Fanfic: Nascida à Meia-Noite [FINALIZADA] | Tema: Anahí, AyA, Alfonso, Dulce, Ucker, Christian, Maite,

— Me desculpe — falou então, afastando-se. — Vocês, garotos, detestam quando a gente faz isso, eu sei.

— Detestamos, é?

— É, detestam — confirmou Anahí.

— Eu não sou Alex — disse Alfonso. — E, na verdade, não foi tão ruim assim — ele sorriu e tocou-lhe o queixo. — Além disso, seu nariz é bonitinho quando fica vermelho.

Anahí afastou a mão dele e riu. Não tinha certeza, mas achou que aquele era o primeiro sorriso de verdade que dava em semanas.

— Tá bom, agora é a sua vez. Fale-me de você.

O ar brincalhão desapareceu dos olhos de Alfonso. Recostando-se pouco, ele pressionou as palmas contra a rocha para se apoiar. Ali sentado flexionando os músculos dos braços e com um olhar sério, ele estava... Gato. Muito gato.

— Mas você é muito mais interessante — confessou ele em voz baixa, como se pudesse ler as emoções de Anahí e soubesse que tipo de reação sua presença provocava nela.

— Você prometeu. E, além disso, eu contei tudo.

Alfonso inclinou a cabeça e fitou-a através dos cílios escuros.

— Tudo, você não contou — havia em sua voz um leve tom de acusação.— Para ser franco, faltou aquilo que me deixa mais curioso.

— O quê? O que foi que faltou? — quis saber Anahí, tentando não apanhada de novo admirando a “vista”.

— O que está havendo entre você e...

— Não quero falar de Alex e de mim. Isso é... Muito pessoal.

— Tudo bem, mas eu não ia me referir a Alex. Quero saber o que havendo entre você e o lobisomem. 

Anahí puxou o cabelo para trás da orelha.

— Que... Que lobisomem? — gaguejou, sem nenhuma convicção na voz.

Os olhos de Alfonso se voltaram diretamente para ela. Aquela expressão lembrava a de Della quando percebia que Anahí estava mentindo.

— Não negue — continuou Alfonso. — Suas emoções se projetam para todos os lados sempre que olha para ele. Mais ou menos do jeito que você olha para mim, só que... Com uma intensidade maior. Ou você gosta mesmo dele ou... Ele te assusta.

— Achei que pudesse ler emoções...

Alfonso se endireitou e cruzou os braços.

— Paixão e medo dão uma leitura quase igual.

— Bem, pode acreditar, a segunda opção é com certeza a correta — respondeu Anahí. Mas, depois do sonho da última noite, sabia que a verdade poderia ser resumida numa única palavra: as duas coisas. Entretanto, ainda no havia admitido aquilo nem para si mesma. E não iria admitir agora para Alfonso.

— De onde vocês se conhecem? — insistiu Alfonso.

— Quem disse...

Alfonso ergueu a mão para interrompê-la.

— Não é normal alguém ficar tão assustado com pessoas que não conhece.

Anahí baixou os olhos e percebeu que estava com os punhos cerrados.

— Ele era meu vizinho quando eu era mais nova. Digamos que, já na época, eu notava algo de errado com esse cara. Só não sabia o que era... Essa história toda de lobisomem.

— E ele...

— Chega — era a sua vez de lhe dirigir um olhar firme. — Não vou dizer mais nada. Fale de você agora.

Alfonso contemplou o riacho e Anahí percebeu que ele, tanto quanto ela, não gostava de falar de si mesmo.

— O que quer saber? — perguntou.

— Apenas... Tudo — respondeu Anahí, com certa descontração na voz para deixá-lo mais à vontade.

— Meu pai era Fae. Minha mãe é humana.

— Era? Ele morreu?

Alfonso arrancou outro raminho do arbusto e ficou torcendo as folhas com os dedos.

Até amanhã... haha