Fanfic: Quimica perfeita - adaptada - AyA( Finalizada) | Tema: AyA

Alfonso

Depois de um banho rápido, volto pro quarto, com uma toalha na cintura. Vejo Luis com um dos meus lenços - aqueles tipo bandana - na cabeça, fico furioso e o arranco com um puxão.

— Nunca toque nos meus lenços.

— Por que não? — ele pergunta, com ar de inocência nos profundos olhos castanhos.

Pra Luis, isso é só um lenço. Pra mim, é um símbolo do que eu sou e do que ele jamais será. Como explicar isso a um garoto de onze anos? Ele sabe quem sou. Não é segredo pra ninguém que o lenço traz as cores da gangue Sangue Latino. Entrei na Sangue porque queria dar o troco, queria me vingar, e agora não há como sair. Mas nem morto eu deixaria meu irmão entrar nessa.

Enrolo o lenço no pulso e digo:

— Luis, não mexa nas minhas coisas. Especialmente nas minhas coisas da Sangue.

— Gosto de vermelho e preto.

Era só o que faltava!

— Se eu pegar você com isso outra vez, vou deixar umas manchas vermelhas e pretas, bem esportivas, pelo seu corpo. Entendeu, irmãozinho?

Luis sai do quarto, com aquele seu jeito de andar gingando, e eu me pergunto se ele realmente compreende. Mas resolvo não pensar mais no assunto. Abro o armário, escolho uma camiseta preta e um velho jeans desbotado. Enquanto amarro o lenço na cabeça, escuto minha mãe gritando, da cozinha:

— Alfonso, venha comer antes que esfrie. Depressa!

— Já vou — respondo. Nunca entenderei por que as refeições são tão importantes pra ela.Meus irmãos estão ocupados, devorando o café da manhã, quando entro na cozinha. Abro a geladeira e dou uma olhada no que tem.

— Sente-se.

— Mãe, eu vou só pegar...

— Você não vai pegar nada, Alfonso. Somos uma família e vamos comer todos juntos.Com um suspiro, fecho a porta da geladeira e me sento ao lado de Alex. Ser membro de uma família unida às vezes tem suas desvantagens. Minha mãe coloca um prato cheio de tortillas e ovos, diante de mim.

— Por que a senhora não me chama de Poncho? — pergunto, olhando pra comida à minha frente.

— Se eu quisesse fazer isso, não teria batizado você de Alfonso. Qual é o problema? Você não gosta do seu nome?

A pergunta me deixa tenso. Recebi esse nome em homenagem a meu pai, que morreu quando eu era menino, deixando-me a responsabilidade de ser o homem da casa. Alfonso, Alfonso Jr., Junior... pra mim, tanto faz.

— Isso importa? — eu resmungo, pegando uma tortilla.

Ergo os olhos, tentando avaliar a reação de minha mãe, que está de costas pra mim, lavando louça na pia.

— Não — ela responde.

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