Fanfic: Marido e Inimigo | Tema: Vondy

Christopher apareceu na porta. Devia ter escutado suas últimas palavras, pois a fitou longamente.

Dulce sustentou o olhar com firmeza. Ele virou-se para Martin:

— Alguns colegas do jornal vêm para cá, daqui a pouco, e não há uma gota de uísque em casa. — Pode me fazer um favor? — Ficaria grato se você fosse até o bar da esquina e me comprasse uma garrafa. — Eu mesmo iria claro, mas eles devem estar chegando.

Martin olhou para Dulce, pedindo socorro. Ela encolheu os ombros.

Parecia que Christopher se esquecera do incidente e, querendo ser bem-educado, Martin pegou seu casaco e saiu feito um carneirinho.

Christopher ficou observando Dulce, que estava ocupada com os temperos do frango.

— Posso entender por que você o fisgou.

Ela não respondeu. Não estava a fim de falar sobre Martin com o ex-marido. Ainda mais depois daquele incidente horroroso. Christopher não tinha o direito de provocá-lo para uma briga, pois sabia que era bem mais forte. Tinha aprendido a cuidar de si mesmo nos lugares perigosos onde estivera e possuía os instintos rápidos de um animal selvagem.

— Por que é que você se apaixonou por ele? — Insistiu Christopher, observando-a atentamente.

— Por causa de suas maneiras bem-educadas ou pela aparência?

— Martin é o oposto de você. — Por isso é que me interessei por ele.

— Sabia disso.

Ao invés de se zangar, Christopher parecia ter gostado da idéia. Sorria maliciosamente para Dulce, enquanto ela tinha vontade de arranhá-lo no rosto.

— Pelo menos desta vez terei um marido, e não um amante voador — respondeu ela, com frieza, virando-se de costas.

Dulce não o viu aproximar-se. De repente, a voz dele soou bem próxima ao seu ouvido, assustando-a, fazendo-a pular.

— Na próxima semana não estarei voando para lugar nenhum.

Ele a beijou de leve no pescoço, várias vezes, deixando-a louca de desejo, sem respiração.

— Não faça isso — murmurou Dulce.

Mas ele já a tinha abraçado por trás. Suas mãos a enlaçavam bem embaixo do busto, acariciando-a com fervor.

— Há meses estou esperando por este momento — sussurrou Christopher, beijando-a na orelha.

Dulce o empurrou, presa entre ele e a pia.

— O que você pensa que eu sou? — Deve me desprezar muito se acha que pode voar para dentro e fora da minha vida como um pássaro errante. — Se me desejava de verdade, não deveria ter ficado longe por tanto tempo. — A única coisa que lhe interessa é o emprego.

As mãos dele subiram, e ela sentiu os dedos longos e fortes fechar-se em concha sobre seus seios, fazendo seu coração disparar. Aquela atitude de posse e calor era uma tentação insuportável.

— Dul — cochichou ele ardentemente, beijando seu pescoço novamente.

Dulce procurou lembrar-se das intermináveis noites solitárias, dos meses de abandono e vazio. Aquilo lhe deu forças para soltar-se.

— Deixe-me em paz! — Gritou, olhando-o de frente.