Fanfics Brasil - Capítulo 54 Tudo Muda, Tudo Passa... ( Adaptada) Portiñón

Fanfic: Tudo Muda, Tudo Passa... ( Adaptada) Portiñón | Tema: Portiñon


Capítulo: Capítulo 54

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 Saímos do aeroporto e pegamos uma bela estrada. Any foi sentada no banco da frente e conversava com a avó o tempo todo. Eu viajava olhando a paisagem e pensando em como poderia estar ali, tão longe do Brasil. Em Londres e arredores imediatos neve não é comum, mas a cidade é fria havendo um nevoeiro intenso no inverno. Não estava chovendo, mas o céu estava absolutamente cinza.

- Dul , onde você está?

Olhei para Any e ela sorria para mim.

- Perdoem-me, eu estava apreciando a paisagem.

- Primeira vez na Inglaterra, filha?

- Primeira vez fora do Brasil. – sorri.

- Contei a vovó sobre suas últimas conquistas e ela está maravilhada. Eu já havia comentado algo ao telefone, mas deixei os detalhes para contar pessoalmente.

- Admirável! Fico feliz que seja uma boa jovem e esforçada naquilo que quer. Acho que esta perseverança está em falta aos jovens nos dias de hoje. Querem tudo nas mãos e poucos são os que correm atrás de seu próprio futuro.

- Obrigada, mas tenha certeza de que Any não fica atrás e é uma excelente aluna. Aliás, ela é excelente em tudo!

Any corou diante de minhas palavras. Alguns segundos de silêncio e vó Dorte pergunta:

- E esta aliança? – segura a mão da neta.

- Noivado. – ela sorriu

"Ai, meu Deus, é agora!"

- No Brasil o casamento entre mulheres ou entre homens já é aceito?- perguntou surpresa.

- Não. Mas assim que voltarmos vou entrar em contato com uma senhora, e se Any gostar do apartamento dela vamos morar nele, mesmo sendo pequeno. Como se fossemos casadas, pela lei.

- É isto que quer? – olhou para a neta.

- Isto é o que mais quero. - disse resoluta.

- Têm minha bênção!


- Eu nem sei o que dizer. – respondi – Não sabe o quanto tive medo de sua opinião ser contrária...

- Eu nunca fui contrária, desde que soube por intermédio de meu filho. E até não me espantei, dado o modo como Any sempre me falou de você, da amizade entre as duas. O modo como falava era... havia um romantismo no ar que eu podia sentir.

- Sua reação sempre me surpreendeu vovó. Mesmo não sendo intolerante ou grosseira, do contrário, sempre foi um doce, sua aceitação tão imediata me surpreendeu.

- Não queria que a velha história se repetisse. Chega de tragédias na família!

Um silêncio de suspense tomou conta do ambiente.

- Que tragédia aconteceu vovó?

Vó Dorte respirou fundo e começou a falar:

- Eu tive mais um irmão além de Shelley: Henry, o mais velho de todos nós. Papai era muito rígido e nos tratava como que em um quartel; mamãe não era muito diferente. O sonho deles era ver Henry oficial da Royal Navy, servindo em um dos encouraçados da rainha, e era nítido para nós a preferência de ambos por ele. Mas nós não tínhamos ciúmes ou raiva dele, pois Henry era um irmão maravilhoso e nos dava sempre algum presentinho para alegrar a nossa infância. Ele trabalhava na gráfica do senhor Hommer, um amigo da família, e ganhava um pouco de dinheiro por isso. Henry era seis anos mais velho que eu.

- Eu sei quem ele é! Lembro de uma de suas fotografias antigas onde se vê um rapaz ao lado do meu bisavô.

- Ele mesmo. Pois bem, quando Henry tinha dezessete anos, perto de se alistar na Marinha, o senhor Hommer decide contratar outro rapaz que já iria aprendendo o serviço e substituindo meu irmão na gráfica sem maiores transtornos. Este rapaz tinha dezoito anos e se chamava Tyler.

"Acho que já até sei o que aconteceu..."


- Eu nunca soube detalhes, mas Henry se apaixonou por Tyler, e desistiu da Marinha por não querer ficar longe do rapaz. Lembro-me que em uma noite ele assumiu a verdade em casa, o verdadeiro motivo por não ter se alistado, mamãe nos trancou no quarto, e houve uma discussão horrorosa entre pai e filho. Ouvi Henry falar em voz bem exaltada que amava Tyler e eles já haviam concretizado aquele amor. Logo em seguida um barulho incompreensível e choro de minha mãe. Na minha cabeça mil perguntas surgiam sem que pudesse entender aquelas palavras.

- Oh, meu Deus, e então vovó? O que aconteceu depois??

Ela passou a mão nos olhos por debaixo dos óculos.

- Eu nunca entendi direito. Este assunto era proibido dentro de casa. Henry saiu de casa e dormiu fora naquela noite, não sei se por vontade própria ou por ter sido expulso. No dia seguinte, logo cedo, meu pai pegou as roupas e coisas dele e jogou dentro de um saco. Ao tempo em que fazia isso, mamãe retirava as fotografias penduradas na parede onde ele estava, e curiosamente era a maior parte delas. Nós, as irmãs, chorávamos sem nem entender porque, mas uma dor nos castigava naquele momento, como na noite anterior. Durante aquela confusão, consegui esconder uma das fotografias, a da família reunida, a que você viu. – olhou para Any - e guardei-a comigo até hoje.

Lágrimas escorriam de seus olhos. Parou por uns instantes e continuou.


- Fui eu a primeira a perguntar por Henry, e meu pai não respondeu. Mamãe disse que aquele nome nunca mais seria dito dentro de casa. Não sei nem o que fizeram com as fotografias e coisas de meu irmão. Poucos dias depois, Henry subiu pelo encanamento até a janela do quarto onde dormíamos e nos chamou com pequenas batidas no vidro. Deixei que entrasse e ele nos abraçou muito emocionado. Disse que iria embora para a Irlanda e não sabia se um dia nos veríamos de novo. Eu fiz um monte de perguntas, mas ele nada respondeu. Beijou-nos a testa e partiu. Ficamos olhando sua descida até o momento em que sumiu nas ruas. Estava chovendo e fazia frio. Ele estava maltrapilho e sujo, parecia ter fome e seu olhar guardava profunda tristeza. Não pude dormir por vários dias pensando nele, e confesso que ainda hoje choro de quando em vez.

- Mas o que aconteceu depois disto? – Any perguntou.

- Não sei. Aquela foi a última vez que o vi. Meus pais inventaram a todos que Henry se alistou e logo foi viajar pelos mares do mundo. Tyler foi demitido e o senhor Hommer, ao que parece guardou o assunto com muita discrição. Depois de casada pedi que seu avô procurasse por ele, mas nunca teve sucesso. Nem sei se ainda vive, talvez tenha morrido mesmo jovem.

- Sinto muito vovó! – Any estava emocionada - Por que meus bisavós eram tão duros? Por que tanta dor e sofrimento?

- Eles eram os protestantes mais fervorosos da comunidade e nossa família era conhecida pela fé que demonstrava. Tudo faziam por causa da opinião dos outros, viviam para os outros. Hipocrisia, só assim posso definir.

- E eles nunca mais falaram do filho? Não se arrependeram? – Any perguntou.


- Anos depois disso papai se queixava de uns sonhos, acho que envolvendo Henry, ele não nos dizia; não para nós as filhas. Foi ficando doente e em menos de um ano era um verdadeiro louco. Poucos anos depois eu me casei, e então Shelley, meses depois. Papai passou o resto da vida assim, e mamãe cuidando dele. Após quinze anos de falta de lucidez ele se foi, e mamãe foi murchando como flor seca, para falecer seis anos mais tarde. Eu nunca os odiei, mas sempre achei que as dores que causaram ao filho foram os seus próprios carrascos. O sofrimento de ambos foi muito grande, e por mais que buscássemos ajudar não sabíamos o que fazer.

"A colheita é livre, mas a semeadura obrigatória, assim disse o Mestre."

Aquela estória mexeu comigo. Pobre Henry, deveria ser um rapaz maravilhoso, e de repente, por causa de um amor fora dos padrões, se viu jogado no mundo. Lembrei de vovó e de seus dramas pessoais. O quanto sofreu por amar um homem que a família não julgava adequado para ela.
  
Para aliviar o clima, vó Dorte me contou sobre a fazenda e suas estórias de natal. A paisagem me encantava mais e mais. Vi uma placa escrito Oxford e pouco depois saímos da estrada principal entrando em um caminho de terra. Engraçado como perto da mais famosa "cidade universitária" do mundo havia um refúgio como a fazenda para onde estávamos indo
. Depois de alguns minutos, ao longe vi uma imensa e bela casa e um celeiro perto. Deduzi que a fazenda seria ali, e acertei.



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Autor(a): portinons2vondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 28



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  • marianac Postado em 22/06/2020 - 21:59:07

    A autora sabe que vc está postando a história dela aqui?

  • madilima Postado em 03/11/2015 - 20:15:32

    Termina a fanfic por favor!!! Quero muito saber o final!!!!

  • tammyuckermann Postado em 27/09/2015 - 00:17:41

    Posta mais pff

  • pekenna Postado em 08/04/2015 - 18:56:08

    voltaaaa please

  • nanda302 Postado em 26/03/2015 - 12:37:33

    Venho aqui diariamente ver se vc tem postado mas capítulos.... Estou louca pra vê o final dessa história... Por favor não demora a posta;-) OBG!!!

  • pekenna Postado em 25/03/2015 - 15:33:16

    volta a postar por favorzinhoooooo!!!

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 10/12/2014 - 00:25:38

    Posta mais pleaseee!to morrendo pra saber oq vai acontecer!posta maaaaaais!

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 06/12/2014 - 22:00:45

    Posta maaais please!VC pode dar uma passadinha na minha fic Os olhos da alma (portinon) ou divulgar ela??obg

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 05/12/2014 - 01:24:15

    Brigaduu por postar!!!!!!nunca li ate o final,e gostaria MT de ler essa historia maravilhosa!!valeu MSM!!!posta maaais?obg

  • anymaniecahastalamuerte Postado em 24/11/2014 - 04:34:58

    Por favor posta mais me cadastrei aq só pra comentar essa fic maravilhosa!postaa please


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