Fanfics Brasil - Capítulo 24 Tudo Muda, Tudo Passa... ( Adaptada) Portiñón

Fanfic: Tudo Muda, Tudo Passa... ( Adaptada) Portiñón | Tema: Portiñon


Capítulo: Capítulo 24

2187 visualizações Denunciar


  Acordei e o quarto estava bem iluminado pelo sol. Estava de bruços e senti Maite deitada com a cabeça sobre minhas costas. Levantei-me com cuidado e ela não acordou. Fui até o banheiro e me assustei comigo mesma. Meus braços e ombros estavam bastante arranhados. Virei de lado e pude ver que as costas estavam em pior estado. Arranhões por toda parte, até na bunda. "Será que Any me arranharia desse jeito?" Tomei um banho e senti tudo arder: a pele arranhada e a vagina. Vesti minha roupa e calcei os sapatos. Vi um bloco na mesinha do telefone na sala e escrevi um bilhete: "Maite, foi uma noite e tanto! Pena que hoje é dia de voltar para a vida normal. Beijos, Dul."

Saí do apartamento fechando a porta devagar. Fui para o morro e só ao chegar lá me conscientizei do horário: 14:00h mais ou menos. Liguei para Aline agradecendo o convite e inventando a desculpa de ter conhecido um cara interessante e saído com ele. Ela pressionou para saber quem era mas fingi um segredo. Disse que Soninha catou autógrafo até dos organizadores do buffet, pensando que eram artistas, e que Taís acabou pegando dois atores iniciantes. E ela mesma passou a noite cuidando da festa e mal teve tempo de paquerar. Encurtei a conversa por me sentir mal pela mentira que contei.

No fim do dia, ao me preparar para dormir, dei de frente com a imagem da Virgem Maria que vovó tem no quarto e senti uma imensa vergonha de mim mesma. Vergonha de como estava me comportando ultimamente. Vergonha de sentir o que sinto por Any e de não ter nem a coragem de assumir isso para mim mesma, ao ponto de fugir através de transas sem sentido, que me dão um prazer momentâneo e depois me enchem de vazio e solidão. Vergonha de ser quem sou, tão sem valor que nem meus pais me quiseram por filha. Vergonha de ter sido criada por alguém que no fundo talvez tenha feito isso mais por desencargo de consciência que por qualquer outra coisa.


Deitei na cama invadida por imensa tristeza, e, pela primeira vez em muitos anos, pedi a Deus que me perdoasse e me ajudasse a saber o que fazer com a que vida que Ele havia me dado.

***********************************

Dias depois, chegava da faculdade e minha avó não estava com uma cara muito boa me esperando na porta.

- Dulce  nós temos que conversar.

"Ih meu Deus, aí vem" - O que foi vó?

- Hoje cedo chegou um armário novo, uma geladeira e um fogão. Os homens deixaram as caixas no quintal porque não deixei que isso entrasse aqui em casa. Nem sei como você conseguiu que eles aceitassem subir essas escadas carregando esse peso!

- Eu não sei do que a senhora está falando.

- Dulce , com que dinheiro comprou essas coisas todas??

- Mas eu não comprei! E se for engano?

- Eles vieram procurando por você! Que diabo de engano é esse?

- Deixaram nota da loja, alguma coisa?

- Tem a nota de recebimento que me pediram pra assinar. Disseram que se eu não assinasse eles teriam problemas com a loja e por pena deles assinei, mas me arrependi.

- E cadê essa nota?

- Em cima das caixas.

Peguei a nota e decidi telefonar para a loja.

- Vou no orelhão agora mesmo e ligo pra loja pra esclarecer isso. Espera um pouco só.

Falando com um funcionário da loja descobri que tudo havia sido comprado por Any dois dias antes e fiquei abestalhada. Meu coração acelerou sem controle e tive vontade de chorar.

"Meu Deus, por que ela fez isso? Então já está de volta ao Brasil. E como vou explicar isso pra minha vó??"

- E então? O que eles disseram?


- Lembra da Any? Aquela minha amiga que veio aqui? Foi ela quem comprou tudo.

- O que???? Mas ela é só uma menina, como pode ter dinheiro pra alguma coisa? E por que fez isso??

- Acho que se comoveu com nossa situação. E quanto ao dinheiro, ela tem o dela. Os pais nem se metem nisso.

-Mas... O que a gente vai fazer agora com essas coisas? Você precisa falar com ela! A gente não pode simplesmente aceitar e colocar pra dentro de casa.

- Eu vou ligar pra ela agora. Dá só um mais uns minutos.

"Falar com Any depois de tudo, depois desse tempo todo sem se ver... Meu Deus!" Disquei o número e aguardei. Dolores atendeu e esperei por Any. Ao ouvir sua voz, congelei.

- Alô? Dulce ? Ainda está aí?

"Como é bom ouvir sua voz Any!" - É... eu... tô! Tudo bem?

- Sim e você?

- Melhor agora que ouvi sua voz. "Pare de se derreter, imbecil!"

- Quer conversar comigo?

- Eu... Na verdade eu liguei principalmente por causa de uma coisa. Recebi um verdadeiro Caminhão do Faustão hoje em casa e minha avó ficou sem entender... Por que tá fazendo isso, menina?

- Porque você merece.

- Como vai explicar isso pros seus pais?

- Eu já disse que tenho minha conta no banco e administro ela desde 13 anos. Meus pais não procuram saber sobre isso. Minha avó deposita esse dinheiro pra mim.

- Eu não posso aceitar. Nós não podemos aceitar.

- Por que? Você merece eu já disse.

- Está fazendo isso por pena de nós.

- Vocês perderam muito com aquela tempestade Dulce ! Precisam de uma força. Pensei e decidi comprar as coisas que eu vi que vocês sentiriam mais falta.

- Não Any. Você já me pagou o combinado e depois eu disse que não me pagaria mais. Sem necessidade dessa compra!


- Dulce , hoje eu posso ajudá-la e fiz isso. Amanhã eu posso precisar de sua ajuda e ficarei feliz se puder contar com ela. – sua fala era delicada e mansa

Fechei os olhos como se quisesse sentir suas palavras acariciando meu rosto.

- Se um dia você precisar de mim, me terá por inteiro a seu lado.

Vovó e eu passamos o dia arrumando as coisas na casa e parecíamos crianças que recebem brinquedos no natal.

Liguei para Any na sexta e marquei de nos encontrarmos no sábado. Eu queria conversar com ela pessoalmente, olhar no fundo daqueles olhos verdes e dizer toda a verdade. E se ela me quisesse eu seria toda dela. Já não podia lutar mais contra mim mesma.

O dia estava nublado e eu a aguardava em uma lanchonete, em Ipanema mesmo. Marcamos para às 10:00h, mas eu cheguei meia hora antes. Quando ela apareceu meu coração quase explodiu no peito. Seus cabelos curtos agora em um corte ligeiramente diferente do anterior, mas ainda dando a ela um visual mais sexy e adulto. Vestia bela uma calça jeans bem justa, uma blusinha branca e casaco jeans cheio de estilo. Como sempre, usava salto.

Ao me ver abriu um belo sorriso e emocionei-me ao ponto de perder a fala. Espontaneamente levantei e esperei que se aproximasse de minha mesa. Quando chegou perto trocamos os habituais beijos de comadre que as mulheres trocam e nos abraçamos por uns instantes. Seu perfume parecia me invadir e eu me senti perdida por ela como nunca havia sentido até o momento.

"Que está acontecendo Dulce ? Eu tô perdida mesmo!"

- Linda como sempre! – disse

- Você também está linda como sempre!

- Sente-se.

Sentamos. Ela pediu um suco e fiz o mesmo.


- Primeiramente eu queria te agradecer pelo que fez. Tocou muito na gente. Nunca ninguém nos ajudou do modo como você fez, inclusive sua ida no morro só pra trabalhar. Jamais esqueceremos.

- Não me agradeça. Fiz de coração.

- Eu sei. Você faz tudo com ele. – olhava para ela fixamente

- Eu senti muito sua falta...

- Eu mais ainda. Mas fiquei muito decepcionada por ter viajado e nem me deixado um recado. E depois do fora que tinha me dado...

- Eu não dei fora em você. Apenas expliquei o que sentia. E realmente eu poderia tê-la procurado no laboratório, mas achei melhor deixá-la com espaço para que pensasse.

- E eu aproveitei muito mal esse espaço. – abaixei a cabeça.

- O que andou fazendo? – seus dedos tocaram os meus.

Não havia cobrança na pergunta.

- Vou direto ao ponto. Respondendo a pergunta que me fez no dia da nossa última conversa, sim, eu estive com outras pessoas durante o tempo em que a gente ficou. Eu não queira aceitar meus sentimentos e busquei fugir através de outras pessoas.– olhei para ela receosa e seu olhar era brando. Tive coragem de continuar – E durante esse tempo em que você esteve fora, também não me comportei como deveria.

- Por que diz isso?

- Saí com uns caras só pra transar, passei uma noite de sacanagem com uma garota... Meu comportamento foi totalmente diferente do que você gostaria que fosse, e por essas e outras eu não posso te convencer a confiar em mim, mas eu preciso de você e eu quero me envolver com você. De verdade!

A garçonete veio com os sucos e me calei. Ao sair continuei.


- Minha vida amorosa sempre foi vazia; prazer pelo prazer e no máximo alguma amizade. – respirei um pouco – Eu sou uma pessoa estranha, minhas coisas são estranhas, minha família é estranha. Acho que meu pai nem sabe que eu existo e minha mãe me largou no orfanato assim que nasci. Só quando eu tinha 5 anos minha vó foi lá me pegar. E eu já era ruim desde aquele tempo porque as mulheres do orfanato diziam isso e eu apanhava todo dia. Até hoje tenho uma cicatriz nas costas de uma das surras de cinto que tomei. – as lágrimas me escorriam dos olhos sem que pudesse retê-las – É isso! Essa sou eu e você precisa saber bem do traste que apareceu na sua vida – meus olhos não ousavam encará-la.

Senti uma de suas mãos tocar meu rosto bem devagar. Ela secou minhas lágrimas com guardanapo e levantou meu rosto segurando pelo queixo como se eu fosse a coisa mais delicada que já havia visto. Quando nos encaramos reparei as lágrimas em seus olhos e recebi o olhar mais doce do mundo.

- Vou te contar um segredo bem baixinho: estou completamente apaixonada pelo "traste que apareceu na minha vida".

Meu coração quase saltou do peito.

- Prestou atenção no que eu disse??

- Sei que foi muito difícil pra você me dizer todas estas coisas e se me disse é porque agora você quer se entregar. Só tem medo! Você acha que é pior que as outras pessoas, mas não é nem um pouquinho! Tem medo que eu chegue a essa conclusão: que você não presta. Mas isso não é verdade! – passou novamente a mão pelo meu rosto.

Continuou dizendo:


- Já disse que se seus pais fizeram escolhas erradas, você não tem culpa disso! Era só um bebê! E quanto às mulheres do orfanato, eram pessoas despreparadas trabalhando em uma função a qual não tinham competência de desempenhar. Que maldade há em uma criança de 5 anos ou menos? Você deveria ser levada e elas não tinham paciência... E sua avó é apenas uma mulher tão sofrida que desaprendeu um monte de coisas. A sorrir, por exemplo. Talvez você devesse ajudá-la a redescobrir o lado bom da vida, mesmo na pobreza; muito o dinheiro não pode trazer, mas um coração sincero sim. E em relação a sua vida amorosa, você é bonita, simpática, sabe seduzir e os homens caem a seus pés. Sexo foi uma forma de válvula de escape que você arrumou. Mas, por fim, afaste-se desses seus amantes e eu ficarei satisfeita. Eu não jogo capoeira, mas dizem que um tapa meu dói muito!- sorriu.

Eu sorria atônita sem acreditar em tamanha aceitação. Que criatura era aquela que me fazia me sentir na lama e ao mesmo tempo podia me curar as dores como em um passe de mágica?

"E eu que pensei que ela não entendia da vida. Acho que quem não entende sou eu!"

- Eu ainda não conheço o significado desta expressão mas provavelmente eu não acho que você seja o fim da picada.

- Então você ficaria comigo? – perguntei temerosa.

- Se você parar de sair com outras pessoas e jogar o seu caderno de telefones fora...- sorriu.

Sorri também, aliás eu sorria como uma idiota.


- Eu nem tenho esse caderno! E prometo, ninguém além de você.

- E ficaremos escondidas? Como você disse de não assumir? Publicamente, quero dizer.

-Sim. Pelo menos até você fazer 18...

- E você acredita que ficará comigo por todo esse tempo? E sem ...

- Sim, eu quero. – ri - Fico com você até o fim.

- Ai Dulce , não prometa coisas que não sabe se poderá cumprir...

- Fico com você, até o fim!

Algo dentro de mim dizia que aquelas palavras eram verdadeiras, e como que proféticas.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): portinons2vondy

Este autor(a) escreve mais 10 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

Caminhamos pela areia da praia de mãos dadas, e poucos se perceberam disso. Ninguém nos incomodou. Conversamos sobre vários assuntos nossos, assuntos íntimos, como se quiséssemos nos conhecer inteiramente, sem segredos, sem reservas. Chegamos até a praia do Diabo, no Arpoador, e começou a cair uma chuva fria e fina. Any suger ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 28



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • marianac Postado em 22/06/2020 - 21:59:07

    A autora sabe que vc está postando a história dela aqui?

  • madilima Postado em 03/11/2015 - 20:15:32

    Termina a fanfic por favor!!! Quero muito saber o final!!!!

  • tammyuckermann Postado em 27/09/2015 - 00:17:41

    Posta mais pff

  • pekenna Postado em 08/04/2015 - 18:56:08

    voltaaaa please

  • nanda302 Postado em 26/03/2015 - 12:37:33

    Venho aqui diariamente ver se vc tem postado mas capítulos.... Estou louca pra vê o final dessa história... Por favor não demora a posta;-) OBG!!!

  • pekenna Postado em 25/03/2015 - 15:33:16

    volta a postar por favorzinhoooooo!!!

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 10/12/2014 - 00:25:38

    Posta mais pleaseee!to morrendo pra saber oq vai acontecer!posta maaaaaais!

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 06/12/2014 - 22:00:45

    Posta maaais please!VC pode dar uma passadinha na minha fic Os olhos da alma (portinon) ou divulgar ela??obg

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 05/12/2014 - 01:24:15

    Brigaduu por postar!!!!!!nunca li ate o final,e gostaria MT de ler essa historia maravilhosa!!valeu MSM!!!posta maaais?obg

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 24/11/2014 - 04:34:58

    Por favor posta mais me cadastrei aq só pra comentar essa fic maravilhosa!postaa please


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais