Fanfics Brasil - Capítulo 12 Tudo Muda, Tudo Passa... ( Adaptada) Portiñón

Fanfic: Tudo Muda, Tudo Passa... ( Adaptada) Portiñón | Tema: Portiñon


Capítulo: Capítulo 12

1478 visualizações Denunciar


No dia seguinte, encontrei-a por acaso no banheiro do bloco D. Estava passando batom e se olhando no espelho. Linda, usando um vestido azul claro todo trançado nas costas.

- Bom dia? Chegou bem em casa ontem? Pensei em ligar, mas o orelhão tava depenado. – parei do seu lado.

- Cheguei sim. – sorriu e guardou o batom na bolsa – Espero não ter dado muito trabalho... – virou-se de frente para mim

- Você? Claro que não. Espero é que você tenha gostado; apesar das grandes diferenças entre os nossos mundos... – abaixei a cabeça e apoiei a mão no mármore da pia

- Foi um dia maravilhoso. E mesmo com as grandes diferenças eu não acho que tenhamos que viver em mundos diferentes. São apenas condições sociais e só. – sua voz era suave como se me acariciasse.


Olhei para ela e não soube o que dizer. Apenas sorri e fiquei presa no sorriso que recebi de volta. Era incrível como facilmente ela me deixava daquele jeito: fascinada, sem palavras. Esqueci completamente dos motivos que me levaram ao banheiro e repentinamente interrompi o momento.

- Eu... Eu tenho uma aula agora. É melhor ir. Tchau, provavelmente até sábado.

- Até lá então.

Saí do banheiro quase que correndo.


****************************************


Chegou o sábado e eu não me aguentava de ansiedade. Any era o assunto que mais ocupava minha mente. Não estava conseguindo me entender. Subi no elevador impaciente e, ao chegar, encontrei Dolores na pose de sempre. Ao entrar na sala levei um impacto: lá estava uma mulher de cabelos louros e curtos estendida na poltrona lendo uma revista de moda. Vestia uma hobbie de seda com estampa de oncinha e calçava sapatos de salto cheio de plumas cor de rosa. "Meu Deus, é a tal piruona!"

- Bom dia.

Ela se deu conta de minha presença, posicionou os óculos na ponta do nariz e me avaliou de cima a baixo.

- Dulce ?

- Sim. E a senhora com certeza é a mãe da Any.

- Não me chame de senhora. Isto é para os empregados. Todos me chamam Jack.

– Ah sim.- estendi a mão direita – Tudo bem?

Ela olhou bem para minha mão e não retribuiu o gesto.

- Precisa cuidar melhor de suas mãos. Nem parece mão de mulher.

Recolhi a mão e fiquei sem graça. Não sabia o que dizer.

- Bom dia! Vejo que já conheceu minha mãe.

Era a voz de Any. Ela acabava de chegar na sala.


Bom dia. – respondi aliviada – É, conheci. E então? Pronta pra mais um dia?

- Claro! Vamos?

- Vamos. Com licença. – saí apressadamente.

Estudamos bastante, e vez por outra ouvi os gritos da mãe de Any pela casa dando ordens para Dolores e o motorista. Era uma frescura só. Perto da hora do almoço Any perguntou:

- Minha mãe disse algo que a perturbou?

- Falou que tenho de cuidar melhor de minhas mãos. – abri as duas mãos e as posicionei diante de mim. – Minhas mãos são feias há muito tempo; escrotas, cheias de cicatrizes pequenas.

- São mãos de quem trabalha duro. – segurou as duas – Gosto delas. – entrelaçamos os dedos e nos olhamos. Senti seu perfume me invadindo e lutei contra uma vontade urgente de beijá-la. Levantei-me rapidamente desmanchando o contato entre nossas mãos. Nesse momento Dolores bate na porta chamando para o almoço.

- Meus pais almoçarão conosco. – disse como se me preparando para o pior

"Que maravilha!"


 


A mesa estava impecável como nunca. Havia, dentre outras coisas, uma travessa com seis lagostas, e um mundo de talheres. Os pais de Any já estavam sentados e conversavam em inglês. Calaram-se com nossa chegada e senti o homem me examinando de cima a baixo, como sua mulher havia feito.

- Demorar vocês. Senta! – disse em tom imperativo.

- Culpa minha pai.

Dolores serviu o almoço e eu não sabia como usar tantos talheres. Any olhou para mim e senti que deveria imitar seus atos. Assim o fiz. Seus pais me olhavam como que a um inseto curioso e pareciam não apreciar o que viam. Estavam todos muito bem arrumados, e Any mais que o habitual. O dia estava meio frio e eu usava calça jeans, tênis, uma camiseta justinha e casaco de moletom.

- Meu filha dizer você melhor aluna in the University.

- Não sou a melhor, ela é muito gentil comigo.

- É sim pai. Ela tem vergonha de admitir.

- E trabalhar dentro de University?

- Eu dava aulas lá, como faço com Any aqui em sua casa. Agora trabalho com pesquisa.

- Pena que em tudo isso se ganhe tão pouco dinheiro. – Jack riu debochada

- É verdade... Jack. Mas gosto e preciso mesmo assim. E à propósito, como devo chamá-lo senhor?

- Sr Robert estar bom.

"Sr Robert. Esnobe! Parece até uma bicha velha"

- E onde mora Dulce ?

- Em Copacabana. "E se perguntar mais digo que moro no morro. A pirua vai cair dura no chão e a bichona vai se engasgar com o vinho".

- O que suas pais fazer?

- Sou órfão senhor.

- Que horror! – a mãe de Any pôs a mão no peito


- Mãe, por que não conta como foi desfile em Nova York semana passada? – senti que Any queria fazer o tempo passar com seus pais entretidos em não perguntar sobre minha vida. Ouvi a estória sem a menor atenção mas fingindo o contrário. O almoço voou com essa conversa. Depois foi a vez do pai de Any falar de seus negócios até que disse:

- Pena é filha meu estudar University here, in Brazil.

- Ela ainda é muito nova querido. Pode fazer um mestrado em Londres, Cambridge, Oxford... ou mesmo na Alemanha. Não precisa se impregnar com esse ensino tupiniquim para o resto da vida.

Engoli em seco para não lançar uma grosseria e só não o fiz em respeito a Any. Quando tudo acabou fui para o banheiro e dei socos no ar. Que gente ridícula! Fui para a biblioteca e Any trancou a porta depois que entrei.

- Não gostou de pais meus não é?- perguntou de cabeça baixa

- Não gostei de algumas coisas que disseram. E eu só não disse poucas e boas naquela mesa em respeito a você.

- Desculpe-os. Meus pais são pessoas muito distantes. É difícil se aproximar deles, mesmo para mim que sou filha. Não sou como gostariam.

- E é uma garota maravilhosa! Eles deveriam agradecer a Deus de joelhos por tê-la como filha!

Ela me olhou e sorriu. O resto do dia passou voando, e saí de lá sem me despedir dos pais dela. "Jack" estava ao telefone com outra pirua tão pirua quanto ela, e o "senhor Robert" estava em outro telefone com um colega de trabalho. Saí me sentindo humilhada por aquela gente e desejei nunca mais vê-los.


Era uma quarta-feira e eu estava no laboratório trabalhando no computador. Taís apareceu do nada e me deu um tapão nas costas.

- Ô mulher, quê que você tá fazendo aqui até agora? Uma chopada alucinante rolando lá no CCS e você aí trabalhando? Aline e Soninha já foram pra lá. Vambora!!

- Taís você quer me matar de susto? Como é que entrou aqui assim?

- Você faz perguntas demais! Vamo logo! Aposto que nem se tocou que já passou das cinco!

Olhei para o relógio. Eram cinco e quinze.

- É mesmo. Deixa eu pegar minhas coisas.

- Vamos lá. Hoje eu peguei o carro do coroa e te levo de carona até Copa.

- Nem sabia dessa chopada de hoje. Em plena quarta?

- É da calourada da medicina. Vai ter um monte de carne nova no pedaço. E você sabe que eu adoro um jalequinho branco...

Ri do comentário.

- Ninguém vai pra chopada de jaleco branco. - pus a mochila nas costas – Vamos lá.

Caminhamos até o estacionamento e no caminho vi Any se levantando de uma mesa de um trailler. Meu coração acelerou.

- Taís, espera um pouquinho.

- Que foi dessa vez? Esqueceu alguma coisa no laboratório.

- Não. Fica aí, já volto.

Corri até Any e chamei seu nome. Ela olhou para trás surpresa e abriu um lindo sorriso.

- Não me diga que estava na biblioteca estudando? – cheguei até ela e parei de correr.

- Sim. E você deve ter saído do laboratório agora. – abraçou-se no fichário.

- É, eu tava indo com a Taís pra uma chopada lá no CCS. Tá a fim? – convidei sem pensar.


- Eu? Nunca fui numa chopada... – olhou-me surpresa – E a dos calouros da engenharia ainda não aconteceu.

- Tem sempre uma primeira vez pra tudo. Vamos lá, ela tá de carro e deixa a gente em Copacabana. De lá eu te levo pra casa.

- Ô Dul! – Taís chamava impaciente

- Vamos. Ela já tá indócil!

- E não vai se importar de eu ir?

- Não. Ela é gente boa. Vem. – estendi a mão

Ela sorriu mordendo os lábios e abanou a cabeça positivamente. Fomos andando até Taís e ao chegar perguntei a ela:

- Taís, lembra-se da Any? Ela vai com a gente na chopada.

- Claro que eu lembro. – sorriu para ela – Vamos lá garotinha, é hoje que você vai ver o que sair com quem entende de curtição, azaração e farra! – apontou para um Tempra azul no estacionamento

- Uh Uh! – gritei.

- Ai gente, será que eu estou preparada para tudo isso? –Any perguntou de brincadeira


Chegamos na chopada e estava cheio de gente. Apesar disso não demoramos a achar Aline e Soninha. Apresentei Any a todas elas e conversamos bastante. Taís e Aline caíram em cima da cerveja.

- E aí Dul? Qual vai ser o placar de hoje? Te garanto que dessa vez o dia é meu. – Taís disse sorrindo.

- Você sempre diz isso, e perde o jogo na maior parte das vezes. O "score" dela é sempre mais alto. – Aline sacaneou a outra

- Do que estão falando? Não entendo. – Any perguntou.

- Ah, menina, essas duas são terríveis! – Soninha apontou Taís e eu – Sempre apostam quem vai pegar mais gatinhos e arrumam um monte. Mas Aline também quando está solteira como agora não é tão bem comportada...

- Vocês apostam sobre quem namora mais, é isso? – Any olhou para mim e perguntou surpresa.

Não entendi bem o porquê, mas pela primeira vez na vida morri de vergonha disso e me senti ridícula. Senti meu rosto queimar e agradeci a Deus por conta da pele morena que disfarçava meu rubor naquele momento.

- Bobagem. – sorri, desviei o olhar e tomei um gole do meu guaraná.

- Se você é do tipo calminha cola aí na nossa amiga – apontou Soninha - que nós somos guerreiras. E gente – olhou para um rapaz que a paquerava – dá licença que a caçada começa agora. Ah, Dul – piscou para mim – anota aí, já tá em um a zero.

Taís se afastou de nós e andou em direção ao tal rapaz. Não trocaram muitas palavras e logo começaram e se amassar.

- E aí? Vai ficar parada? – Aline me provocou

- Hoje eu não tô no clima pra isso. – respondi sem graça


Any me olhava como se esperasse por minha reação. Continuamos conversando e vários rapazes vieram nos abordar. Não demorou muito e Aline se arrumou com um deles, enquanto que Soninha acabou se envolvendo em um papo animado com um outro. Any e eu ficamos sozinhas.

- Dulce ... – Any olhou para o chão – você não precisa ficar aqui comigo deixando de fazer o que quer. Eu também posso ir embora sem problemas e ...

- Any – interrompi sua fala – eu realmente não vim aqui pra ficar com qualquer carinha. Eu prefiro ficar com você! – "Qual é Dulce , que frase é essa?" – Quer dizer, eu prefiro ficar conversando com você. E pra falar a verdade, vamos embora? – olhei bem dentro de seus de olhos.

- Vamos. – ela simplesmente respondeu assim.

Pegamos o ônibus interno e depois o 485. Caminhamos em direção a sua casa e durante todo este trajeto permanecemos caladas. Andávamos lado a lado e eu olhava para ela de vez em quando sem saber o que dizer. Pus as mãos nos bolsos da saia e já perto de seu prédio comentei:

- Você pareceu ter ficado um pouco assustada lá na festa.

Ela sorriu e abaixou a cabeça respondendo sem me encarar:

- Eu não sou muito... moderna. Acho que essa coisa de ficar... não combina comigo. – sorriu sem graça.

- O que acha disso? – olhava para ela


- Experiências vazias. – olhou-me rapidamente – Acho estranho duas pessoas se abraçando e se beijando por alguns momentos para depois se afastar, e cada um dos dois passar a fazer a mesma com outras pessoas e assim sucessivamente como se... E não me imagino beijando alguém sem que isto seja especial.

Suas palavras mexeram comigo. Eu me sentia uma pessoa vazia, sem sentimentos mais nobres.

- Você já namorou alguém, Any?

- Nunca. E nem fiquei. – olhou-me rapidamente – Você deve me achar uma bobona...

- Não! – parei de andar – Não acho isso.

Ela também parou e ficou em frente a mim.

- Somos tão diferentes... – seu olhar fixou-se no meu e de repente ela voltou a andar – Queremos coisas diferentes.

- O que você quer Any?

- Um amor! – caminhou mais rapidamente e chegamos na porta do prédio

- E eu? – parei novamente em frente a ela – Que acha que quero?

- Como se diz em português: curtir. – abaixou a cabeça e abraçou-se ao fichário – Bem, Dulce , está mais ou menos tarde e é melhor eu subir. – encarou-me timidamente – Obrigado por ter me convidado para ir a tal chopada. Apesar de ter tido medo daqueles rapazes bêbados me pedindo para ficar com eles, foi bem divertido e suas amigas são engraçadas. – sorriu – Da próxima vez você investe no jogo e não deixa a Taís ganhar. – sorriu de novo - Tchau! – foi subindo os degraus da entrada do prédio.

- Talvez eu não queira mais isso! – disse em um ímpeto. Ela parou e olhou para mim – Talvez eu também queira... mais.

Nossos olhares mergulharam-se mutuamente, e após alguns segundos ela tornou a se virar e adentrou o prédio.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): portinons2vondy

Este autor(a) escreve mais 10 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

Os dias foram se seguindo e meu interesse por Any aumentava continuamente, sem que eu entendesse a mim mesma. A semana de provas do ciclo básico chegou e a temida prova de cálculo já seria na quarta. Estudamos muito no sábado anterior e ela estava meio tensa. Conversamos bastante e eu tentei acalmá-la. Durante a semana não a encontr ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 28



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • marianac Postado em 22/06/2020 - 21:59:07

    A autora sabe que vc está postando a história dela aqui?

  • madilima Postado em 03/11/2015 - 20:15:32

    Termina a fanfic por favor!!! Quero muito saber o final!!!!

  • tammyuckermann Postado em 27/09/2015 - 00:17:41

    Posta mais pff

  • pekenna Postado em 08/04/2015 - 18:56:08

    voltaaaa please

  • nanda302 Postado em 26/03/2015 - 12:37:33

    Venho aqui diariamente ver se vc tem postado mas capítulos.... Estou louca pra vê o final dessa história... Por favor não demora a posta;-) OBG!!!

  • pekenna Postado em 25/03/2015 - 15:33:16

    volta a postar por favorzinhoooooo!!!

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 10/12/2014 - 00:25:38

    Posta mais pleaseee!to morrendo pra saber oq vai acontecer!posta maaaaaais!

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 06/12/2014 - 22:00:45

    Posta maaais please!VC pode dar uma passadinha na minha fic Os olhos da alma (portinon) ou divulgar ela??obg

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 05/12/2014 - 01:24:15

    Brigaduu por postar!!!!!!nunca li ate o final,e gostaria MT de ler essa historia maravilhosa!!valeu MSM!!!posta maaais?obg

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 24/11/2014 - 04:34:58

    Por favor posta mais me cadastrei aq só pra comentar essa fic maravilhosa!postaa please


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais