Fanfic: Nascida à Meia-Noite [FINALIZADA] | Tema: Anahí, AyA, Alfonso, Dulce, Ucker, Christian, Maite,

Na noite de segunda-feira, quase todos foram para o refeitório para ver filmes. Anahí, Dulce e Delia tinham ficado acordadas até tarde no domingo, curando as feridas provocadas pelas visitas dos pais. Depois, Dulce e Anahí resolveram consultar os livros que ela havia comprado sobre dislexia.

— Isso não vai funcionar — disse Dulce, sem ânimo nem para ler o primeiro capítulo.

— Quer que eu leia pra você? — ofereceu-se Anahí.

Dulce fitou-a e seus olhos se encheram de lágrimas.

— Faria isso?

— Você faria por mim, não faria? — perguntou Anahí.

— Com certeza — respondeu Dulce.

E assim as duas ficaram acordadas até tarde da noite. Por isso, em vez de ir ver filmes, Anahí voltou para a cabana. Quando abriu a porta, sentiu logo o cheiro e torceu o nariz. Sem dúvida, ia ter que dar um jeito no lixo. Então a cabeça de Socks apareceu debaixo do sofá e miou.

— Vem cá, docinho — chamou Anahí, mas só o que conseguiu foi fazer com que Socks se encolhesse ainda mais sob o sofá. O celular tocou. Anahí o tirou do bolso, viu que quem chamava era a mãe, colocou-o sobre a mesa da cozinha e continuou tentando atrair o bichinho para fora. Depois de várias tentativas inúteis, desistiu.

— Tudo bem, durma aí mesmo debaixo do sofá — frustrada e cansada, tirou a blusa e foi até o guarda-roupa para pegar um pijama.

Ao chegar, tirou o tênis e pegou sua camisola favorita. Tirou o sutiã e colocou numa cadeira. E, só então, olhou no espelho. Quase perdeu o fôlego. Levou um segundo para descobrir o que estava vendo no reflexo. E outro para ficar louca de raiva.

— Saia já daqui, seu imbecil — enfiou às pressas a camisola antes de voltar toda a sua fúria contra Ucker que, transformado em leão, estava estirado sobre a cama, ocupando-a inteira. — Fora! — repetiu Anahí. O leão rosnou. Anahí cobriu os seios sob a camisola e prosseguiu: — Finalmente você viu seu primeiro par de peitos, não foi? Você é tão... Patético! E pode ter certeza de que vou contar tudo para Dulce — Anahí se abaixou, apanhou um sapato e o atirou na fera. — Saia! — o leão rosnou de novo. — Juro por Deus, Ucker, se não der o fora daqui já, vou puxar suas duas orelhas até quebrar seu pescoço.

De repente, a temperatura do quarto baixou perceptivelmente.

— Não grite — disse uma voz masculina —, e não faça nenhum movimento brusco.

O coração de Anahí batia descompassado quando ela viu o soldado de pé ao lado da mesinha de cabeceira. Não foi o fato de ele estar ali que a assustou; foi o fato de ele ter falado com ela. Anahí respirou fundo. E uma nuvem de vapor escapou dos seus lábios quando ela expeliu o ar.

Cruzou os braços para amenizar o frio que lhe chegava aos ossos.

— O leão não é de verdade — conseguiu dizer. — É Ucker, um metamorfo.

Dessa vez, o soldado não sangrava. Mas a imagem do sonho, com aquele homem agonizando no chão imundo, dominou a mente de Anahí. Seu coração se doía por ele. Agora que estavam conversando, o soldado diria seu nome? Coisa estranha, chamá-lo mesmo que só em pensamento de soldado Dude não parecia certo. Ele merecia mais respeito.

— É de verdade sim, Anahí — disse o soldado, enquanto o leão rosnava de novo. Anahí pegou o outro sapato e o jogou em Ucker. — Anahí, me ouça — a voz dele ficou mais alta, mais firme. — Esse aí não é Ucker. É um leão de verdade e perigoso. Não o provoque. Vá andando até a porta. Agora.