.
--Não podia deixá-la se congelando lá fora, podia? – a mulher respondeu com o mesmo bom-humor.
--E por isto serei eternamente grata. – passou as mãos pelos cabelos molhados, tentando livrar-se um pouco da água que a encharcara de cima a baixo.
A mulher pôs-se a observá-la, acompanhando seus gestos com curiosidade.
--Para onde está indo? – indagou, pronta a repassar a informação ao taxista.
--Na verdade, vou onde você for, daí sigo em frente. Assim não vai ter que se desviar do caminho e talvez se atrasar para algum compromisso.
Recebeu um sorriso encantador.
--É sempre assim atenciosa com todos?
Dessa vez a voz da mulher soou mais envolvente, mais sensual.
Dulce se sentiu incentivada.
--Na verdade, reservo meus bons modos para mulheres bonitas.
A troca de olhares foi provocativa.
--E ainda por cima é galanteadora. Será que dei carona para uma Casanova?
--De modo algum. – Dulce deu uma risada -- Sou apenas uma apreciadora da beleza feminina. Pode acreditar que não ofereço qualquer perigo à sua integridade física.
--Que pena! – a mulher fingiu-se decepcionada.
E as duras riram juntas da brincadeira.
--Meu nome é Dulce. – esticou a mão em cumprimento -- E o seu?
--Angelique. – a mulher retribuiu o gesto de cortesia.
--Lindo nome para uma linda mulher.
--Mais um galanteio? Vou ficar mal acostumada.
--Uma mulher como você merece ser elogiada a cada minuto. Ainda mais possuindo um coração tão bondoso a ponto de querer ajudar uma estranha ensopada, que invadiu seu táxi, assim sem a menor cerimônia.
Angelique sorriu enquanto balançava a cabeça complacentemente. Pequenas covinhas formaram-se em suas bochechas. Era sofisticada sem ser pedante, pensou Dulce.
O táxi parou em frente a um shopping e Angelique buscou a carteira dentro da bolsa.
--Pode deixar. – Dulce impediu-a de prosseguir – Faço questão de pagar a corrida. É minha maneira de agradecer a carona.
--Tem certeza?
--Absoluta.
Angelique concordou e fez menção de sair do táxi, sendo impedida por um toque leve em seu braço, fazendo-a novamente encarar sua parceira de transporte.
Dulce deu-lhe um olhar entre sedutor e divertido. Era uma adorável cara-de-pau.
--Antes que vá embora e me deixe aqui sozinha e melancólica, posso pedir-lhe algo?
--E o que seria?
--Seu telefone.
Dulce não era do tipo de acanhar-se. Jogava seu laço sempre que via uma oportunidade.
--E se eu já for comprometida?
--Então peço humildes desculpas e continuo meu caminho, lamentando minha má sorte por ter chegado tarde demais.
Angelique balançou a cabeça de um lado a outro achando difícil não retribuir àquele modo descarado de persuadi-la a um segundo encontro.
--Você sabe como se fazer irresistível, não sabe?
Recebeu de volta um olhar de pura travessura.
--Sou apenas uma mulher otimista, cheia de esperanças de que você aceite jantar comigo.
Angelique encarou aqueles olhos absurdamente lindos e tirou um cartão de dentro da bolsa, entregando-lhe.
--Psicóloga. – Dulce leu em voz alta -- Deve ter uma fila de pacientes louquinhos para se deitarem em seu divã. Vou precisar marcar uma consulta para conseguir?
--Não force sua sorte, Casanova. Um jantar às vezes é apenas um jantar. Se tem outras expectativas é melhor repensar o convite.
--De jeito algum. Sua companhia é tudo o que desejo. O resto fica por conta das surpresas do destino. Razoável para você?
--Concordo. Aguardo então seu telefonema. – Angelique respondeu. E abrindo a porta do táxi, correu para a proteção do shopping, onde abrigou-se da chuva.
Dulce seguiu-a com o olhar e deu um sorriso convencido.
--A noite promete.
*****
Cristian olhou pela janela e ficou preocupado com a situação do tempo. A chuva forte que despencava do céu fazia par com um vento frio e cortante. Alice, sua esposa, era comissária de bordo e tinha vôo marcado para sair em uma hora.
Pegou o telefone e discou o número que tão bem conhecia desde que eram simples namorados.
--Oi amor. – a jovem atendeu com alegria – Sabia que ia ligar.
--Como estão as coisas por aí?
--Até agora tudo está normal. Os vôos estão saindo com um pouco de atraso, mas sem adiamentos em razão do tempo.
--E o que eles precisam que aconteça para agirem com prudência?
--Amor, se dependesse de você nenhum avião decolaria. Tem medo que eu caia até de uma banqueta.
--Sei que é ridículo ficar apavorado cada vez que você viaja. Ainda mais levando-se em conta sua profissão.
--Pois eu acho lindo. Faz com que eu me sinta muito mais amada.
--Se a escala de amor e de apavoramento estiverem correlacionadas, você é a mulher mais amada do universo.
Alice riu.
--Quero que relaxe e não pense besteiras.
Autor(a): angelr
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A porta do escritório abriu-se e Dulce entrou secando os cabelos com uma toalha, já sorrindo por saber de antemão que Cristian àquelas alturas certamente estaria pendurado no telefone com a esposa. --É com a Alice que está falando ou com a sua amante? – indagou alto o suficiente para a cunhada ouvir do outro lado da linh ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 98
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annecristine Postado em 11/03/2014 - 00:22:09
Amei o final.. Muito lindo... Entao vamos com mais uma fic.. Rs
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angelr Postado em 10/03/2014 - 23:22:37
delmyra - Espero que goste da proxima *__*
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angelr Postado em 10/03/2014 - 23:22:13
claricenevanna - Ufa convenceu hahaha
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delmyra Postado em 10/03/2014 - 22:20:08
pronta pra ler a proxima fic. As suas são de mais. Cada uma q me faz chorar. Foi otima.
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claricenevanna Postado em 10/03/2014 - 19:56:49
Pensei que a Dulce não ia convencer a Anahí! Hahaha. Que pena que acabou. :( E eu vou ler a outra.
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annecristine Postado em 10/03/2014 - 17:11:18
Aiiiin elas são lindas demais! Ansiosa para o final! Pena q já vai acabar! Dulce até q enfim né! kkkkkkk
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angelr Postado em 10/03/2014 - 00:23:45
lunaticas - breve hahaha
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angelr Postado em 10/03/2014 - 00:23:25
vverg - Sim muito linda essa web
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angelr Postado em 10/03/2014 - 00:22:56
claricenevanna - hahahaha
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lunaticas Postado em 08/03/2014 - 21:41:21
Ansiosa para o final *-*