Fanfic: Quimica perfeita - adaptada - AyA( Finalizada) | Tema: AyA
Poncho
Depois que Anahi fugiu de mim daquele jeito, não me sinto com a menor disposição para conversar. E espero evitar minha mãe, quando chegar em casa. Mas basta olhar para o sofá, na sala, e minha esperança bate asas. Ali está ela, na penumbra, com a televisão desligada. Meus irmãos já devem ter ido dormir.
— Alfonso... — ela começa — Aonde você pretende chegar, trazendo aquela moça branca e rica para o nosso meio? Não quero essa vida para nós.
— Eu sei.
— Essa tal de Anahi está pondo ideias estranhas na sua cabeça. Dou de ombros.
— Anahi detesta drogas, gangues e marginalidade... A senhora acha isso estranho? Mas sabe o que eu acho estranho, mãe...? Vou lhe contar: a senhora pode não ter escolhido essa vida, para mim... Mas também não reclamou muito, quando entrei para a Sangue.
— Não fale assim, Alfonso.
— Por que não? A verdade é muito dolorosa? Sou membro de uma gangue e a senhora sabe disso, embora finja ignorar. — Minha voz vai aumentando de volume, à medida que extravaso a frustração contida nesses anos todos. — Fiz essa escolha há muito tempo, porque entendi que era a única maneira de proteger nossa família, neste lugar miserável onde vivemos. Olhe para mim... — Tiro a camisa e mostro as tatuagens da Sangue Latino. — Olhe bem para o que sou, mamá. Sou membro de uma gangue, exatamente como papá. Será que devo traficar drogas, também? Lágrimas escorrem por sua face.
— Seu pai não teve escolha — ela diz, baixinho. — Quanto a mim, se eu achasse que havia outro jeito, naquela época...
— A senhora estava assustada demais, para sair desse buraco onde vivemos... E agora estamos encurralados, nessa vida desgraçada. Ninguém tem culpa, tudo bem, mas não venha jogar essa carga de medo e aflições em cima de mim e da minha garota.
— Isso não é justo — ela diz, se levantando.
— O que não é justo é a senhora viver como uma viúva em luto perpétuo, desde que Papá morreu. Por que não voltamos para o México? Diga ao tio Julio que foi inútil gastar as economias de uma vida inteira, para nos mandar para cá. Ou a senhora tem medo de voltar para lá e contar à família que fracassou?
— Oh, não. Nós não estamos tendo esse tipo de discussão... Isso não está acontecendo.
— Abra os olhos, mamá — digo, abrindo os braços o máximo que posso. — O que a senhora tem, aqui, que possa valer tanto a pena... Seus filhos? Bem, isso é uma desculpa, porque podemos, todos, voltar para o México. Para nós, já faz tempo que o “sonho americano” se transformou num pesadelo. — Aponto para o retrato do meu pai, acima do pequeno altar improvisado. — A começar por ele, que a senhora venera como se fosse um santo. Mas tudo o que Papá conseguiu, neste país, foi ser membro de uma gangue.
— Já disse que seu pai não teve escolha — ela grita — Ele só queria nos proteger.
— E, agora, é minha vez... A senhora vai fazer um altar para mim, quando eu levar um tiro? E Alex? Porque ele é o próximo da fila, sabe? E, depois, será o Luis...
Minha mãe me dá um tapa no rosto, com toda a força... E então recua, chorando. Ah, eu me sinto péssimo quando ela perde o controle por minha causa. Dou um passo à frente e puxo minha mãe para perto de mim. Quero pedir desculpas e dar-lhe um abraço. Mas, estranhamente, ela estremece e geme de dor.
— ¿Mamá? O que há de errado com você... Está machucada? Ela se solta bruscamente, me dá as costas e se afasta. Mas não posso deixá-la ir, assim... Consigo alcançá-la e levanto a manga do seu vestido. Para meu horror, descubro um hematoma em seu braço. Um hematoma de cor púrpura, negro e azul, que parece me encarar... Tento entender o que está acontecendo. A memória me leva de volta à festa de casamento, quando vi minha mãe e Hector conversando. — Foi Hector quem fez isso? — pergunto, num tom bem mais suave.
— Você precisa parar de fazer perguntas sobre seu pai — ela me diz, puxando rapidamente a manga, para cobrir o hematoma.
Uma onda de raiva me invade e se espalha por todo meu corpo. Agora entendo a cena entre os dois, na festa... Era um aviso de Hector para mim.
— Por que, mamá? Quem Hector está tentando proteger? —eu insisto.
Será alguém da Sangue Latino, ou um figurão de alguma gangue aliada? Gostaria de perguntar isso a Hector. E gostaria, mais ainda, de arrebentar com ele, por ter deixado a marca de seus dedos sujos no braço de minha mãe. Mas o cara é intocável. Todos sabem que desafiar Hector é entrar em guerra com a Sangue Latino inteira. Minha mãe me olha:
— Não me pergunte sobre isso. Há coisas que você não sabe, Alfonso. Coisas que não deve saber. Deixe estar...
— Depois de saber que papá traficava drogas, a senhora acha que alguma verdade ainda pode me assustar? Acha que é bom viver na ignorância? Porra, por que será que todo mundo está tentando me esconder a verdade, se eu não tenho medo dela?
Minhas mãos estão frias e úmidas, caídas ao longo do corpo. Um som no pequeno corredor me chama a atenção. Eu me viro e vejo meus irmãos, com os olhos arregalados. Pronto. Acabou. Ao ver os dois, minha mãe quase perde o fôlego. Puxa, eu seria capaz de qualquer coisa, para aliviar seu sofrimento.
Comentem!!
se tiver comentarios posto mais hj..
Autor(a): micheleponny
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— Perdón, Mamá — digo, pondo a mão em seu ombro. Sufocando um soluço, ela afasta minha mão e corre para o seu quarto. — É verdade? — Alex pergunta, com um aperto na voz. Eu confirmo: — É, sim. Confuso, Luis balança a cabeça e franze a testa. ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 230
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jeny_herrera_ Postado em 02/11/2016 - 20:04:13
Uma das primeiras fics que li, e agora estou relendo. Amo essa estória. <3
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lenny_ponny Postado em 02/08/2016 - 10:23:36
Nossa que fic :) Amei!!!! a história Parabéns! Cheleh *-*
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Lala AyA Postado em 27/03/2016 - 20:40:31
Eeeee
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isajuje Postado em 12/03/2014 - 16:57:15
Finaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaalmente eu consegui vir comentar, aliás, eu sempre entrava, só que era pelo celular então era difícil comentar porque o verificador sempre dava incorreto ¬¬ isso é um saco. Foi mal não ter comentado e vindo dizer sobre todos os capítulos mas saiba de uma coisa: eu amei. Bem, nem tudo, não queria que o Paco tivesse aquele fim, morresse daquela forma e que Poncho tivesse dito coisas tão duras a Anahí ou que ele sofresse nas mãos da Sangue. Mas eles se deram bem no final, tiveram filhos e sem se importar com o que os outros pensavam, Poncho conseguiu ter uma vida decente, conseguiu sair da Sangue (": coisa maravilhosa KKKKK pois é, quase chorei mas me contive porque né KKKKKKKKKK mas eu amei, e obrigada por ter dividido esta história conosco. <3
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portillas2 Postado em 04/03/2014 - 14:44:50
Desculpa não ter comentado mais só que minha net tá um caos, mas quero dizer que sua web foi linda e eu SUPER AMEI bjus <3
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franmarmentini Postado em 01/03/2014 - 23:04:03
já vou acompanhar ;)
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franmarmentini Postado em 01/03/2014 - 20:23:32
EU QUE AGRADEÇO POR VC TER POSTADO UMA FIC* TÃO LINDA ASSIM...ME DEU UM NÓ NA GARGANTA QUANDO VI PACO HERRERA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ACHEI MARAVILHOSO...ELES HOMENAGEAREM ELE DESSA FORMA...AMEI MUITO MESMO...GOSTARIA MESMO QUE TIVESSE UMA 2 TEMPORADA ACHARIA MARAVILHOSA...BJUS E VOU ESTAR FIRME E FORTE NA NOVA FIC* ;)
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franmarmentini Postado em 01/03/2014 - 20:02:43
*_*
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franmarmentini Postado em 01/03/2014 - 19:57:04
posta...
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franmarmentini Postado em 01/03/2014 - 19:40:04
NÃO QUERIA QUE ACABASSE A FIC* VC ACHA QUE DÁ PRA FAZER UMA 2 TEMPORADA??????????????????? SERIA MARAVILHOSO :)