Fanfics Brasil - Capítulo 11 Tudo Muda, Tudo Passa... ( Adaptada) Portiñón

Fanfic: Tudo Muda, Tudo Passa... ( Adaptada) Portiñón | Tema: Portiñon


Capítulo: Capítulo 11

395 visualizações Denunciar


Daquele sábado em diante começamos a passear sempre pela praia após estudarmos. Conversávamos bastante e eu me sentia tão à vontade com ela que parecia que éramos amigas há anos. Chegamos a ir no Pão de Açúcar em um dia que houve paralisação na faculdade e ela estava como criança deslumbrada. Em um sábado me pediu para ir no morro e consenti.

- Amanhã eu levo você. Venho aqui te buscar e você passa o dia com a gente lá.

- Ai eu quero! – respondeu excitada


E assim aconteceu. Passei em seu apartamento para buscá-la e fomos até o Cantagalo. Notei que ela se espantou um pouco com a pobreza, mas se conteve e soube agir com naturalidade, coisa que admirei bastante. Apresentei-a a seu Neneco e fomos subindo para minha casa. Ela estava de short jeans e uma blusinha rosa, calçando tênis de mesma cor. Parecia um menininha.

- Não repare o meu barraco Any. É simples, mas acredite que muito bem cuidado. – falei me aproximando da cerca.

- Sabe que não tenho essas coisas.

- Vó, chegamos! – abri o portão da cerca

Vovó apareceu na porta de casa e sorriu para Any.

- Any, essa é minha avó Eleonora.

Não sei explicar, mas me senti como quem apresentava um namorado novo. Estava tensa.

- Bom dia minha filha.

- Bom dia, como vai a senhora? – Any aproximou-se dando beijos de comadre.

- Bem, e você?

- Graças a Deus, tudo bem.

Elas se olharam sorrindo.

- Vamos, entre. – vovó saiu da porta dando passagem

Any entrou e percebi que ficou surpresa com o tamanho do barraco. Embora disfarçasse, parecia estar penalizada.

- Vó, nós não vamos demorar muito aqui agora porque ela vai na aula de matemática comigo.

- Mas vocês vêm pra almoçar? – olhou para nós


- Sim. – olhei para Any – Eu vou pegar algumas coisas e daí já iremos. Senta um pouco.

- Tudo bem. – sentou-se

Ouvi quando vovó perguntou:

- Quer alguma coisa filha? Uma água, um café?

- Não precisa se incomodar comigo dona Eleonora. Estou bem.

- Então dá uma licença que eu vou pra cozinha fazer a comida.

- Fique à vontade.

Peguei uns livros e voltei para sala.

- Pronto Any. Voltei. Vamos lá?

- Vamos. – levantou-se e olhou para cozinha – Até logo dona Eleonora!

- Até logo filha!

- Vó, na hora de sempre tô de volta. – olhei para a cozinha também.

- Tá bom!

Caminhamos até o prédio do espaço comunitário e já havia um monte de crianças esperando. Any assistiu a aula e rapidamente se aproximou de todas elas. Seu jeito com crianças era encantador. Meio dia estávamos de volta no meu barraco e ela almoçou conosco dando a impressão de gostar bastante da comida. Puxou conversa com vovó.


- Então, a senhora não é do Rio de Janeiro?

- Não, sou baiana. – respondeu simplesmente

- Dulce  me disse que a senhora mora na cidade há muitos anos.

- Sim.

- Mudar de cultura é sempre complicado a senhora não achou? Quando eu cheguei no Brasil estranhei várias coisas, mas aprendi a gostar muito deste país, desta cidade, do modo como vocês vivem. Na Inglaterra, a maior parte das coisas parece muito formal. A espontaneidade do carioca é contagiante!

- Você é nascida em Londres mesmo? – olhou bem para ela.

- Sim. E vivi lá até a mudança para o Brasil.

- Eu estive lá em 1938 com meus pais. Ainda era solteira. Achei a cidade fascinante.

- É???? – perguntei abestalhada

E daí por diante, para meu espanto, ela e minha avó conversaram bastante, e descobri que vovó ainda sabia falar algumas coisas em inglês. Dona Eleonora conversava mais com ela em algumas horas do que comigo por anos inteiros. "Tô boba!"


Horas depois, Any foi comigo para o terreiro da capoeira e assistiu o jogo da nossa roda. Confesso que me exibi bastante para impressioná-la, o que acho ter conseguido. Alguns caras do grupo ficaram se desmanchando em amabilidades com ela e senti uma pontada de ciúmes por isso, embora não entendesse por quê. Reparei que ela prestava atenção em cada movimento meu, e isso me agradava bastante.

- Uau! Você é incrível! Como tem mobilidade para fazer o que faz? E os saltos? Meu Deus são o máximo. Wonderful, great!!

- Que bom que gostou. Tive um bom mestre. Aliás, deixa eu te apresentar a ele. Vem aqui. – segurei a mão dela.

- Mestre Tião! – caminhamos até ele, que estava de costas conversando com dois rapazes e então se virou para nós.

- Oi, Dul.

- Deixa eu te apresentar a uma amiga minha. Essa é a Anahí – disse me virando para ela – que ficou muito impressionada com o que viu hoje.

- Olá filha. – estendeu a mão para cumprimentá-la – É gringa? Fala português?

- Falo sim mestre Tião, embora seja inglesa. – estendeu a mão em retribuição – Achei incrível este trabalho de vocês! Fabuloso!

- Inglesa? Os ingleses no geral gostam da capoeira. Já levei este grupo para se apresentar a uma excursão de ingleses em frente ao Copacabana Palace. Eles ficaram loucos! Dul – olhando para mim – você estava nesse grupo não estava?

Imediatamente lembrei de Bruce, um jovem e gatíssimo inglês de 19 anos com o qual fui para cama pouco tempo depois dessa apresentação. Ele estava hospedado no Copacabana Palace e nós aproveitamos bem o espaçoso quarto no quinto andar de frente para a praia. O cara estava tão excitado que nem se importou com o fato de eu estar bastante suada e meio suja de areia.

- Sim, eu estava lá sim!


- Vocês são ótimos! Quando a Dulce  falava eu não tinha idéia de que era assim!

- Se um dia quiser aprender, a própria Dulce  pode te ensinar. E se quiser jogar aqui com a gente não tem problema nenhum. Recebo iniciantes de montão.

- Ah. Eu não tenho essa coragem! Acho que sou muito medrosa para isso.

- Bem, se um dia mudar de idéia... – sorriu

- Mestre, vou indo lá. Daqui a pouco ela tem que ir pra casa. – bati na mão dele – Até domingo que vem.

- Até. – sorriu para Any. - Pense na idéia de jogar com a gente.

Ela sorriu e nada falou. Retornamos ao barraco novamente, e constatei que estávamos sem água. Morri de vergonha por isso, mas não havia como disfarçar. Vovó estava na sala com a TV ligada e Any sentada a seu lado.

- É... Acabou a água e vou ter que ir lá no seu Neneco.

- Mas que praga! – vovó levantou-se – Vou pegar os baldes.

Alex nos olhava com um ponto de interrogação na cabeça.

- Perdão, do que estão falando?

- Acabou a água e a gente vai ter que ir no seu Neneco pegar com balde.

Vovó já vinha com quatro baldes vazios na mão.

- Vamos logo Dulce . A gente enche a bacia e deixa mais dois baldes cheios.

- E tem mais balde aí? – Any perguntou – Eu posso ajudar também.

- Não, você fica quieta aí. – falei - Deixa que a gente se vira.

- Não eu também quero ajudar. – dirigiu-se a vovó – Dona Eleonora me dê um balde e a senhora fica com outro.


 


Vovó consentiu e descemos todas para o seu Neneco. Any parecia ter curiosidade em entender tudo o que nós vivíamos no morro, como se quisesse realmente saber como seria morar como nós. Prestava atenção a cada detalhe e em tudo que falávamos. Trouxemos a água e então pude tomar banho. Fui me vestir já pensando em levá-la para casa e isso me deu um pouco de tristeza. Eu havia adorado a presença dela! Ao sair do banheiro vi que vovó já se preparava para colocar a comida, e me avisou em voz alta que eu não levaria Any para casa sem que jantasse conosco.

- Any não quero te expulsar, mas depois da janta já será hora de eu te levar.

- Tudo bem, eu entendo. Eu nem queria incomodar jantando aqui, mas enquanto você tomava banho dona Eleonora me convenceu. E a comida dela é tão boa...

- Eu também acho, mas sou suspeita! – sentei a seu lado – Antes de sair quero te mostrar um lugar.

- Qual? – sorriu curiosa.

- Você vai ver. – nossos olhares se encontraram

- Pode vir gente! – vovó chamou da cozinha

Nosso pequeno transe foi desperto e fomos para a cozinha jantar.


Fomos subindo as escadas e levei-a até uma espécie de mirante que ficava escondido no meio do mato.

-Oh my God. Wonderfull!!!!

- Não é lindo? Espera deixa eu te ajudar. – estendi a mão para ajudá-la a subir em uma pedra e parei de pé atrás dela – Pronto, pode se encostar em mim.

Ela apoiou-se no meu corpo e ficou admirando a vista deslumbrada. Centenas de pequenas luzes iluminavam a cidade. Coloquei um braço ao redor da cintura dela. "Por que estou fazendo isso??"

- Ali é a praia de Copabana e do outro lado a de Ipanema. Este meio, entre ambas é o Arpoador, você sabe?

- Mais ou menos. Ainda conheço muito pouco do Rio.

- Vê aquela luz ali? É o Forte de Copacabana.

- Deve ter uma vista linda também.

- E tem! Fui lá várias vezes quando era do segundo grau. Podemos ir um dia desses. Aliás, acho que vou te levar mais pra sair, embora não tenha o hábito de passear com criança.

Ela beliscou minha coxa.

- Ai!

- Tenho 16 anos!

- Desculpa, eu esqueço que você já é um mulherão maduro e independente.

- Quer deixar de ser boba? – me deu um tapinha no braço – E aquele outro morro?

- É o morro do Pavão. Consegue ver o Pão de Açúcar e o Corcovado?

- Sim. É tudo tão lindo! Daqui de cima parece que a cidade é nossa, que está aos nossos pés.

- Por isso gosto daqui. Venho quando quero pensar, ficar sozinha. Você é a primeira pessoa com quem divido este lugar.

Ela pegou meus braços e abraçou-se com eles.


- Obrigada!

Não sei explicar o que senti com aquele contato entre nós. Eu não tinha vontade de sair dali, não tinha vontade de interromper aquele abraço, mas tinha medo que alguém nos visse e pensasse que éramos lésbicas. Esse pensamento me confundiu a cabeça e então decidi que era hora de partirmos.

- É... Any. – comecei a me desvencilhar – É melhor irmos agora.

Senti que ela estranhou minha atitude inesperada, mas não falou nada, apenas balançando a cabeça em concordância. Descemos o morro e ela preferiu pegar um táxi, já lá embaixo, para não me fazer ir até seu apartamento e voltar. Achei melhor assim e deixei-a partir. Eu estava confusa e não queria demonstrar isso a ela. Já em casa, vovó assistia ao Fantástico.

- Então vó? Que achou dela?

- É uma boa menina.

E isso foi tudo que disse.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): portinons2vondy

Este autor(a) escreve mais 10 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

No dia seguinte, encontrei-a por acaso no banheiro do bloco D. Estava passando batom e se olhando no espelho. Linda, usando um vestido azul claro todo trançado nas costas. - Bom dia? Chegou bem em casa ontem? Pensei em ligar, mas o orelhão tava depenado. – parei do seu lado. - Cheguei sim. – sorriu e guardou o batom na bolsa – Espero n&atild ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 28



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • marianac Postado em 22/06/2020 - 21:59:07

    A autora sabe que vc está postando a história dela aqui?

  • madilima Postado em 03/11/2015 - 20:15:32

    Termina a fanfic por favor!!! Quero muito saber o final!!!!

  • tammyuckermann Postado em 27/09/2015 - 00:17:41

    Posta mais pff

  • pekenna Postado em 08/04/2015 - 18:56:08

    voltaaaa please

  • nanda302 Postado em 26/03/2015 - 12:37:33

    Venho aqui diariamente ver se vc tem postado mas capítulos.... Estou louca pra vê o final dessa história... Por favor não demora a posta;-) OBG!!!

  • pekenna Postado em 25/03/2015 - 15:33:16

    volta a postar por favorzinhoooooo!!!

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 10/12/2014 - 00:25:38

    Posta mais pleaseee!to morrendo pra saber oq vai acontecer!posta maaaaaais!

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 06/12/2014 - 22:00:45

    Posta maaais please!VC pode dar uma passadinha na minha fic Os olhos da alma (portinon) ou divulgar ela??obg

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 05/12/2014 - 01:24:15

    Brigaduu por postar!!!!!!nunca li ate o final,e gostaria MT de ler essa historia maravilhosa!!valeu MSM!!!posta maaais?obg

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 24/11/2014 - 04:34:58

    Por favor posta mais me cadastrei aq só pra comentar essa fic maravilhosa!postaa please


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais