Fanfic: Marido e Inimigo | Tema: Vondy

Martin sorriu para Dulce, com uma garrafa de vinho na mão.

— Pensei que tivesse saído e se esquecido do nosso almoço.

— Eu estava no banheiro — mentiu ela.

Ele inclinou-se para beijá-la, mas, sem pensar, Dulce deu um passo para trás. Martin tirou o pesado casaco e entregou-o a ela. Mostrou o vinho, triunfante.

— Que tal? — É da melhor safra dos últimos dez anos!

— Ótimo. — Ela pendurou o casaco. — Sinto muito, Martin, mas acho que o almoço vai atrasar um pouquinho.

Ele sorriu, divertido.

— Já sei. — Você dormiu demais, não foi? — Está meio despenteada. — Esteve apressando as coisas na cozinha para recuperar o tempo perdido?

Dulce passou a mão pelos cabelos furiosa consigo mesma.

— Mais ou menos isso. — Desviou o olhar. — Não quer abrir o vinho agora? — Não tenho mais nada para bebermos.

— Quanto tempo vai demorar?

Ela olhou o relógio.

— Mais uma hora, Martin. — Sinto muito.

— Então por que não preparamos um café?

Estava sempre tão calmo e bem-humorado! Dulce sorriu para ele, agradecida. Martin era um homem em quem podia confiar. Não seria capaz de largar a esposa sozinha e viajar para o outro lado do mundo.

— Vamos, então.

Os dois foram para a cozinha.

— Parece que vai chover de novo — disse ele, enquanto Dulce ligava a cafeteira. — Será que a primavera não vai chegar esse ano?

— Tem feito muito frio — concordou ela, meio distraída.

A verdade é que sua atenção estava voltada para o quarto. Não ouvia nada. Será que Christopher ficaria lá dentro o tempo todo? Seria difícil. Devia aproveitar a oportunidade para contar a Martin que eles não estavam sozinhos. Era melhor falar agora, do que ficar aflita o tempo todo, com medo de que Steve aparecesse de repente.

Sabia que devia dizer, mas detestava discussões, vozes alteradas. Não podia prever como Martin reagiria.

— Você vai conseguir uma bela quantia quando vender este apartamento — continuou ele, olhando ao redor.

Dulce acenou com a cabeça. Teve vontade de pedir para ele falar mais baixo, mas se o fizesse teria de lhe contar tudo.

— Quanto você pagou por ele?

Ela pôs as xícaras sobre a mesa, franzindo a testa.

— Umas vinte mil libras. — Mas de lá para cá o preço subiu, claro.

Martin estava muito bem vestido. Aliás, como sempre. As roupas eram elegantes, clássicas.

Sua aparência inspirava segurança. Uma vez ele explicara a ela que os clientes gostavam de ter certeza de que seu dinheiro estava em boas mãos. Eles apreciavam um profissional de fino trato, seguro, confiável. Martin era tudo isso. Exatamente o que Dulce esperava de um marido: que fosse o oposto de Christopher.

— Ainda não obteve a confirmação do divórcio, não é?

A mão de Dulce tremeu. Martin ficou surpreso.

— Está nervosa, querida?

— Desculpe. — Sorriu. — Vai demorar muito ainda para a minha separação ser homologada.

— Há uma longa lista de espera, conforme o advogado me informou. — Terei de aguardar mais um pouco.

Ela hesitou. Aquele era o melhor momento para dizer a Martin que Christopher estava ali.

Umedeceu os lábios, incerta, procurando as melhores palavras.

Oh, não, precisava de tempo para pensar! Nunca tinha conseguido conversar abertamente com Martin, sobre Christopher.

Inclinou-se para servir o café, observando o líquido preto e aromático.

— Querida, pode passar minha calça?