Fanfic: Anahí (AyD) | Tema: Portiñon

Domingo cedo, Dulce espreguiçou-se na cama. Os olhos ainda pesavam de sono e o ombro ainda doía um pouco pela queda dias antes. Anahí. Era o primeiro nome que pensava ao abrir os olhos. Às vezes achava que estava louca, obcecada. Queria conversar com alguém sobre isso para saber se era normal. Pensou em Maite e em suas palavras no dia do episódio na academia. Seu olhar parecia tão sincero e tão confiável que Dulce pensou na possibilidade de conversarem.
Domingo era dia de visitar um abrigo de crianças afastadas dos pais. Era um lugar gostoso, um pouco distante da cidade, com área verde, árvores e uma casa grande e bem simples. O local enchia de gente e famílias dispostas a doar um pouco de seu tempo àquelas crianças. Era o dia em que Dulce realmente relaxava, sentava na grama, lia histórias. E as crianças gostavam de seus cabelos compridos e pediam para penteá-lo ou fazer tranças.
Havia um menininho em especial, de quase três anos, que Dulce gostava muito. Ele era tímido, falava muito pouco, mas parecia vencer a timidez para pedir colo para Dulce ou tentar chamar sua atenção. O nome dele era Santiago, mas todos o chamavam simplesmente de Tiago.
Sentada sob a sombra de uma mangueira com Tiago no colo, Dulce começou a acariciar as bochechas rosadas do menino e a pensar na vida. Estava tudo calmo, todos já tinham almoçado. O menino ficava quietinho, olhando para ela. Dulce sorriu pra ele e ele esboçou um sorriso meio tímido de volta e continuou apenas a observando. Ele estava quase dormindo e seu corpo pesava sobre os braços de Dulce. Parecia ter crescido bastante nos últimos meses. Enquanto embalava Santiago em seus braços, Dulce ouvia os pássaros cantando em volta e o barulho de outras crianças jogando futebol e pessoas conversando. Sentia-se em paz. O menino estava com a testa suada de tanto brincar e com o rosto grudento de bala e doces. Quando o menino adormeceu, Dulce disse bem baixinho:
- Gostaria de um dia ter um filho como você, Santiago...
Ficou olhando a carinha dele e riu para si mesma. Santiago tinha cheiro de açúcar. Com um pouco de esforço, levantou-se com aquele peso todo sobre os braços e o levou até o quarto. Era hora de ir embora, hora de deixar o céu e voltar à realidade. Santiago era filho de mãe brasileira e pai estrangeiro e teve alguns problemas na família. Dulce sempre ouviu que o menino voltaria logo para os pais, pois era coisa simples, mas cinco meses já haviam se passado desde a chegada de Santiago ao abrigo. E Dulce esperava que tudo se resolvesse logo, pois cinco meses para uma criança de menos de três anos é muita coisa. Dulce ficou pensando sobre essas coisas, mas sabia que o seu papel era apenas apoiá-lo e esperar a situação se resolver.