Fanfic: Nascida à Meia-Noite [FINALIZADA] | Tema: Anahí, AyA, Alfonso, Dulce, Ucker, Christian, Maite,

A expressão terna de Dulce mudou instantaneamente quando ela percebeu o que Anahí estava dizendo.

— Ucker, é você? — perguntou, olhando desconfiada para o pássaro. Fagulhas começaram a flutuar ao redor das mãos de Dulce. Ela colheu imediatamente as mãos: e ali, sentado no chão, estava Ucker, todo vermelho de vergonha.

— Eu estava apenas voando por aí. Não fiz... Não fiz nada de errado. Nem sequer espiei pelas janelas — seu olhar pousou em Anahí. — E você, por favor, não toque nas minhas orelhas nem no meu pescoço — e, levantando-se, saiu correndo.

— Eu deveria transformá-lo no rato que ele realmente é — disse Dulce, aparentemente constrangida por ter sido enganada.

Anahí compreendia bem os sentimentos de Dulce. Lembrou-se de ter notado um grande embaraço no rosto de Ucker, cujo motivo não ignorava. A última pessoa diante da qual ele gostaria de pagar mico a garota de quem gostava.

— Você sabe que ele gosta de você, não sabe?

Dulce ficou de boca aberta.

— Não, não pode ser.

Della respirou fundo, mas não disse nada.

— Gosta, sim — insistiu Anahí. — Devia ter visto a cara dele um desses, quando você saiu com Cayo para a hora do encontro. Parecia cachorrinho sem dono. E durante todo o tempo em que ficamos juntos... parou de fazer perguntas sobre você.

Dulce continuou imóvel, de boca aberta.

— Se ele gosta de mim, por que nunca me disse nada? Estávamos aqui o ano passado.

Anahí olhou para Della.

— Vai me ajudar?

— Não — riu Della —, você está se saindo bem sozinha.

Anahí virou-se de novo para Dulce.

— Eu não estava aqui no ano passado, mas...

— Mas o quê? — perguntou Dulce.

Anahí deu de ombros.

— Acho que ele não sabe como dizer que gosta de você.

— Ah, fala sério. Ucker não é tão tímido assim.

— Não é tímido para bancar o palhaço ou o espertinho da classe. Mas, quando alguém o pega sozinho, fica mudo. Para ser franca, ele não é tão chato assim. Pessoalmente, acho que quem consegue se transformar em qualquer coisa tem medo de não saber quem realmente é.

Anahí se interrompeu e pesou suas próprias palavras.

— Meu Deus, acho que agora quem está dando uma de esperta sou eu, né?

Caíram todas na risada e foram tomar o café da manhã. Estavam a meio caminho quando Dulce parou e olhou para Anahí.

— Acha realmente que Ucker gosta de mim?

— Acho — respondeu Anahí, sorrindo.

Della ergueu o queixo e farejou.

— Sinto cheiro de amoooor no ar!

— Eu não... — Dulce fez uma pausa e prosseguiu: — Você sentiu esse cheiro nele?

— Não — admitiu Della. — Mas isso é porque os metamorfos não produzem os mesmos feromônios. Não sei dizer como cheira um passarinho tarado.

Riram e retomaram a caminhada.

— Mas ele é bonito, não é? — perguntou Dulce.

— De certo modo — replicou Anahí.

— Talvez um pouquinho — arriscou Della. — E o que você pretende fazer com o pobrezinho?

Pousou a mão sobre o coração para dar mais dramaticidade à pergunta. Dulce se fez de desinteressada.

— Vou esperar pra ver o que vai fazer agora.

— Esperar para quê? Se gosta dele, tome uma atitude. Não seja boba.

— Tudo bem — Dulce juntou os cabelos e os prendeu com o elástico que trazia no pulso. — Mas não vejo você dando em cima de ninguém por aqui.

— Isso é porque nenhum dos garotos me atrai.

— Mentirosa — zombou Anahí.

— Então me diga por quem estou interessada.

— Steve, o metamorfo alto e de cabelos louros — disse Anahí, com a maior segurança. — Você não parava de olhar para o traseiro dele um dia desses.

Della revirou os olhos.

— Engano seu — fingiu abanar-se com a mão. — Mas esse garoto realmente um colírio para os olhos.

Todas riram.

— E quanto a você? — perguntou Dulce a Anahí.

— Não tenho tempo para nada.

— Tem o mesmo tempo que nós — observou Dulce.

— Não, não tenho — Anahí se deteve. Não tinha dito nada a respeito do acordo de duas semanas com Holiday, e por uma boa razão. Elas não iriam gostar nada daquilo. Eu... Holiday concordou em falar com minha m sobre a possibilidade de eu ir embora dentro de quinze dias.

— Por quê? — perguntaram as duas amigas ao mesmo tempo.

— Porque não pertenço a este lugar. Não sou uma de vocês.

— Droga! — exclamou Della. — Você não quer ser uma de nós, isso sim! Ainda nos considera aberrações. Percebo isso toda vez que a palavra “sangue” é mencionada.

Bem, quanto ao sangue ela tinha razão. Ainda assim, Anahí sacudiu a cabeça.

— Não é isso... 

— Você não pode ir — interrompeu Dulce. — Quem vai impe Della e eu de nos matarmos?

— Ora, que se dane! — resmungou Della, franzindo a testa e olhava feio para Dulce — deixe que ela volte para seu mundinho seguro, onde terá como única preocupação descobrir se o pai a ama. Se não quer nossa amiga, então eu também não quero ser amiga dela. Aliás, nem gosto dessa babaca.

Della se afastou tão rapidamente que Anahí nem a viu desaparecer. Dulce continuou parada, de olhos fixos na amiga.

— Ela pirou. Não quis dizer aquilo de verdade.

— Eu sei — murmurou Anahí, mordendo o lábio. Mas as palavras de Della a tinham realmente magoado.

Dulce sacudiu seu rabo de cavalo.

— Detesto dizer isto, mas não censuro Delia. Também estou furiosa com você — e afastou-se.

Só me faltava essa, pensou Anahí. Não bastassem todos os outros problemas, tinha conseguido irritar as duas melhores amigas que fez no acampamento. 

Fran acho que Alfonso não iria tão rapido para outras assim...