Fanfic: Nascida à Meia-Noite [FINALIZADA] | Tema: Anahí, AyA, Alfonso, Dulce, Ucker, Christian, Maite,

— Se comportando mal novamente, Sr. Pepper? — perguntou ao anfíbio mantendo-o à curta distância dos olhos. As pernas do animal, balançando, quase alcançavam o tampo da mesa.

— O que foi que ele fez pra você botar um feitiço nele? — quis saber olhando para o bicho com nojo.

— Como nosso amigo Ucker, Sr. Pepper é membro do clube dos pervertidos — Dulce deu uma sacudidela no sapo. — Foi meu professor de piano e tentou dedilhar outro instrumento, se é que me entende.

Della mostrou os dentes para o sapo.

— Por que então não o transformamos num petisco e acabamos logo com isso? Pernas de sapo são tão saborosas quanto as de rã?

— Hummm... Não sei. — Dulce lançou um olhar para Della. — Mas gostaria de saber — completou, mirando o sapo.

Anahí podia estar enganada, mas juraria que os olhos do sapo se arregalaram de susto.

Dulce riu:

— Ah, se eu fosse esse tipo de bruxa!

— E que tipo você é? — perguntou Anahí, com certo alívio.

— Destrambelhada — respondeu Dulce. E, franzindo a testa para o sapo: — Conhece as regras, Sr. Pepper. Pare de pensar em coisas indecentes e voltará ao normal.

O bicho estirou as pernas e se dissipou no ar rarefeito.

— Que espécie de feitiço colocou nele? — perguntou Della.

Dulce gemeu de frustração:

— Se eu soubesse, consertaria as coisas.

— Mas então não se lembra? — espantou-se Della.

— Lembro-me do que pensei e fiz, mas sou... Sou disléxica e às vezes pronuncio mal minhas fórmulas. E tenho de saber exatamente o que disse para desfazer. Então, toda vez que esse tarado pensa numa menininha, transforma-se em sapo e vem me fazer uma visita.

Anahí se inclinou para ela:

— Pode ser ruim para você, mas ele bem que merece.

— Ah, merece. Mas está sempre me lembrando de que sou destrambelhada.

— Verdade — concordou Della. — Mas, vendo as coisas pelo lado positivo, assim você impede que ele volte a mexer com outras garotinhas. Odeio tarados. Um coroa que era meu vizinho ficava na janela, com um frasco de creme na mão, masturbando-se diante de mim e outras garotas.

— Isso é nojento — resmungou Dulce.

— E o pior é que uma garota de nossa rua me disse que o coroa já tinha se exibido para ela também. Contou aos pais e os pais contaram à polícia. A polícia voltou e esclareceu que o cara era pastor e, no caso, seria a palavra de minha vizinha contra a dele. Preferiram acreditar no coroa.

— Por isso recorri ao feitiço — disse Dulce.

— Ah, mas eu não deixei por menos! — riu Della.

— O que você fez? — perguntou Anahí, quase com medo do que iria ouvir.

— Entrei de fininho na casa dele e substituí o creme por uma cola forte que meu pai usava no laboratório. Vocês tinham que ver a expressão no rosto do coroa quando percebeu que não conseguia tirar a mão do pinto! Dei então um telefonema anônimo para a polícia e contei tudo. Agora, como o velhote poderia disfarçar o que estava fazendo? A mão dele ficou grudada à cena do crime!

Todas caíram na gargalhada. Enxugando as lágrimas de riso, Anahí, olhando para Della e Dulce, podia jurar que eram adolescentes absolutamente normais. Quer dizer, podia jurar até que sentiu uma rajada de frio nas costas. Olhou por cima do ombro, desejando mais do que tudo que não houvesse da ali. Mas nem todos os desejos se realizam.