Fanfics Brasil - 162 Quimica perfeita - adaptada - AyA( Finalizada)

Fanfic: Quimica perfeita - adaptada - AyA( Finalizada) | Tema: AyA


Capítulo: 162

852 visualizações Denunciar


Poncho


 


O carregamento deveria ser entregue aqui, na reserva florestal de Busse Woods. O estacionamento e a área em torno estão às escuras. Apenas a luz do luar me guia. O lugar está deserto, exceto por um sedan azul, com os faróis acesos. Entro no bosque e percebo, mais adiante, um corpo caído, de bruços.  Corro naquela direção, tomado pelo pavor. Quando chego mais perto do vulto, reconheço minha jaqueta.


E é como se eu assistisse a minha própria morte. Ajoelho-me no chão e começo a virar, lentamente, o corpo.  Paco.  


— Merda! — eu grito, sentindo nas mãos o sangue ainda quente. Os olhos de Paco estão vidrados, mas ele ergue a mão, devagar, e segura meu braço.  


— Estou acabado. Com muito cuidado, faço com que Paco apóie a cabeça no meu colo.  


— Eu disse para você não se meter na minha vida. Não morra por mim, Paco... É melhor você não cometer essa besteira, ouviu? Porra, você está sangrando por todos os lados. O sangue sai de sua boca, em profusão.  


— Estou com medo — ele murmura, estremecendo.  


— Não me deixe. Aguente firme... E tudo ficará bem — digo, abraçando Paco, sabendo que estou mentindo.  


Meu melhor amigo está morrendo. Isso é definitivo. Não há nada que eu possa fazer, para evitar. Sinto seu sofrimento como se fosse meu.  


— Veja só quem está aqui... O cara que fingiu ser Poncho... junto com seu amiguinho, o verdadeiro Poncho. Só podia ser mesmo numa noite de Halloween!  


Viro-me na direção dessa voz, cujo dono conheço muito bem: Hector.  


— Não vi que estava atirando em Paco... — ele me diz. — Cara, vocês são tão diferentes, à luz do dia. Acho que preciso fazer um exame de vista.  


Hector me aponta uma arma. Mas não estou com medo. Estou com raiva. E quero respostas.  


— Por que você fez isso, Hector?  


— Se você quer mesmo saber, a culpa é toda do seu pai. Ele queria sair da Sangue... Mas não há saída, Poncho. Seu pai era o melhor de todos, sabe? Pouco antes de morrer, ele bem que tentou desistir. E então tivemos que lhe dar um desafio, um castigo... Mas, em vez de surra, ou tôrtura, nós o mandamos receber um carregamento. Era esse o desafio: tráfico, Poncho. Tráfico de drogas, agora de pai para filho... — Hector começa a rir... E sua risada horrível fica reverberando em meus ouvidos, enquanto ele aponta para Paco e volta a falar: — Se vocês dois conseguirem sobreviver... O seu pai vence. O estúpido filho da puta nunca teve uma chance. Pensei que pudesse treinar você, para assumir uma posição invejável, como um grande traficante e um grande vendedor de armas. Que nada! Você, realmente, é igual ao seu pai. Um cara que não tem palavra, um perdedor, um desistente... Um covarde!  


Olho para Paco, que mal consegue respirar. O ar já não penetra seus pulmões. Vejo seu peito manchado de sangue, o alvo vermelho aumentando de tamanho, e me lembro do meu pai. Só que agora já não tenho seis anos. Agora tudo está claro como cristal.  Paco tenta erguer a cabeça... Meus olhos encontram os dele, por um breve e intenso momento.  


— A Sangue Latino nos traiu, cara. — Essas são as últimas palavras de Paco, que revira os olhos e cai, sem vida, em meus braços.  


— Solte esse cara, já! — Hector grita, brandindo sua arma no ar, como um lunático. — Ele está morto, Poncho... Tal como o seu velho. Agora levante-se e olhe para mim, vamos!  


Com muito cuidado, deixo o corpo inerte de Paco no chão e me ergo, pronto para lutar.  


— Ponha as mãos na cabeça, de um jeito que possa vê-las. Sabe, quando matei seu pai, você chorou como um escuincle, como um bebê, Poncho vc. Chorou nos meus braços, sabe? Nos braços de quem matou seu pai... Não é irônico?  


Eu tinha seis anos de idade. Se soubesse que Hector era o assassino, jamais teria entrado na Sangue.  


— Por que você fez isso, Hector?  


— Moleque, você não vai aprender nunca, não é? Veja só... Tu papá se achava melhor do que eu. Mas mostrei a ele, não foi? O imbecil andou se gabando por aí, dizendo que a zona sul era um lugar muito bom de se viver... E que não havia gangues em Fairfield. Mas eu mudei esse quadro, Poncho. Coloquei meus rapazes para trabalhar, para recrutar gente em todas as famílias, todos os lares. A escolha era simples: quem não estava comigo, estava contra mim... O que significava correr o risco de perder tudo, até a vida. Isso, meu caro, é o que faz de mim um homem poderoso, el jefe.  


— Isso faz de você um louco.


— Louco. Gênio. Dá no mesmo. — Hector me empurra, com a arma.  — Agora, ajoelhe-se. Acho que este é um bom lugar para morrer... Bem aqui, no meio da floresta, como um animal. Você quer morrer como um animal, Poncho?  


— Você é o animal, imbecil. Você poderia ao menos me olhar nos olhos, quando for me matar, assim como fez com meu pai.  


Hector começa a andar ao meu redor... E finalmente surge minha chance: agindo com rapidez, agarro-o pelo pulso e consigo derrubá-lo.  Hector pragueja e, meio atordoado, consegue se levantar rapidamente, ainda segurando a arma. Tiro vantagem do momento e dou-lhe um pontapé nas costelas. 


Hector cambaleia e consegue me acertar de raspão, na cabeça, com a coronha. Caio sobre os joelhos, me amaldiçoando por não ser invencível... Por ser apenas humano.  Lembro-me de meu pai e de Paco... Assim, ganho forças para continuar lutando, aqui, em plena escuridão. Tenho certeza de que Hector está só esperando uma chance para atirar.  


Chuto as costas dele e perco o equilíbrio... Quando me aprumo, vejo Hector apontando sua Glock diretamente para o meu peito.  


— Aqui é a polícia de Arlington Heights! Soltem suas armas e ergam as mãos, de um modo que possamos vê-las!  Mal consigo enxergar as luzes azuis e vermelhas, através da neblina e das árvores.  Levanto as mãos.  


— Solte a arma, Hector. O jogo acabou.  Mas ele continua segurando a Glock, mirando meu peito.


— Largue a arma! — a polícia ordena. — Agora!  Hector está furioso. Posso sentir sua raiva, vibrando na curta distância que nos separa. Sei o que esse covarde pretende fazer... Não tenho a menor dúvida: ele vai puxar o gatilho.  


— Você está enganado, Poncho — diz Hector. — O jogo mal começou.  


Tudo acontece muito rápido.  Salto para a direita, enquanto os tiros espocam.  Pop. Pop. Pop. Cambaleante, recuo alguns passos. Sei que estou ferido. A bala me atravessa a pele, penetrando profundamente. Uma sensação de fogo se espalha por todo meu corpo, como se alguém me despejasse Tabasco. Então, meu mundo se apaga.  


 


Comentem!



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): micheleponny

Este autor(a) escreve mais 6 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

Anahi   cordo às cinco da manhã, com o toque do meu celular. É Isabel quem está ligando, provavelmente para me pedir algum conselho sobre Paco...   — Oi, Isa, você sabe que horas são? — digo, sonolenta.   — Ele está morto, Anahi. Ele se foi.   — Quem? — pergunto, apavorada. ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 230



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • jeny_herrera_ Postado em 02/11/2016 - 20:04:13

    Uma das primeiras fics que li, e agora estou relendo. Amo essa estória. <3

  • lenny_ponny Postado em 02/08/2016 - 10:23:36

    Nossa que fic :) Amei!!!! a história Parabéns! Cheleh *-*

  • Lala AyA Postado em 27/03/2016 - 20:40:31

    Eeeee

  • isajuje Postado em 12/03/2014 - 16:57:15

    Finaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaalmente eu consegui vir comentar, aliás, eu sempre entrava, só que era pelo celular então era difícil comentar porque o verificador sempre dava incorreto ¬¬ isso é um saco. Foi mal não ter comentado e vindo dizer sobre todos os capítulos mas saiba de uma coisa: eu amei. Bem, nem tudo, não queria que o Paco tivesse aquele fim, morresse daquela forma e que Poncho tivesse dito coisas tão duras a Anahí ou que ele sofresse nas mãos da Sangue. Mas eles se deram bem no final, tiveram filhos e sem se importar com o que os outros pensavam, Poncho conseguiu ter uma vida decente, conseguiu sair da Sangue (&quot;: coisa maravilhosa KKKKK pois é, quase chorei mas me contive porque né KKKKKKKKKK mas eu amei, e obrigada por ter dividido esta história conosco. <3

  • portillas2 Postado em 04/03/2014 - 14:44:50

    Desculpa não ter comentado mais só que minha net tá um caos, mas quero dizer que sua web foi linda e eu SUPER AMEI bjus <3

  • franmarmentini Postado em 01/03/2014 - 23:04:03

    já vou acompanhar ;)

  • franmarmentini Postado em 01/03/2014 - 20:23:32

    EU QUE AGRADEÇO POR VC TER POSTADO UMA FIC* TÃO LINDA ASSIM...ME DEU UM NÓ NA GARGANTA QUANDO VI PACO HERRERA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ACHEI MARAVILHOSO...ELES HOMENAGEAREM ELE DESSA FORMA...AMEI MUITO MESMO...GOSTARIA MESMO QUE TIVESSE UMA 2 TEMPORADA ACHARIA MARAVILHOSA...BJUS E VOU ESTAR FIRME E FORTE NA NOVA FIC* ;)

  • franmarmentini Postado em 01/03/2014 - 20:02:43

    *_*

  • franmarmentini Postado em 01/03/2014 - 19:57:04

    posta...

  • franmarmentini Postado em 01/03/2014 - 19:40:04

    NÃO QUERIA QUE ACABASSE A FIC* VC ACHA QUE DÁ PRA FAZER UMA 2 TEMPORADA??????????????????? SERIA MARAVILHOSO :)


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais