Fanfic: Paixão e Crueldade | Tema: Saga Crepúsculo
"Não existe nobreza sem generosidade, assim como não existe sede de vingança sem vulgaridade." (Joseph Roth)
Bella PDV
Assim que entrei no colégio Democracy, fui direto para o corredor principal, onde ficavam os armários e que levava à sala do diretor. Alguns alunos que não estavam envolvidos no tumulto que ocorria no estacionamento me seguiram. Eram como cães rastreando a desgraça.
Assim que cheguei ao corredor, fui notada pelo restante dos alunos. O local estava apinhado de curiosos ansiando pelo desfecho da história mais suja que aquele colégio já viu.
Já não tendo mais nada a perder, enfiei uma mão dentro da minha bolsa. Entre livros de Shakespeare e uma pequena garrafa de gin, achei meus cigarros.
Acendi um cigarro e dei uma boa tragada esperando que nicotina acalmasse meus nervos. Após a segunda tragada, dei os primeiros passos.
Todos ficaram em silêncio, por isso só conseguia ouvir a gritaria que vinha lá de fora e o som do salto dos meus sapatos no piso. Dezenas de olhos acompanhavam cada movimento meu, e não era porque eu estava com o uniforme totalmente bagunçado, mostrando minhas pernas e barriga, e sim porque tinham visto o meu vídeo. Um vídeo que estremeceu os alicerces do tradicional colégio.
Não me deixei intimidar pelas expressões de repulsa, ou pela admiração muda de alguns. O vídeo não era só um insulto à instituição, era uma vingança bem realizada e incrivelmente prazerosa. Por isso, era impossível não sorrir com a minha alma mergulhada na satisfação mórbida de uma conquista infame.
Conforme ia me aproximando da sala do diretor os murmúrios começaram a surgir em minhas costas. Palavras desconexas, mas com a finalidade de denegrir minha imagem. Tentativas inúteis de tolos incompetentes... Eu mesma já tinha feito isso.
No final do corredor, dei uma última tragada no cigarro e o joguei no chão.
– VAGABUNDA! – O xingamento ecoou.
Não me importei com a ofensa anônima, pois era apenas o pensamento coletivo de pessoas que desconheciam totalmente a minha história.
Com um sorriso irônico nos lábios, virei-me e os encarei. Suas expectativas de me verem abalada foram frustradas pelo beijo presunçoso que lhes lancei. Ri do alvoroço que eu mesma causei enquanto girava a maçaneta da sala do diretor. Meu coração oscilou por um segundo, mas fui em frente.
Assim que entrei no local, avistei Edward sentado em uma das poltronas, cabisbaixo. Havia sangue em seu uniforme e seu rosto era um festival de hematomas. O filhinho do governador, o presidente do grêmio estudantil cuja reputação era polida com notas altas e atividades extracurriculares agora se via como um delinquente qualquer. O homem que era considerado um exemplo de caráter não o tinha nem mesmo para erguer a cabeça.
A seu lado estava Tânia, sua namoradinha. A miserável se debulhava em lágrimas, em um lamento ridículo e fingido. Ela era considerada símbolo de perfeição feminina, mas não passava de uma vadia ostentada pelo dinheiro e reputação do Cullen.
Por último, Emmett, o melhor amigo do casal, ficou sentado longe de todos, escondendo o rosto atrás de um saco de gelo.
– Moça, sente-se! – O diretor Weber falou com uma autoridade que já nem tinha. O homem suava, visivelmente atormentado pelo medo de não conseguir controlar a situação.
– Como queira. – Sentei ao lado de Edward e cruzei as pernas já sabendo o que estava por vir.
O diretor me encarou cheio de ódio e suas mãos tremeram quando virou o monitor do computador em minha direção.
– Quem colocou isso aqui? – Pelo tom de voz, ele planejava me expulsar até do Mundo.
Inclinei-me um pouco e dei uma boa olhada na página principal do site do Democracy. Eles ainda não tinham conseguido tirar o site do ar, então os alunos continuavam a ter acesso ao vídeo.
– Meu chapa, não faço a menor ideia. – Respondi com indiferença.
Pela minha visão periférica, vi Edward passar desesperadamente as mãos pelos cabelos, quase os arrancando. Era uma ceninha hilária que me despertou um sorriso.
Nossa história até seria cômica, se não fosse trágica...
PAIXÃO & CRUELDADE
3 SEMANAS ANTES...
Isabella PDV
Eu estava tendo um daqueles sonhos que você tem consciência de que é apenas um sonho, mas não consegue acordar.
Me via de pé, na porta do refeitório do colégio Democracy, e avistei uma garotinha com cerca de 11 anos, sentada no chão em um canto de parede. Vários garotos da idade dela a circundavam, rindo e debochando. Não entendia muito bem o que falavam, por isso me aproximei devagar.
Era impossível tirar os olhos da garota, ela estava tão assustada escondendo o rosto com as mãos. Eu precisava protegê-la, necessitava afastá-la daqueles moleques insensíveis. Passei por entre os adolescentes e me coloquei entre eles e a garota.
– Parem! – Pedi e as risadas continuaram. – Parem! – Falei mais alto.
– Isabella duas caras! Isabella duas caras! – Um garoto de cabelos acobreados e olhos verdes incitou os outros adolescentes. – Isabella duas caras! – Todos o acompanharam em coro.
– PAREM! – Gritei magoada.
– Isabella duas caras! – O garoto sorriu torto.
De repente, o silêncio pairou no lugar. Inquieta, me aproximei da garotinha que tremia e soluçava.
– Tudo bem. – Fiquei de joelhos e afaguei-lhe os cabelos.
Ela lentamente ergueu a cabeça e por trás de algumas mexas de cabelo notei que metade de seu rosto era deformado. Não consegui reagir, mas senti que algumas lágrimas escorriam por minha face. A menina ergueu a mão trêmula e tocou minha bochecha. Assustada, coloquei as mãos no rosto e senti minha pele áspera e igualmente deformada.
– NÃÃÃÃOOOOOOOOOOO! – Gritei tomada pelo desespero.
O grito ecoou pelo quarto escuro. Aflita, sobressaltei quase caindo da cama ao levantar. Corri até o banheiro em busca do espelho. Diante da pia, paralisei ainda em choque. Mesmo a minha face estando perfeita como fora nos últimos oito meses, meu coração batia em um ritmo acelerado. Toquei o espelho verificando se era real e, ao sentir o vidro gelado, pude respirar aliviada.
Eu fui prisioneira de minha aparência por quase toda a minha vida. Quando eu tinha 6 anos minha antiga casa pegou fogo e fiquei presa dentro dela. Os bombeiros me salvaram enquanto eu ainda queimava. Ninguém achou que eu sobreviveria às queimaduras de terceiro grau, mas eu sobrevivi. Infelizmente, tive que carregar comigo as marcas da dor. Quase todo o lado esquerdo do meu corpo ficou deformado pelas cicatrizes; o mesmo aconteceu com a minha bochecha, queixo e pescoço. Por muito tempo desejei ter morrido no incêndio, pois conviver com aquelas cicatrizes foi um inferno.
Meus pais sofreram junto comigo, mas não conseguiam aceitar que eu não podia ter uma vida normal, então tentaram me criar como uma criança igual a qualquer outra, ou seja, me enviaram para o pior lugar possível: a escola.
Durante muitos anos frequentei o Democracy, um dos colégios particulares mais prestigiados de Los Angeles. Obviamente, virei o centro das atenções assim que coloquei os pés lá, afinal, para eles, eu era uma aberração. Por cinco longos anos fui motivo de cruéis brincadeiras. A maioria delas lideradas por um garoto chamado Edward Cullen. Ao completarmos 13 anos, Edward parou de implicar comigo e eu deixei de ser “a atração de circo” para me tornar alguém quase invisível. Ninguém falava ou olhava para mim, as pessoas tinham medo, porque não entendiam o que se passava comigo. Alguns até achavam que as marcas no meu corpo eram contagiosas.
Quando eu tinha 15 anos, Edward voltou a me procurar, só que as lembranças dessa noite eram tão intensamente dolorosas que minha mente automaticamente as bloqueava.
Após tantos anos de abusos, e negligências por parte dos professores, me senti sendo dividida ao meio. Meu superego diminuía, enquanto uma parte de mim, egoísta e sem princípios, que se auto-intitulava Bella começava a se sobressair. Era essa mesma parte que me mantinha viva, pois quando ela assumia o controle eu virava uma mera expectadora e não tinha que lidar com a realidade.
Por sorte, quando eu estava prestes a completar 18 anos, meus pais me levaram para a Rússia onde fiquei meses em um clínica sendo voluntária em um tratamento revolucionário com células-tronco, injeções de silicone e exposições a raios laser. O tratamento era polêmico, não aceito na comunidade médica e nem sempre tinha os resultados desejados. A princípio, achei que não daria certo, pois era muito doloroso, só que aos poucos os resultados de anos de pesquisas surgiram em minha pele. Contrariando as expectativas dos médicos, minhas cicatrizes sumiram completamente e fiquei simplesmente perfeita.
Agora que eu não era mais um monstro, almejava ter tudo aquilo de que um dia fui privada. Não queria mais ser a “Isabella duas caras”, estava determinada a ser a mulher linda, ousada e divertida que sempre fui por dentro, mas o mundo nunca viu.
O dia estava amanhecendo e meu retorno ao Democracy seria em grande estilo. O meu único motivo para voltar àquele lugar que me causou tanto sofrimento era Edward, pois Bella estava pronta para fazê-lo pagar por todos os seus crimes.
(...)
Edward PDV
Dentro da sala do grêmio, explicava para o pessoal como resolveríamos os problemas de orçamento da festa do centenário do colégio. Aquela festa era de extrema importância para mim, pois entraria para a história do Democracy. Há semanas planejava e supervisionava todos os detalhes, abdicando do meu tempo livre e voltando toda a minha concentração para o projeto.
– Gente, é o último ano da maioria de nós aqui. Sei que os estou pressionando mais do que de costume, mas lembrem-se de que valerá a pena. – Suspirei jogando a prancheta em cima da mesa. – É a nossa chance de lapidarmos de uma vez por todas nossos nomes na história do Democracy. – Fui firme em minha declaração.
– Ele tem toda razão. – Eric, o vice-presidente, se colocou de pé.
Sua manifestação incitou os demais, que começaram a enxergar o futuro da mesma forma que eu. A festa que organizávamos seria tão bem sucedida que pelo menos nos próximos 20 anos se lembrariam de nós, e da forma quase perfeita com que geríamos as coisas em nosso colégio.
No final da reunião, Emmett, o capitão do time de basquete, adentrou a sala.
– Por que toda essa agitação? – Indaguei arrumando minhas coisas.
– Estou apaixonado. – Colocou a mão no peito.
– Sei... – Vesti meu blazer. – Não falou o mesmo semana passada? Você sabe, antes de transar com a Hader Paxton.
– Dessa vez é diferente. – Riu. – Chegou uma novata no colégio que já mexeu com a minha cabeça.
– Novata? – Estranhei. – Não estou sabendo disso. – Normalmente me avisavam com antecedência e eu designava alguém para recepcionar os calouros.
– Ela está no refeitório. – Sorriu animado.
(...)
Precisava ver com meus próprios olhos. Meu amigo me acompanhou até o refeitório lotado, onde indicou a garota. O problema é que nem precisava, já que sua aparência a fazia se destacar. Ela estava sentada na ponta de uma mesa, conversando com um carinha do clube de informática.
– Como ela pode vir vestida assim? – Chateei-me.
A garota de cabelos negros desonrava o uniforme do Democracy usando a blusa com a barra amarrada, mostrando desnecessariamente a barriga. Sua saia estava com o cós dobrado para diminuir o comprimento, e colocou um cinto largo por cima. As alunas costumavam usar meias até a panturrilha, mas a novata estava com umas na altura da coxa e ainda por cima exagerou no salto do sapato. E como se isso tudo já não fosse o suficiente, ainda teve a ousadia de usar blazer por cima de seu uniforme não convencional, praticamente insultando a imagem do nosso colégio.
– Gostosa, né? – Emmett era sempre comandado pela cabeça de baixo.
– O diretor já viu a fulana?
Eu prezava muito pela reputação do Democracy, por isso irritava-me ver uma novata achando que podia deitar e rolar no meu território.
– Me falaram que ela já andou discutindo com o Sr. Weber por causa do uniforme. Parece que conseguiu provar que no estatuto do colégio não existem regras para o tamanho do uniforme ou como ele deve ser usado, cita apenas que deve estar completo. De qualquer forma, isso a colocou no mapa. Todos estão falando dela.
– Espero que isso não vire moda. – Bastou eu me calar para uma aluna passar por nós com a barra da blusa amarrada, mostrando também o umbigo.
– Olha aí as coisas melhorando. – Meu amigo se animou.
– Quer saber? Vou falar com ela! – Tive esperanças de resolver a situação amistosamente.
– Tou na cola! – Emmett me seguiu.
Atravessamos o refeitório e paramos diante da novata.
– Olá. – Assenti, colocando as mãos para trás.
Bella PDV
Foi ridiculamente fácil chamar a atenção de Edward. O otário fingia ser tão careta quanto o Papa.
– Oi. – Sorri.
– Sou Emmett McCarty. – O tarado do Democracy foi logo me estendendo a mão.
– Bella. – Apertei sua palma, comandando o jogo.
– Esse é Edward. – O idiota deu um tapa forte nas gostas do Cullen.
– Prazer. – Respondi sensualmente.
– Em nome dos alunos, vim te dar boas vindas. – Notei que minha presença já o incomodava.
– Obrigada. – Ri trocando um olhar com Jasper, o qual praticamente escondeu o rosto dentro de um livro. – Vocês aqui até que são educadinhos. – Meu comentário não agradou o Cullen.
– De que escola você veio? – Indagou Emmett.
– Pública. – Precisava contar mentiras que não fossem descobertas facilmente.
– Ah... – Edward balançou a cabeça como se dissesse: isso explica tudo.
– Você vai adorar o Democracy! Temos muitas atividades... – O McCarty me lançou um olhar malicioso. – Algumas são interessantíssimas.
– Eu não duvido. – Deixei ele achar que era O cara. Já Edward não parava de olhar para o meu uniforme, nitidamente o reprovando.
– Algo de errado, Edward? – Minha pergunta saiu cheia de desdém.
– Como veterano, vou te dar um bom conselho.
– Sou toda ouvidos.
– Fuja de problemas.
– Eu fujo, mas não tenho culpa se eles não fogem de mim. – Desci da mesa e meus olhos fixaram-se nos dele.
– Hoje tem jogo! – Emmett falou alto em uma tentativa patética de chamar minha atenção. – Nós temos o melhor time de basquete do Estado. Você precisa ir ao jogo.
– Não sei... – Fingi pensar. – Você joga, Sr. veterano?
– Sim. – Edward assentiu, verificando as horas em seu relógio de pulso. – Daqui a pouco tem treino. Vamos, Emmett.
– Ok. – O comedor de retardadas me encarou. – Se não for ao jogo, vá à festa da vitória na minha casa.
– Talvez eu vá. – Sorri.
– Quer o endereço?
– Não. Eu me viro.
– Será minha convidada de honra. – Beijou minha mão, cheio de segundas intenções.
– Bom jogo.
– Até mais, Bella. – Edward saiu primeiro e Emmett o seguiu.
Notei que várias pessoas me observavam. Muitos se mordiam de curiosidade querendo saber o que os rapazes conversaram comigo.
– Eu não acredito nisso! – Jasper fechou o livro com força. – Como eles não te reconheceram?
Isabella PDV
– A maioria das pessoas aqui nunca viu o meu rosto.
Por muito tempo usei os cabelos para cobrir minhas imperfeições. Assim como Jasper, vivia tentando fugir dos olhares. Andava por aí curvada, sempre com medo de ser tocada por algum curioso.
– Isso tudo parece tão surreal. – Limpou seus óculos de grau.
Jasper Whitlock era o meu único amigo. Ele era um gênio, não havia nada que não conseguisse fazer com um computador. Infelizmente, era tratado como lixo, pois seu pai perdeu a fortuna da família em mesas de jogo e em péssimos investimentos na bolsa de valores. Sem ter como pagar as dívidas, o Sr. Whitlock fugiu, abandonando a mulher e o filho. Na época, isso foi um grande escândalo e o coitado do Jasper ficou marcado por isso. Ele odiava o Democracy tanto quanto eu, mas necessitava da bolsa de estudos.
– Então? – Sorri. – Vamos à festa?
– Não! Ficou louca? Eu gosto da minha pele. – Acariciou seu braço.
Por Jasper ser tímido, inteligente e pobre, os metidos a machões do time sempre faziam brincadeiras cruéis com ele. O usavam como objeto de divertimento e até o forçavam a fazer trabalhos escolares para eles. Meu amigo conhecia a dor do preconceito tanto quanto eu.
– Vamos, não vai acontecer nada. – Coloquei uma mão em seu ombro em solidariedade. Eu me preocupava muito com Jasper.
– Desculpa, Isabella, mas não tem jeito. Sabe o quanto foi difícil tirar aquela cola toda do meu cabelo?
Semana passada tinham derramado um tubo de cola branca em cima de Jasper.
Bella PDV
– Pensarei em como dar um jeito nesses caras, J.P – Olhei para o vazio me corroendo por dentro.
– Não faça nada, Isa. Você pode se complicar.
– Estou aqui só para me complicar, esqueceu? – Sorri torto. – A propósito, não se esqueça de me chamar só de Bella.
– Claro, desculpa. É que é difícil me acostumar. Ainda nem me acostumei com sua nova aparência.– Olhou bem para o meu rosto. – Você está muito linda, garota.
Gargalhei.
– São seus olhos... E os olhos de todos os outros.
– Tenho aula. – Riu levantando-se.
– Ei, te pego às 21:00h.
– Não vou a essa festa, Isa...Bella. Esqueça!
– Isso é o que vamos ver, J.P. – Pisquei o olho.
(...)
Sentada no último degrau da arquibancada do ginásio, acendi um cigarro. Lá de cima fiquei assistindo o time de basquete treinar ao invés de ir para a minha aula de Francês.
Por trás dos óculos escuros, meus olhos acompanhavam incessantemente cada movimento de Edward. As gotículas de suor que se formavam em sua testa escorriam até o queixo. Enquanto a bola quicava na quadra, os músculos de suas pernas e braços trabalhavam, gerando movimentos rápidos e coordenados. A cada cesta perdida, seu estresse era denunciado por um suspiro de lamento e perturbação.
O ginásio vazio amplificava em eco os latidos dos cães, cujas vidas eram tão vazias quanto o próprio ginásio. O que fazia daquelas criaturas merecedoras de serem chamadas de homens? Órgãos sexuais tão imundos quanto suas mentes? Coragens não testadas?
Ah, quem me dera ter o poder de ceifar um por um...
Esse pensamento me deixaria triste se eu não estivesse em júbilo por ter todo o meu veneno reservado para Edward Cullen.
Edward PDV
– Marca, Ed! Porra! – Emmett reclamou logo depois que Mike fez uma cesta.
Passei uma mão no rosto e procurei me concentrar. Mantive meus olhos na bola, que por algum motivo não estava colaborando comigo. Antes que eu pudesse “entrar no jogo”, o treinador apitou.
– Cullen, vem aqui! – Gritou de fora da quadra.
Fui até ele, sentei no banco e bebi um pouco de água.
– Qual o problema, rapaz?
– Não é nada. Estarei melhor à noite.
– Eu já falei que essa história de organizar o centenário está estragando o seu desempenho. Não dá pra você fazer as duas coisas.
– Farei as duas coisas e até três se for necessário. – Levantei-me para voltar ao jogo.
– Mantenha a concentração. – Exigiu severamente.
– Deixa comigo!
Voltei correndo para a quadra.
– Minha gatinha veio me ver. – Emmett me abordou, sorridente.
Não pude deixar de me perguntar o que a novata realmente estava fazendo ali. Ela não me pareceu tão interessada assim em Emmett. De qualquer forma, sua presença me incomodava. Manter-se vestida como uma vadia era desrespeito demais para com o sistema educacional.
– Não acredito que a convidou para a festa. – Reclamei.
– Qualé? Eu preciso de uma nova “peguete”.
– Vamos treinar! – Encerrei o assunto.
Bella PDV
Edward estava puto, e eu já sabia que no meu segundo dia de aula viria com a saia ainda mais curta.
Fiquei abrindo e fechando o meu isqueiro de olho em Tânia, que acabara de entrar no ginásio acompanhada por suas amigas. Alguém deve tê-la avisado de que a “novata” estava “secando” os atletas.
O que posso dizer sobre Tânia? É uma sonsa fútil!
Ela e o Cullen formam um casal perfeitinho e incrivelmente chato. Eles namoram há uns dois anos e nunca transaram, pois a princesinha é a favor do sexo só depois do casamento. Em outras palavras... São dois reprimidos que deixam de viver suas vidas só para satisfazerem as expectativas alheias.
Tânia, se sentindo ameaçada, ficou para ver o resto do treino e eu me mandei.
(...)
Não fui ao jogo, mas por volta das 21:00h fique esperando J.P em frente à sua casa. Dentro do meu recém comprado Mustang Shelby, o qual batizei de “Sally”, coloquei uma música bacana pra tocar e acendi um cigarro.
Tinha certeza de que J.P estava trancado no quarto, tirando e colocando seu surrado sobretudo, indeciso sobre o que fazer. Parecia que conseguia vê-lo dizer a si mesmo que era suicídio, porém sua ânsia de conhecer algo além da rotina de estudos falava mais alto.
Isabella PDV
Não o culpava. Eu também estava indecisa, não sabia se era o momento certo de me aproximar da corja do Democracy. Joguei o cigarro fora e respirei fundo.
Meu estômago congelou ao olhar para o meu reflexo no espelho retrovisor. Meu rosto, que já fora semelhante ao de um monstro, estava lindo. Infelizmente, a maquiagem escura nos olhos não podia esconder a dor incrustada em minhas íris. Meus lábios rubros serviriam de convite para os homens essa noite, e eu temia fraquejar e acabar fugindo de lá. Eu não podia dar pra trás, não agora!
– Vamos! – Jasper entrou no carro batendo a porta.
– Demorou muito para se decidir? – Prendi o riso.
– Troquei de roupa 6 vezes. – Revirou os olhos.
– E ainda assim veio com seu velho sobretudo? – Ri. – Ele, combinado com seus óculos, faz você parecer um cientista maluco.
– Mas eu sou um cientista maluco. – Franziu o cenho, em seguida me analisou. – Você está um arraso.
Sem querer ruborizei.
Bella PDV
Eu estava com um vestido branco e simples, o qual não era muito curto. As alças que, às vezes, deslizavam por meus ombros não me incomodavam, pois o cinto bem colocado em minha cintura garantia que a peça ficasse em seu devido lugar. O vestido de apareceria virginal entrava em conflito com minhas botas vermelhas de salto agulha e, claro, com os braceletes de couro e metal. O bracelete do meu punho esquerdo possuía o brasão do Democracy. Uma piada que Edward, com certeza, ia adorar.
– Nervoso? – Indaguei.
– Borrando as calças. E você?
– Não vejo a hora de me depravar. – Gargalhei. – Relaxa aí, eu cuido de você J.P.
Aumentei o volume do som, dei a partida em “Sally” e pisei no acelerador.
(...)
– Vamos embora enquanto é tempo. – J.P quis fugir e não permiti.
– Seja homem! – O puxei pela manga do sobretudo. O mantive perto de mim, como se protegesse um cachorrinho assustado.
Caminhamos em direção à entrada da casa de Emmett, que ficava em um bairro de classe média alta. Vários carros estavam estacionados na rua e o som vindo da casa era alto o suficiente para incomodar a vizinhança. Certamente a festinha não duraria muito, então eu tinha que tratar de aproveitar.
Assim que entramos na casa, reconheci 100% dos rostos que vi. O Democracy em peso estava presente.
– E agora? – J.P se escondia atrás de mim.
– Fica numa boa. Vou procurar o Edward.
– Espera! – Segurou o meu braço. – Se ouvir gritos agonizantes e desesperados, não se preocupe... – Ironizou ajustando os óculos. – Serei eu.
– Bebe alguma coisa. – Dei-lhe um tapinha nas costas.
Me espremendo entre os alunos que dançavam e se “pegavam” na sala, consegui chegar à cozinha. Lá me encostei na soleira e fiquei observando os Falcons comemorarem a vitória com um barril de cerveja.
Tirei o isqueiro do meu sutiã e, quase como um tique nervoso, fiquei abrindo e fechando, à espera de um cigarro. Então, sem conseguir me conter, comecei a rir debochadamente da forma como os Falcons e suas garotas puxavam o grito de guerra do time. Eles se consideravam heróis, sentados em torno de uma mesa grande rodeados de bebidas e puxa-sacos. Edward parecia contente, tinha ali tudo que queria, incluindo Tânia em seu colo.
– Ei! – Emmett gritou ao me avistar.
Com a mesma ânsia que um animal no cio, afastou-se de seu bando e veio até mim.
– Vai, Falcons! – Debochei.
– Que bom que veio. – Me deu um beijo na bochecha.
– Não perderia essa festa por nada.
– O que posso oferecer à minha convidada?
– O prazer de um cigarro, uma dose de gin e... – Sorri torto. – Sua companhia. – Era divertido manipular Emmett.
– Posso te oferecer isso tudo em grande quantidade. – Ele já devia estar contando comigo em sua cama. Retardado!
– Espero que sim, pois não me satisfaço facilmente.
Pela expressão que o cara fez, estava agradecendo aos céus.
– Já volto com sua bebida.
– Corre, Falcon, corre! – Incentivei tirando onda.
Logo que Emmett saiu, olhei para Edward e o flagrei nos observando. Imediatamente acenei, na maior cara de pau. Ele desviou o olhar, em uma tentativa inútil de me ignorar.
(...)
BELLA! BELLA! BELLA! BELLA!
Em pé, em cima do balcão da cozinha de Emmett, ouvi dezenas de alunos gritarem meu nome em coro. Terminei de beber toda a cerveja da lata enquanto Mike mal conseguia tomar a dele.
– Porra, essa garota bebe feito homem! – Ele berrou meio bêbado, em seguida, tentou beijar meu rosto, mas Emmett o puxou não querendo me dividir.
Até aquele momento ninguém tinha conseguido beber cerveja mais rápido do que eu. Era um joguinho idiota, mas foi bacana derrotar quase todo o time de basquete.
– Alguém aí se habilita? Quem vai tentar derrotar a novata? – Emmett estava coordenando as apostas.
Sorri na direção do Cullen, o qual estava afastado do tumulto junto com sua namorada.
– Quem sabe o Sr. veterano ali não me vence?
– Vem, Ed! – Emmett o chamou em voz alta. – Anda, cara!
De longe, ele fez sinal que não.
– Não seja covarde. Serei boazinha com você... – Minha provocação fez seus colegas rirem. –Prometo!
Obviamente, chamá-lo de covarde deu resultado, pois o Cullen vivia de aparências e não podia por em risco seu título de “fodão”.
– Vamos lá, vou ganhar essa! – Passou pelo pessoal, sendo incentivado por seus puxa-sacos. Poucos perceberam que estava se fingindo de empolgado.
Ele subiu no balcão e nos entregaram duas latas de cerveja.
– Bora, pessoal! Bora apostar aqui no meu mano! – Emmett queria lucrar às nossas custas e eu não dava a mínima pra isso.
– Preparada? – Edward sorriu tentando me provocar.
– Não imagina o quanto. – O encarei com intensidade.
Emmett encerrou a contagem regressiva e nós abrimos as latas ao mesmo tempo. Comecei bebendo muito, mas me contive para deixar o filhinho do governador vencer. Ele deu o máximo de si e o desafio acabou rápido.
– Ééééé! – Ergueu os braços se sentindo um vencedor e o lixo do Democracy o venerou como sempre. – Desculpa, novata, mas você se deu mal dessa vez. – Riu com satisfação.
– Você é um vencedor nato. – Elevei seu ego, pois os que se sentem imbatíveis são facilmente derrotados.
Depois de um tempinho, retornei para a sala em busca de J.P. E foi aí que um babaca entrou no lugar com uma mangueira ligada espirrando água em todo mundo. Muitos ficaram molhados, inclusive eu.
Christina Aguilera - Not Myself Tonight
Chateada, olhei pro meu vestido e notei que ele ficou um pouco transparente em algumas partes. Óbvio que não ia choramingar por aquilo como algumas garotas estavam fazendo. Ao invés disso, resolvi usar o contratempo a meu favor. Empurrei quem estava na minha frente e me enfiei no meio da sala, dançando loucamente ao som da batida deliciosa.
A música parecia estar entrando através dos meus poros, me proporcionando uma sensação incrível de prazer e liberdade. Era a primeira vez que eu dançava em público, por isso não existia ser humano vivo que fosse capaz de me deter. Por muito tempo fui reprimida, apenas um ser anônimo escondido nas sombras do medo e preconceito.
Rebolando como nunca fiz antes, me despi de toda timidez de uma vez por todas. Eu queria me expor e liberar toda a sensualidade através da linguagem corporal. Meu coração acompanhou o devaneio da minha mente, mergulhando também na sensação extasiante que era ver a maior parte dos homens presentes me desejando. Era como se eu tivesse acabado de chegar ao mundo. Tudo era tão novo, tão empolgante que eu tinha vontade de gritar.
Certamente estava parecendo uma pirada jogando o cabelo de um lado para o outro, mas eu não dava a mínima. No passado, a vida me roubou a alegria de viver e, agora, quem podia me julgar por tomá-la de volta com a voracidade de uma leoa?
Edward PDV
Agora era oficial. A novata não tinha um pingo de juízo. Ela dançava descontrolada, chamando toda a atenção para si. Será que estava drogada? Nunca vi uma garota com tanta energia, era como se estivesse explodindo de felicidade por dentro.
Será que tinha percebido que dava para ver sua lingerie através do vestido molhado? Que tipo de maluca se presta a isso? O que ganha virando objeto de desejo dos marmanjos? Tudo bem que não sou santo e estou olhando como todos os outros, mas a sujeitinha era tão chave de cadeia que eu até conseguia pressentir que aconteceria uma grande merda no Democracy. Não ficaria surpreso se Bella fosse flagrada transando com algum professor. Involuntariamente ri, constatando que o cara tinha que ser muito burro para cair nas garras daquela “matadora”.
Ela continuou mexendo o quadril enquanto passava as mãos pelas coxas. Chegava a ser ridícula a forma como eu a criticava e mesmo assim ainda ficava excitado. Pudera... Ela era linda. Tinha uma beleza rebelde e perigosa.
– Quer dançar, amor? – Tânia perguntou depois de dispensar suas amigas.
– Não. – Dei-lhe um beijo. Era melhor eu me ocupar com minha namorada antes que ela percebesse que eu estava olhando demais para a novata.
Bella PDV
O que não me faltou foi parceiro pra dançar. Dancei com todos que pude, me enturmando facilmente com a malandragem. Então, avistei J.P sentado num sofá no cantinho da sala. Ao seu lado tinha um casal quase se devorando, fazendo com que a festa fosse ainda mais terrível para ele. Não perdi mais tempo e me aproximei do cara.
– Viu só? Ainda está vivo. – Sentei em seu colo.
– É, parece que os retardados do time estão distraídos demais com você para me perceber aqui. –Riu. – Está bêbada? Nunca imaginei que aguentaria tantas cervejas.
– Não se preocupe. Nunca estive tão sóbria.
– Quando vamos embora? – Estava meio entediado.
– Em breve, mas antes vamos nos divertir mais um pouco às custas dessa escoria.
– Como assim?
– Finja que estou te dizendo algo bem sacana. – Sussurrei em seu ouvido.
– Já saquei.
Rimos juntos.
– Vai ser ótimo ver esses otários se perguntando por que estou aqui com você. – Mantive meus lábios bem perto de seu ouvido.
– Parece que consigo ler os pensamentos deles: porque a novata gostosa está com o nerd? –Imitou baixinho a voz de Emmett, arrancando de mim uma boa gargalhada.
– Vamos provocar mais dúvidas.
Abracei J.P e ele fez o mesmo, fechando seu sobretudo sobre mim. Com os rostos escondidos atrás da cortina improvisada, rimos deixando o povo achar que estávamos nos beijando.
– Como está indo com Edward?
– Bem, só que tenho pressa. Quero fazer as coisas acontecerem logo para desaparecer do Democracy.
Saímos de nosso pequeno esconderijo e logo notamos que os alunos estavam super confusos. Estava estampado no rosto dos bonitões que achavam um absurdo eu me envolver justo com o “socialmente excluído”.
– Cuidado com a Tânia.
– Ela é a menor das minhas preocupações. Mesmo assim preciso que me faça um favor.
– Como assim?
(...)
J.P foi cuidar do que lhe pedi e eu fui ao banheiro, onde tive que pegar uma fila. Bem na minha frente estavam Jéssica e Lauren, as duas maiores fofoqueiras do Democracy.
– Oi, Bella. Sou Jéssica. – A bocó se apresentou com um sorriso falso.
– E eu sou Lauren.
– Olá! – Minha falsidade ultrapassou as delas. – Tudo bom, meninas?
– Sim. – Respondeu Lauren. – Gostando da festa?
– Adorando!
– Estamos vendo. Está fazendo amizades rápido, hein? – Jéssica destilou seu veneno.
Gargalhei alto.
– Eu gosto de dar a minha “amizade” facilmente. – Minha resposta atiçou a curiosidade delas.
– Então está namorando aquele loirinho? O... Jason?
– O nome dele não é Jason ... – Rindo, Jéssica corrigiu a amiga. – É Jayro.
Cerrei o punho e quase quebrei a cara das piranhas, mas me contive e retribuí o favor que pedi a J.P.
– Não estou namorando com ele. – Sorri debochadamente. – Só estamos transando. – A resposta direta as deixou perplexas. – Nossas personalidades nem combinam, mas não consigo fugir da cama dele. É que o cara tem “um” enooorme! – Ri alto. – Meninas, me deixem passar que estou apertada. –Furei a fila e me tranquei no banheiro.
Isabella PDV
Tapei a boca com as duas mãos e tive uma crise de riso. Minha nossa! O que eu fiz? De onde tirei isso?
Será que devia contar para Jasper que seu nome, ou seus errôneos nomes, estariam na boca de todos os alunos dentro de algumas horas? Aí, caramba!
Demorei mais tempo do que esperava no banheiro, pois ainda estava meio chocada com todos os acontecimentos. Era bom, louco e surreal. Eu estava feliz, mas ao mesmo tempo nervosa com o que estava por vir.
Me olhei no espelho e quase não acreditei que consegui continuar na festa mesmo com o vestido molhado e transparente. Será que eu tinha perdido a cabeça? Porque sinceramente, não estava nem aí. Era bom demais me sentir uma jovem forte, saudável e feliz.
Edward PDV
– Vai me levar para o seu quarto hoje? Poxa, nunca me leva lá. – Tânia fez biquinho.
– Não podemos ir para a seu?
– De jeito algum! Você sabe como é meu pai.
– Não se preocupe, minha linda. Nós usamos o meu carro como sempre.
– Odeio isso! Morro de medo de sermos flagrados.
Tânia idolatrava sua virgindade, mas na prática ela não era tão imaculada assim. Nós fazíamos de tudo, exceto consumar o ato. Eu não podia reclamar, era bom para nossa imagem parecermos um casal responsável. Nossas famílias e a diretoria do colégio nos usavam como exemplo de jovens de caráter que prezam os bons costumes.
– Não se preocupe, amor. Você sabe que sou cuidadoso. – Me preparei para beijá-la, mas um cara esbarrou em nós derramando um copo de vinho na roupa da minha namorada.
– Droga! – Gritou revoltada. – Você é cego?
– Desculpe. – O cara que o pessoal do time gostava de aporrinhar, tentou ajudá-la a limpar a mancha. – Realmente me distraí. Sinto muito. – Ele saiu e desconfiei de suas atitudes.
– Vou tentar limpar essa meleca. – Tânia marchou para o banheiro.
Isabella PDV
Fiquei mais tempo trancada dentro do banheiro do que imaginei. Tentava alinhar as minhas idéias, planejando a primeira abordagem a Edward. Eu sabia que tinha que ser algo forte, sensual e irresistível. Mas será que me sairia? E se o Cullen me rejeitasse? Isso ia desestabilizar os meus planos?
A momentânea fraqueza me fez olhar para o espelho e lembrar da garota que um dia fui. Lutei contra as lembranças, só que elas eram mais fortes do que o bloqueio que criei e mantive por anos. Retornar à vida de Edward estava me fazendo abrir portas que talvez nunca mais se fechassem.
Uma dessas portas me levava a um momento penoso extremamente difícil de recordar. Eu só tinha 15 anos quando tudo aconteceu...
Não era um dia como outro qualquer no Democracy. Alguns alunos comemoravam, outros se lamentavam, mas nada daquilo me atingia. Eu não estava inserida em nenhum grupo para sofrer qualquer tipo de influência.
Fui para a biblioteca e como sempre, me sentei na mesa mais isolada. Mesmo em um local geralmente silencioso, era possível ouvir os murmúrios a respeito do resultado das eleições para presidente do grêmio estudantil daquele ano. Muitos alunos pensaram que Edward iria vencer, já que seu pai era um político influente e sua campanha foi simplesmente espalhafatosa. Só que, contrariando as expectativas até da direção, um candidato do último ano venceu.
Às vezes sentia como se o Democracy fosse um pequeno país. As pessoas levavam muito a sério tudo que acontecia ali. Era como se não percebessem que o ensino médio durava pouco e a vida “de verdade” começaria quando nos formássemos.
Cansada das futilidades que me rodeavam, abri um livro e tentei estudar. Passaram-se alguns minutos, até que senti alguém se sentar na cadeira ao meu lado. Achando que era Jasper, não me preocupei.
– Olá. – A voz baixa me assustou.
Encolhida e com o rosto praticamente escondido dentro do livro, senti um frio percorrer a minha espinha.
– Tudo bem? – Estranhamente acanhado, Edward insistiu na conversa.
Com a face coberta pelos cabelos, ergui só um pouco a cabeça e verifiquei se seus colegas estavam por perto tramando algum mal contra mim.
– Estou sozinho. – Sussurrou, para que ninguém ouvisse.
Desconfiada, usei toda a minha coragem para perguntar:
– O que quer?
O fitei e Edward baixou a cabeça para não me encarar.
– Só quero te fazer uma pergunta.
Fiquei totalmente confusa. Era a primeira vez em anos que Edward se dirigia a mim. Na verdade, nunca fora tão educado. Quando éramos crianças, sua turminha zombava de mim como se eu fosse um tipo de cachorro perneta ou doente. Um dia ele até me cutucou com um graveto.
– Pergunte. – Minhas mãos suavam muito.
– Você pode me ajudar? Nós vamos ter aquele prova difícil de Química na Quarta e eu estou totalmente perdido nessa matéria.
– Ah... – Agora estava começando a entender seu repentino interesse em mim. Meu trabalho de Química foi o melhor da classe e Edward queria tirar proveito disso. – Eu... – Não podia ajudá-lo. Não depois de tudo que fez comigo.
– Olha, sei que no passado impliquei um pouco com você. Foi coisa de criança, você sabe. Não significa que não podemos ser amigos agora.
– Amigos? – Nunca imaginei em toda minha vida que ouviria aquilo. Baixei a cabeça sem saber como agir. Praticamente ninguém falava comigo e agora o rapaz mais popular do colégio queria ser meu amigo? – Eu... eu... acho que tudo bem. – Engoli em seco.
Um pequena chama de esperança acendeu dentro de mim. Talvez, se Edward falasse comigo de vez em quando, os outros alunos veriam que eu não era um monstro ou portadora de uma doença contagiosa.
– Vai poder me ajudar? – Tocou suavemente minha mão direita. A mão que não tinha cicatrizes.
– Vou sim. – Dei um meio sorriso, o qual ele não pode ver por causa da cortina de cabelos.
– Obrigado.
– Quando quer estudar?
– Pode ser esta noite? É que ando sem tempo. Estamos treinando muito para os últimos jogos do final da temporada.
Refleti por um breve momento e, mesmo relutante, cedi.
– Tudo bem. Você quer ir na minha casa?
– Hãmm... – Ficou na dúvida. – Pode ser aqui mesmo na biblioteca? O zelador é meu amigo e quando não tenho tempo para estudar ele me deixa ficar aqui à noite.
– Até que é uma boa idéia.
O fato de ele querer ficar na biblioteca só podia provar que realmente estava interessado em estudar.
– Nos encontramos aqui às 20:00h?
– Err... – Ainda não estava acreditando. – Sim.
– Vou avisar ao zelador, ele te deixará entrar. Obrigado. – Deu um rápido sorriso e saiu.
Assim que fiquei sozinha respirei fundo. Estava imersa em um misto de perplexidade, empolgação, receio e curiosidade.
Logo que foi possível, contei para Jasper as novidades e ele também ficou confuso. Como não estava presente no momento que Edward conversou comigo, e não viu o quanto foi amigável, acabou ficando bastante desconfiado.
(...)
Assim como Edward falou, às 20:00h em ponto o zelador me deixou entrar no colégio. Ansiosa, mandei uma mensagem para Jasper dizendo que eu estava bem e que não se preocupasse. Depois, coloquei o telefone no modo silencioso para não nos atrapalhar.
O tempo correu e nem sinal de Edward. No momento que o relógio da biblioteca marcou 20:30h, desisti de esperar. Então, reacendendo a minha esperança, Edward rompeu porta adentro.
– Desculpe pelo atraso. – Falou alto se aproximando.
Automaticamente me encolhi, sempre baixando a cabeça numa tentativa inútil de me esconder.
– Eu já estava indo, então...
– Ainda é cedo. Vamos estudar. – Sentou-se perto de mim e senti o cheiro de bebida.
Minha voz saiu trêmula ao questionar:
– Você... está... bêbado? – Um nó se formou em minha garganta.
– Não. – Abriu um livro, só que não o leu por estar de olhos fechados.
Sem saber o que dizer ou fazer, fiquei rabiscando em meu caderno.
– Quer conversar? – Fechou o livro com força.
– O quê? – Fui pega de surpresa.
Pigarreou olhando para minhas mãos.
– Doeu muito?
Era evidente que se referia às cicatrizes. Desconfortável com a pergunta, apenas respondi:
– Eu era muito pequena... Lembro de pouca coisa.
O silêncio voltou a predominar. Foi quase impossível continuar ali.
– Qual a sua dúvida sobre Química? – Murmurei.
– Isabella...
Estremeci ou ouvir meu nome sair de sua boca, pois sempre que o pronunciava era acompanhado das palavras “duas caras”.
– Sim? – Me distanciei, ficando na pontinha da cadeira.
Edward levantou-se abruptamente, me assustando a ponto de eu cair da cadeira. Ele se inclinou para me ajudar e rastejei para longe com um medo que me deixou sem fôlego.
– Calma. – Segurou-me pelos braços e me obrigou a levantar. – Shhh... – Afagou o topo da minha cabeça.
– Quero... ir embora.
Ele não me soltou, mas por sua expressão dava para notar que também não estava feliz de estar ali.
– Tudo bem. – Soltou-me só que não consegui me mover. – É a sua chance, vai! – Ordenou severamente, mas minhas pernas tremiam e meu coração parecia que ia sair pela boca.
Ele fechou os olhos com força. Então, em um ato que desafiava a lógica, beijou-me mesmo com os cabelos cobrindo a maior parte do meu rosto. Nossos lábios se tocaram por um tempo curto demais pra eu ter consciência do que significava aquilo.
Seus braços eram vigas de aço em minha volta. Eu não tinha como fugir e, para ser sincera, não queria fugir. Edward foi o primeiro garoto que me tocou. Era uma sensação boa, mesmo que errada. Assim como qualquer adolescente, eu tinha sonhos românticos. Que garota maltratada do jeito que eu fui não sucumbiria à possibilidade irreal de ser amada por alguém tão lindo quanto Edward? Na época, Tânia ainda não havia chegado ao Democracy e ele era simplesmente o rapaz mais cobiçado.
Eu tinha tanto medo de ninguém nunca me querer. De nunca saber como é ser tocada e beijada, por isso o deixei passar as mãos pelo meu corpo. Ele tinha consciência de que eu não gritaria ou pediria para que parasse e, incentivado por isso, me colocou sobre uma das mesas e se deitou sobre mim.
O senti relutante, como se fosse desistir. Seus olhos estavam fixos nas minhas roupas e eu sabia o porquê. Sempre vesti roupas que cobrissem todo o meu corpo para esconder as cicatrizes. Ninguém tinha a menor ideia de como era a minha pele por debaixo das vestes escuras e grossas.
Guiado por uma motivação que eu desconhecia, Edward subiu a minha saia. E sem nem olhar para mim, arrancou a minha calcinha. Ao se colocar entre minhas pernas, pousou seu rosto no vão entre meu pescoço e ombro, obviamente no lado que não era deformado.
Ele tocou-me intimamente, talvez querendo descobrir se eu era “estranha” ali também. Mesmo sendo doloroso passar por aquilo, senti prazer com seus dedos. Eu não podia me dar ao luxo de repudiá-lo, pois quem mais teria coragem de fazer todas aquelas coisas?
Edward continuou com a carícia até que seu corpo cedesse ao que sua mente parecia estar decida a fazer. Quando finalmente abriu a calça, colocou um preservativo e penetrou-me com um único e forte movimento. A dor intensa me fez trincar os dentes e gemer. Foi uma sensação que eu realmente não estava preparada para sentir.
Edward estava se esforçando para continuar, mas não deixei que o sentimento de humilhação me tomasse naquele momento. Eu queria aproveitar cada segundo, pois era possível que aquilo nunca mais se repetisse. Desejava extrair daquela experiência tudo que pudesse e, mais tarde, me arrependeria e choraria.
– Você está bem? – Sussurrou ameaçando parar.
– Estou. – Minha voz saiu embargada.
Ele passou a aumentar o ritmo de suas investidas, ficando mais compenetrado no prazer mórbido que ambos passamos a sentir. Tudo nele mexia com meus sentidos. Seu cheiro, voz, calor... Mesmo sendo a coisa mais estúpida que já fiz até aquele momento, me vi querendo ficar presa a ele. Era como trocar o sofrimento constante que era minha vida por um sofrimento onde eu era uma vítima voluntária, ligada carnalmente à pessoa que tornou minha existência ainda mais cruel. Atada a esse pensamento, abracei Edward, algo que nunca imaginei que faria. Até ele se surpreendeu, mas nada falou.
O insulto sexual logo chegou ao seu ápice e fechei meus olhos, deixando que Edward levasse o resto de mim que sua alma impiedosa ainda não havia roubado. Então, tarde e cedo demais, ele se foi sem dizer uma só palavra. Com a alma ardendo, me recompus e juntei minhas coisas. Ao pegar o celular, vi que tinham 9 chamadas não atendidas de Jasper. Imediatamente retornei a ligação e ele atendeu, aflito.
– Isabella? Você está bem? Onde está?
– Estou bem, Jasper. – Respondi como se tivesse acabado de acordar.
– Afaste-se de Edward! Afaste-se! – Gritou preocupado e estranhei.
– Por quê? O que aconteceu?
– Quando Mike veio aqui em casa buscar o trabalho de história que fiz pra ele, o ouvi falando com alguém no celular. O Cullen apostou com o pessoal do time que ia vencer as eleições, mas como perdeu... – Fez uma pequena pausa com medo de continuar. – Bem, ele foi te encontrar disposto a cumprir a parte dele do acordo. – Suspirou. – Vocês... transaram? – Meu silêncio tirou suas dúvidas. – O mais repugnante é que ele tinha que levar o preservativo e uma peça íntima sua para provar que consumou o ato. Isabella, precisa contar para os seus pais. Alguém tem que tomar uma providência porque...
Desliguei o telefone.
Eu sabia que havia um motivo para Edward ter me procurado, mas não imaginei que fosse algo tão... Não era uma brincadeira onde o cara popular ficava com a mais feinha do colégio. Eles queriam que Edward sofresse e se envergonhasse. O time o estava punindo por sua presunção, ou seja, eu não era uma aposta... EU ERA O CASTIGO.
Parada no meio da biblioteca, desejei muito chorar e me descabelar. Tinha que colocar toda a dor pra fora, só que não consegui. Ficou tudo preso dentro de mim. Por fora, não esbocei nenhuma emoção, mas por dentro havia tremores e gritos, soluços e pranto. Meu espírito sofria uma agonia semelhante à de um parto. E, ali mesmo, ainda com sangue entre as pernas, Bella nasceu.
Natalie Merchant - My Skin
Dê uma olhada no meu corpo
Veja minhas mãos
Há tanto aqui que eu não compreendo
Suas promessas superficiais
Sussurradas como preces
Eu não preciso delas
Pois tenho sido tratada de uma forma tão errada
Tenho sido tratada assim por muito tempo
Como se eu estivesse me tornando intocável
Bem, o desprezo é amante do silêncio
Ele prospera na escuridão
Com delicados galhos espiralados
Que estrangulam o coração
Dizem que promessas amenizam a desgraça
Mas eu não preciso delas
Não, eu não preciso delas
Tenho sido tratada de uma forma tão errada
Tenho sido tratada assim por muito tempo
Como se eu estivesse me tornando intocável
Sou uma flor que morre lentamente
Durante uma impiedosa geada
O doce se torna acre e intocável
Oh, eu preciso da escuridão, da doçura
Da tristeza, da fraqueza
Oh, eu preciso disso
Preciso de uma canção de ninar, de um beijo de boa noite
Anjo, doce amor de minha vida
Oh, eu preciso disso
Sou uma flor que morre lentamente
Geada impiedosa
O doce se torna acre e intocável
Lembra-se da maneira
Como você me tocou antes?
Toda a ansiosa doçura
Eu amei e adorei
Suas promessas superficiais
Sussurradas como preces
Eu não preciso delas
Eu preciso da escuridão, da doçura
Da tristeza, da fraqueza
Oh, eu preciso disso
Preciso de uma canção de ninar, de um beijo de boa noite,
Anjo, doce amor da minha vida
Oh, eu preciso disso
Bom, está escuro o bastante?
Você pode me ver?
Você me quer?
Pode me alcançar?
Oh, estou indo embora
É melhor fechar sua boca
E prender sua respiração
Você me beija agora
Você detém sua morte
Ah, eu quis dizer isso
Ah, eu quis dizer isso...
Bella PDV
Acendi um cigarro e saí do banheiro quase atropelando Tânia que esperava na fila. Com fome e sede de Edward, segui para a sala.
O canalha escondeu de todos o crime que cometeu na biblioteca e até o time o ajudou nisso. É claro que o filhinho do governador não podia sujar sua imagem de bom moço. De longe, o avistei sozinho mexendo no celular. J.P tinha mesmo conseguido separá-lo de sua vadia assim como pedi. Era hora de atacar!
Aproximei-me sinuosamente e me aproveitei de sua distração para sussurrar em seu ouvido.
– Te peguei!
Sobressaltado, me encarou surpreso.
– Oi. – Disse por falta de coisa melhor.
– Tem um Mustang vermelho estacionado no final da rua. Preciso de você lá, veterano.
Ele balançou a cabeça nem acreditando no convite.
– O que te faz pensar que estou interessado?
Gargalhei.
– Acha que não sei que está pensando: quem essa garota acha que é? Eu prendo a sua atenção e está louco para entender por que. Não me quer em seu colégio, mas me acha linda. – Arqueei uma sobrancelha. – Te incomoda não saber por que estou te assediando e não a Emmett, que tem mais a me oferecer por ser solteiro. E é aí, meu caro, que surge a pergunta que te fará ir ao meu encontro... – O analisei dos pés a cabeça. – O que ela quer de mim?
Edward estreitou os olhos não conseguindo revidar. O estudei por anos e agora ele se sentia perdido diante de uma desconhecida que podia vê-lo por trás de sua máscara.
Não perdi mais tempo e saí da casa, deixando-o tentar se convencer de que não me seguiria.
(...)
Sentada sobre o capô do carro, esperei pacientemente. Edward se torturou por cerca de 8 minutos, até que não aguentou mais e veio ao meu encontro.
– Ainda tentando evitar o inevitável, veterano? – Zombei.
– O que quer? – Parou à minha frente.
Acendi outro cigarro, dei uma boa tragada e saboreei a fumaça antes de soltá-la na direção dele.
– E o que você quer? – Fiz uma pergunta semelhante.
– Poupe-me desse joguinho.
– Claro. – Dei uma avaliada no material diante de mim. O Cullen estava gostosinho com suas roupas de mauricinho. Jeans escuro, blusa branca e por cima um colete preto. – Falemos sem rodeios.
– É o que espero. – Manteve sua postura.
– Vem cá. – O chamei com a mão. – O que tenho a dizer é segredo.
– Mesmo? – Revirou os olhos.
– Seja bonzinho e me escute.
Ele refletiu por um breve momento, provavelmente pensando os prós e contras. Por fim, sua curiosidade novamente o traiu.
– Seja breve. – Se aproximou.
Com força o puxei para junto de mim e ele não resistiu. Entre minhas pernas, Edward manteve a cabeça baixa quando meus lábios sussurraram em seu ouvido:
– Quero você, meu estimado colega. Milímetro, por milímetro. – Dei uma lambida em sua orelha. Minhas investidas seriam assim, fatalmente diretas.
– Por que eu?
– Filhinhos de papai me excitam. Vai me condenar por isso? – Ri baixinho.
– Você é completamente louca. – Tentou se afastar e não permiti.
– Louca não... – Tentei beijá-lo e virou o rosto. – Mas, com certeza, excêntrica. – Pisquei o olho.
Com esforço se desvencilhou e eu gostei dele não ter cedido facilmente, pois que graça teria?
– Eu tenho namorada, sabia?
Desci do carro bem animada.
– Não sou ciumenta. – Fiz carinha de inocente. – Partilhar é algo tão bonito... Sempre quis ser sócia em um bom investimento.
– Não vai acontecer nada entre nós.
Foi impossível não rir.
– Então por que está suando, Falcon?
– Garanto que não tem nada a ver com você.
– Agora que sabe o que quero vai parar de ficar me “secando” quando eu estiver dançando? – Era delicioso vê-lo perturbado com o meu conhecimento sobre seus pensamentos.
– Você não está com toda essa bola, sabia? – Forçou um sorriso.
– Tem toda razão. E o fato de você estar aqui prova isso. – Meu sorriso debochado o deixava furioso.
Ele se preparou para revidar, mas desistiu e bancou o educado.
– Boa noite. – Saiu querendo ser superior.
– Ei, veterano! – Gritei quando ele já estava a metros de mim. Edward parou, esperou dois segundos, então olhou para trás. – Boa sorte! – Acenei.
O cara não entendeu, mas ia entender em breve. A vida dele de agora em diante seria uma constante e árdua luta contra a tentação. Eu não pararia até reduzi-lo a pó. E, sem remorso, me vangloriaria, pois como escreveu Shakespeare: Quem tem mais culpa? O tentado ou o tentador?
(...)
No meu segundo dia no Democracy, resolvi usar novas estratégias. J.P invadiu o sistema do colégio e me colocou em todas as aulas de Edward. Minha presença o deixou visivelmente desconfortável, e eu nem sequer lhe dirigi a palavra. Muito pelo contrário, minha intenção era apenas observá-lo. O cretino sentiria o peso dos meus olhos onde quer que fosse.
Edward PDV
Estressado, procurei voltar a minha atenção para o cálculo que tentava resolver no caderno. Era difícil demais me concentrar com a maníaca do outro lado da sala me encarando.
Bella insistia em estar no centro das fofocas. Todos comentavam que ela e o cara da informática, o qual ninguém sabe o nome, tinham um caso. Na verdade, as más línguas falavam que ela o usava sexualmente. Não sei o que pensar disso, só sei que devo fugir de alguém com a reputação tão suja.
Disfarçadamente, cocei o pescoço e olhei na direção em que ela estava. Nossos olhares se encontraram, então imediatamente baixei a cabeça.
Droga!
Ela nem fazia o meu tipo. Nunca gostei de garotas vulgares. Infelizmente, Bella cheirava a sexo do bom e isso era difícil de ignorar. Como qualquer ser humano idiota, eu estava me sentido atraído pelo que era proibido.
Essa merda não pode estar acontecendo comigo! Não faz nem 48h que conheço essa louca!
Bella PDV
Segui Edward até pelos corredores. Ele tentava me ignorar usando sua postura disciplinada e “superior”. Mal percebia que eu estava crescendo à sua volta como erva daninha, me enrolando lentamente em suas pernas, braços e tórax, até o momento em que minhas raízes o puxariam para baixo.
Tânia sentou-se ao lado do namorado na aula de Biologia, e nem assim lhe dei descanso. Ele tocava freqüentemente a vadia, tentando me mostrar que ela era a dona de seu coração. O engraçado é que eu não me importava, pois ela podia ficar com o coração, já que em breve todo o resto do corpo seria meu.
Estava tão concentrada no Falcon que mal percebi que o alarme de incêndio havia tocado. Os alunos saíram da sala apressados e eu tive que segui-los. Os corredores ficaram lotados e logo o diretor apareceu ordenando que voltássemos para as salas. Não havia incêndio, apenas humilhação. J.P estava pregado pelo blazer no quadro de avisos e em sua testa estava escrito “bundão”.
Isabella PDV
– Jasper, pelo amor de Deus me diga quem foi! – O seguia pelo estacionamento.
– Deixa pra lá, Isabella. – Baixou-se para abrir a tranca de sua bicicleta.
– Por que não convenceu o Sr.Weber a punir os delinquentes?
– Até parece. – Riu sem humor. – É a palavra do bolsista contra a dos riquinhos.
– Chega! Eu preciso fazer algo.
– Não! – Se chateou. – Ontem tentou mudar as coisas e eu só me ferrei. Emmett e Mike estavam furiosos porque deram um “festão” e hoje as pessoas só comentam sobre “o nerd sem nome e seu caso com a novata”. – Montou na bicicleta. – Prefiro ficar quieto e torcer para que me esqueçam. – Saiu pedalando mais rápido do que de costume.
– ESPERA! – Gritei sem nem ter tempo de lhe oferecer uma carona.
(...)
Fiquei a noite inteira inquieta. Dentro do meu quarto, andei de um lado para o outro me sentindo culpada pelo que aconteceu a Jasper. No entanto, o que mais me perturbava era o fato dos Falcons sempre ficarem impunes. As leis do mundo não se aplicavam a eles? Eram intocáveis?
Bella PDV
Ninguém é intocável!
Esse pensamento serviu de engrenagem para minha imaginação e, após algumas horas, já sabia o que fazer.
Eram 03:25h da manhã quando estacionei em frente à casa de J.P. Liguei para o seu celular e ele logo veio ao meu encontro.
– O que aconteceu? – Indagou entrando no carro.
– Já sei como atingir os Falcons.
– O quê? Não me conte, não quero nem saber. – Bufou.
– Não vê que existem outras pessoas sofrendo com os abusos deles? Até quando vamos ficar indiferentes? – Fui firme em meu discurso. – Nós temos o poder de virar o jogo. O melhor de tudo é que vamos estar seguros, os Falcons nem vão saber de onde estão vindo os golpes.
– Como assim? – Finalmente se interessou.
(...)
Passamos o resto da madrugada discutindo os detalhes do meu plano. J.P adicionou algumas idéias e moldamos o golpe que atingiria o Democracy no estômago.
Havia muito a ser feito, por isso trabalhamos no projeto durante as aulas, usamos os computadores da biblioteca, fugimos do colégio nos intervalos para comprar alguns equipamentos e no final do dia estava tudo quase pronto.
Nosso dia foi corrido demais para eu torturar Edward como pretendia. Mesmo assim, continuei a cercá-lo. O maldito resistia, tentando lutar em uma guerra que já tinha perdido desde o momento em que foi me encontrar no Mustang.
(...)
– Já arrumei tudo. É quase meia-noite, tem certeza que quer fazer isso? – J.P virou-se para mim.
– Absoluta!
J.P teve bastante trabalho, mas sua genialidade deu asas à nossa vingança. Dentro de seu quarto montamos a nossa central. Eu mesma espalhei, o dia inteiro, avisos nas salas de chat do Democracy. Fiz uma propaganda anônima do site “Filhos da Democracia”, o qual transmitiria um programa de rádio que chocaria a todos. A notícia correu como fogo em um rastro de pólvora.
Ele olhou para o relógio e se amedrontou.
– Isabella , se iniciarmos a transmissão agora não há volta. Eu sei que sou bom, mas qualquer dia desses podemos ser pegos.
– Prepare as músicas, cuide do site e deixe o resto comigo. – Estava mais do que determinada.
– Que assim seja! – Assumiu os riscos junto comigo, chocando sua palma na minha em um cumprimento. – Entramos no ar em 60 segundos.
Sentada na cadeira giratória, ascendi um cigarro e bebi um pouco de gin. Depois, peguei o microfone e deixei que minha mente transtornada me guiasse.
– 5...4...3...2... No ar!
– Você está ligado agora na rádio Filhos da Democracia e eu, meus caros colegas, sou A voz da democracia. – Graças à equalização de som, para os ouvintes minha voz soava rouca e masculina. –Somos jovens, estúpidos e estudamos na mesma bosta de colégio. Alguém aí já leu o que significa democracia no dicionário?– Gargalhei. – “Governo do povo. Regime político que se funda na soberania popular, na liberdade eleitoral, na divisão de poderes e no controle da autoridade.” Não se engane! Democracia é apenas uma prostituta que presta favores a quem tem mais poder aquisitivo. – J.P olhou para mim e sorriu, em seguida voltou-se para os computadores colocando uma música de fundo para tocar enquanto cuidava para que o nosso I.P não fosse rastreado.
– Vocês estão aí agora, fazendo seus deveres de casa. Comendo o que lhes mandam comer, bebendo o que lhes mandam beber. Prisioneiros de seus próprios estilos de vida... Mas não se preocupem, essa noite serei a voz da sua consciência, o pensamento perverso que reprimem. Comecem a se perguntar: do quê esse louco está falando? – Dei uma boa tragada no cigarro. –Segredos! Ah, doces segredos... – Girei na cadeira me divertindo. – Temos essa espada sobre nossas cabeças. Segredos pequenos, segredos grandes. Se você estuda no Democracy, corra e se esconda em baixo da cama, pois esta noite falaremos de suas vergonhas. – J.P colocou a música no último volume.
30 Seconds To Mars - Closer to the edge
Edward PDV
Meu telefone tocou e imediatamente atendi.
– Você está ouvindo isso? – Era Emmett.
– Estou. – Respondi olhando para o notebook.
– Quem é esse cara? Um monte de gente já me ligou. A galera está falando desse programa até por torpedo e MSN. Acho que o Democracy inteiro está ouvindo esse doido.
Levantei da cama, muitíssimo irritado.
– Não acredito que isso está acontecendo justamente durante o meu mandato. Não pode ser verdade! – Quase soquei a parede.
– Aguenta aí que estão me ligando. Daqui a pouco falo com você.
Bella PDV
– Vamos lá! Eu preciso de alguma ajuda aqui! Mandem recados pelo site e me contem seus segredos ou os segredos de outros. Não importa a procedência, chega de hipocrisia, se liberte pra cometer algumas heresias. – Ri de minha própria rima. – Quem foi na festa da vitória na casa do Falcon Emmett McCarty? Se você é um “rejeitado” e nem sequer foi convidado, te digo que não perdeu muita coisa. Vou fazer um pequeno resumo. – Pigarreei com sarcasmo. – Haviam egos inflamados, cerveja barata e sexo imprudente. Os gloriosos Falcons bradavam sua glória, enquanto alguns deles desmaiavam em cima do próprio vomito, como aconteceu com Mike Newton. A corte estava lindamente decorada com seus bobos e cortesãs. Uma delas se destacou... – Gargalhei. – É! Estou falando da vadia novata que anda levando alguns pobres garotos para a perdição. – J.P ficou surpreso quando comecei a falar de nós, mas entendeu que aquilo era uma mera estratégia para nos tirar da lista de suspeitos. – Pelo amor de Deus! Alguém sabe o nome daquele nerd feioso? Bem, mas a verdade seja dita... Nossos idolatrados vermes são apenas reflexos do sistema que criamos em nosso colégio. Não, não culpe ninguém se está insatisfeito, pois... – Gritei o mais alto que pude. – A CULPA É TODA SUA, SEU FILHO DA PUTA! –Levantei da cadeira. – Falando em filhos da puta, vou me incluir na lista e contar-lhes um pequeno segredinho. Sim, faço de tudo para entreter meus ouvintes. – Bebi mais um pouco de gin. – Existe uma bela jovem no Democracy. Cabelos castanhos, uniforme engomadinho e uma língua contaminada pela inveja. Aposto que já sabem de quem estou falando, afinal, quem nunca foi vítima das fofocas de Jéssica Stanley?– J.P riu alto já sabendo onde eu queria chegar. – Só que a garota não usa a boca só para difamações. Claro que não! Ela também serve para praticar sexo oral no estacionamento do colégio à noite. – Meu amigo mandou ver na sonoplastia. – Oooohhh! Mas com quem? – Fiz uma pausa e acendi outro cigarro. – Vou lhes dar uma dica: todos nós temos medo dele, pois o sujeito tem o poder de nos ferrar totalmente em uma das matérias mais difíceis. –Deixei que os alunos pensassem. – LEVANTA A MÃO AÍ QUEM JÁ DESCOBRIU QUE ESTOU FALANDO DO SR. MOLINA! – Joguei o microfone para o alto e o peguei em seguida. – É ISSO AÍ! MANDA VER, JESS-BOCA-DE-VELUDO! Gente, mas não a julguem, afinal sexo oral é uma boa forma de passar em Biologia. – O professor não tinha como se dar mal, pois não havia provas pra fortalecer a acusação, mesmo ela sendo verídica. Só que o delicioso era justamente causar a desconfiança. – Bem, bem, bem... – Suspirei voltando a sentar. – Algo me diz que podemos fazer melhor que isso. Mande-me uma mensagem, tenho sede de segredos!
(...)
Fiquei 1 hora lendo os segredos enviados pelos ouvintes, nada de muito importante, apenas intrigas amorosas e confissões engraçadas. Eu já estava me enchendo daquela merda. Ansiava por algo que afetasse diretamente os Falcons.
Priorizei meus objetivos, não tocando em momento algum no nome do Cullen. Sabia que ele estava preocupado, mas queria que se sentisse seguro e acima daquelas vulgaridades. O que tinha reservado para ele era bem maior do que uma caluniazinha anônima.
– Ei, olha isso. – Enquanto uma música rolava, J.P me mostrou uma mensagem enviada pelo site.
– Não acredito... – Murmurei.
Um anônimo acusou Mike de vender cocaína dentro do Democracy. O mais interessante é que indicou o local onde ele supostamente guardava a droga.
– O que vai fazer? – Ficou nervoso.
– Está fazendo a pergunta errada. – Levantei-me e o obriguei a fazer o mesmo. – A pergunta certa é: o que você vai fazer?
O cara demorou alguns segundos para entender onde eu estava querendo chegar.
– Não. Não posso fazer isso! – Tentou se afastar e não permiti.
– Escute aqui... – O segurei pelo colarinho. – Foram anos de bullying. Esse é um daqueles momentos na vida em que nos vemos em uma encruzilhada. Se for um covarde agora, será um covarde para sempre, pois está traindo a si mesmo não querendo sair da posição de vítima. – O obriguei a olhar dentro dos meus olhos. Até podia sentir sua respiração entrecortada em minha pele. J.P estava indeciso e preso ao conformismo, por isso só havia uma frase capaz de arrancá-lo da letargia.
– VOCÊ. NÃO. NASCEU. PRA SER UMA. VÍTIMA! – Não foi preciso dizer mais nada. Minhas palavras o induziram abdicar do medo e da posição de capacho dos Falcons.
– Me passa o microfone. – Pediu com frieza.
Sorri torto e lhe entreguei nossa arma. Enquanto ele se preparava para entrar no ar, coloquei uma música de fundo que o inspirasse.
– Está pronto? – Questionei como dedo em cima do botão vermelho. J.P ergueu a cabeça e assentiu.
– Finalmente alguém teve a ousadia de nos enviar uma mensagem decente. Agora sim temos um segredo show! – Sentou na cadeira onde eu estava antes. – E quer saber? Pouco me importa se é verdade ou mentira. – Dava para sentir o rancor embutido em sua voz. – Há algo de podre no reino do Democracy. – Deu um grande gole no meu gin. – Um de nossos alunos mais queridos, um dos melhores, se não o melhor jogador do time de basquete, tem tirado uma graninha boa vendendo cocaína dentro do nosso colégio. O burro guarda o bagulho dentro do próprio armário. – Riu. – Ele é um Falcon, é um idiota... Mike Newton, você foi pego, meu chapa!
Isso!
Ergui as mãos para o alto em comemoração.
– Mas sabe... – J.P suspirou tirando seus óculos. – Mesmo com a instituição completamente fodida, insistimos em manter as aparências em nome da honra estudantil. Nós somos os bastardos que sustentam aquele colégio “tradicional e renomado”. – Bebeu mais um pouco de gin, mantendo a mesma linha crítica que estabeleci. – É... Eu sinto o cheiro da hipocrisia. Está em toda parte. – Olhei para monitor e notei que os números de acessos do site disparavam. – Algum dia já sentiram que suas vidas são uma baita mentira? É! Uma farsa mesmo! Tem dias que você nem se reconhece. Sabem do que estou falando? Sabem quando deitam pra dormir e ficam pensando um monte de lixo como: será que vou levar bomba em matemática? Como faço pra aquele garoto gostar de mim? Por que meus pais mais não me ouvem? O que faço para me destacar na vida? Nos preocupamos com coisas tão ridículas enquanto ferramos com a camada de ozônio e devoramos os recursos naturais como gafanhotos famintos. As pessoas estão lá fora se matando por nada e para nada, mas quem se importa? Sério, quem... realmente... se importa? Então você acorda cedo, veste seu uniforme e vai para o colégio ou para o trabalho todo o santo dia como se fosse a coisa mais importante da sua existência. Pelo quê está vivendo? Pelo seu futuro? Lamento dizer, mas nem todos nós veremos o futuro... – Gemeu com sarcasmo. – Não me pergunte por que as coisas são como são, só me pergunte como sobreviver a isso. – Coloquei uma nova música para tocar.
– Essa madrugada seja o dono de si mesmo por alguns minutos. Olhe em volta, está sozinho! Não tem ninguém para agradar ou impressionar. TENHA ATITUDE PELO MENOS UMA VEZ! LIBERTE SUAS LOUCURAS ANTES QUE A ROTINA TE DESTRUA, PORQUE, QUANDO AMANHECER, MEUS COLEGAS, TODOS VOLTAREMOS A SER OBEDIENTES SERVOS DELA!ENTÃO PERCA A CABEÇA ENQUANTO PODEEEEE! Levantou-se num pulo e subiu em cima da cadeira. – OOOOOOOOOOOOOOOWWWWWWWW!
– AAAAAAAAAAHHHHHHHHHH! – Eu mesma gritei contagiada pela música e pelas verdades ditas por J.P.
– ENLOUQUEÇAAAAAAAAAAAAAAAAAA! – Gritou e saímos pulando pelo quarto.
Isabella PDV
Até eu, que estava totalmente focada em minha vingança, senti a necessidade de extravasar. De esquecer o colégio, das obrigações... Tudo! Aprendi com Jasper que às vezes é necessário apertar o botão de “reiniciar”, antes de voltarmos às nossas vidas cheias de restrições.
Podia sentir que o desabafo de Jasper tinha alcançado o seu alvo. Era possível que dezenas de pessoas estivessem se identificado com sua mensagem, fazendo com o que a nossa revolta tivesse um fim bem mais nobre do que planejamos.
Chacoalhamos a cabeça, pulamos e gritamos muito. Tínhamos a forte impressão de que, em algum lugar, nossos ouvintes dançavam em seus quartos, gritando com o mesmo fervor, apelando para a mesma rebeldia juvenil que só dura alguns anos.
– NESSA MADRUGADA SE LIVRE DOS RÓTULOS! – Jasper estava mesmo inspirado. –APROVEITE, PORQUE NESSE MOMENTO VOCÊ NÃO É UM NERD, NÃO É UMA LÍDER DE TORCIDA, NÃO É UMA ANTI-SOCIAL, NÃO É UM BADBOY, NÃO É UM INTELECTUAL, NÃO É UMA PATRICINHA, NÃO É UM FALCOOOOON!
PDV ISABELLA & EDWARD
Edward: Pulando sozinho, me senti um “ninguém”. Eu já nem me lembrava como era essa sensação. O discurso do maluco me fez ficar momentaneamente fora de órbita. Sem sobrenome, sem cargo, sem ideais, sem ambição... Livre! De olhos fechados e com as mãos entranhadas em meus cabelos, senti a batida da música em cada pedaço da minha inesperada insanidade.
Isabella: Com a voz rouca de tanto gritar, girei pelo quarto totalmente entregue. Com Jasper tão fora de controle quanto eu, agora não havia bastardo no Democracy que fosse capaz de nos deter.
Edward: Que irônico. Eu estava curtindo o momento, mas quando o dia amanhecesse seria um dos que caçaria o maluco da rádio.
Isabella: Todos, os bons e os maus, mereciam uma noite sem rótulos antes dos martelos dos juízes anunciarem nossas sentenças. Estava feito... Agora era só deixar os dados rolarem.
Enquanto a música ainda tocava, peguei o microfone e encerrei o programa.
– Está se perguntando quando os filhos da democracia voltarão a bradar? Ninguém sabe, mas não se preocupe, não seremos silenciados. Não perca seu tempo tentando descobrir minha identidade, pois eu sou a citação viva de Hamlet: “sou orgulhoso, vingativo, cheio de ambição, e disponho de maior número de delitos do que de pensamentos para vesti-los, imaginação para dar-lhes forma ou tempo para realizá-los”. – Suspirei. – Não deves confiar em ninguém...
Out Of Control - Hoobastank
Eu fiz tudo como você disse
Eu segui suas regras sem questionar
Eu pensei que me ajudaria a ver as coisas claramente
Mas em vez de me ajudar a ver
Eu olho em volta e é como se eu fosse cego
Eu estou girando fora de controle, fora de controle
Eu estou girando fora de controle, fora de controle
Onde eu devo ir? O que eu devo fazer?
Eu não entendo o que você quer de mim
Já que eu não sei se posso confiar em você
Eu não entendo o que você quer de mim
Eu sinto como se estivesse girando fora de controle
Tento focalizar mas esta tudo distorcido
E desde o princípio pensei que você estaria lá
(pensei que você estaria lá)
Então me deixe saber que não estou sozinho
Mas na verdade, isso é exatamente o que eu quero
Eu estou girando fora de controle, fora de controle
Eu estou girando fora de controle, fora de controle
Onde eu devo ir? O que devo fazer?
Eu não entendo o que você quer de mim
Já que eu não sei se posso confiar em você
Ou de todas as coisas que você disse para mim
E eu posso nunca saber a resposta para esse mistério sem fim...
Onde eu devo ir? O que devo fazer?
Eu não entendo o que você quer de mim
Eu disse um mistério... Eu disse um mistério
Eu estou girando fora de controle, fora de controle
***
Autor(a): lunah
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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