Fanfic: Anahí (AyD) | Tema: Portiñon

Dulce mal conseguia conter o choro:
- Dulce, eu fui selecionada e terei que ir... - explicava Anahí.
Dulce engoliu seco, e de repente uma onda de desespero bateu no seu corpo, então meio fora de si agarrou Anahí pelos ombros:
- França?! Meus Deus! Você nem fala francês... que idéia é essa? - gritou feito criança birrenta.
Anahí virou o rosto e conteve o choro. Doía ver Dulce daquele jeito, mas teria que partir em menos de um mês. Foi selecionada para participar de um grupo de pesquisa no exterior. E não era verdade que não falava francês. Já tinha se candidatado antes, e na época sequer imaginava que aquele menininha fosse cruzar seu caminho. Além do mais, essa viagem significaria uma excelente guinada profissional, embora Anahí  não estivesse em condições de pensar desta maneira. As duas ficaram caladas e imóveis, de cabeça baixa, se sentindo derrotadas. Anahí olhou bem Dulce, com os ombros caídos e as lágrimas pingando, chorando em silêncio e sentiu seu coração partir, a ponto de achar que não fosse suportar ir embora.
Não havia mais o que falar. Anahí ensaiou durante uma semana como contaria para Dulce, mas não imaginou que seria tão difícil. Lá estava sua menininha chorando, com os lábios e os olhos vermelhos. Dulce virou-se, pegou sua bolsa e foi embora, batendo a porta com força. Anahí continuou ali parada, pensativa. Estava mais acostumada a perder as pessoas.
O porteiro mais uma vez viu Dulce passar pelo hall chorando, mas era um homem ingênuo e simples demais para imaginar o que estava se passando. Não teve tempo de fazer nenhum comentário prestativo, pois Dulce passou como um raio. Lá de baixo, antes de entrar no carro, olhou a luz do apartamento acesa. Sentiu vontade de voltar e abraçar Anahí, mas achou que nada naquele momento diminuiria a sua tristeza, então respirou fundo e foi embora. De repente toda a cidade estava triste, nada mais fazia sentido. Dulce estava magoada, mas não havia quem culpar. Anahí não tinha culpa.
No dia seguinte as duas se reencontraram e conversaram com mais calma, mas alguma coisa mudou a partir de então. A única coisa que as duas sabiam é que a cada dia que passava, se aproximava o dia da viagem de Anahí. Num domingo chuvoso, as duas dormiram a tarde inteira abraçadas. Qualquer coisa que fizessem poderia ser a última. Foi um período muito difícil e elas não tocaram mais no assunto. Dulce não sabia o que ia acontecer depois que Anahí partisse, não haviam combinado nada, se continuariam juntas ou pelo menos manteriam contato. A verdade é que não havia clima para nada, foi um grande choque para as duas. Só o tempo diria.
Na última semana antes de Anahí partir, Dulce decidiu ir até o apartamento. Sabia que Anahí estava na universidade trabalhando. Entrou e ficou parada olhando para a sala e o corredor. Caminhou até o escritório e começou a procurar uma pasta, onde sabia que haviam algumas cópias de documentos de Anahí. Não sabia bem por que estava fazendo aquilo, mas tinha medo de nunca mais encontrar Anahí. Talvez aqueles documentos pudessem a ajudar algum dia. Foi um momento meio de paranóia, mas Dulce guardou consigo aqueles papéis. Ficou com medo de esquecer o nome completo de Anahí algum dia. Doce ilusão.