Fanfic: Nascida à Meia-Noite [FINALIZADA] | Tema: Anahí, AyA, Alfonso, Dulce, Ucker, Christian, Maite,

Anahí continuou sentada, tentando digerir a conversa enquanto seu estômago embrulhado tentava digerir a pizza.

— Quanto aos metamorfos... Aquilo foi estranho, mas não assustador — interrompeu Dulce.

— E os Fae, o que fazem? — A pergunta veio numa voz grave, obviamente masculina.

Anahí reconheceu o timbre da voz de Alfonso antes que seus olhos se encontrassem. Quando o viu, percebeu que ele também a vira, pois olhava diretamente para ela. O nó em seu estômago apertou-se ainda mais. Só que esse nó, assim como as borboletas, não era de todo desagradável. De fato, devia tomar muito cuidado com Alfonso em se tratando de emoções.

— Bem — disse Dulce, num tom mais alto que o normal. — Como fadas e elfos têm um dom diferente, cada um deles faz uma curta apresentação — enrolou uma mecha de cabelo no dedo e deu um largo sorriso.

— Qual é o seu dom? — perguntou Della a Alfonso, enquanto espetava outro pedaço de calabresa da pizza e enfiando-o entre os lábios. Lábios que acabavam de beber sangue.

Uma longa pausa seguiu-se à pergunta. A postura de Alfonso enrijeceu.

— Quem disse que eu tenho dons? — pelo tom de voz, ele não gostava de ser questionado. Ou talvez fosse como Anahí e resistisse a aceitar que fosse sobrenatural.

— Uma das fadas, o ano passado, podia ler pensamentos — prosseguiu Dulce, sem dar atenção à atitude de Alfonso. — Você pode ler os meus agora? — mordeu o lábio e o fitou com um olhar de desafio.

Anahí virou-se de novo para Alfonso. Ele então lia a mente das pessoas? Não, talvez não, pois antes tinha perguntado o que ela era. Ou será que tinha perguntado só para puxar conversa? Lembrou-se dos seus pensamentos secretos a respeito do corpo dele, comparando-o ao de Alex. Mais essa! Seria muito embaraçoso se ele soubesse que ela o imaginara sem camisa. Então se deu conta de que estava imaginando aquilo outra vez. Anahí sentiu o rosto queimar e Alfonso, ainda fitando-a, não perdeu um detalhe sequer.

— Outra fada movia objetos só com a força da mente — continuou Dulce em tom mais alto, como que para atrair a atenção de Alfonso. — Mas, é claro, as bruxas também podem fazer isso.

— É mesmo? — Della parecia realmente impressionada. — Então faça isso agora. Mova o meu prato — e recostou-se, como que para dar mais espaço a Dulce.

Dulce, com a testa franzida, fuzilou Della com o olhar.

— Não posso. É contra as regras.

— Regras? Ah, danem-se as regras — bradou Della. —Ninguém vai ficar sabendo.

— Não posso — a face de Dulce ficou vermelha, quase tão vermelha quanto as mechas de seus cabelos. Anahí achou ótimo descobrir que não era a única a enrubescer por qualquer coisa.

— Por que não? — insistiu Della. — Só por causa de alguma regra idiota.

Dulce lançou a Della um olhar penetrante.

— Por que não vai se afogar em sangue? — e, mais vermelha ainda, virou-se para Alfonso, a quem obviamente queria impressionar.

—Ah, é? Vem enfiar uma estaca em mim! — zombou Della.

— É melhor tomar cuidado ou faço isso mesmo — revidou Dulce, com uma expressão que agora passava do embaraço para a raiva.

O olhar de Anahí ia de uma a outra enquanto elas trocavam ofensas. Que ótimo! Agora suas duas colegas de alojamento ameaçavam se matar.

—Fiquem frias vocês duas — aconselhou Alfonso, como se lesse a mente de Anahí.

— Já estou bem fria — disse Della, sempre olhando para Dulce. — Ela é que é esquentadinha. Mas é bom tomar cuidado porque um dia desses posso me esquentar também — levantou-se de um salto e, antes que Anahí pudesse perceber, já estava longe.