Fanfics Brasil - Capítulo 29 Tudo Muda, Tudo Passa... ( Adaptada) Portiñón

Fanfic: Tudo Muda, Tudo Passa... ( Adaptada) Portiñón | Tema: Portiñon


Capítulo: Capítulo 29

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 Enfim, para Any e eu o período já havia terminado. Passamos em todas as matérias e estávamos livres. Eu continuava indo para a faculdade apenas para trabalhar no laboratório. Em 95 minha amada seria oficialmente uma aluna da engenharia civil. Dessa vez sua mãe decidiu ir para a Inglaterra mais cedo, e como as aulas só começariam em março, planejava que a filha voltasse logo depois do aniversário. Eu andava maluca com essa possibilidade. Muito tempo sem vê-la. Pedi uma semana de folga no laboratório para o professor e ele concedeu. Queria me despedir de Any. Afinal, eu trabalhava tanto que tinha o apelido de funcionária padrão. Any e eu saímos juntas da faculdade e fomos para Ipanema. Ficamos na praia sentadas na areia e relaxando, na altura do Coqueirão. O tempo estava ótimo, o calor bem ameno e a brisa maravilhosa. De repente notei um rebuliço e ouvi alguém gritar:

- Socorro arrastão, socorro!

Um bando de moleques vinha como que tratores sobre as pessoas na praia e jogavam-se paus e pedras em várias direções. Um homem armado apareceu e começou a atirar contra os moleques. Muitos se jogaram no chão, inclusive nós. Foi tudo muito rápido, eu nada entendia, mas apenas vi quando um rapaz bem jovem mirou o revólver para Any e disse que ela iria com eles. Não nos movemos e no desespero ele atirou. Coloquei-me na frente dela e senti uma dor causticante na barriga.

- Nãooo!!!!! – ouvi-a gritar.

E de repente tudo ficou escuro e apaguei.


Eu andava em um lugar cheio de vielas estreitas, sentia um cheiro de azedo, como vômito, eouvia crianças chorando. Olhei ao redor e vi casas erguidas com paredes de tábuas de madeira ou folhas de papelão. O chão em que pisava era de terra umedecida por valas de esgoto que corriam a céu aberto.

"Meu Deus, que pobreza!"

Não sabia porque, mas sabia que estava em algum lugar no Recife, cidade que nem conhecia. Parei de frente a uma casa horrível, quase se desmoronando, e de repente a tábua que servia de porta começou a se mexer. Vi uma mulher sair de lá de dentro, de cabeça baixa, e, uma vez do lado de fora, ela levantou a cabeça e me olhou. Ela era como eu, só que mais velha, e tinha os olhos pretos.

- Dulce ?Você é Dulce ?

- E quem é você? Como sabe meu nome? - perguntei

- Sou sua mãe!

E daí tudo ficou escuro.


*******************************


Acordei com o corpo todo doído, a cabeça aérea e a boca seca. Sentia uma sede violenta e ouvia barulhinhos engraçados como que de um monte de coisas piando. Abri os olhos. Vi um homem de branco de costas para mim lendo alguma coisa. Segurava uma bacia metálica.

- Onde eu tô? Cadê a Any?

Ele me olhou surpreso e esboçou um belo sorriso. Era um moreno bonito, alto e bronzeado dos olhos verdes. "Gente, que homem é esse?"

- Olá Dulce , bom dia! Você está em um dos melhores hospitais da cidade. – começou a aplicar alguma coisa em um dos vidros de soro. - E Any deve ser Anahí, a menina que você salvou. Ela está bem e vem te visitar todos os dias. Daqui a pouco deve aparecer. É que ainda é muito cedo. São 6:20h.


Olhei ao meu redor e me vi em um grande quarto de hospital. Havia três frascos de soro espetados em minhas veias e um tubo que saía por baixo da cobertas preso em uma bolsinha estranha. Umas ventosas me faziam leve pressão no peito, presas a um equipamento daqueles de eletrocardiograma, além de um nebulizador que me enchia o saco. Foi a primeira coisa que retirei.

- Ei menina, sem rebeldia! Você só pode tirar isso aí com autorização médica! – advertiu.

- Pode chamar um médico então? Já acordei e não vou mais precisar desse diabo. Além dessas ventosas presas no meu peito. Isso é incômodo!

Ele achou graça e respondeu:

- A doutora fará a visita às 8:00h Não vai demorar tanto. Enquanto isso procure se distrair.

"Procurar me distrair como? Será que tem quadra de vôlei no hospital?"

Tentei mexer meu braço esquerdo mas ele doía muito. O direito doía bem menos. Levantei as cobertas e vi que o tal tubo preso a bolsinha saía de dentro da minha barriga. Notei que meus pêlos pubianos também haviam sido depilados. "Mas o que aconteceu comigo afinal? Qual é a dessa bolsinha?" Mexi o corpo todo e vi que sentia cada parte, porém com uma dor associada a cada uma delas. Tirei a máscara e passei a mão nos cabelos. Notei que estavam mais curtos, agora na altura dos ombros. "Que negócio é esse?"

Não sei quanto tempo se passou quando de repente vejo a porta se abrir. Era Any, mais linda do que nunca em um vestido branco estampado. Meu coração disparou a máquina piou com vontade.

- Tá vendo o que você faz com meu coração lindinha? A máquina vai explodir a qualquer momento!


- Boba. – aproximou-se e me beijou a testa – Não sabe o quanto estou feliz por ter acordado! – passou as mãos em meu rosto – Orei tanto, tanto por você! Até minha avó passou esta noite em vigília na igreja orando por você. – beijou-me o rosto.

- E ela já sabe que eu existo?

- Desde que começou a me dar aulas de cálculo I. – fez uma cara triste – Nunca esperava que eu fosse fazer você passar por isso! Foi minha a idéia de ficar a toa na praia! E já eram quatro horas, mas que no momento de ir...

- Você nunca adivinharia querida! Ninguém poderia. – levantei o braço direito e toquei seu rosto. - Não me arrependo! – olhei no fundo de seus olhos – Eu não deixaria que nada de mal te acontecesse. Eu... – engoli em seco – eu te amo e faria tudo de novo! Morreria por você se fosse preciso!

E eu sabia que dizia a mais pura verdade. Seus olhos se encheram de lágrimas e ela beijou-me nos lábios bem devagar.

- Eu sei meu amor- beijou-me – Também a amo muito- mais um beijo – Não duvido de seus sentimentos, e não mais duvidarei. – olhou-me nos olhos ternamente e acariciou meu rosto descendo a mão até meu peito.

- E se alguém entrasse agora? – perguntei arriscando.

- Azar. – sorriu. De repente olhou-me séria- Não deveria estar usando isto? – pegou a máscara de nebulização.

- Adiantei o trabalho da tal médica que vem aí! Escuta linda, o que aconteceu depois daquele tiro? – desviei o assunto - Como se resolveu aquela confusão toda? E, à propósito, você não deveria estar na Inglaterra?

Any fechou a válvula do encanamento de gás cessando a nebulização.


- Calma Dulce , uma coisa de cada vez! Bem, – fez uma pausa – um homem atirou em mim e você me protegeu. O tiro atingiu seu abdômen e perfurou seu intestino. Você desmaiou logo. A polícia apareceu logo em seguida e umas pessoas vieram me ajudar com você. No meio da confusão telefonei para os bombeiros e eles não demoraram. O homem que atirou em você foi baleado, só que ele morreu antes do socorro.

- Gente! E aí?

- Liguei para meu pai desesperada e ele me pediu para aguardar suas providências. Os bombeiros me deixaram ir com você na ambulância. Fomos para o Hospital de Bonsucesso onde quiseram recebê-la e você recebeu atendimento. Após algum tempo, meu pai providenciou sua remoção para este hospital aqui, onde você foi operada. Foi tudo tão corrido, tão louco! Ai, Dulce  eu fiquei desesperada achando que você morreria! Se isso acontecesse eu nem sei...

- E de Ipanema eles me levaram para Bonsucesso? Não tinha nada mais perto??

- Era o único hospital com atendimento de emergência que a recebeu.

- Essa cidade está um caos mesmo! Violência, falta de estrutura... Mas e a sua viagem?

- Acha que eu ira??? Apenas meu pai viajou. Mamãe está na cidade comigo. – esperou um pouco - Eles agora sabem que você mora no morro e "relevaram" em virtude dos fatos. Agora têm você em boa conta por ter salvado minha vida.

- Humpf! – balancei a cabeça – É eu vou me sentir melhor com isso. E minha avó?

- Soninha avisou a ela. Está bem!

- Veio me ver? – perguntei desconfiada.

- Somente no dia seguinte após sua operação. – disse pisando em ovos

- E que dia é hoje? Eu tô nessa há quanto tempo?

- Hoje são 22 de dezembro.


- O que???? Sete dias?? E quando eu levo alta?

- Vamos perguntar à médica.

- E em sete dias vovó só veio uma vez??

- Não reclame! Você recebeu um monte de visitas além de mim, meus pais e sua avó: as Feiticeiras, o pessoal do seu laboratório, outros colegas seus da UFRJ, os professores da civil, gente do Cantagalo, seus colegas do vôlei e da capoeira... Seu Neneco mesmo disse que vem hoje.

- E como esse povo todo soube disso?

- O RJ TV tocou no assunto! Falaram seu nome e tudo! Aí os conhecidos vieram atrás de notícias e nós demos as informações.

- E quem cortou meu cabelo?

- Ah! Isso aconteceu no tumultuar das coisas, enquanto procurávamos atendimento de emergência para você, e até agora não entendi quem e nem porquê.

- Que beleza, roubaram meu cabelo! É o fim da picada! E agora deve estar todo rateado!

Neste momento a médica entra no quarto. Era uma mulher quarentona, gordinha e muito simpática.

- Olá bom dia! Que maravilha, nossa amiguinha acordou! E deve estar bem porque retirou a máscara e já pensa até em um novo corte de cabelo!

- Olá doutora. Ela está muito bem mesmo! Já conversamos bastante.

- Oi. – respondi desconfiada. "Não gosto de médicos!"

- Meu nome é Cleonéia e estou cuidando de você. Posso saber por que tirou a máscara? "Cleonéia! Que nome!"

- Tirei porque acordei e me incomodava. Queria tirar também essas ventosas e o bando do soro que tá espetado em mim.


 


- Calma moça! As ventosas tudo bem, mas os sorinhos ficarão por mais 48horas.

- O que aconteceu comigo? Essa bolsinha aqui eu não tô entendendo!

- Simplificadamente meu bem, nós tivemos que extrair um pedaço do seu intestino e a bolsinha nos ajudará na drenagem de líquidos. Mas será removida depois de uma semana a contar de hoje, se tudo continuar dando certo como agora.

- E quando eu vou embora?

- Ainda é cedo meu bem.

- Vou passar o natal aqui??? – perguntei em desespero

- Provavelmente.

Any acariciava meu ombro bem devagar.

"Que droga!"

- E o que mais me aconteceu?

- Bem... Tivemos que remover seu útero.

- O que???

A médica me deu a explicação completa da cirurgia que foi feita, com direito a todos aqueles termos técnicos que eles adoram. Disse que meu útero perdeu muito sangue e não puderam salvá-lo. Percebi que Any havia me escondido isso, mas não me aborreci com ela; queria me preservar. Sempre achei que não teria filhos, por alguma razão, e acabei acertando. Não lamentei, não adiantaria. O importante é que eu estava viva. Pedi para Any retirar meu dinheiro no Banco do Brasil e colocá-lo dentro de um envelope que entreguei a seu Neneco, com recomendações que o entregasse a vovó.



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Autor(a): portinons2vondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 28



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  • marianac Postado em 22/06/2020 - 21:59:07

    A autora sabe que vc está postando a história dela aqui?

  • madilima Postado em 03/11/2015 - 20:15:32

    Termina a fanfic por favor!!! Quero muito saber o final!!!!

  • tammyuckermann Postado em 27/09/2015 - 00:17:41

    Posta mais pff

  • pekenna Postado em 08/04/2015 - 18:56:08

    voltaaaa please

  • nanda302 Postado em 26/03/2015 - 12:37:33

    Venho aqui diariamente ver se vc tem postado mas capítulos.... Estou louca pra vê o final dessa história... Por favor não demora a posta;-) OBG!!!

  • pekenna Postado em 25/03/2015 - 15:33:16

    volta a postar por favorzinhoooooo!!!

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 10/12/2014 - 00:25:38

    Posta mais pleaseee!to morrendo pra saber oq vai acontecer!posta maaaaaais!

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 06/12/2014 - 22:00:45

    Posta maaais please!VC pode dar uma passadinha na minha fic Os olhos da alma (portinon) ou divulgar ela??obg

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 05/12/2014 - 01:24:15

    Brigaduu por postar!!!!!!nunca li ate o final,e gostaria MT de ler essa historia maravilhosa!!valeu MSM!!!posta maaais?obg

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 24/11/2014 - 04:34:58

    Por favor posta mais me cadastrei aq só pra comentar essa fic maravilhosa!postaa please


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