Fanfic: Quimica perfeita - adaptada - AyA( Finalizada) | Tema: AyA

Anahi

cordo às cinco da manhã, com o toque do meu celular. É Isabel quem está ligando, provavelmente para me pedir algum conselho sobre Paco...  

— Oi, Isa, você sabe que horas são? — digo, sonolenta.  

— Ele está morto, Anahi. Ele se foi.  

— Quem? — pergunto, apavorada.  

— Paco. Não sei se eu deveria ter telefonado, mas você acabaria descobrindo que Poncho também estava lá e...  Aperto o celular com força:  

— Onde está Poncho? Ele está bem? Por favor, diga que sim! Eu imploro, Isa... Por favor!  

— Poncho foi baleado.  Por um instante, espero ouvir as palavras que mais temo: “Poncho está morto.” Mas não é isso que ela diz:  — Ele está sendo operado, no Lakeshore Hospital.  Antes que Isa termine a frase, arranco o pijama e começo a me aprontar para sair. Meus gestos são trêmulos. Pego as chaves e caminho até a porta, ainda ouvindo Isabel, que relata o que aconteceu, com todos os detalhes que pôde conseguir.  A transação da droga deu errado. Paco e Hector morreram. Poncho foi ferido e, neste momento, está numa sala de cirurgia. Isso é tudo o que Isa sabe.  Desligo o celular e sigo para o hospital.  

— Oh meu Deus, oh meu Deus, oh meu Deus — repito, como se rezasse um salmo, ao longo de todo o trajeto.  Depois que me entreguei a Poncho, ontem à noite, tive certeza de que ele faria uma escolha, que deixaria a gangue e o tráfico de drogas para ficar comigo. Poncho pôde trair nosso amor... Mas eu não posso. Um soluço me faz estremecer. Desato num choro profundo. Ontem, Paco me garantiu que daria um jeito de Poncho não participar daquela transação sinistra... Oh, Deus! Paco foi no lugar dele e acabou morrendo... Pobre e querido Paco!  Tento não pensar na possibilidade de Poncho não resistir à cirurgia. Uma parte de mim morreria com ele.  

Pergunto à recepcionista do hospital onde posso conseguir informações sobre o estado de Poncho.  

Ela pede que eu soletre meu nome e começa a digitar, no micro. O som do teclado me deixa louca. Ela está demorando tanto, que tenho vontade de agarrá-la pelos ombros e exigir que se apresse. Por fim, a mulher me olha com curiosidade:  

— Você é da família?

 — Sim.  

— Grau de parentesco?  

— Irmã.  A mulher meneia a cabeça, evidentemente incrédula, e então dá de ombros:  

— Alfonso Herrera foi internado com um ferimento a bala.  

— Mas ele vai ficar bem, não é? — pergunto, chorando.  A mulher volta a digitar.  

— Parece que a cirurgia vai durar algumas horas, Srta. Herrera. A sala de espera fica naquele corredor, à direita. É uma sala cor de laranja... O doutor falará com a senhorita, a respeito do seu irmão, assim que terminar a cirurgia.  

— Obrigada.  

A mãe de Alex e seus dois irmãos estão na sala de espera, sentados em cadeiras cor de laranja. Ao vê-los, sinto-me congelar.  A mãe é a primeira a notar minha presença. Seus olhos estão vermelhos; lágrimas escorrem por suas faces.  Levo a mão à boca, tentando conter um soluço, mas não consigo. As lágrimas me inundam os olhos... E através delas vejo a Sra. Herrera abrir seus braços para mim.  Tomada por uma forte emoção, corro a abraçá-la.

 As mãos de Poncho estremecem. Olho para ele. Estive aqui, sentada, por toda a noite, esperando que ele acordasse. Sua mãe e os dois irmãos também permaneceram a seu lado. O doutor disse que talvez ele levasse horas para recobrar a consciência. Umedeço uma toalha de papel, na pia do banheiro, e pressiono-a contra a testa de Poncho. Fiz isso durante a noite, enquanto ele transpirava e se debatia, num sono bastante agitado. Seus olhos parecem querer se abrir... É como se ele estivesse lutando contra o efeito dos sedativos, para poder enfim acordar.  

— Onde estou? — A voz de Poncho soa entrecortada.  

— No hospital — responde a Sra. Herrera, erguendo-se da cadeira de um salto.  

— Você foi baleado — diz Alex, com a voz carregada de aflição. Poncho franze a testa, confuso:

— Paco... — ele diz, por fim.  

— Não pense sobre isso, agora — digo, tentando conter a emoção, sem muito sucesso.  Preciso ser forte, não por mim, mas por Poncho... E não vou decepcioná-lo. Ele ensaia um gesto para alcançar a minha mão, mas seu rosto se contrai, numa expressão de dor. Ele desiste.